O ESPÍRITO NÃO RETROCEDE, PORÉM...
Já vimos que a obra dos Espíritos Superiores, codificada por Allan Kardec,
ministra a possibilidade de Queda do Espírito durante sua evolução e progresso,
quando, paradoxalmente, fala da Não-Retrogradação do Ser.
E por que tal se dera, ou, se dá, na obra codificada?
Responderemos por etapas, de sorte a obter-se uma razoável
explicação de tal paradoxo, ou, de tão complexa e tão discutível temática.
Primeiramente, sabemos que, modo evolutivo, e, sinteticamente, os
Mundos se classificam em:
-Primitivos;
-Expiações e de Provas (Planeta Terra, por exemplo);
-Regeneradores;
-Mundos Felizes; e, por fim:
-Mundos Excelsos.
E, sabemos que o nosso Planeta, como Mundo de Expiações e de
Provas, já fora um Mundo Primitivo, e, por agora, nosso Mundo aspira uma sua
nova condição evolutiva, de um Mundo Melhor: que se denomina Regenerador.
Vamos, agora, então, à obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (AK
– 1864), Capítulo 3, Instruções dos Espíritos, Item 18, em que um Espírito Superior,
discorrendo sobre os Mundos Regeneradores, (próxima etapa evolutiva do Orbe
terreno, que, por enquanto, como já vimos, é um Mundo de Expiações e de Provas),
ministra-nos o seguinte:
“Mas, ah! Nesses Mundos, (Regeneradores), o homem é ainda falível,
e o Espírito do mal não perdeu, ali, completamente seu império. Não avançar é
recuar, e se não se está firme no caminho do bem, PODE VOLTAR A CAIR nos Mundos de Expiação,
onde o esperam novas e mais terríveis provas”. (Opus Cit.).
Óbvio que a evolução, ou, o progresso do homem-Espírito vai se
dando de modo lento e inevitável, mas a possibilidade de novas quedas depende,
sempre, da boa vontade do Ser espiritual em se melhorar.
Noutros termos, em nossa subida evolutiva, através dos mais diversos
Mundos, vemos que o Espírito, ainda não desprovido de suas paixões, pode voltar
a cair, de um Mundo Regenerador, em
um Mundo mais atrasado, ou seja, de Expiação, o que implica, conclusivamente,
que, em se habitando um Mundo Expiatório como o nosso, se pode quedar num Mundo
Primitivo, e, pois, não é o que está se verificando com aqueles Espíritos
empedernidos do Planeta Terra - que, ao subir a escala dos Mundos - separará as
ovelhas dos bodes, indo os bons para o Regenerador e os maus para um Mundo
Primitivo, onde o Ser se encontra ao nível dos animais?
E o fato é que o tema da
‘Queda’, da possível ou não-possível ‘Involução Espiritual’, consta de muitas
obras codificadas e a “Revista Espírita” (AK - 1858), por exemplo, registra
algo a respeito da retrogradação do Ser, no caso, do Espírito de um criminoso
que, em face de seus horrendos delitos aqui na Terra, poderia, de fato, ser
destinado a:
“um lugar onde o homem se
encontra no nível dos animais”. (Opus Cit.).
Mas pergunta-se com
razão:
-O que ocorreria com tal
Espírito?
-Ele perderia o que
conquistara no Plano Hominal?
-É isto o que se dá com a
Queda Espiritual?
Primeiramente
questionemos:
O que é o Espírito?
Sabe-se que o mesmo, dos
mais diversos planos da vida: mineral, vegetal, animal e hominal, e, dos planos
da erraticidade que nos envolve a todos, que o Espírito é o Existir dinâmico de
Si mesmo, de sua centelha anímica, tal como luz que, de menos intensa: no plano
atômico e mineral, dita luz, por gradações psíquicas mais altas, e, alcançadas
por evolução, vai se tornando mais intensa e vibrátil noutros planos
existenciais, atingindo, no plano antropológico, ou seja, das humanidades, o
“cume” de seus progressos, que, sabemos, não se encerra por aí, mas se
distende, ainda, aos mais diversos planos da humanidade e da espiritualidade
sideral.
E, pois, se o Espírito é
vibração de suas potências, tal vibração, entretanto, e, sobretudo nos planos
físicos da natureza universal, se sujeita, como tal, a reduzir-se e a
distender-se vibratoriamente, ou seja: dinamicamente, e, sobretudo, nos
fenômenos palingenésicos em que o Eu reduz suas potências para reencarnar, e,
pós-parto, trata de ampliá-las, modo vagaroso, durante o crescimento biológico
e psíquico de tais potencialidades que, frisamos, foram reduzidas muitíssimo
pela reencarnação.
E isto se dá, pois, com
todas as forças psíquicas do Mundo, do mineral ao homem, pois que o mineral
nada mais é que uma concentração de energias que, destruída a forma, retorna à
sua condição anterior (radioatividade); o mesmo se dando, pois, com todas as
espécies do Orbe, e, pois, com o Espírito humano que restringe e reduz suas
potências para reencarnar, e se distende à posteriori para crescer, evoluir e,
ao fim de tudo, de tão longa jornada, transcender-se a Si mesmo como Espírito
imortal se tornando Uno com Deus, Uno com o Pai-Nosso Criador.
Logo, somos potências
palingenésicas que vem e vão, que se reduzem e se distendem, que ‘encolhem’ e
se ‘esticam’ o tempo todo, e, sobretudo, nos períodos de sono em que o Espírito
humano, todas as noites, ‘decola’ do corpo para ‘voar’ na erraticidade, e, por
isto, não podemos ter uma recordação plena do que se passa na vida espiritual,
pois o nosso cérebro não suportaria tamanha carga de trabalho, de operosidade
espiritual. E, pois, nosso cérebro precisa descansar das rotinas do dia
recuperando as forças para os novos dias que, certamente, virão.
Por outro lado, ainda, as
vibrações do Espírito, livre na erraticidade, são bem mais intensas e, pois,
não suportaríamos como homem, e, como cérebro biológico, tamanha intensidade
vibracional de nossa Consciência livre nos espaços espirituais.
Mais ainda, devemos
recordar que nosso Eu, ou, nosso Espírito, como Personalidade Integral que nos
caracteriza a súmula palingenésica, tal, ainda assim, não se acomoda, e, em
renascendo, dita Personalidade também se refaz pela nova base genética cedida
pelos pais, bem como pela nova educação recebida, pela nova estruturação social
a que fora novamente chamada a viver, em suma, por um ambiente que, se velho,
também é novo, pois a mudança evolutiva não para e, pois, o Espírito igualmente
não para, mas prossegue lutando para renovar-se, crescer e distender-se,
sempre, tanto ao plano cognitivo como também ético e comportamental.
Ou, noutros
termos, somos ainda o que fizemos por nós mesmos no passado, ou, nas mais
diversas vidas do pretérito palingenésico, porém, estamos um tanto mudados,
pois o Ser não para, e, consonante instrução 118 de “O Livro dos Espíritos” (AK
– 1857), ele:
“Pode
permanecer estacionário, mas não retrograda”. (Opus Citado).
E, pois, se
o Espírito não retrograda como explicar a ‘Queda Espiritual’, ou, a ‘Involução’
e outras sinonímias de tais fenômenos, onde, e quando, tais termos se inserem
no ‘Complexo Fenomênico Involutivo-Evolutivo’?
É o que veremos!
Em verdade,
o fenômeno do que se conhece como ‘Queda Espiritual’ está a explicitar não uma
retrogradação do Ser, mas sim, uma sua restrição psíquica em corpos condizentes
com a centelha anímica para a sua corrigenda, sua educação. Aquele caso da “RE”
(AK – 1858) que citamos nos fornece o exemplo de tal condição espiritual. Ou
seja, o Espírito pode até sujeitar-se à condição de um corpo animal distinto do
corpo humano, mas Ele, como Espírito, não perdeu tais conquistas do plano das
humanidades, pois que tais se registram n’Ele mesmo, conquanto estejam
restringidas e limitadas por expiação.
Noutros
termos, o Espírito não retrocede e não perde o que conquistara, mas pode, e
deve, por Medida Corretiva da Lei, sujeitar-se a ela pelo bem de Si próprio, e,
pois, de sua felicidade presente e futura.
Logo, tudo quanto
conquistamos não se perde jamais!
E, pois,
tudo o que conquistamos dantes de nossa derrocada (Queda Espiritual) nos
primórdios da criação não se perdeu, mas registra-se em nosso cérebro
espiritual; conquanto nem sempre seja positivamente salutar a lembrança de tais
fatos, pois, se temos ali algo de positivo, revela-se, igualmente, de negativo,
de nossa revolta, nosso orgulho, nosso egoísmo primordial.
O Espírito de Emmanuel, um dos mais confiáveis e mais lúcidos discípulos do Cristo, em seu excelente tratado “Há Dois Mil Anos” (Feb), fala algo a respeito de tais registros espirituais em nós mesmos grafados.
Na página 349, em se
referindo aos Espíritos humanos ainda há pouco desencarnados de modo
sanguinário e violento, e que, naquele instante ouviam às “harmoniosas
vibrações das Melodias do Invisível”, ele alude que “aquele cântico de glória,
ao menos palidamente, deve ser lembrado por nós outros como Suave Reminiscência
do Paraíso”. (Opus Citado); ou seja: do paraíso de outrora, dos tempos
primordiais dos nossos Espíritos falidos, hoje se recuperando nas lutas
travadas com a matéria, com a dor redentora e salvífica.
Logo, o
Espírito não perde o que adquirira no passado e tampouco em suas mais distantes
origens espirituais.
O que
significa dizer que temos grafado na tessitura indelével do nosso cérebro
transfísico (perispiritual) tudo o que nos caracteriza como Ser Divino, filho
de um Deus que É Espírito, e, como tal, nos criara como Espírito, porém, dotado
de liberdade, mas que, por ela mesma se deixara trair caindo, como filho
pródigo, nas expiações dolorosas da matéria.
Finalmente,
numa frase incompleta:
“O Espírito
não retrocede...”!
Porém,
sempre existe um ‘mas’; sempre existe algo de ‘excepcional’, em suma: de uma
espécie de ‘desvio’ das coisas que não mais é que o ‘desvio’ do Ser que errara,
se confundira, e cuja ‘pisada-de-bola’ é algo suscetível de se dar num complexo
universal que é infinito, e, pois, não se isentaria de uma ‘doença’ passageira
que, afinal, se representa por nós mesmos, Seres decaídos nas coisas materiais,
mas sujeitos a salvar-se pela inevitável cura de medidas evolucionais.
Logo, a
obra de Pietro Ubaldi, no Século posterior ao de Allan Kardec, ao tratar do
‘Complexo Fenomênico Involutivo-Evolutivo’, nada mais faz que comprovar e
incrementar o que se encontra codificado pelos Espíritos Superiores na
Codificação Espírita; sendo incrementado, ao demais, pela obra magnífica de
Francisco Cândido Xavier, sobretudo com os Espíritos de Emmanuel e de André
Luiz; o que, aliás, já pudemos defender em nosso 24º. e.Book intitulado: “André
Luiz e Sua-Voz”.
Para finalizar tal estudo, que já vai longe, citemos, de relance,
das muitas exemplificações do Espírito André Luiz, (prefaciado por Emmanuel),
um caso de queda espiritual constante no excelente “Ação e Reação” (1957 -
Feb), capítulo 13, ‘Débito Estacionário’, em que um nosso irmão, de débitos
enormes para com a Lei, se restringira, no fenômeno de sua reencarnação, a um
corpo disforme, de aparência macacóide, tal como se o seu perispírito, durante
a recapitulação embrionária e fetal, não lograsse atingir as nuanças da forma
humana e paralisasse na forma antropóide: primata de transição entre o animal
irracional e o homem.
Miserável anão paralítico, de uma idiotia completa:
“Era ele – dito Espírito devedor - dolorosa máscara de anormalidade
e aberração. Mirrado, nada medindo além de noventa centímetros e apresentando
grande cabeça, aquele corpo disforme, tresandando odores fétidos, inspirava
compaixão e repugnância. A fisionomia denotava configuração macacóide,
exibindo, porém, no sorriso inconsciente e nos olhos semi-lúcidos, a expressão
de um palhaço triste”. (Opus Citado).
Assim, tal
paralisação do Espírito na forma macacóide, não impede, ou, no caso em questão,
não impedira que tal Ser devedor, em nítida queda involutiva, pudesse, de
alguma forma, ser investigado pela equipe espiritual de André Luiz, que, de
qualquer modo, lhe visualizaram os delitos gravíssimos do campo íntimo: “de
crimes ocultos, a culminarem sempre na flagelação do povo”. (Opus Cit.).
O que, por
sinal, e, como dito supra: o Espírito não retrocede, mas pode, e deve, por
Medida Corretiva da Lei: restringir-se, estreitar-se e limitar-se a corpos
inferiores do Mundo, ou, dos Mundos materiais, Mundos também de Deus, porém,
confinados num ‘Anti-Sistema’, ou seja, de “expiação”, tal como fora muito bem
definido pela síntese filosófica dos Itens 167 e 676 de “O Livro dos Espíritos”
(AK – 1857), como já citados aqui, no presente estudo.
Aos que
discordarem de tais ideias – da queda primordial e de outras quedas do Espírito
- diremos, inspirados pela confiável enciclopédia cultural e espiritual de
Francisco Cândido Xavier que:
“Para muitos de todos nós, inclusive espiritistas:
a verdade tem de ser adiada para depois!” (frp).
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O AMIGO DE SEMPRE, e, PARA SEMPRE:
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Fernando Rosemberg Patrocinio:
Fundador de Casa Espírita Cristã, Coordenador de Estudos
Doutrinários, Articulista, Palestrante e Escritor de dezenas de e.Books em seu
blog abaixo transcrito.
Relação dos e.Books de:
Fernando Rosemberg Patrocínio
01-Ciência Espírita: Tese Informal;
02-Espiritismo e Progressividade;
03-Espiritismo e Matemática;
04-Mecanismo Ontogenético;
05-Espaço-Tempo: Física Transcendental;
06-Corrente Mental;
07-Pietro Ubaldi e Chico Xavier;
08-Filosofia da Verdade;
09-Axiologia do Evangelho;
10-Espiritismo e Evolucionismo;
11-Fatos e Objeções;
12-O Médium de Deus;
13-A Grande Síntese e Mecanismo;
14-Evangelho da Ciência;
15-Codificação Espírita: Reformulação;
16-Kardecismo e Espiritismo;
17-Geometria e Álgebra Palingenésicas (web artigos);
18-Maiêutica do Século XXI;
19-Espiritismo: Fundamentações;
20-Ciência de Tudo: Big-Bang;
21-Evolução: Jornadas do Espírito;
22-O Homem Integral (Reflexões);
23-Espiritismo e Filosofia;
24-André Luiz e Sua-Voz;
25-O Livro dos Espíritos: Queda Espiritual;
26-Evidências do Espírito;
27-Construção Bio-Transmutável;
28-Mediunidade Genial (web artigos);
29-Conhecimento e Espiritismo;
30-O Paradigma Absoluto;
31-O Fenômeno Existencial;
32-Chico-Kardec: Franca Teorização;
33-O Maior dos Brasileiros;
34-Espiritismo: Síntese Filosófica;
35-O Livro dos Espíritos: Simples e Complexo;
36-O Livro dos Espíritos: Níveis Filosóficos;
37-Temas da Verdade Espírita;
38-Geometria Cósmica do Espiritismo;
39-Matemática da Reencarnação;
40-Kardec, Roustaing e Pietro Ubaldi;
41-Espiritismo e Livre Pensamento;
42-Síntese Embriológica do Homem;
43-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Primeira;
44-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Segunda;
45-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Terceira;
46-Consenso Universal: Tríplice Aspecto;
47-Método Pedagógico dos Evangelhos;
48-Cristo: de Roustaing a Pietro Ubaldi;
49-Estratégias da Revelação Espírita;
50-Trilogia Codificada e Rustenismo;
51-Cosmogênese do Terceiro Milênio;
52-Tertúlias Multidimensionais;
53-Cristianismo: Teologia Cíclica;
54-Análise de Temas Codificados;
55-Deus: Espírito e Matéria;
56-Razões e Funções da Dor;
57-Emmanuel: Notável Revelador;
58-A Queda dos Anjos;
59-Homem: Vença-te a Ti Mesmo;
60-Evangelho: Evolução Salvífica;
61-O Espírito da Verdade;
62-Balizas do Terceiro Milênio;
63-Sentimento: Molde Vibrátil de Ideias;
64-Ciência do Século XX;
65-A Revolução Ética.
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Blog: Filosofia do Infinito
https://fernandorosembergpatrocinio.blogspot.com.br
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