quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

O ESPÍRITO NÃO RETROCEDE, PORÉM...


O ESPÍRITO NÃO RETROCEDE, PORÉM...

Já vimos que a obra dos Espíritos Superiores, codificada por Allan Kardec, ministra a possibilidade de Queda do Espírito durante sua evolução e progresso, quando, paradoxalmente, fala da Não-Retrogradação do Ser.

E por que tal se dera, ou, se dá, na obra codificada?

Responderemos por etapas, de sorte a obter-se uma razoável explicação de tal paradoxo, ou, de tão complexa e tão discutível temática.

Primeiramente, sabemos que, modo evolutivo, e, sinteticamente, os Mundos se classificam em:

-Primitivos;
-Expiações e de Provas (Planeta Terra, por exemplo);
-Regeneradores;
-Mundos Felizes; e, por fim:
-Mundos Excelsos.

E, sabemos que o nosso Planeta, como Mundo de Expiações e de Provas, já fora um Mundo Primitivo, e, por agora, nosso Mundo aspira uma sua nova condição evolutiva, de um Mundo Melhor: que se denomina Regenerador.

Vamos, agora, então, à obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (AK – 1864), Capítulo 3, Instruções dos Espíritos, Item 18, em que um Espírito Superior, discorrendo sobre os Mundos Regeneradores, (próxima etapa evolutiva do Orbe terreno, que, por enquanto, como já vimos, é um Mundo de Expiações e de Provas), ministra-nos o seguinte:

“Mas, ah! Nesses Mundos, (Regeneradores), o homem é ainda falível, e o Espírito do mal não perdeu, ali, completamente seu império. Não avançar é recuar, e se não se está firme no caminho do bem, PODE VOLTAR A CAIR nos Mundos de Expiação, onde o esperam novas e mais terríveis provas”. (Opus Cit.).

Óbvio que a evolução, ou, o progresso do homem-Espírito vai se dando de modo lento e inevitável, mas a possibilidade de novas quedas depende, sempre, da boa vontade do Ser espiritual em se melhorar.

Noutros termos, em nossa subida evolutiva, através dos mais diversos Mundos, vemos que o Espírito, ainda não desprovido de suas paixões, pode voltar a cair, de um Mundo Regenerador, em um Mundo mais atrasado, ou seja, de Expiação, o que implica, conclusivamente, que, em se habitando um Mundo Expiatório como o nosso, se pode quedar num Mundo Primitivo, e, pois, não é o que está se verificando com aqueles Espíritos empedernidos do Planeta Terra - que, ao subir a escala dos Mundos - separará as ovelhas dos bodes, indo os bons para o Regenerador e os maus para um Mundo Primitivo, onde o Ser se encontra ao nível dos animais?

E o fato é que o tema da ‘Queda’, da possível ou não-possível ‘Involução Espiritual’, consta de muitas obras codificadas e a “Revista Espírita” (AK - 1858), por exemplo, registra algo a respeito da retrogradação do Ser, no caso, do Espírito de um criminoso que, em face de seus horrendos delitos aqui na Terra, poderia, de fato, ser destinado a:

“um lugar onde o homem se encontra no nível dos animais”. (Opus Cit.).

Mas pergunta-se com razão:

-O que ocorreria com tal Espírito?
-Ele perderia o que conquistara no Plano Hominal?
-É isto o que se dá com a Queda Espiritual?

Primeiramente questionemos:

O que é o Espírito?

Sabe-se que o mesmo, dos mais diversos planos da vida: mineral, vegetal, animal e hominal, e, dos planos da erraticidade que nos envolve a todos, que o Espírito é o Existir dinâmico de Si mesmo, de sua centelha anímica, tal como luz que, de menos intensa: no plano atômico e mineral, dita luz, por gradações psíquicas mais altas, e, alcançadas por evolução, vai se tornando mais intensa e vibrátil noutros planos existenciais, atingindo, no plano antropológico, ou seja, das humanidades, o “cume” de seus progressos, que, sabemos, não se encerra por aí, mas se distende, ainda, aos mais diversos planos da humanidade e da espiritualidade sideral.

E, pois, se o Espírito é vibração de suas potências, tal vibração, entretanto, e, sobretudo nos planos físicos da natureza universal, se sujeita, como tal, a reduzir-se e a distender-se vibratoriamente, ou seja: dinamicamente, e, sobretudo, nos fenômenos palingenésicos em que o Eu reduz suas potências para reencarnar, e, pós-parto, trata de ampliá-las, modo vagaroso, durante o crescimento biológico e psíquico de tais potencialidades que, frisamos, foram reduzidas muitíssimo pela reencarnação.

E isto se dá, pois, com todas as forças psíquicas do Mundo, do mineral ao homem, pois que o mineral nada mais é que uma concentração de energias que, destruída a forma, retorna à sua condição anterior (radioatividade); o mesmo se dando, pois, com todas as espécies do Orbe, e, pois, com o Espírito humano que restringe e reduz suas potências para reencarnar, e se distende à posteriori para crescer, evoluir e, ao fim de tudo, de tão longa jornada, transcender-se a Si mesmo como Espírito imortal se tornando Uno com Deus, Uno com o Pai-Nosso Criador.

Logo, somos potências palingenésicas que vem e vão, que se reduzem e se distendem, que ‘encolhem’ e se ‘esticam’ o tempo todo, e, sobretudo, nos períodos de sono em que o Espírito humano, todas as noites, ‘decola’ do corpo para ‘voar’ na erraticidade, e, por isto, não podemos ter uma recordação plena do que se passa na vida espiritual, pois o nosso cérebro não suportaria tamanha carga de trabalho, de operosidade espiritual. E, pois, nosso cérebro precisa descansar das rotinas do dia recuperando as forças para os novos dias que, certamente, virão.

Por outro lado, ainda, as vibrações do Espírito, livre na erraticidade, são bem mais intensas e, pois, não suportaríamos como homem, e, como cérebro biológico, tamanha intensidade vibracional de nossa Consciência livre nos espaços espirituais.

Mais ainda, devemos recordar que nosso Eu, ou, nosso Espírito, como Personalidade Integral que nos caracteriza a súmula palingenésica, tal, ainda assim, não se acomoda, e, em renascendo, dita Personalidade também se refaz pela nova base genética cedida pelos pais, bem como pela nova educação recebida, pela nova estruturação social a que fora novamente chamada a viver, em suma, por um ambiente que, se velho, também é novo, pois a mudança evolutiva não para e, pois, o Espírito igualmente não para, mas prossegue lutando para renovar-se, crescer e distender-se, sempre, tanto ao plano cognitivo como também ético e comportamental.

Ou, noutros termos, somos ainda o que fizemos por nós mesmos no passado, ou, nas mais diversas vidas do pretérito palingenésico, porém, estamos um tanto mudados, pois o Ser não para, e, consonante instrução 118 de “O Livro dos Espíritos” (AK – 1857), ele:

“Pode permanecer estacionário, mas não retrograda”. (Opus Citado).

E, pois, se o Espírito não retrograda como explicar a ‘Queda Espiritual’, ou, a ‘Involução’ e outras sinonímias de tais fenômenos, onde, e quando, tais termos se inserem no ‘Complexo Fenomênico Involutivo-Evolutivo’?

É o que veremos!

Em verdade, o fenômeno do que se conhece como ‘Queda Espiritual’ está a explicitar não uma retrogradação do Ser, mas sim, uma sua restrição psíquica em corpos condizentes com a centelha anímica para a sua corrigenda, sua educação. Aquele caso da “RE” (AK – 1858) que citamos nos fornece o exemplo de tal condição espiritual. Ou seja, o Espírito pode até sujeitar-se à condição de um corpo animal distinto do corpo humano, mas Ele, como Espírito, não perdeu tais conquistas do plano das humanidades, pois que tais se registram n’Ele mesmo, conquanto estejam restringidas e limitadas por expiação.

Noutros termos, o Espírito não retrocede e não perde o que conquistara, mas pode, e deve, por Medida Corretiva da Lei, sujeitar-se a ela pelo bem de Si próprio, e, pois, de sua felicidade presente e futura.

Logo, tudo quanto conquistamos não se perde jamais!

E, pois, tudo o que conquistamos dantes de nossa derrocada (Queda Espiritual) nos primórdios da criação não se perdeu, mas registra-se em nosso cérebro espiritual; conquanto nem sempre seja positivamente salutar a lembrança de tais fatos, pois, se temos ali algo de positivo, revela-se, igualmente, de negativo, de nossa revolta, nosso orgulho, nosso egoísmo primordial.

O Espírito de Emmanuel, um dos mais confiáveis e mais lúcidos discípulos do Cristo, em seu excelente tratado “Há Dois Mil Anos” (Feb), fala algo a respeito de tais registros espirituais em nós mesmos grafados.

Na página 349, em se referindo aos Espíritos humanos ainda há pouco desencarnados de modo sanguinário e violento, e que, naquele instante ouviam às “harmoniosas vibrações das Melodias do Invisível”, ele alude que “aquele cântico de glória, ao menos palidamente, deve ser lembrado por nós outros como Suave Reminiscência do Paraíso”. (Opus Citado); ou seja: do paraíso de outrora, dos tempos primordiais dos nossos Espíritos falidos, hoje se recuperando nas lutas travadas com a matéria, com a dor redentora e salvífica.

Logo, o Espírito não perde o que adquirira no passado e tampouco em suas mais distantes origens espirituais.

O que significa dizer que temos grafado na tessitura indelével do nosso cérebro transfísico (perispiritual) tudo o que nos caracteriza como Ser Divino, filho de um Deus que É Espírito, e, como tal, nos criara como Espírito, porém, dotado de liberdade, mas que, por ela mesma se deixara trair caindo, como filho pródigo, nas expiações dolorosas da matéria.

Finalmente, numa frase incompleta:

“O Espírito não retrocede...”!

Porém, sempre existe um ‘mas’; sempre existe algo de ‘excepcional’, em suma: de uma espécie de ‘desvio’ das coisas que não mais é que o ‘desvio’ do Ser que errara, se confundira, e cuja ‘pisada-de-bola’ é algo suscetível de se dar num complexo universal que é infinito, e, pois, não se isentaria de uma ‘doença’ passageira que, afinal, se representa por nós mesmos, Seres decaídos nas coisas materiais, mas sujeitos a salvar-se pela inevitável cura de medidas evolucionais.

Logo, a obra de Pietro Ubaldi, no Século posterior ao de Allan Kardec, ao tratar do ‘Complexo Fenomênico Involutivo-Evolutivo’, nada mais faz que comprovar e incrementar o que se encontra codificado pelos Espíritos Superiores na Codificação Espírita; sendo incrementado, ao demais, pela obra magnífica de Francisco Cândido Xavier, sobretudo com os Espíritos de Emmanuel e de André Luiz; o que, aliás, já pudemos defender em nosso 24º. e.Book intitulado: “André Luiz e Sua-Voz”.

Para finalizar tal estudo, que já vai longe, citemos, de relance, das muitas exemplificações do Espírito André Luiz, (prefaciado por Emmanuel), um caso de queda espiritual constante no excelente “Ação e Reação” (1957 - Feb), capítulo 13, ‘Débito Estacionário’, em que um nosso irmão, de débitos enormes para com a Lei, se restringira, no fenômeno de sua reencarnação, a um corpo disforme, de aparência macacóide, tal como se o seu perispírito, durante a recapitulação embrionária e fetal, não lograsse atingir as nuanças da forma humana e paralisasse na forma antropóide: primata de transição entre o animal irracional e o homem.

Miserável anão paralítico, de uma idiotia completa:

“Era ele – dito Espírito devedor - dolorosa máscara de anormalidade e aberração. Mirrado, nada medindo além de noventa centímetros e apresentando grande cabeça, aquele corpo disforme, tresandando odores fétidos, inspirava compaixão e repugnância. A fisionomia denotava configuração macacóide, exibindo, porém, no sorriso inconsciente e nos olhos semi-lúcidos, a expressão de um palhaço triste”. (Opus Citado).

Assim, tal paralisação do Espírito na forma macacóide, não impede, ou, no caso em questão, não impedira que tal Ser devedor, em nítida queda involutiva, pudesse, de alguma forma, ser investigado pela equipe espiritual de André Luiz, que, de qualquer modo, lhe visualizaram os delitos gravíssimos do campo íntimo: “de crimes ocultos, a culminarem sempre na flagelação do povo”. (Opus Cit.).

O que, por sinal, e, como dito supra: o Espírito não retrocede, mas pode, e deve, por Medida Corretiva da Lei: restringir-se, estreitar-se e limitar-se a corpos inferiores do Mundo, ou, dos Mundos materiais, Mundos também de Deus, porém, confinados num ‘Anti-Sistema’, ou seja, de “expiação”, tal como fora muito bem definido pela síntese filosófica dos Itens 167 e 676 de “O Livro dos Espíritos” (AK – 1857), como já citados aqui, no presente estudo.

Aos que discordarem de tais ideias – da queda primordial e de outras quedas do Espírito - diremos, inspirados pela confiável enciclopédia cultural e espiritual de Francisco Cândido Xavier que:


“Para muitos de todos nós, inclusive espiritistas: a verdade tem de ser adiada para depois!” (frp).

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O AMIGO DE SEMPRE, e, PARA SEMPRE:

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Fernando Rosemberg Patrocinio:
Fundador de Casa Espírita Cristã, Coordenador de Estudos Doutrinários, Articulista, Palestrante e Escritor de dezenas de e.Books em seu blog abaixo transcrito.

Relação dos e.Books de:
Fernando Rosemberg Patrocínio

01-Ciência Espírita: Tese Informal;
02-Espiritismo e Progressividade;
03-Espiritismo e Matemática;
04-Mecanismo Ontogenético;
05-Espaço-Tempo: Física Transcendental;
06-Corrente Mental;
07-Pietro Ubaldi e Chico Xavier;
08-Filosofia da Verdade;
09-Axiologia do Evangelho;
10-Espiritismo e Evolucionismo;
11-Fatos e Objeções;
12-O Médium de Deus;
13-A Grande Síntese e Mecanismo;
14-Evangelho da Ciência;
15-Codificação Espírita: Reformulação;
16-Kardecismo e Espiritismo;
17-Geometria e Álgebra Palingenésicas (web artigos);
18-Maiêutica do Século XXI;
19-Espiritismo: Fundamentações;
20-Ciência de Tudo: Big-Bang;
21-Evolução: Jornadas do Espírito;
22-O Homem Integral (Reflexões);
23-Espiritismo e Filosofia;
24-André Luiz e Sua-Voz;
25-O Livro dos Espíritos: Queda Espiritual;
26-Evidências do Espírito;
27-Construção Bio-Transmutável;
28-Mediunidade Genial (web artigos);
29-Conhecimento e Espiritismo;
30-O Paradigma Absoluto;
31-O Fenômeno Existencial;
32-Chico-Kardec: Franca Teorização;
33-O Maior dos Brasileiros;
34-Espiritismo: Síntese Filosófica;
35-O Livro dos Espíritos: Simples e Complexo;
36-O Livro dos Espíritos: Níveis Filosóficos;
37-Temas da Verdade Espírita;
38-Geometria Cósmica do Espiritismo;
39-Matemática da Reencarnação;
40-Kardec, Roustaing e Pietro Ubaldi;
41-Espiritismo e Livre Pensamento;
42-Síntese Embriológica do Homem;
43-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Primeira;
44-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Segunda;
45-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Terceira;
46-Consenso Universal: Tríplice Aspecto;
47-Método Pedagógico dos Evangelhos;
48-Cristo: de Roustaing a Pietro Ubaldi;
49-Estratégias da Revelação Espírita;
50-Trilogia Codificada e Rustenismo;
51-Cosmogênese do Terceiro Milênio;
52-Tertúlias Multidimensionais;
53-Cristianismo: Teologia Cíclica;
54-Análise de Temas Codificados;
55-Deus: Espírito e Matéria;
56-Razões e Funções da Dor;
57-Emmanuel: Notável Revelador;
58-A Queda dos Anjos;
59-Homem: Vença-te a Ti Mesmo;
60-Evangelho: Evolução Salvífica;
61-O Espírito da Verdade;
62-Balizas do Terceiro Milênio;
63-Sentimento: Molde Vibrátil de Ideias;
64-Ciência do Século XX;
65-A Revolução Ética.
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Blog: Filosofia do Infinito
https://fernandorosembergpatrocinio.blogspot.com.br

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