HOMEM, ESPÍRITO E SABER
Alegava Descartes, em trechos da quarta parte do seu importante:
“Discurso do Método”, e, portanto, em suas conclusões de ordem filosófica e
matemática, haver compreendido que:
“... Eu era uma substância cuja essência ou natureza consiste apenas
no pensar, e que, para ser, não necessita de nenhum lugar, nem depende de
qualquer coisa material. De sorte que esse Eu, isto é, a Alma, pela qual Sou o
que Sou, é inteiramente distinta do corpo e, mesmo, que é mais fácil de conhecer do que
ele, (grifos meus) e, ainda que este nada fosse, ela não deixaria de ser
tudo o que É”. (Opus Cit. - Internet).
Todavia, do tempo de Descartes para cá, o conhecimento, de um modo
geral, avançou muito e, no caso em questão, devassou-se as entranhas do
biológico, do aspecto físico dos Seres e das coisas, e, portanto, o Homem já
sabe quase tudo de si mesmo. Ou, pelo menos, da notável engenhosidade de sua
natureza somática, seja nos aspectos mecânicos e físico-químicos de tal,
avançando-se para os mais sutis mecanismos, permitindo-lhe entrever algo de sua
interioridade energética, ou bioplasmática, que se irradia exteriorizando a
aura dos corpos vivos e mesmo das coisas inertes e tão-só materiais.
Portanto, se no Século 17 de Descartes, tornara-se, para ele, mais
fácil conhecer-se a Si mesmo, como Ente pensante e como Espírito imortal,
parece-me que, neste início do Século 21, as técnicas avançadas do mundo
científico, no curso dos tempos que se transcorreram, inverteram o sentido das
coisas, pois hoje, muito mais se sabe do corpo que do Espírito, muito mais do
físico (matéria) que do não-físico (Alma); conquanto também se avance no
sentido do energético, do espiritual e transcendente de todos nós.
É que o primeiro a impressionar-nos os sentidos é o material, o denso
das coisas físicas, do fisiológico, do compacto estrutural; o Espírito, pela
ordem natural das coisas, vem depois, numa sucessão de três planos entrosantes,
consecutivos, interligados.
Ou seja: no início vem a matéria, depois a energia, e, posteriormente,
algo ainda mais abstrato refletindo-se no fator cognitivo, no axiológico, nos
procedimentos morais, bem como no ultra-cognitivo de tal fator, numa escalada
evolucional infinita direcionada para algo desconhecido de nossa inteligência e
espiritualidade. Assim, deparamo-nos, do ponto de vista dos conhecimentos
científicos do Mundo terreno, com os três sucessivos componentes:
-Matéria, Energia e Psi, ou, Funções Psi, de Joseph Banks Rhine;
como já é do conhecimento atual.
E, do ponto de vista espiritista, temos algo parecido:
-Matéria, Fluido Cósmico Universal e Espírito: que é o Princípio
Inteligente individuado, dotado das Funções Psi e sujeito à reencarnação nos
diferentes Mundos para seus progressos e evolução.
De retorno, pois, ao pensamento de Descartes, e, comparando-o com o
nosso tempo, parece-me que, hoje, invertera-se a ordem das coisas, pois se
conhece muito do corpo e se conhece pouco do Espírito, do Ser pensante de nós
mesmos; porquanto, não sabemos o que ele é, do que se constitui intimamente e
quais são os mais secretos mecanismos do psiquismo, do pensar que dele mesmo se
destaca e flui continuamente num processo cognitivo dinâmico que, mesmo pelo
sono do corpo, da pausa fisiológica necessária, não se paralisa jamais, pois
constatamos, na prática mesma (lembranças do sonho), que nossa atividade
psíquica prossegue, indefinidamente, noutras dimensões conscienciais.
Portanto, em nossa dicotomia, o Espírito humano reflete um
psiquismo dinâmico de natureza e essencialidade desconhecidas, conquanto ele
mesmo, o Espírito, em pessoa, venha a nos expressar como inteligência-moral
neste Mundo a que pertencemos como Homem, sendo este, pois, o serviçal, aquilo
que está a serviço da Alma, do Espírito, seu comandante afinal.
Paradoxalmente, pois, eu, você, todos nós,
somos constituídos de corpo e Alma, de soma e de Espírito, sendo, pois, por
meio dele mesmo, ou seja, do Homem, como Espírito reencarnado num corpo, que
crescemos, estudamos, trabalhamos e o empregamos, juntos, estando um ligado ao
outro como meio de vida, de saber, de aquisição de valores, sejam eles afetivos,
ou morais, num todo consciencial que parece expandir-se na ordem de Si mesmo,
na ordem, pois, de sua capacidade cognitiva, mental e moral.
Sendo positivamente lógico afirmar-se que: é por meio do Espírito
que eu conheço, mas, definitivamente, pouco me conheço.
Ou, noutros termos:
É por meio do Espírito que eu sei, entretanto, de mim mesmo, quase nada
sei.
Ora, o que sabemos, pois, do Espírito?
Do que, intimamente, ele se formara, se constituíra como
instrumento pensante, dinâmico e, filosoficamente, perquiridor?
De onde ele procedera no tempo, ou, quem sabe, do além-tempo, da
eternidade atemporal?
Não só não sabemos de onde o mesmo procedera e tampouco o sabemos -
em nossa bronquice - para onde se vai, para que outros Mundos, piores ou
melhores, estamos rumando, nos dirigindo, por nossa grave culpa ou nossa
elevação moral.
Repiso, pois, que é no Espírito mesmo, e, com ele mesmo, que estudamos,
aprendemos, trabalhamos, experienciamos e, portanto, por um longo tempo -
evidencia-se: palingenésico - vimos com ele laborando, exercitando, evoluindo,
tomando atitudes condenáveis umas e aprováveis outras, piores ou melhores; ou
seja: fazendo tudo quanto fazemos sem atinarmos para o fato de que não sabemos
o que ele é: de que tudo, ou quase tudo, desse tal de Espírito ignoramos, se
mostrando ele, pois, como o maior dos mistérios do nosso saber que, em suma,
não sabe, mas que, um dia, deposito esperança, saberá.
Assim, tal princípio anímico é, ainda, uma incógnita que não se tem
como definir e entender mais objetivamente, quando, em contrapartida, tal se
define e se revela por meio de nós mesmos, nosso procedimento, nosso caráter,
nosso labor, nosso saber que tão pouco sabe, pois que nem mesmo a si próprio se
conhece; conquanto nele mesmo se reflita, se estabeleça e se componha no
condicionamento de sua unidade dicotomizada por: essência e corporalidade, que,
acrescentando-se mais, se poderia concebê-la como unidade trina: por Espírito,
Perispírito e Corporalidade física.
Sem mais, concluo refletindo que: se, para Descartes, parecia-lhe
mais fácil conhecer o Espírito que o corpo, afigurasse-nos, que, presentemente,
a coisa algo se invertera, parecendo-nos mais fácil conhecer o corpo que o
Espírito, se não for esta uma equivocada impressão de minha Cogniscidade,
agitada pelos seus compromissos, correrias, labores diversos, quando, nas
paradas momentâneas, tal como agora, se debruça sobre si mesma,
interiorizando-se na essencialidade, para, novamente, exteriorizar-se na
temporalidade mundana, necessidade exata, mas momentânea, de nossos Espíritos
imortais.
Por outro lado, o conhecimento do corpo também é luz do nosso
Espírito, de sua sabedoria que, vendo a complexidade viva de nós mesmos, também
se aproxima do Eterno, de Sua Luz, Sua Magnânima Obra e Criação.
Obs.: é até possível que, tal como Descartes, já saibamos um tanto
mais do Espírito, pois nosso saber não se restringe ao agora da presente
corporalidade física; mas se estende ao amplo saber universal que, como Consciência
livre, leve e solta nos espaços espirituais, já detemos em nós mesmos. Ou,
noutros termos: estamos restringidos à matéria biológica; mas incorporamos um mais
vasto saber das coisas em nossa espiritualidade.
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