CRIPTÓGAMO CARNUDO: LUCIANO DOS ANJOS
Paro e reflito para dizer que: se existira uma genialidade espiritista, ou, rustenista
- como queiram – nos últimos tempos, diria que a mesma se prontificara na
pessoa de Luciano dos Anjos. Pensador brilhante, construtor de termos, frases e
tiradas geniais, referido jornalista, e escritor espiritista, é detentor de uma
página biográfica bastante interessante na Wikipédia, e que deveria ser
consultada a fim de saciar nossa sede de saber mais sobre tão ilustre figura do
nosso movimento. Mas, interrompendo tal ilustração da cultura e genialidade do
Luciano, passemos ao que mais nos interessa: ao estudo atento de sua imponente ‘Tese
Doutrinária’.
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De: Luciano
dos Anjos (*):
Roustaing
está preocupado, na pergunta nr. 58 – “Os Quatro Evangelhos” (Feb) - em entender
a encarnação nos Mundos Primitivos, o modo de procriação e a reprodução dos
Espíritos falidos, sustâncias humanas, “às quais não se pode dar propriamente o
nome de corpos, nas condições de macho e
fêmea, aptos para a procriação e para a reprodução”. (Grifos meus). A
resposta é direta: “São corpos rudimentares. O homem aporta a essas terras no
estado de esboço, como tudo que se forma nas terras primitivas. O macho e a fêmea não são nem desenvolvidos,
nem fortes, nem inteligentes”. (Idem).
Nada há de chocante
nisso tudo. Aqui na Terra, ao tempo do gênero Homo habilis, há
mais ou menos 2,5 milhões de anos – ou há cerca de 7 milhões, uma vez
consideradas todas as espécies humanas ancestrais que compõem, atualmente, os
nossos antepassados hominídeos – encontraremos os dados suficientes
quanto ao processo de transformação que o invólucro humano vem sofrendo desde
sua derradeira necessidade (do Espírito) de encarnar.
Nossos
antepassados, ao serem observados pelos Espíritos Puros, que não possuem mais
corpo, provavelmente nos veriam com invólucros bastante elementares, um esboço
corporal na evolução dos Mundos de Expiação. Nós, entretanto, vemos nossos
corpos, tanto os daquela época como os de hoje, bem definidos e não temos
dúvida para perceber quem é o macho e quem é a fêmea. Da mesma forma não nos é
tão fácil perceber a diferença do macho e da fêmea em Mundos Inferiores
ao nosso, como os Mundos Primitivos. O importante, porém, é saber que, mesmo em
corpos humanos rudimentares, há: machos e fêmeas. Essa foi a informação que os Espíritos
pretenderam de início passar em resposta à pergunta de Roustaing.
Mais
adiante os Espíritos Reveladores esclarecem:
“Mal
se arrastam nos seus grosseiros invólucros, vivem, como os animais, do que
encontram no solo e lhes convenha. As árvores e o terreno produzem
abundantemente para a nutrição de cada espécie. Os animais carnívoros não os
caçam. A Previdência do Senhor vela pela conservação de todos. Seus únicos
instintos são os da alimentação e os da reprodução. As gerações se sucedem
desenvolvendo-se. As formas se vão alongando e tornando aptas a prover às
necessidades que se multiplicam. Mas, não é nossa tarefa traçar aqui a história
da criação.” (“OQE” - Feb).
Mais
uma vez recorramos ao exemplo dos Espíritos Superiores observando-nos. Eles não
mais se locomovem como nós. Vendo-nos como bípedes, registrariam que possuímos
quatro apêndices delgados (membros superiores e inferiores), deslocamo-nos com
dificuldade, presos à superfície terrena e em atrito com ela devido à força da
gravidade. Sim, andar nada mais é que um processo de arrasto sofisticado.
Nossos pés têm que produzir atrito com a superfície para sairmos do lugar. É
sem dúvida um avanço extraordinário da evolução, porém, extremamente rudimentar
quando visto por aqueles que nos são superiores e viajam pelo pensamento.
Podemos
sentir-nos diminuídos, visto que, no nosso estágio de evolução corporal,
aqueles que se arrastam são animais inferiores. Esquecemo-nos, no entanto, de
que, na realidade, somos animais racionais ainda bem atrasados, do ponto de
vista daqueles que se encontram milhões de milênios à nossa frente.
Quanto
às descrições do dia-a-dia para a sobrevivência dos Seres humanos nos Mundos Primitivos,
“vivem, como os animais, do que encontram no solo e lhes convenha” e as
“árvores e o terreno produzem abundantemente para a nutrição de cada espécie”.
A descrição é semelhante à dos nossos ancestrais Hominídeos e
do nosso antepassado mais recente, o Homo habilis.
Esse tipo de comportamento já foi muito estudado por nós. Os Espíritos
superiores estão apenas revelando que, nos Mundos Primitivos, nas primeiras
encarnações, os Seres humanos também vivem do que encontram e lhes convém,
semelhantemente aos nômades da Terra.
Adiante:
“Os animais carnívoros não os caçam. A previdência do Senhor vela pela
conservação de todos. Seus únicos instintos são os da alimentação e os da
reprodução”. (“OQE” – Feb).
Pode
parecer estranho que os Seres humanos dos Mundos Primitivos, sendo tão rudimentares,
não sejam presas de animais carnívoros. Entretanto, sabemos que na nossa cadeia
alimentar a situação é igual. Determinados animais carnívoros caçam específicas
presas, deixando de lado inúmeros outros animais que também lhes poderiam ser
fonte de energia. Por outro lado, encontramos animais no topo da cadeia que não
possuem predadores, podendo viver até à derradeira hora sem passar pelo
estresse de serem caçados. Nos Mundos Primitivos o processo ocorre de forma
semelhante, como podemos constatar em mais estas explicações: “As espécies
incapazes de se defenderem não são atacadas de modo positivo. Têm seus
inimigos, mas entre Seres tão fracos quanto elas e não entre os que as
destruiriam completamente, achando-as sem defesa, nem meios de fugir. Cada espécie
busca a alimentação que lhe é apropriada, não procurando nunca a que seja
estranha aos seus apetites”. (“OQE” - Feb).
Roustaing
finaliza com o questionamento sobre as condições da substância humana nos
Mundos primitivos:
“O
Espírito vai habitar corpos formados de substâncias contidas nas matérias
constitutivas do Planeta. Esses corpos não são aparelhados como os vossos,
porém os elementos que os compõem se acham dispostos por maneira que o Espírito
os possa usar e aperfeiçoar. Não poderíamos compará-los melhor do que a Criptógamos
Carnudos. Podeis formar ideia da criação humana, estudando essas larvas
informes que vegetam em certas plantas, particularmente nos lírios. São massa,
quase inerte, de matéria moles e pouco agregadas, que rasteja, ou antes, desliza,
tendo os membros, por assim dizer, em estado latente.” (“OQE”
– Feb).
Chegamos,
assim, ao Criptógamo Carnudo e podemos prosseguir na mesma linha de raciocínio.
Ir “habitar corpos formados de substâncias contidas nas matérias constitutivas
do Planeta” os quais “não são aparelhados como os vossos” não implica nenhuma
contradição. Qual a substância dos nossos corpos na Terra? Ela é formada pelos
elementos constitutivos do Planeta. Somos essencialmente carbono, hidrogênio,
oxigênio, nitrogênio e fósforo. Da mesma forma os corpos primitivos nos Mundos
Primitivos são constituídos de substância formadora do próprio Planeta Primitivo.
Quanto
a não serem aparelhados, como os nossos, nada de extraordinário está sendo
dito, pois nos foi revelado, desde a década de 40, pela chamada ‘Série André
Luiz’, que os órgãos dos corpos perispirituais do Mundo de Expiação são
morfológica e fisiologicamente diferentes, isto é, sofrem transformações,
adaptações ou até mesmo deixam de existir, uma vez fora da encarnação.
Os
corpos perispirituais não são aparelhados como os nossos. Assim, não é difícil
imaginar que os corpos humanos dos Mundos Primitivos
não são aparelhados como os corpos humanos dos Mundos de Expiações.
Mas
com certeza todos são humanos.
Prossigamos:
(...)“porém os elementos que os compõem se acham dispostos por maneira que o Espírito
os possa usar e aperfeiçoar”. (“OQE” - Feb).
Uma
vez encarnados no nosso Mundo, estamos sujeitos às leis naturais que regem este
Planeta. Em 1859, o extraordinário naturalista Charles Darwin publica sua
magnífica obra “The Origin of Species By Means of Natural
Selection, or the Preservation of Favoured Races in The Struggle for Life”,
comumente conhecida em português como “A Origem das Espécies”. Após o
trabalho de Darwin e, igualmente, no mesmo período, o de A. R. Wallace (estudioso
também dos fenômenos espíritas), a evolução (transformações naturais) passou a
ser a mola mestra para a compreensão de todo o processo de modificações
estruturais e funcionais dos Seres vivos.
Da
mesma maneira que surgiriam espécies novas, outras sucumbiriam dentro do
processo natural da evolução. O gatilho da evolução é formidável para a
compreensão do aperfeiçoamento dos elementos que possam ser usados pelos Espíritos
encarnados. Na assertiva dos Espíritos reveladores vislumbramos a ‘Teoria da Evolução’
também como processo de modificações nos corpos rudimentares dos Mundos
primitivos e dos elementos que os compõem.
Acredito
que não poderia ser diferente.
A
evolução é pedra angular nos ensinamentos da Doutrina Espírita, devendo ser
material, perispiritual, intelectual e moral. Porém, é importantíssimo frisar
que, para nós, espíritas, a ‘Teoria da Evolução’ não exclui a existência do Espírito,
muito menos do Criador, como pretendem os evolucionistas materialistas. Mas com
certeza põe fim ao domínio teísta-criacionista que o Catolicismo e o Protestantismo
impunham, ou o neocriacionismo que os protestantes tanto defendem para alijar o
darwinismo.
Mas
isso já é outra história.
“Não
poderíamos compará-los melhor do que a Criptógamos Carnudos.” (“OQE” – Feb)
Por
que os Espíritos fizeram essa comparação? Por que optaram em “criar” esse “ser
híbrido” para falar dos Seres humanos no Planeta Primitivo? Na década de 60,
pela tribuna e em artigo no Reformador, o jornalista e escritor
Luciano dos Anjos foi o primeiro e único a explicar que “Os
Quatro Evangelhos” (Feb) faziam apenas uma comparação e que, em nenhum momento, estavam ensinando
que o Espírito retrogradava a Criptógamo Carnudo no Mundo Primitivo. Ousado que
sou – o parentesco me chancela –, tentarei desdobrar as suas profícuas e
oportunas explicações.
Antes
de tudo faz-se necessária uma pequena digressão quanto à situação do
conhecimento científico e seus questionamentos vigentes à época em que foi
recebida a revelação “Os Quatro Evangelhos”. A captação mediúnica teve
início em 1861 e a publicação da obra aconteceu em 1866. Conseqüentemente,
estamos falando do conhecimento humano acumulado para ser utilizado no final do
Século 19, Século que, realmente, foi extraordinário.
O
progresso do invólucro corporal humano no Mundo de Expiações, iniciado em tono
de 7 milhões de anos, é surpreendente. O intelecto vem acompanhando esse
progresso e cada vez mais os Espíritos encarnados podem verbalizar e
concretizar os seus raciocínios de uma maneira mais clara.
Não
me proponho a retratar aqui todos os aspectos de todas as áreas do conhecimento
que pululavam no Século 19. Primeiro, porque a tarefa está acima da minha
capacidade e, segundo, não seria compatível com o objetivo deste texto. O
importante é compreender qual era então o burburinho científico e estabelecermos
um paralelo com o Criptógamo Carnudo, que aos mais distraídos causa tanto frisson. Muitas
disputas e embates científicos estavam ocorrendo no Velho Mundo, bem como a
sedimentação de todo o conhecimento acumulado nos Séculos anteriores. A sede
pelo entendimento da vida, apesar da opressão católica e protestante, era
gritante.
As Ciências biológicas estruturavam-se cada vez
mais, buscando apoio no raciocínio e na lógica para a compreensão do Mundo e do
Ser humano. A história natural, a anatomia, a taxionomia, a fisiologia, a
geologia, o surgimento da vida (geração espontânea) e tantas coisas mais faziam
parte desse contexto único da belle-époque. A
geração espontânea, o ancestral comum do Ser humano, a idade do planeta e
numerosos outros assuntos fascinantes mobilizavam inteligências e emoções.
Ricas e acaloradas polêmicas imprimiam o avanço do conhecimento.
Com certeza uma época em que não havia o marasmo e
a subserviência intelectual. Tempo e espaço adequados para Kardec, Roustaing e
outros mais estarem encarnados com suas específicas missões. O movimento
religioso que surgisse naquela época seria privilegiado.
Um dos estudos muito em voga no Século 19 era o de
tentar agrupar e classificar os Seres vivos. A taxionomia não era um trabalho
científico recente. Sua história começa com Aristóteles (384-322 a .C.), tradicionalmente
celebrado como o pai da Ciência da classificação. A sua classificação de todos
os animais em “de sangue quente” e “sem sangue” foi aceita até que fossem
redenominados por Lamarck (1744-1829) como “vertebrados” e “invertebrados”.
Muitos Séculos se passaram depois de Aristóteles e muito saber foi sendo
acumulado.
Porém, “coincidentemente”, justamente no Século 19,
após tantos encontros e desencontros na classificação dos Seres vivos, havia
uma massa crítica do conhecimento na classificação dos vegetais, que seria
utilizada pelos Espíritos em “Os Quatro
Evangelhos” – Revelação da Revelação. Os Séculos 17 e 18 testemunharam a denominada revolução científica que,
entretanto, ficou limitada às ciências físicas e, em escala muito menor, a
algumas partes da biologia funcional. A história natural e a sistemática
permaneceram quase intocadas.
A história da botânica se inicia com os escritos de
Theofrastos (371-287 a .C.),
aluno de Aristóteles, e segue até aos dias atuais passando por vários outros
pesquisadores célebres, havendo todos contribuídos para a classificação dos
vegetais. A rápida acumulação de conhecimentos sobre essa classificação, entre
o início do Século 16 até Carl Lineu (1707-1778), teria sido impossível sem um
importante avanço tecnológico, o herbário.
Entretanto, no Século 19 a história natural já se encontrava bem
dividida entre zoologia e botânica, o que não ocorrera no período do Século 16
até o 18. O Século 19 também se caracterizou pela atividade taxionômica sem
precedentes. Os taxionomistas tornaram-se mais profissionais e especializados.
Até aquele momento, a zoologia tinha sido dominada pelo interesse dos
vertebrados, e a botânica, pelo estudo das plantas floríferas (com flores).
Contudo, os zoologistas passam a se interessar por animais invertebrados e os
botânicos, por sua vez, começam a dar maior atenção aos criptógamos.
O
profundo desenvolvimento da botânica no Século 19 foi motivado pelas pesquisas
de Hofmeister (1851) sobre, justamente, o ciclo vital e reprodutivo dos
criptógamos (samambaias, avencas, fetos, musgos, algas, liquens, cogumelos,
etc.). Depois disso, diversos estudos da variação na reprodução e o parentesco
entre os Criptógamos foram realizados.
Etimologicamente
Criptógamo vem do grego krypton, ‘oculto’, ‘escondido’, e gamos,
‘casamento’. Por conseguinte, esses vegetais não possuem flores (estruturas
para a reprodução). Não há como saber visualmente qual é macho e qual é fêmea,
havendo, porém, os que realizam a reprodução sexuada de forma menos notável.
Como
já vimos, Roustaing, na sua indagação, estava querendo entender a substância
dos Seres humanos e a reprodução deles no Mundo Primitivo. Os Espíritos Reveladores,
com sabedoria, lançaram mão de um novíssimo conhecimento da época a fim de
comparar algo para nós: inconcebível. Na falta de terminologia adequada, eles
procuraram impedir qualquer interpretação equivocada quanto aos órgãos sexuais
e à reprodução nos Mundos Primitivos, recorrendo aos últimos
estudos da botânica do fim do Século 19.
Uma comparação com Seres
do reino vegetal haveria de evitar que os encarnados do planeta Terra concluíssem,
como alguns acabaram infelizmente concluindo, que as estruturas e
funcionalidades orgânicas dos Seres humanos, nos Mundos Primitivos fossem
iguais aos dos animais inferiores da Terra. Era preciso que ninguém fizesse uma
errada comparação com estruturas animais; eles falavam de coisa diferente,
inconcebível para nós.
Não podendo mentir –
pois se tratava de uma revelação –, foram inteligentemente buscar paralelo, no
reino vegetal, com um ser híbrido que nem existe. Se houvessem oferecido
exemplos morfológicos do nosso atual estágio corpóreo, não teriam sido mais
felizes porque, da mesma forma que os Espíritos Superiores são completamente
diferentes de nós, os inferiores, proporcionalmente, também o são. Se fizesse
comparação com animais inferiores do Planeta Terra, a revelação poderia ser
ridicularizada por pregar a retrogradação do Espírito.
Com sabedoria, pois, os
Espíritos buscaram fechar as portas a qualquer especulação leviana ou inocente,
o que, de resto, alguns desatentos não deixaram de fazer, falando de imediato em metempsicose. Foi
com tal objetivo que os Espíritos reveladores “criaram” esse ser inexistente,
o Criptógamo Carnudo, e o utilizaram a fim de ilustrar o estágio
reprodutor dos Seres humanos no Mundo Primitivo. Quem seria tolo de aceitar Espíritos
humanos encarnando em vegetais?
Portanto, a imagem do Criptógamo
Carnudo, um Ser “criado” para efeito de mera comparação, foi proposital e com
objetivo específico. A nomenclatura Criptógamo era a que estava sendo utilizada para plantas
bem rudimentares, aquelas em estágios intermediários no reino vegetal. Buscaram
um exemplo que caracterizasse, “por analogia”, o corpo rudimentar e a fase
intermediária que os Espíritos humanos vivem no Mundo Primitivo.
Concluindo: “Os Quatro Evangelhos” nos ensinam que
os Espíritos humanos em queda naqueles Mundos são: macho e fêmea, e se
reproduzem sexualmente, mas estamos longe de poder concebê-los, tamanha é a
distância evolutiva existente entre os Mundos Primitivos e os de Expiações.
Quando os Espíritos descrevem sucintamente a morfologia dos Seres
humanos nos Mundos Primitivos e o desenvolvimento das estruturas corporais, há
quem suponha tratar-se de animal irracional e não de Espírito humano. Acredito
haja muito mais preconceito do que qualquer outra coisa. Se consultarmos
qualquer livro de embriologia poderemos facilmente ler as descrições e ver as
fotografias e reproduções artísticas dos embriões humanos nos seus diversos
estágios.
Ao
fazê-lo, verificamos ser o embrião uma massa celular que aos poucos vai
ganhando forma, a cabeça destacada e grande, olhos pretos laterais, e
desproporcionais, e, tronco com dobras. Não há braços. Não há pernas. A
morfologia sexual não está visível. A coluna cervical se alonga dando a
impressão de cauda. Enfim, poderíamos compará-lo a um girino carnudo. No
entanto, estamos indubitavelmente diante de um Ser humano, de um Espírito
encarnado num Mundo de Expiação, em um corpo humano rudimentar.
Aos
poucos esse corpo irá se desenvolver, as formas irão se alongar, os braços e as
pernas surgirão. Há nele, em potencial, todos os atributos e elementos
necessários para adquirir autonomia corporal e funcional.
Observação
digna de nota é que os estágios embrionários são reflexos do processo evolutivo
pelos quais já passamos no Mundo de Expiação. Ernest Haeckel (1834-1919) e seus
contemporâneos defendiam essa teoria, chamada de recapitulação. A embriogênese
dos mamíferos recapitula os estágios embrionários dos seus ancestrais. Essa
teoria ainda hoje é considerada válida, tendo dado origem à embriologia
comparada, ocasionadora de muitas descobertas espetaculares. Determinados
estágios embrionários humanos podem ser comparados, assemelham-se e chegam a
possuir estruturas de estágios embrionários de animais irracionais do nosso Mundo.
Desta
forma, como espíritas racionalistas que somos e, acima de tudo, reagindo à
subserviência intelectual, devemos aproveitar o conhecimento desenvolvido pelos
estudiosos da biologia aplicando-o à revelação espírita. Sendo assim, quando
mergulhados na encarnação, após duas células germinativas se fundirem,
iniciamos um processo em que passamos por estágios embrionários que
“recapitulam” as fases da evolução biológica no Mundo de Expiação.
Noutras
palavras: como espírita, admito a possibilidade de que, durante a embriogênese,
características “guardadas” das etapas em que o princípio espiritual
transitava pelos reinos não humanos são, de certa forma – e até grosseiramente
– exteriorizadas, como, aliás, Roustaing explica ao referir o “temperamento” do
Espírito.
Indo
mais além no raciocínio – TESE
MINHA –, ao observarmos os
estágios embrionários do Ser humano do Mundo de Expiação talvez estejamos
presenciando as formas rudimentares dos humanos que povoaram os Mundos Primitivos.
Admitindo essa possibilidade verificaremos uma interessante correlação entre a
descrição do Ser humano chamado Criptógamo Carnudo, em “Os Quatro Evangelhos”, e
determinados estágios embrionários dos humanos dos Mundos de Expiação.
Encontramos aí uma
coincidente semelhança de descrições!
Criptógamos Carnudos
apresentariam, portanto, todas as características morfológicas de um embrião
humano, com suas formas moles, disformes, incompletas.
Vamos concluir
retornando à última parte do parágrafo em que os Espíritos aludem ao Criptógamo
Carnudo:
“Podeis formar ideia da
criação humana, estudando essas larvas informes que vegetam em certas plantas,
particularmente nos lírios. São massa, quase inerte, de matérias moles e pouco
agregadas, que rasteja, ou antes, desliza, tendo os membros, por assim dizer, em
estado latente.”
Não pouco espírita
talvez se escandalize com essas afirmativas.
Entretanto, por tudo que
já foi desenvolvido até aqui, não nos devemos deixar levar por constrangimentos
e indignações descabidas. Com o conhecimento que hoje possuímos, podemos
extrair duas conclusões a esse respeito. A primeira, que acredito ser
equivocada, seria no sentido de que os Espíritos estão nos revelando,
sucintamente, o desenvolvimento do Criptógamo Carnudo até o nosso momento atual
de evolução: Homo Sapiens.
A segunda, que acredito
ser a mais coerente, é que os Espíritos nos aconselham a estudar o
desenvolvimento e as transformações das larvas que habitam as plantas do nosso
Mundo (particularmente as dos lírios) para compreendermos, por analogia, a
evolução do Ser humano no Mundo primitivo, desde o seu marco zero até chegar a Criptógamo
Carnudo (Ser humano). Isso não quer dizer que os Seres humanos no Mundo
primitivo passem ipsis litteris pelo estágio larval dos nossos insetos.
Deduzo que se prestarmos
atenção nas fases das larvas que vegetam em nossas plantas, entenderemos que os
Espíritos estão objetivando ensinar que o processo ocorrente com os Espíritos
em evolução em Mundo Primitivo
está repleto de transformações acentuadas. Quando estimulam o estudo das
larvas, estão nos instigando a reconhecer que o processo evolutivo é doloroso e
lento, mas que, de um simples estágio larval, surgirá em toda a sua plenitude
um Ser totalmente diferente e apto.
Diariamente isso ocorre
no nosso Mundo.
A larva de um inseto que
vegeta numa planta se transforma tão radicalmente que, de massa de matéria
celular mole, que rasteja e desliza, tendo todos os “membros” em estado
latente, chega à sua plenitude com todas as partes e apêndices do seu corpo
completo e totalmente diferente do que fora. Porém, sempre foi, fundamentalmente,
o mesmo Ser. Os Espíritos ensinam que a evolução do marco zero até Criptógamo Carnudo
é um processo lento, árduo e constrangedor.
De Criptógamo Carnudo
até o Homo sapiens,
idem.
E de Homo sapiens até o retorno ao estado de
perfeição, mais ainda.
Como poderia ser
diferente?
Afinal, os erros foram
graves e, conseqüentemente, a Queda profunda.
Mas na essência somos os
mesmos!
Assinado:
Luciano dos Anjos!
(*) Tese
Extraída da Internet: Capítulo 4 da obra:
“Para
Entender Roustaing” – Publicações Lachâtre.
Relação
dos e.Books de:
Fernando
Rosemberg Patrocínio
01-Ciência Espírita: Tese Informal;
02-Espiritismo Em Evolução;
03-Espiritismo e Matemática;
04-Mecanismo Ontogenético;
05-Espaço-Tempo: Física Transcendental;
06-Corrente Mental;
07-Pietro Ubaldi e Chico Xavier;
08-Filosofia da Verdade;
09-Axiologia do Evangelho;
10-Espiritismo e Evolucionismo;
11-Fatos e Objeções;
12-O Médium de Deus;
13-A Grande Síntese e Mecanismo;
14-Evangelho da Ciência;
15-Codificação Espírita: Reformulação;
16-Kardecismo e Espiritismo;
17-Geometria e Álgebra Palingenésicas (web
artigos);
18-Maiêutica do Século XXI;
19-Espiritismo: Fundamentações;
20-Ciência de Tudo: Big-Bang;
21-Evolução: Jornadas do Espírito;
22-O Homem Integral (Reflexões);
23-Espiritismo e Filosofia;
24-André Luiz e Sua-Voz;
25-O Livro dos Espíritos: Queda Espiritual;
26-Evidências do Espírito;
27-Construção Bio-Transmutável;
28-Mediunidade Genial (web artigos);
29-Conhecimento e Espiritismo;
30-O Paradigma Absoluto;
31-O Fenômeno Existencial;
32-Chico-Kardec: Franca Teorização;
33-O Maior dos Brasileiros;
34-Espiritismo: Síntese Filosófica;
35-O Livro dos Espíritos: Simples e Complexo;
36-O Livro dos Espíritos: Níveis Filosóficos;
37-Espiritismo: Queda e Salvação;
38-Geometria Cósmica do Espiritismo;
39-Matemática da Reencarnação;
40-Kardec,
Roustaing e Pietro Ubaldi;
41-Espiritismo
e Livre Pensamento;
42-Síntese Embriológica
do Homem;
43-Jean-Baptiste
Roustaing: Réplica Primeira;
44-Jean-Baptiste
Roustaing: Réplica Segunda;
45-Jean-Baptiste
Roustaing: Réplica Terceira;
46-Consenso Universal:
Tríplice Aspecto;
47-Método Pedagógico dos
Evangelhos;
48-Cristo: de Roustaing a
Pietro Ubaldi;
49-Estratégias da
Revelação Espírita;
50-Trilogia Codificada e
Rustenismo;
51-Cosmogênese do Terceiro Milênio;
52-Tertúlias Multidimensionais;
http::/fernandorosembergpatrocinio.blogspot.com.br
======================================
53-Cristianismo: Teologia Cíclica;
54-Análise de Temas Codificados;
55-Deus: Espírito e Matéria;
56-Razões e Funções da Dor;
57-Emmanuel: Notável Revelador;
58-A Queda dos Anjos;
59-Homem: Vença-te a Ti Mesmo;
60-Evangelho: Evolução Salvífica;
61-O Espírito da Verdade;
62-Balizas do Terceiro Milênio;
63-Sentimento: Molde Vibrátil de Ideias;
64-Ciência do Século XX;
65-A Revolução Ética.
..............................................
Blog: FILOSOFIA DO INFINITO:http::/fernandorosembergpatrocinio.blogspot.com.br
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