MATÉRIA: SUAS PERMUTAS
NO ORGANISMO VIVENTE
Se pudéssemos estabelecer as muitas
diferenças entre a matéria bruta e a matéria viva, a pesquisa laboratorial, de
há muito, tem destacado que a primeira, em sua mais íntima composição,
apresenta uma estrutura química bastante simplificada, formada por uma, duas ou
três substâncias elementares de reduzido peso molecular que, a seu turno,
pertencem ao universo da Química Inorgânica, ou Mineral.
Na matéria viva, entrementes, além
daqueles componentes simplificados, se haverá de notar, no interior da unidade
básica da vida – a célula – uma vasta quantidade de substâncias complexas tais
como os glicídios, os lipídeos, as proteínas, os ácidos nucléicos e outros mais
de notável peso molecular que se agrupam nos quadros da Química Orgânica
propriamente falando.
Grosso modo, dir-se-ia que a matéria
bruta, e, contrariamente ao sistema vivo, não consome energia, não realiza
trabalho, não reproduz, pois sua formação se dá pela agregação de partículas
que se ligam umas às outras por obra da natureza, de seus agentes geológicos e
ambientais. Mas que definição, ou definições, biológica e científica, se
poderia dar do sistema vivo e de suas propriedades? Em dicionários, por
exemplo, se depara com definições que qualificam a vida como um complexo de
propriedades, de funções como nutrição, respiração, excitabilidade e reprodução
que a distingue como tal.
Mas tais definições param por aí.
Elas parecem ausentes de uma
explicação mais perfeita e mais aprofundada da questão, e que, por sua vez,
retrate mais exatamente o mecanismo intrínseco da matéria vivente, a causa do
seu efeito manifesto como no caso de todos nós, biologicamente vivos, e,
moralmente falando, Seres humanos. Por se ignorar os mais profundos segredos
dessa dinâmica vital, alguns professam que tais definições são sempre pouco
satisfatórias, porque incompletas, faltando sempre o fundamental de sua
estrutura altamente complexa e que resulta da coordenação de centenas de
reações químicas inteligentes, impedindo-nos de compreender até mesmo os mais
simples sistemas vivos.
De fato, não se contesta que: a
ordem, ou, a harmonia de todo Ser vivo, do protozoário ao Homem, estão na
dependência de uma multiplicidade de fenômenos cuja complexidade acentua-se
admiravelmente na formas superiores de vida. Não é menos certo, entrementes,
que dos extremos do unicelular ao pluricelular, todos os indivíduos, sem
exceção, possuem características comuns, uma vez que todos nascem,
alimentam-se, respiram, excretam, reagem a estímulos, reproduzem-se e morrem.
E se acrescente mais: todo individuo
vai realizar, enquanto vivo, uma prodigiosa permuta de matéria em si próprio
retirando-a do seu meio para a sua sobrevivência e, posteriormente, excretando
os resíduos inúteis conseqüentes dessa permuta vital.
Assim, dos extremos citados, do
unicelular ao pluricelular, e percorrendo toda a escala dos Seres vivos,
ver-se-á, em última análise, a unidade celular operando como agente fundamental
da vida. E será por tal motivo que esboçarei algo da referida circulação da
matéria apenas no organismo humano, em face, reitero, da grande analogia de
tais fenômenos em todo Ser
vivente; fenômenos estes que se complicam e se harmonizam nas formas mais
adiantadas de vida, em razão de mais perfeita construção de órgãos que se
especializaram em determinadas funções.
Assim, para que o assunto não fique
muito enfadonho, vejamos, brevemente, algo do sistema respiratório humano
acoplado ao circulatório sanguíneo para que tenhamos alguma noção do mecânico,
mas tão “inteligente” fenômeno da vida, assim como dessa incrível permuta de
matéria realizável em toda constituição vivente ou biológica.
Comecemos, pois, com o ritmo
respiratório que consiste na aspiração, para obtenção de oxigênio, e a
conseqüente expiração, ou saída de gás carbônico produzido pelo metabolismo
orgânico.
Assim, recordando nossos tempos
ginasiais, sabemos que a atmosfera do nosso Mundo é caracterizada,
dimensionalmente, por imensa massa de partículas que compõem as mais diversas
substâncias gasosas em constante movimentação, porém, aderentes à força
gravitacional terrena que não lhes permitem possam se dispersar pelos espaços
cósmicos e de se esgotar nos atritos das órbitas rotacionais e translacionais.
Este, aliás, é um dos grandes
milagres da vida, nos permitindo alimentar, viver, respirar. Por intermédio da
aspiração, que impele o ar oxigenado para dentro dos pulmões, importa dizer que
o mesmo será devidamente aquecido, filtrado, umedecido nas cavidades nasais,
chegando sucessivamente aos brônquios, bronquíolos, vasos capilares e alvéolos
que integram a porção interna do sistema respiratório.
Uma vez aí, ele dará entrada, então,
nas correntes de outro importante sistema: o circulatório sanguíneo. Ao
coração, de sua parte, caberá impulsionar o sangue oxigenado através das
artérias de grande circulação que se ramifica, logo adiante, em vasos menores –
as arteríolas – que, finalmente, vão se dividindo mais e mais até as mais
distantes províncias orgânicas, cobrindo-as integralmente nas menores porções
celulares.
Nesse ínterim, o gás carbônico
resultante do metabolismo orgânico, e, portanto, sem utilidade, é levado pelas
hemácias do sangue venoso para que se efetue a troca de gases ao nível dos
alvéolos pulmonares. E, como o ritmo respiratório provoca, agora, um movimento
oposto, qual seja, o do esvaziamento dos pulmões, aquele gás carbônico do
sangue é então expirado em função da Lei da Permuta dos Gases que faculta a
passagem de oxigênio para o sangue e a saída do gás carbônico para o meio
ambiente.
E após curtíssima pausa, novamente a
aspiração enche o peito de oxigênio, e, etc., etc., milhões e milhões de vezes
no curso do milagroso espetáculo da vida.
Todavia, se o Homem vive mais pela
respiração do que pela alimentação, é por esta que o organismo recompõe os
componentes energéticos de volume. O alimento ingerido, após ser mastigado e
desdobrado em partes menores através de diversos sucos digestivos, será
absorvido pelo sangue na forma de proteínas, glicose, vitaminas, sais, água e
demais nutrientes mantenedores da vida e distribuídos nas diferentes regiões do
complexo orgânico.
Entretanto, a atividade cerebral, e
a do corpo como um todo, promoverá fenômeno inverso, o da eliminação de
substâncias resultantes daquela atividade e prejudiciais ao organismo, através:
-dos pulmões:
Onde e quando já vimos que a
substância expirada encerra maior quantidade de partículas de gás carbônico
resultante do trabalho celular que, por intermédio do sangue e dos pulmões
realiza a sua necessária e habilidosa desassimilação;
-dos rins:
Que elimina via uretral os
componentes imprestáveis e nocivos ao organismo tais como a ureia, a
creatinina, o ácido úrico e a amônia. Tais substâncias nunca entraram nas
células, mas foram elaboradas a partir de sua atividade e por serem tóxicas
elas são devidamente e criteriosamente separadas e lançadas para fora do
organismo que, assim, permanece saudável; e
-da pele:
Pois, através do suor, escoriações e
da própria higienização do corpo pela fricção de buchas vegetais ou de esponjas
para banho, verifica-se a eliminação de componentes celulares, bem como de seus
resíduos, oleosidades, suor, etc.; na verdade, esse revestimento do corpo,
integrando diversas camadas de células superpostas umas às outras, renova-se a
cada dois anos, sendo que as células da região mais externa vão sendo
habilmente e, paulatinamente substituídas por outras de camadas mais internas.
É lógico que no corte de cabelos e
unhas também se verifica exclusão de matéria do nosso corpo. Já o reto não
realiza a eliminação de células, ou de seus resíduos, como nos demais casos, e
sim de sobras alimentícias e compostos outros não aproveitados.
Assim, por intermédio da aspiração e
da alimentação nós assimilamos como nosso alimento uma determinada quantidade
de matéria; e através da expiração e excreção sudorífera, uretral, e demais
meios já relatados, eliminamos outra porção da mesma. Sendo equivale dizer, que
desde a concepção à morte, uma quantidade razoável de partículas diversas,
células e outras substâncias que hoje integram a máquina viva, nela não estavam
ontem e tampouco estarão amanhã; e assim sucessivamente, enquanto dure a vida.
Nessa harmoniosa sucessão de
matéria, torno a frisar, é como se todos os órgãos, em sua estrutura celular,
atômica e subatômica se decompossem e se recompossem estrategicamente durante a
própria vida, num processo ininterrupto, incessante, que não nós é dado
perceber, mas é de efetiva realidade.
E se o nosso organismo, em seu
funcionamento global, renova-se continuamente, é lógico deduzir-se que, a certo
prazo, ele não reterá uma só partícula que o compunha tempos atrás. Caso em
que, a renovação da matéria poderá ter sido a mais completa... a mais integral.
Isto porque a vida, em si mesma, é muito bem versada em troca, em habilidosa
permuta de substâncias que não cessa jamais. Permuta que, no corpo humano,
demanda a estimativa de sete anos para uma completa renovação de seus
componentes.
Mas se o organismo é inteiramente
permutado, algo no Homem permanece intacto, sendo sempre ele mesmo, ou seja:
seu Ser, ou, noutros termos: sua Consciência, ou, se o quiser, seu Espírito que
é sempre o mesmo Ser intacto, conquanto as mudanças ininterruptas que lhe
ocorrem ao nível atômico, molecular e celular.
Ou seja:
Eu sou sempre Eu mesmo, conquanto
possa até melhorar, aperfeiçoar, atitudes mais brandas, e mais conscientes,
tomar.
E o fato é que:
Eu permaneço como Consciência
estável, regular, ativa e atuante, porém insensível às mudanças da matéria que
se permuta e que se troca em mim mesmo, se veste e se desveste por constante
mutabilidade eletrônica, molecular, e repito: celular.
E se a Consciência permanece - em
que pese tão vertiginosa permuta de matéria em nosso corpo - deve-se concluir
que ela não se explica por leis físicas, o que importa a consideremos, pois,
por outros meios, ou seja, de ordem desconhecida, o que reforça o aspecto
transcendente do Homem e muito fragiliza seu aspecto tão-só biológico e
material.
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51-Cosmogênese do Terceiro Milênio;
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62-Balizas do Terceiro Milênio;
63-Sentimento: Molde Vibrátil de Ideias;
64-Ciência do Século XX;
65-A Revolução Ética.
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