domingo, 24 de julho de 2016

MATÉRIA: SUAS PERMUTAS


MATÉRIA: SUAS PERMUTAS
NO ORGANISMO VIVENTE

Se pudéssemos estabelecer as muitas diferenças entre a matéria bruta e a matéria viva, a pesquisa laboratorial, de há muito, tem destacado que a primeira, em sua mais íntima composição, apresenta uma estrutura química bastante simplificada, formada por uma, duas ou três substâncias elementares de reduzido peso molecular que, a seu turno, pertencem ao universo da Química Inorgânica, ou Mineral.

Na matéria viva, entrementes, além daqueles componentes simplificados, se haverá de notar, no interior da unidade básica da vida – a célula – uma vasta quantidade de substâncias complexas tais como os glicídios, os lipídeos, as proteínas, os ácidos nucléicos e outros mais de notável peso molecular que se agrupam nos quadros da Química Orgânica propriamente falando.

Grosso modo, dir-se-ia que a matéria bruta, e, contrariamente ao sistema vivo, não consome energia, não realiza trabalho, não reproduz, pois sua formação se dá pela agregação de partículas que se ligam umas às outras por obra da natureza, de seus agentes geológicos e ambientais. Mas que definição, ou definições, biológica e científica, se poderia dar do sistema vivo e de suas propriedades? Em dicionários, por exemplo, se depara com definições que qualificam a vida como um complexo de propriedades, de funções como nutrição, respiração, excitabilidade e reprodução que a distingue como tal.

Mas tais definições param por aí.

Elas parecem ausentes de uma explicação mais perfeita e mais aprofundada da questão, e que, por sua vez, retrate mais exatamente o mecanismo intrínseco da matéria vivente, a causa do seu efeito manifesto como no caso de todos nós, biologicamente vivos, e, moralmente falando, Seres humanos. Por se ignorar os mais profundos segredos dessa dinâmica vital, alguns professam que tais definições são sempre pouco satisfatórias, porque incompletas, faltando sempre o fundamental de sua estrutura altamente complexa e que resulta da coordenação de centenas de reações químicas inteligentes, impedindo-nos de compreender até mesmo os mais simples sistemas vivos.

De fato, não se contesta que: a ordem, ou, a harmonia de todo Ser vivo, do protozoário ao Homem, estão na dependência de uma multiplicidade de fenômenos cuja complexidade acentua-se admiravelmente na formas superiores de vida. Não é menos certo, entrementes, que dos extremos do unicelular ao pluricelular, todos os indivíduos, sem exceção, possuem características comuns, uma vez que todos nascem, alimentam-se, respiram, excretam, reagem a estímulos, reproduzem-se e morrem.

E se acrescente mais: todo individuo vai realizar, enquanto vivo, uma prodigiosa permuta de matéria em si próprio retirando-a do seu meio para a sua sobrevivência e, posteriormente, excretando os resíduos inúteis conseqüentes dessa permuta vital.

Assim, dos extremos citados, do unicelular ao pluricelular, e percorrendo toda a escala dos Seres vivos, ver-se-á, em última análise, a unidade celular operando como agente fundamental da vida. E será por tal motivo que esboçarei algo da referida circulação da matéria apenas no organismo humano, em face, reitero, da grande analogia de tais fenômenos em todo Ser vivente; fenômenos estes que se complicam e se harmonizam nas formas mais adiantadas de vida, em razão de mais perfeita construção de órgãos que se especializaram em determinadas funções.

Assim, para que o assunto não fique muito enfadonho, vejamos, brevemente, algo do sistema respiratório humano acoplado ao circulatório sanguíneo para que tenhamos alguma noção do mecânico, mas tão “inteligente” fenômeno da vida, assim como dessa incrível permuta de matéria realizável em toda constituição vivente ou biológica.

Comecemos, pois, com o ritmo respiratório que consiste na aspiração, para obtenção de oxigênio, e a conseqüente expiração, ou saída de gás carbônico produzido pelo metabolismo orgânico.

Assim, recordando nossos tempos ginasiais, sabemos que a atmosfera do nosso Mundo é caracterizada, dimensionalmente, por imensa massa de partículas que compõem as mais diversas substâncias gasosas em constante movimentação, porém, aderentes à força gravitacional terrena que não lhes permitem possam se dispersar pelos espaços cósmicos e de se esgotar nos atritos das órbitas rotacionais e translacionais.

Este, aliás, é um dos grandes milagres da vida, nos permitindo alimentar, viver, respirar. Por intermédio da aspiração, que impele o ar oxigenado para dentro dos pulmões, importa dizer que o mesmo será devidamente aquecido, filtrado, umedecido nas cavidades nasais, chegando sucessivamente aos brônquios, bronquíolos, vasos capilares e alvéolos que integram a porção interna do sistema respiratório.

Uma vez aí, ele dará entrada, então, nas correntes de outro importante sistema: o circulatório sanguíneo. Ao coração, de sua parte, caberá impulsionar o sangue oxigenado através das artérias de grande circulação que se ramifica, logo adiante, em vasos menores – as arteríolas – que, finalmente, vão se dividindo mais e mais até as mais distantes províncias orgânicas, cobrindo-as integralmente nas menores porções celulares.

Nesse ínterim, o gás carbônico resultante do metabolismo orgânico, e, portanto, sem utilidade, é levado pelas hemácias do sangue venoso para que se efetue a troca de gases ao nível dos alvéolos pulmonares. E, como o ritmo respiratório provoca, agora, um movimento oposto, qual seja, o do esvaziamento dos pulmões, aquele gás carbônico do sangue é então expirado em função da Lei da Permuta dos Gases que faculta a passagem de oxigênio para o sangue e a saída do gás carbônico para o meio ambiente.

E após curtíssima pausa, novamente a aspiração enche o peito de oxigênio, e, etc., etc., milhões e milhões de vezes no curso do milagroso espetáculo da vida.

Todavia, se o Homem vive mais pela respiração do que pela alimentação, é por esta que o organismo recompõe os componentes energéticos de volume. O alimento ingerido, após ser mastigado e desdobrado em partes menores através de diversos sucos digestivos, será absorvido pelo sangue na forma de proteínas, glicose, vitaminas, sais, água e demais nutrientes mantenedores da vida e distribuídos nas diferentes regiões do complexo orgânico.

Entretanto, a atividade cerebral, e a do corpo como um todo, promoverá fenômeno inverso, o da eliminação de substâncias resultantes daquela atividade e prejudiciais ao organismo, através:

-dos pulmões:

Onde e quando já vimos que a substância expirada encerra maior quantidade de partículas de gás carbônico resultante do trabalho celular que, por intermédio do sangue e dos pulmões realiza a sua necessária e habilidosa desassimilação;

-dos rins:

Que elimina via uretral os componentes imprestáveis e nocivos ao organismo tais como a ureia, a creatinina, o ácido úrico e a amônia. Tais substâncias nunca entraram nas células, mas foram elaboradas a partir de sua atividade e por serem tóxicas elas são devidamente e criteriosamente separadas e lançadas para fora do organismo que, assim, permanece saudável; e

-da pele:

Pois, através do suor, escoriações e da própria higienização do corpo pela fricção de buchas vegetais ou de esponjas para banho, verifica-se a eliminação de componentes celulares, bem como de seus resíduos, oleosidades, suor, etc.; na verdade, esse revestimento do corpo, integrando diversas camadas de células superpostas umas às outras, renova-se a cada dois anos, sendo que as células da região mais externa vão sendo habilmente e, paulatinamente substituídas por outras de camadas mais internas.

É lógico que no corte de cabelos e unhas também se verifica exclusão de matéria do nosso corpo. Já o reto não realiza a eliminação de células, ou de seus resíduos, como nos demais casos, e sim de sobras alimentícias e compostos outros não aproveitados.

Assim, por intermédio da aspiração e da alimentação nós assimilamos como nosso alimento uma determinada quantidade de matéria; e através da expiração e excreção sudorífera, uretral, e demais meios já relatados, eliminamos outra porção da mesma. Sendo equivale dizer, que desde a concepção à morte, uma quantidade razoável de partículas diversas, células e outras substâncias que hoje integram a máquina viva, nela não estavam ontem e tampouco estarão amanhã; e assim sucessivamente, enquanto dure a vida.

Nessa harmoniosa sucessão de matéria, torno a frisar, é como se todos os órgãos, em sua estrutura celular, atômica e subatômica se decompossem e se recompossem estrategicamente durante a própria vida, num processo ininterrupto, incessante, que não nós é dado perceber, mas é de efetiva realidade.

E se o nosso organismo, em seu funcionamento global, renova-se continuamente, é lógico deduzir-se que, a certo prazo, ele não reterá uma só partícula que o compunha tempos atrás. Caso em que, a renovação da matéria poderá ter sido a mais completa... a mais integral. Isto porque a vida, em si mesma, é muito bem versada em troca, em habilidosa permuta de substâncias que não cessa jamais. Permuta que, no corpo humano, demanda a estimativa de sete anos para uma completa renovação de seus componentes.

Mas se o organismo é inteiramente permutado, algo no Homem permanece intacto, sendo sempre ele mesmo, ou seja: seu Ser, ou, noutros termos: sua Consciência, ou, se o quiser, seu Espírito que é sempre o mesmo Ser intacto, conquanto as mudanças ininterruptas que lhe ocorrem ao nível atômico, molecular e celular.

Ou seja:

Eu sou sempre Eu mesmo, conquanto possa até melhorar, aperfeiçoar, atitudes mais brandas, e mais conscientes, tomar.

E o fato é que:

Eu permaneço como Consciência estável, regular, ativa e atuante, porém insensível às mudanças da matéria que se permuta e que se troca em mim mesmo, se veste e se desveste por constante mutabilidade eletrônica, molecular, e repito: celular.

E se a Consciência permanece - em que pese tão vertiginosa permuta de matéria em nosso corpo - deve-se concluir que ela não se explica por leis físicas, o que importa a consideremos, pois, por outros meios, ou seja, de ordem desconhecida, o que reforça o aspecto transcendente do Homem e muito fragiliza seu aspecto tão-só biológico e material.

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