O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Vejamos,
nas palavras de H. Pires, um resumo bastante interessante do mais importante opúsculo
do Espiritismo: Doutrina dos Espíritos Superiores:
“Com
este livro surgiu no mundo o Espiritismo. Sua primeira edição foi lançada a 18 de abril de
1857, em Paris, pelo editor E. Dentu, estabelecido no Falais Royal, Galérie
d’0rléans, 13. Três novidades, à maneira das tríades druídicas, apareciam com
este livro: a Doutrina
Espírita, a palavra Espiritismo, que
a designava; e o nome Allan Kardec, que provinha do passado celta das
Gálias”.
“A
primeira novidade era apresentada como antiga, em virtude de representar a
eterna realidade espiritual, servindo de fundamento a todas as religiões de
todos os tempos: a Doutrina Espírita. Era, entretanto, a primeira vez que
aparecia na sua inteireza, graças à revelação do Espírito de Verdade prometida
pelo Cristo. A segunda, a palavra Espiritismo, era um neologismo criado por
Kardec e desde aquele momento integrado na língua francesa e nos demais idiomas
do mundo. A terceira representava a ressurreição do nome de um sacerdote druida
desconhecido”.
“A
maneira por que o livro fora escrito era também inteiramente nova. O Prof.
Denizard Hippolyte Léon Rivail fizera as perguntas que eram respondidas pelos
Espíritos, sob a direção do Espírito de Verdade, através das cestinhas-de-bico.
Psicografia indireta. Os médiuns, duas meninas, Caroline Baudin, de 16 anos, e
Julie Baudin, de 14, colocavam as mãos nas bordas da cesta e o lápis (o bico)
escrevia numa lousa. Pelo mesmo processo, o livro foi revisado pelo Espírito de
Verdade, através de outra menina, a Srtª Japhet. Outros médiuns foram
posteriormente consultados e Kardec informa, em Obras Póstumas: “Foi dessa maneira que mais de dez
médiuns prestaram concurso a esse trabalho”.
“Este
livro é, portanto, o resultado de um trabalho coletivo e conjugado entre o Céu
e a Terra. O Prof. Denizard não o publicou com o seu nome ilustre de pedagogo e
cientista, mas com o nome obscuro de Allan Kardec, que havia tido entre os druidas,
na encarnação em que se preparava ativamente para a missão espírita. O nome
obscuro suplantou o nome ilustre, pois representava, na Terra, a Falange do
Consolador. Esta falange se constituía dos Espíritos Reveladores, sob a
orientação do Espírito de Verdade e dos pioneiros encarnados, com Allan Kardec
à frente”.
“A 16 de
março de 1860, foi publicada a segunda edição deste livro, inteiramente
revisto, reestruturado e aumentado por Kardec, sob orientação do Espírito de
Verdade, que, desde a elaboração da primeira edição, já o avisara de que nem
tudo podia ser feito naquela. Assim, a primeira edição foi o primeiro impacto
da Doutrina Espírita no mundo, preparando ambiente para a segunda que a
completaria. Toda a Doutrina está contida neste livro, de forma sintética, e
foi posteriormente desenvolvida nos demais volumes da Codificação”.
“Escrito
na forma dialogada da Filosofia Clássica, em linguagem clara e simples, para
divulgação popular, este livro é um verdadeiro tratado filosófico que começa
pela Metafísica, desenvolvendo com novas perspectivas a Ontologia, a
Sociologia, a Psicologia, a Ética, e estabelecendo as ligações históricas de
todas as fases da evolução humana em seus aspectos biológico, psíquico, social
e espiritual. Um livro para ser estudado e meditado, com o auxílio dos demais
volumes da Codificação”.
(texto
de: Jose Herculano Pires).
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Vamos, agora, com nossas ideias, completar o exposto supra.
Não é preciso ser um grande conhecedor do Espiritismo
para a constatação óbvia de que o mesmo é uma obra em construção, haja vista,
desde seu início, as diferenças entre “O Livro dos Espíritos” de 1857 com sua
versão definitiva de 1860, observando-se, no primeiro deles, como se sabe, pelo
menos três grandes equívocos que passo a citar:
Item 1 - De que a evolução do Espírito humano se daria apenas e
tão só ao âmbito de sua espécie mesma;
Item 2 - De que o feto humano não tem Alma, pois que o Espírito só
se ligaria ao corpo no nascimento da criança; e de que:
Item 3 - Certas tendências humanas para o crime poderiam se dar em
função de algumas características físicas.
Sendo que todas elas, Graças a Deus, foram corrigidas na versão de
1860, mostrando-nos, pois,
Primeiramente:
-Que o Espiritismo codificado comporta algumas correções de tempos
em tempos;
E, em segundo lugar:
-Que tais correções - como as citadas, de 1860 corrigindo as de
1857 – não o fossem feitas, e ter-se-ia, como conseqüência, e, sobretudo, das
duas últimas, as mais tristes e mais funestas conseqüências sociais e morais.
Mas vamos analisá-las devagar, item por item, lhes extraindo
de suas fontes mesmas para nossas análises e conclusões.
Item 1:
Preconiza a versão primeira de “O Livro dos Espíritos” (AK –
1857 – Vide Internet: ‘o primeiro livro dos espíritos’), em sua:
-Questão 127: “A Alma do homem não teria sido primitivamente o
Princípio Vital de ínfimos Seres vivos da Biocriação, que chegou ex-vi (por
força) da lei progressiva, até o Ser humano, percorrendo os diversos graus da
escala orgânica?”
-Resposta: “Não! Não! Os Espíritos – homens, somos desde
natos. Cada Ser vivo só progride na sua espécie e em sua essência. O homem não
foi jamais outro Ser, senão homo”.
No que Kardec comenta:
-“Seja qual for a diversidade das existências por que passe o
nosso Espírito ou nossa Alma, elas pertencem todas à espécie humana; seria um
erro supor que, ex-vi duma lei progressiva, o Homem haja passado pelos
diferentes graus da escala orgânica para chegar ao seu estado atual. Assim, sua
Alma não foi inicialmente o Princípio Vital de ínfimos Seres vivos da Biocriação
que chegou sucessivamente ao grau superior: ao Homem”.
O que fora corrigido na edição mais ampla de “O Livro dos
Espíritos” de 1860, considerada “definitiva”, informando que o Espírito humano
(questão 607) passa por uma:
“ ... série de existências que precedem o período a que
chamais humanidade”. (Opus Cit. – A.K. - Ide).
No que Kardec, mais adiante, e, talvez não arredando o pé de
sua crença e do que havia dito na edição de 1857, se sai com a ponderação de
que:
“... O Homem possui sua própria Alma ou Espírito, centelha
divina que lhe dá o senso moral e um valor intelectual que faltam aos animais,
e é nele o Ser principal, preexistente e sobrevivente ao corpo e que conserva a
sua individualidade. Qual é a origem do Espírito? Onde está o seu ponto de
partida? Ele se forma de um princípio inteligente individualizado? É isso um
mistério que seria inútil procurar penetrar e sobre o qual, como dissemos, não
se pode senão construir sistemas”. (Opus Cit.).
Entretanto, os ensinos dos Espíritos da edição de 1860,
estão hoje confirmados por uma plêiade de Espíritos os mais confiáveis tais
como ‘Emmanuel’, ‘André Luiz’, ‘Joana de Ângelis’, e etc., bem como por ‘Sua
Voz’ que não só confirma dita questão, como eles vão além com sua exposição do
‘Fenômeno Involutivo-Evolutivo’, contido, em gérmen, na obra codificada.
Item 2:
Prosseguindo, ministra a versão primeira de “O Livro dos
Espíritos” (AK – 1857 – Vide Internet: ‘o primeiro livro dos espíritos’), em
sua:
-Questão 86: “Em que momento a Alma se une ao corpo?”.
-Resposta: “Ao nascimento”.
-“Antes do nascimento a criança tem uma Alma?”.
-Resposta: “Não”.
-“Como vive então?”.
-Resposta: ”Como as plantas”.
Quando, na ocasião, comentara Kardec que:
“A Alma ou Espírito se une ao corpo no momento em que a
criança vê a luz e respira. Antes do nascimento a criança só tem vida orgânica
sem Alma. Ela vive como as plantas, tendo apenas o instinto cego de
conservação, comum em todos os Seres vivos”.
Observemos que as conseqüências de tal ensino seriam desastrosas
se estivessem com a verdade; seria a própria liberação do aborto, pois que,
afinal, não se tira a vida de um Ser dotado de Corpo e Alma, mas sim, de massa
orgânica apenas, e dotada, pois, apenas e tão-só de vida vegetativa.
Mas as obras sucessivas de Kardec vieram corrigir tão triste
distorção informando melhor, como o próprio “O Livro dos Espíritos” de 1860
que, detalhando, explicara em sua questão 136 que:
“... Antes do nascimento, não há ainda união definitiva entre
a Alma e o corpo; ... “.
O que é bem distinto do preconizado anteriormente. Em sua
nova versão, pois, explicitam os sábios Espíritos a Kardec que ainda “não há”,
antes do nascimento, “união definitiva entre a Alma e o corpo”, o que é bem
diferente; ou seja: não há união definitiva, mas o Espírito está lá desde o
início de tudo: no embrião que ganha força e se desenvolve, vagarosamente, para
um feto, e que tal Espírito, pois, é quem vai lhe orquestrando a vida que se
organiza, o que está confirmando pela vasta literatura espírita atual, e,
inclusive, com o Espírito ‘André Luiz’ que, no livro: “Missionários da Luz”
(Francisco Cândido Xavier – 1945 - Feb), traça detalhes da reencarnação de um
Espírito em pelo menos vinte e cinco páginas elucidativas da referida questão;
bem como por Pietro Ubaldi que, em “Problemas Atuais” (Fundapu), também o faz
em meia centena de páginas éticas e filosóficas das vidas sucessivas por meio
da reencarnação.
Item 3:
E, finalmente, ensina o primeiro “Livro dos Espíritos”, aqui
e ali, e contrariando o que já havia sido ministrado noutras partes, o
seguinte:
-Questão 433 – “O Homem traz consigo ao nascer, por sua
organização física, a predisposição para tais ou quais atos?”.
-Resposta: “Sim”.
Esta resposta exige, pelo menos, duas explicações:
Em primeiro lugar: ela contradiz uma serie de respostas
outras já codificadas anteriormente onde os Espíritos foram taxativos em
afirmar que:
-Pergunta 85 - É seu próprio Espírito que dá ao Homem as
qualidades morais e as da inteligência?
Resposta: “Sim”.
Do que se deduz, pois, que aquela resposta 433 (que já fora,
bem como as demais, corrigidas na segunda edição): de que o Homem traz consigo
ao nascer, e por sua organização física, a predisposição para tais ou quais
atos, levariam a crer, injustamente, que certos caracteres físicos do corpo
humano poderiam, por exemplo, conduzir o indivíduo à prática de certos crimes
e/ou tendê-lo a determinados comportamentos ilícitos, cruéis, e etc., o que é
inadmissível.
Ora, Eu sou o que sou pelo meu Espírito, bom ou mau, e não
pelo meu corpo, por seus caracteres físicos, corpo este instrumento do Espírito
e não o contrário.
Assim, dir-se-ia que o primeiro “Livro dos Espíritos” (AK –
1857) sofrera, indubitavelmente, influência de Espíritos menos avançados, ou,
menos esclarecidos, e isto não é novidade uma vez que o próprio Kardec dissera,
em sua Introdução ,
o seguinte:
“As respostas, em certos casos, têm um cunho de tanta
sabedoria, profundeza e propriedade; revelam pensamentos tão elevados, tão
sublimes, que não podem emanar senão de uma Inteligência superior, toda
impregnada da moral mais pura; são de outras vezes tão levianas, tão frívolas,
tão triviais mesmo, que o bom senso se recusa a admitir que possam elas haver
brotado da mesma fonte. Esta diversidade de linguagem só se poderia explicar
pela diversidade das Inteligências que se manifestam”.
Assim, pois, se a edição de 1860 corrige e amplia a de 1857,
isto não quer dizer que esta última desmereça correções e aprofundamentos, pois
que, para Kardec mesmo, como dito em 1866:
“’O Livro
dos Espíritos’ não é um tratado completo do Espiritismo; apenas apresenta as
bases e os pontos fundamentais, que se devem desenvolver sucessivamente pelo
estudo e pela observação. (Vide: Revista Espírita – A.K. - Julho de 1866 –
Edicel)”.
Assim,
pois, estivemos analisando algumas questões do Espiritismo básico que, por
sinal, está e estará sempre suscetível de desenvolvimentos e de correções
daquilo não condizente com os fatos, sejam eles filosóficos ou científicos.
Obs.:
Vide, para tanto, nossa 'Trilogia' de e.Books:
-“O Livro
dos Espíritos: Queda Espiritual” (vide abaixo);
-"O Livro dos Espíritos: Simples e Complexo"; e:
-"O Livro dos Espíritos: Níveis Filosóficos",
-"O Livro dos Espíritos: Simples e Complexo"; e:
-"O Livro dos Espíritos: Níveis Filosóficos",
... Para
maiores detalhes desta importante questão.
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Fernando Rosemberg
Patrocinio
(25º. e.Book)
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O LIVRO DOS ESPÍRITOS
:
QUEDA ESPIRITUAL*
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Introdução
Palavras de Lammenais
Parte 1: A QUEDA INVOLUTIVA DO HOMEM
Parte 2: O MUNDO ESPIRITUAL PRÉ-EXISTE
Parte 3: NAS ENTRELINHAS CODIFICADAS
Parte 4: EVIDÊNCIA DA QUEDA ESPIRITUAL
Parte 5: OS OBJETIVOS DA REENCARNAÇÃO
Parte 6: LEI DO TRABALHO COMO EXPIAÇÃO
Parte 7: CONSCIÊNCIA DA ESPIRITUALIDADE
Parte 8: ENSINO SUPERIOR DE LAMMENAIS
Parte 9: EVANGELHO
DE KARDEC CONFIRMA
Parte 10:
AS REMINISCÊNCIAS DO PARAISO
Bibliografia
Relação Nossos e.Books
(*) Nota do Autor: referido opúsculo digital é parte
integrante de uma trilogia de e.Books que levam os seguintes títulos:
-“O Livro dos Espíritos: Queda Espiritual”;
-“O Livro dos Espíritos: Simples e Complexo”; e:
-“O Livro dos Espíritos: Níveis Filosóficos”.
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Introdução
Os leitores internautas que seguem os escritos deste modesto autor
devem de ter notado que, muitas das vezes, lanço mão de teses, de
possibilidades, de conjecturas e outras sinonímias mais, de sorte a evitar
confrontos desnecessários com respeitáveis espiritistas mais conservadores,
ortodoxos que, por sua vez, não comungam com minhas ideias.
Mas é óbvio que, em minha esfera psíquica, tais ideias se nos
mostram como algo já estabelecido e pronto, isto é, bem concretizado pela minha
Consciência que não se limita às restrições do Meb, (movimento espiritista
brasileiro), mas, pelo contrário, busca e quer uma visão superior a tal, sem,
contudo, condenar; é que estamos, todos nós, em progresso mútuo, incessante e
contínuo, rumo à Espiritualidade Maior.
Noutros termos, o fato é que existe, sim, e, de modo indubitável,
as mais diversas e interessantes interpretações das coisas, sendo que, no caso
em questão, buscaremos ver o Espírito humano não tão só pela interpretação
codificada em “O Livro dos Espíritos” (AK – 1857) que, em suas entrelinhas, expressa
muito mais; ou seja, expressa o Espírito como filho de um Deus que é,
sobretudo, Pai Justo e Misericordioso, não se furtando, pois, de sua Infinita
Bondade como se poderia interpretar de certos textos e certas linhas
codificadas pelo Espiritismo nascente.
Assim, pois, estaremos a ver a possibilidade de se revelar Deus na
Sua Visão Mesma: de Inteligência Suprema do Universo, mas com Sua Justiça feita
de Misericórdia e de Amor que são infinitos, e, não de um Deus amesquinhado de
suas mais excelentes potências como se pode inferir de certas posturas
divulgadas.
Devo dizer, ainda, que referida ‘tese interpretativa’ nada tem de
inédita, pois que tais ideias são já do conhecimento dos nossos seguidores pela
Internet. Mas, por outro lado, não deixa de ser inédita por sua virtude de
juntar tudo num só volume cibernético facilitando o estudo e a pesquisa
daqueles que pretendam nos seguir nesta concepção de que o Espírito humano é um
Ser em renovação psíquica constante, renovação que, em sua gênese, implicara num
ato transgressor à Lei, que, por ser Justa e Sábia, reagira, mas não pela morte
do ímpio, e sim para que se arrependa e se salve.
O autor:
Um aprendiz de Jesus: tal como você: Leitor.
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PALAVRAS DE LAMMENAIS
“Pobres ovelhas desgarradas, sabei pressentir, junto a vós, o Bom
Pastor que, longe de vos querer banir para sempre de Sua Presença, vem Ele
mesmo ao vosso encontro para vos reconduzir ao aprisco. Filhos pródigos, abandonai
vosso exílio voluntário; voltai vossos passos para a morada paterna: o Pai
vos estende os braços e mantém-se sempre pronto para festejar vosso retorno
à família”. (Vide: “O Livro dos Espíritos” – Item 1009 - AK - 1857).
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Parte 1
A QUEDA INVOLUTIVA DO HOMEM
Se viajarmos ao Século
19, na busca de Kardec, ver-se-á que o mesmo, pessoalmente, se simpatizava com
a expressão: “Espíritos Rebeldes”, desprezando a de “Espíritos Decaídos” em
alegando que: “a ideia da Queda dos Espíritos presume degradação”. (Vide: o
primeiro “Livro dos Espíritos”, item 61 - Internet).
Entretanto, em mais
moderna concepção, uma coisa é conseqüência da outra, ou seja: a Queda é
conseqüência da Rebeldia; o que Kardec não pudera atinar. Por outro lado, o Espírito,
em sua Queda ,
não se degrada, mas apenas e tão só se despotencializa, ou seja, restringe suas
potências e faculdades; dito fenômeno verifica-se continuamente ao nosso
derredor mesmo com todos os Seres, com todos os Indivíduos que constituem as
mais diversas espécies do Mundo terreno, e, por conseguinte, com os Espíritos
humanos, sujeitos a reencarnação que, como veremos, é, ela mesma, uma forma de
expiação, pois restringe, obscurece e reprime o Ser às limitações carnais.
Portanto, se Kardec
entendia a Queda Espiritual como degradação, ou seja, como: abjeção, baixeza,
opróbrio, vileza e outras indignidades mais, o presente autor, entretanto, não
vê da mesma forma que o Codificador, pois que tal só se dá como culpa da
Criatura (Espírito Puro e Consciente = EPC) que errara no início dos tempos,
como até hoje, por sinal, somos capazes de errar e de, por conseqüência, cair
ou quedar-se. Portanto, se tal fato assim se dá, tal só se verifica por culpa
da criatura e não por culpa de Deus-Pai que não degrada, mas sim educa seus filhos,
suas criaturas.
O que significa
entender e expressar que Deus não exclui e não rebaixa com vileza a nenhum de
seus filhos, mas os corrige, pois que Deus neles acredita, bem como está Ciente
de seus métodos para a correção e salvação daquele que errara. Deus, portanto,
estabeleceu Leis que, se fossem, e, se forem seguidas, são condutoras do bem e
da felicidade ao ponto de nos tornarmos “Uno” com Ele mesmo.
Ora, o próprio “O
Livro dos Espíritos”, o definitivo de 1860, se refere a tal problemática; veja-se
a resposta ao item 262, onde o Homem que se extraviara, tomando o mau caminho,
tivera a conseqüência explicitada nos precisos termos:
“... é o que
podemos chamar a Queda do Homem”. (Opus Citado).
Ora, Queda do Homem é
Queda do Espírito, seu comandante, afinal. E, ao quedar-se, é o próprio
Espírito que se humilha em sua correção, pois que sua Consciência, sendo
responsável pelos seus atos, assim o exige e assim o quer.
Por outro lado, muito
antes de Kardec, o nosso Mestre Jesus se referira à Queda Espiritual em muitas
passagens do Novo Testamento. Referindo-se à Queda Primordial (desmoronamento
de altos planos espirituais), no início dos tempos, que - para o nosso
entendimento, torna-se mais fácil compreender como uma Queda de Espíritos Puros
e Conscientes (EPC) que se tornaram Espíritos Simples e Ignorantes (ESI) nos
Mundos materiais - sintetiza o Mestre Nazareno:
“Eu vi satanás
cair do Céu como um relâmpago”. (Vide: “Bíblia Sagrada” - Lucas – Capítulo 10,
versículo 18).
Mas, entenda-se, que:
“satanás” expressa, para nós, não mais que uma representação simbólica daquele
Espírito Puro e Consciente (EPC) que perdera sintonia para com a Ordem da Lei,
que se rebelara, e que, por conseqüência, restringira suas potências
reaparecendo como Espírito Simples e Ignorante (ESI) para então ascender, ou
seja, evoluir pelas adversidades e dores encontradiças nos longos processos de
sua cura, de sua redenção espiritual, quando, então, retorna à sua anterior
condição de EPC redimido de seus atos de antanho, quando errara para com os
Planos de Deus.
Mas, durante tal
redenção verifica-se que o Espírito, novamente, poderá enfraquecer-se e
novamente quedar-se (Queda do Homem) como já explicitado logo atrás; e Jesus
também se refere a tal Queda quando separa as ovelhas dos bodes, conduzindo
estes para a sua esquerda e aqueles para a sua direita. Ou seja: os injustos
irão para o “inferno eterno” e os justos para o “céu eterno”; sendo que o
termo: “eterno” está a expressar um tempo indefinido. (Vide: “Bíblia Sagrada” –
Mateus – Capítulo 25 – versículos 31
a 46).
Jesus, pois, ministra
ensinos concernentes às diversas Quedas do Espírito, ou seja:
1-Queda Espiritual
Primordial ou Geral: do início dos tempos, retratando o ‘Fenômeno
Involutivo-Evolutivo’, ou, no que se pode expressar como Queda e Salvação da
Criatura (EPC) que errara se condicionando como (ESI); e seu retorno como (EPC)
após longos períodos de redenção evolutiva; e,
2-Queda Espiritual
Parcial: durante o processo evolutivo mesmo, ou seja, de uma “nova” Salvação da
criatura durante sua Redenção paulatina; é o que se dá justamente agora, neste
momento transitório do Mundo terreno, onde os Espíritos maus serão degredados,
por sua Queda, em Mundos inferiores, e os bons prosseguirão sua jornada
evolutiva num Mundo melhor: o de Regeneração.
De tudo, pois,
resume-se que:
Allan Kardec, como
defensor do ‘Fenômeno tão-só Evolutivo’, adotara a Criação dos Espíritos na
condição de Indivíduos Simples e Ignorantes (ESI); mas reconhecia que o
sofrimento deles, na condição animal, “é constante”, e não tinha como explicar
tal fato diante de um Deus-Pai que é Justo e Bom; no que Erasto – como já visto
- lhe advertira:
“Compreendei, se o
puderdes, ou esperai a hora de uma explicação mais inteligível, isto é, mais ao
alcance do vosso entendimento”. (Vide: “Revista Espírita” – Allan Kardec -
Março de 1864 – Edicel).
O que significa
expressar, segundo Erasto mesmo, a condição humana de Kardec: do seu
“entendimento” limitado e dos seus conhecimentos não aprofundados, que, por sua
vez, entra em contradição consigo mesmo, pois admite a Criação dos Espíritos
Simples e Ignorantes (ESI), mas não compreende tanto sofrimento semeado em seus
passos, o que só o ‘Fenômeno Involutivo-Evolutivo’, da Queda e da Salvação,
pode conceber e de forma racionalmente lógica explicar.
A inteligência de
Kardec, portanto, não podia compreender a Queda Espiritual, não podia, no dizer
de Erasto, fazer o “entendimento” da questão por suas limitações filosóficas e,
por que não, intelectivas, sendo tal problema, não só de Kardec no Século 19
como de grande parte de seus seguidores deste início de Século 21, onde tal
fato só se verifica, e só se deve, pois, ao problema evolutivo, do
aprofundamento da questão, onde uns, mais preparados, estão prontos para
encetar novas jornadas ascensionais, e outros, mais demorados no Século 19,
reclamam maiores recursos psíquicos oportunizados pelo tempo-evolução.
Ora, o fato
contraditório de se supor um Deus que é todo Amor e Misericórdia, e que, em
contrapartida, cria Espíritos Simples e Ignorantes (ESI) que não pediram para
serem criados e, mais ainda, lhes coloca nas dores e adversidades dos Mundos
materiais para evoluir e se aperfeiçoar por milênios e milênios sem conta, tal
fato implica num Deus Imperfeito que, ao criar, autoriza atrocidades, dores e
truculências ao filho inocente, que, ao invés de realçá-lo como um Deus
Perfeito, Justo e Sábio, o rebaixa como Soberano Injusto e Cruel.
Não, meus senhores,
Deus não criou Simples e Ignorantes (ESI), mas sim, Espíritos Puros e Conscientes
(EPC) regidos pela Lei do Amor que, afinal, integra o Sistema Transcendente de
Sua Espiritualidade; e, mais, deu-lhes ampla liberdade de escolha pelo bem ou
pelo mau, e, se tais elementos falharam fora por culpa sua e não de Deus que
não falha, não tem culpa e deseja o melhor aos seus filhos amados, mesmo
rebeldes, pois que os busca e os salva pela redenção espiritual.
De retorno a Kardec,
chego a pensar que o Codificador não tivera tempo de refletir melhor, de pensar
e repensar aprofundando o tema da Criação Espiritual, pois cuidava de outros
temas também relevantes; e mais: por suas idiossincrasias mesmas,
peculiaridades próprias, temperamento, e por que não dizer, por sua teimosia
mesma, cometera o seu maior descuido filosófico considerando que a Queda
Espiritual havia sido rejeitada pelo Consenso Universal (Vide: “A Gênese” – AK
– 1868 – Ide).
O que não retrata a
mais fiel verdade, pois tal Consenso - de sua elaboração mesma – é por vezes
inviável, de resultados pouco consistentes, que, por sua vez, deve ser revisto
como sugerido em meu e.Book: “Ciência Espírita: Tese Informal”; tese, que, afinal, os espíritas endeusadores de Kardec dão
as costas, pois que seu “Deus” Kardec fora abalado em suas instruções mesmas,
e, afinal, o Codificador não pode ser contrariado ou contestado.
Ora, Kardec, como
qualquer um de nós, não é, e não pode ser, infalível; Kardec - ele mesmo -
evoluíra e crescera durante os trabalhos de sua Codificação e como, pois,
considerá-lo um Deus infalível e não sujeito a qualquer equívoco ou desacerto
de suas instruções?
Ora, analisemos melhor
referida questão ao âmbito mesmo da Doutrina que organizava. Se consultarmos o primeiro “O Livro dos Espíritos” veremos a
seguinte postura do organizador doutrinário:
-1857: Evolução do Espírito
humano apenas ao plano das humanidades;
E, no segundo “O Livro
dos Espíritos”:
-1860: Evolução do
Espírito humano do átomo ao arcanjo, passando, assim, pela série contida nos
reinos inferiores da natureza que, por fim, adentra o plano das humanidades
siderais.
Ou seja, no tocante às
origens do Espírito humano, a questão 127 da referida primeira edição (1857),
argumenta:
P-“A Alma do homem, não
teria sido ela antes o princípio da vida dos últimos Seres vivos da criação
para chegar, por meio de uma lei progressiva, até ao Homem, em percorrendo os
diversos degraus da escala orgânica?”
R-“Não! Não! Homens nós
somos desde natos.”
“Cada coisa progride em
sua espécie e em sua essência; o Homem jamais foi outra coisa que não um
Homem”.
No que Kardec, nesta
sua primeira edição, comenta:
“Qualquer que seja a
diversidade das existências pelas quais passa o nosso Espírito ou nossa Alma,
elas pertencem todas à humanidade; seria um erro acreditar que, por uma lei
progressiva, o Homem passou pelos diferentes degraus da escala orgânica para
chegar ao seu estado atual. Assim, sua Alma não pode ter sido antes o principio
da vida dos últimos Seres animados da criação para chegar sucessivamente ao
degrau superior: ao Homem”.
Neste caso, pois, o
referido Consenso Universal falhara já no seu início com o primeiro “O Livro
dos Espíritos” em relação ao segundo que proclama:
-1860: Evolução do
Espírito humano do átomo ao arcanjo, passando, assim, pela série contida nos
reinos inferiores da natureza que, por fim, adentra o plano das humanidades
siderais.
E dito Consenso também
falhara mais adiante quando se compara tal “Livro”, já definitivo, com “O Livro
dos Médiuns”, ou seja, das edições revistas e atualizadas, informando uma coisa
no primeiro e lhe contradizendo no segundo, como já visto e já citado noutros
textos e informes de minha autoria.
Apenas para recordar,
de tais edições já revistas e atualizadas, “OLE”, Livro II, Capítulo 9, Questão
540, confirma a evolução do átomo ao arcanjo passando pelos animais, evidentemente;
evolução e progresso que se confirma nos Itens 601 e 602. Já, “OLM”, Segunda
Parte, Das Manifestações Espíritas, Capítulo 22, Da Mediunidade Entre os
Animais, informa no Item 236 que os animais “não estão sujeitos à Lei do
Progresso; tais como foram criados, tais ficaram e ficarão até à extinção de
suas raças”; o que discorda de “OLE” e da Ciência moderna que preconiza, com o
neodarwinismo, a evolução de tudo e de todos do Universo físico e astronômico
de nossa morada sideral.
Ora:
-Que Concordância
Universal é esta que, escancaradamente, expressa, em muitos pontos,
discordância, nas obras de Kardec?
-Como os cientistas, do
presente e do futuro, sejam eles espiritistas ou não, poderão ver alguma forma
de confiabilidade em tal preceito de Concordância que se discorda?
O que expressa,
indubitavelmente, que o Kardec do Século 19 não é infalível, e tampouco é um
Deus, ou semi-Deus, como querem alguns espiritistas entender, e, aos quatro
ventos, proclamar. A doutrina que Kardec codificara, pois, é apenas o ‘abc’ do
Espiritismo que precisa não só ser revisto, estudado, como também
complementado, como o fora, vastamente, no Século 20, sobretudo por Pietro
Ubaldi e por Francisco Cândido Xavier, nas vozes universais de ‘Sua Voz’,
‘André Luiz’, ‘Emmanuel’ e muitos outros mais.
Espiritistas mais
ortodoxos a Kardec, insistem em perseguir e difamar a Doutrina Monista de
Pietro Ubaldi, bem como sua Teologia matemática e científica, insistindo em
mostrar suas possíveis falhas doutrinais e medianímicas; e alguns outros
perseguem, também, a confiável e astronômica obra de Xavier.
Mas tais contestadores
são incapazes de conceber as grandes sínteses universais, justas e sábias, como
as defendidas por ‘Sua Voz’ e apoiadas por ‘Emmanuel’, ‘André Luiz’ e outros Espíritos
da lavra xavieriana que, escancaradamente, em pelo menos 10 (dez) opúsculos,
citaram e ministraram o fenômeno da Queda Espiritual.
Kardec, e repiso com
veemência, é apenas e tão-só o início, o ‘abc’ do Espiritismo; Kardec, o
missionário codificador, tinha e tem, como todos nós, suas limitações, o que
caracteriza suas qualidades e seus defeitos que, num Mundo provacional e
atrasado como o nosso, não se deve condenar (sobretudo seus defeitos); mas
também não se pode ‘passar-lhe a mão na cabeça’ e tudo acatar-lhe
incondicionalmente; e isto eu não faço porque trabalho, estudo, analiso
friamente as mais diversas questões e delas extraio minhas conclusões sejam
elas as mais acertadas ou não.
Portanto, repiso que:
se sou um estudioso apreciador de Kardec, também lhe sou, em Consciência, um
seu observador e crítico sincero, apesar de ser, eu mesmo, amaldiçoado por
aqueles que detestam minha pena intuitiva com os imortais da Espiritualidade.
Kardec, pois, dos
grandes missionários do Mundo terreno, é o único ponto dissonante da referida
questão, ou seja: da Queda Espiritual, pois tal fato se mostrara com lógica
consistente e insofismável por uma verdadeira Consensualidade Universal ao
Plano das Grandes Revelações conforme já citado: ou seja: pelos Profetas Bíblicos,
pelo Cristo, e, pós Kardec, por Ubaldi e Xavier.
Ou seja, antes de
Kardec, temos os muitos Profetas Bíblicos e até mesmo o Mestre Nazareno
relatando os fatos da Queda Espiritual; e depois de Kardec, vemos os mesmos
relatos com Pietro Ubaldi (‘Sua Voz’) e com Espíritos operando com médiuns
estranhos uns aos outros e dando suas comunicações no Mundo inteiro para
ratificar as verdades ubaldianas; além dos Espíritos ‘Emmanuel’, ‘André Luiz’,
‘Augusto dos Anjos’ pela mediunidade altaneira de Xavier, sendo mui coerente,
pois, que não se despreze referida Consensualidade, pois que, como já dito:
O Espiritismo é
Ciência do Infinito, que se completa no continuum formado pelo tempo-evolução e
até mesmo além dele, na Transcendente e Divina Espiritualidade do Criador.
No mais: lembremos que
somos livres pensadores, e, enquanto novos surtos evolutivos não se verifiquem
para os que se encontram paralisados no Século 19, tratemos de nos respeitar
mais, ou, como já o disse: tratemos de construir pontes e não muros que nos
lacram no espírito de sistema, tão condenado pelos livros básicos.
Parte 2
O MUNDO ESPIRITUAL PRÉ-EXISTE
De forma
iniludível, para mim, tenho a convicção de que Pietro Ubaldi desenvolve ao
âmbito do plano Teológico e, conseqüentemente, Ontológico, o trabalho
organizado por Allan Kardec, ou seja: o Espiritismo. Referida tese estive a
defender em muitos de meus escritos postados no espaço cibernético, nos seus
mais diversos sites informativos.
O
Espiritismo, pois, não se limita a si próprio, à Codificação, de modo
sistemático, engessável e cristalizante, mas avança e muito avançara neste
sesquicentenário de sua presença no Mundo.
E está
suscetível, ainda, como é evidente, de novos e mais dilatados planos
cognitivos, pois se evidencia haver uma imensidade de valores e virtudes por
trabalhar, adquirir-se e fazer-se na ordem do saber e do amor universais.
Assim, o ‘Modelo Evolutivo’, em que se associam as propostas de Kardec e do
Neodarwinismo - pois o Espiritismo e a Ciência se completam mutuamente - seria,
pelo menos em tese, completado pelo ‘Modelo Involutivo-Evolutivo’ de Pietro
Ubaldi. E são de um bom montante as instruções retiradas dos próprios textos
codificados pelos Espíritos Superiores, que sinalizam, de forma positiva para
tal conclusão, em que, agora, prazerosamente, exporemos mais algumas delas.
E isto
porque o Espiritismo é detentor de características ímpares, uma delas:
Evolutiva, não paralisante, e que, em seu dinamismo intrínseco, se desenvolve e
vai acompanhando os progressos da humanidade, permanecendo sempre atual. Sem
dúvida, pois, o Espiritismo avança, vai além dos passos científicos laborados,
tal qual processo de avanço e de constante vitalização mental, que não cessa,
não para jamais.
Mas é
triste ver insultos, impropérios e termos chulos em nosso movimento, sobretudo
de neófitos despreparados, e mesmo de espiritistas ortodoxos, de uma ortodoxia,
pois, que Kardec não criou; ora, tudo quanto exsurge do mesmo, num resumo
fundamental, fora o princípio de que: “reconhece-se o verdadeiro espírita pela
sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas más
inclinações”. (“O Evangelho Segundo o Espiritismo” – AK – 1864 – Feb).
Entretanto,
tal conduta aética seria de se esperar de um baixo plano evolutivo como o nosso,
de mentalidade pré-Lógica e Concreta dominantes. Plano este que se encontra, presentemente,
lidando com mais nova, mais complexa e mais ampla forma de aquisição de
conhecimentos, vindos, agora, não só dos homens, mas também dos Espíritos
Elevados, Superiores, sob o comando do Mestre Nazareno. Complicou-se, e muito,
como já o disse, o problema gnosiológico e epistemológico do Mundo com o
advento do Consolador, do Espiritismo na face terrena.
Nesta
Parte, pois, trarei à tona outra evidência que acena para a conclusão da Queda
Espiritual no início dos tempos, bastando que se queira pensar e analisar
friamente, sem maldade e sem idéias preconcebidas de que não possa ser assim.
Ou seja: sejamos positivistas, alinhados ao progresso e aos avanços doutrinários;
e não tergiversados a tais pela paralisação a que o próprio Espiritismo
condena.
Ora, o
Espiritismo não fora revelado por completo; e o próprio Kardec assim pensava;
e, portanto, paralisá-lo é sinônimo de estagná-lo, e, por extensão, de nossas
próprias Consciências, quando a única coisa constante no mundo é a inconstância
de tudo.
Vamos,
pois, a mais esta evidência que, certamente não imponho, mas reflito e
transmito como possibilidade a ser provada mais adiante, em nossa constante
renovação mental. Com efeito, na obra basilar e definitiva de nossa Doutrina:
“O Livro dos Espíritos” (AK), no Item 85, e, também em sua Introdução , o
leitor se depara com o questionamento e seguinte posicionamento do Codificador:
-Pergunta:
“Qual dos dois, o Mundo Espírita ou o Mundo Corpóreo, é o principal na ordem
das coisas?”.
-Resposta:
“O Mundo Espírita, que pré-existe e sobrevive a tudo”.
E Kardec
tratará de resumir os principais pontos do Espiritismo na Introdução daquela
obra observando, em dado instante, que:
“O Mundo
Espírita é o Mundo normal, primitivo, eterno, pré-existente e sobrevivente a
tudo. O Mundo Corporal é secundário; poderia deixar de existir ou não ter
jamais existido, sem que por isso se alterasse a essência do Mundo Espírita”.
(Opus Cit.).
Ora, sabemos
bem que o Mundo Espírita é o que também se denomina Mundo Espiritual. E o Mundo
Corporal, daquela expressão, vai comportar o Universo Físico como um todo, o
Universo de Matéria espalhado pelos espaços siderais.
E, temos,
pelas instruções referidas, que o Mundo Espiritual é o pré-existente, que já
existia em tempo anterior, ou seja, antes mesmo que surgissem os grandes astros
de Matéria do Universo sideral. E, se o Mundo Espiritual existia antes que o
nosso Universo Físico, então deveriam existir, forçosamente, Seres inteligentes
da criação para habitá-lo: os Espíritos, pois do contrário não se justificaria
um Mundo Espiritual, um Mundo sem os seus habitantes primordiais, quais sejam:
os Espíritos.
E pondero
que não se trata de meras especulações, pois que os próprios Espíritos
avançados, ditando sua Doutrina, revelaram que o Mundo Espiritual pré-existe a
tudo. Ora, se tal Mundo Espiritual existia desde antes, se tal Mundo pré-existe
a tudo, é possível deduzir, por lógica consistente, que tal Mundo só irá
justificar-se a si mesmo pela presença de algo que nele resida, que seja
existente e real. Ou seja: os Espíritos, habitantes do Mundo Espiritual, que
existiam antes, ao que se vê, da constituição atômica, antes do nosso Universo
de Matéria que é um organismo secundário, pois que, na ordem das coisas, veio
depois da criação do organismo principal: o Mundo Espírita ou Mundo Espiritual.
Mas
questionemos ainda: se o Mundo Espiritual fora o primeiro na ordem da criação,
seus integrantes eram Espíritos Simples e Ignorantes (ESI) ou eram Espíritos
Puros e Conscientes (EPC), detentores de algum saber por sua plena vida
consciencial e moral?
E creio
que a resposta está no próximo Item do livro codificado e também com o próprio
parecer de Kardec ao ministrar que o Universo composto pelo Mundo Corporal:
“... poderia deixar de
existir ou não ter jamais existido, ...”
Ora, se o
Mundo Corporal poderia não ter jamais existido, algo então ocorrera para que o
mesmo passasse a existir, secundariamente, na ordem das coisas universais. E
daí, pergunta-se: o que teria ocorrido no Mundo Espiritual para que tal fato
pudesse concretizar-se?
Teria sido
uma possível “Queda” ou Involução psíquica da criatura EPC que, não sendo tão
perfeita quão Perfeito é o Criador, seria suscetível de erro, de dissonâncias
para com a Ordem da Lei, e, portanto, de desqualificar-se na desordem e na
insurreição?
E, se
assim o fora, nunca e jamais poderia ter sido a “Queda” de criaturas ESI, não
suscetíveis, por sua Simplicidade e Ignorância, de obrar com conhecimento de
causa e de, portanto, errar e sucumbir involutivamente com a sua derrocada
consciencial. O que nos leva à dedução de que a suposta “Queda”, em havendo se
dado, ela verificou-se com Seres EPC, e, portanto, com Seres conscientes e responsáveis
pelos seus atos, fossem eles quais fossem: bons ou maus.
Por outro
lado, se Deus houvera de criar, primeiramente, o Mundo Espiritual, ainda sem
cogitações de se criar o Mundo Corporal, que, afinal, poderia não ter jamais
existido, cogito, por aí, que, o que seria mais lógico e natural é que Ele,
Deus:
Teria
obrado em sua primeira criação os Espíritos Puros e Conscientes (EPC) e não os
Simples e Ignorantes (ESI): se contrapondo à Misericórdia, à Bondade e
Sabedoria Divinas. É uma questão deveras evidente, que nós próprios,
espiritistas ou não, podemos pensar e com alguma dose de racionalidade cogitar.
Assim
temos, em primeiro lugar:
-Criação de
infinitos Seres ou Espíritos Puros e Conscientes (EPC) habitantes do Mundo
Espiritual.
Que, com a
perda de sintonia para com a Ordem da Lei, uma parte dos habitantes de tal
Mundo se desqualificara de sua condição espiritual reluzente, e, com isso, tais
elementos EPC reaparecem como ESI de condições espirituais rebaixadas,
involuidas, para tudo recomeçarem do átomo ao arcanjo, se corrigindo, agora,
pelas normas evolucionais.
Por aí,
temos, sem dúvida, o equacionamento matemático explicitando que no Mundo
Espiritual Transcendente verificara-se um processo de:
[(Rebeldia)
= (Involução)]
E tal como
um câncer que corrompe e quer crescer, a Lei, para debelá-lo, reage e, como
conseqüência surge o Universo Físico e Astronômico, se equacionando por:
[(Dor)
= (Evolução)]
Curando a
Criatura do erro e da revolta, para a sua reabilitação e o conseqüente retorno
à pátria espiritual, a que não dera, nos tempos primordiais, o seu justo e real
valor. Sua Fórmula completa, pois, se traduz por uma conexão conversiva (=cc=),
onde o Fenômeno Involutivo se converte no Evolutivo:
[(Rebeldia) = (Involução)] (=cc=) [(Dor) =
(Evolução)]
Mais uma
vez, portanto, não imponho, mas ofereço como mais uma Revelação do Altíssimo a
nós todos; e mais ainda: como razoável possibilidade de que Ubaldi esteja a
desenvolver Kardec nas entrelinhas, naquilo que não ficara bem detalhado e que
o labor consistente da obra ubaldiana, bem como xavieriana, vem claramente
explicitar, abrir os olhos dos que tem olhos para ver, para raciocinar.
Parte 3
NAS ENTRELINHAS CODIFICADAS
“O Livro dos Espíritos não é um tratado completo de Espiritismo;
apenas apresenta as bases e os pontos fundamentais, que se devem desenvolver
sucessivamente pelo estudo e pela observação”. (Vide: “Revista Espírita” –
Allan Kardec - Julho de 1866).
Vejamos neste seguimento como o ensino contido em “O Livro
dos Espíritos” (AK – 1857) é síntese e não expressa tudo para mais justa e
correta compreensão da gênese do Ser, da Criação Espiritual.
Ora, o mais corrente dos estudiosos espiritistas, sobretudo
ortodoxos, ou seja, apenas de Kardec e nada mais, e, como o próprio Kardec,
igualmente, ministram que:
Os Espíritos foram criados Simples e Ignorantes (ESI) para,
logo mais, transitarem pelas mais adversas e mais contundentes provas da vida
biológica e material.
E, tais estudiosos espiritistas, recusam a Queda do Espírito,
como também Kardec que, ao que se sabe, lhe detinha, igualmente, certa aversão
(vejam seu grande equívoco doutrinário), apesar de um memorável e belo texto de
sua Revista, dentre outros mais, ter ministrado algo afirmativo, ou seja, de
que:
“... Somos uma essência criada Pura, mas decaída; pertencemos
a uma pátria onde tudo é pureza; culpados, fomos exilados por algum tempo, mas
só por algum tempo”. (Vide: “RE” – AK – Junho – 1862 - Edicel).
Porém, aquele equívoco de Kardec, (sua aversão à Queda
Espiritual) para mim, fora até compreensível por sua postura muito mais
científica, e, na contrapartida, muito menos filosófica, desprezando, pois,
muitos dos ensinos dos Espíritos Superiores, e inclusive este da Revista
Espírita. (Veja nosso e.Book: “Kardecismo e Espiritismo”).
Ora, a Queda Espiritual, como já citado, é Consenso
Universal, pois consta de muitos profetas do Velho Testamento, de muitos
ensinos do Mestre Redentor, e, mais recentemente, como já visto e reiterado,
dos ensinos ministrados por ‘Sua Voz’ (Pietro Ubaldi), por ‘Emmanuel’, André
Luiz’, e muitos outros luminares da mais relevante antena mediúnica de todos os
tempos da humanidade (Chico Xavier).
Logo: repiso que a Queda Espiritual constitui Consenso
Universal, estando ao centro de tais ilações: nosso Mestre e Senhor Jesus:
Mestre da Bendita Escola de Redenção humana, e, por isto mesmo: de nossa
Salvação Espiritual.
Mas vejamos outras questões, como por exemplo, a resposta de
número 115 de “O Livro dos Espíritos” (AK -Ide) definitivo que muito bem
expressa, nas entrelinhas, e desenvolvimentos subseqüentes de nossa
interpretação, o fato da Criação dos Espíritos Puros e Conscientes (EPC) e sua
conseqüente Queda Espiritual na matéria como Espíritos Simples e Ignorantes
(ESI) para a sua redenção.
Vamos dividir sua resposta completa por Itens, para uma sua
melhor visão e compreensão:
1 - “Deus criou todos os Espíritos Simples e Ignorantes, quer
dizer, sem ciência. Deu a cada um determinada missão com o fim de esclarecê-los
e fazê-los alcançar, progressivamente, a perfeição para o conhecimento da
verdade e para aproximá-los d’Ele. A felicidade eterna e pura é para aqueles
que alcançam essa perfeição”.
2 - “Os Espíritos adquirem esses conhecimentos, passando pelas
provas que Deus lhes impõe. Alguns aceitam essas provas com submissão e
alcançam mais prontamente o fim de sua destinação”.
3 – “Outros não as suportam senão murmurando e, por suas
faltas, permanecem distanciados da perfeição e da felicidade prometida”. (Opus
Cit.).
Analisemos a referida resposta, pois, à luz dos novos
conhecimentos ministrados no Século 20, pois que a letra mata, mas o espírito
nela contido: vivifica.
Notemos, primeiramente, no Item 1, que, em momento algum,
dita resposta alude qualquer coisa que se identifique com a vida biológica e
material. Ela refere, sim, que os Espíritos são criados Simples e Ignorantes
(ESI), e que Deus dá a cada um determinada missão para seus esclarecimentos, o
conhecimento da verdade, que, por fim, os aproximará do seu Criador.
Logo, verifica-se que, em seu Mundo mesmo, ou
seja, o Espiritual, os Espíritos trabalham da condição de Simples e Ignorantes
(ESI) para alcançar, “de futuro”, a condição de Seres Perfeitos, Instruídos,
Conscientes e Sábios (EPC).
Já o Item 2, confirmando o Item 1 nos passa algo mais, ou
seja, que os Espíritos que se submetem as lições do Altíssimo, tais alcançam,
mais prontamente, o fim de sua destinação: a felicidade plena em Deus Pai e Criador.
No Item 3, finalmente, vemos os Seres não submissos, ou seja,
que murmuram, e que, “por suas faltas” (rebeldia, inconformação e outras faltas
mais, suponho), “permanecem distanciados da perfeição e da felicidade
prometida”.
Este fechamento do Item 3 é deveras expressivo e mui
revelador, pois que, os Espíritos que estão “distanciados da perfeição e da
felicidade prometida”, vejo que tais Espíritos somos justamente nós, os
Espíritos humanos, que, indubitavelmente, somos decaídos, e que, se o Item 3 em
estudo, não toca no tema: Queda Espiritual, óbvio que tal medida está inclusa no
referido Item pelos seus dizeres de que tais Espíritos faltosos se distanciam
da perfeição e da felicidade.
Logo, e, de fato, vejo que:
-Os Espíritos são criados Simples e Ignorantes (ESI) no seu
Mundo primeiro, originário: Mundo Espiritual;
-Adquirindo saberes, experiência, e, portanto, Consciência
própria, os obedientes, e que, portanto, se sujeitam a Deus, permanecem no
Mundo Espiritual de sua origem; e, os insubmissos se desqualificam de sua
Consciência e de suas potências psíquicas percorrendo mais rudes provas na
condição de Simples e Ignorantes (ESI), tal como foram criados, porém, agora,
nos Mundos materiais do Universo físico e astronômico.
Do que se reafirmam duas conseqüências óbvias:
-As provas para aquisição da Consciência no Mundo Espiritual
são mais brandas, pois se trata de educar crianças espirituais em aprendizado
das lições do Amoroso Criador; sendo que, em contrapartida;
-As provas para a reaquisição da Consciência dos que se
quedaram nos Mundos materiais são mais rudes, já que não se dera o devido valor
ao que se conquistara Amorosamente do Criador em seu Mundo de origem.
E, Emmanuel, o iluminado Espírito instrutor da confiável
lavra xavieriana, confirma na resposta dada à pergunta 248 de “O Consolador”
(1940 – Feb):
Pergunta:
“Como se verifica a Queda do Espírito?”
Resposta:
“Conquistada a Consciência e os Valores Racionais, todos os
Espíritos são investidos de uma Responsabilidade, dentro das suas
possibilidades de ação; porém, são raros os que praticam seus legítimos Deveres
Morais, aumentando os seus Direitos divinos no patrimônio universal”.
“Colocada por Deus no caminho da vida, como discípulo que
termina os estudos básicos, a Alma nem sempre sabe agir em correlação com os
bens recebidos do Criador, caindo pelo orgulho ou pela vaidade, pela ambição
ou pelo egoísmo, quebrando a harmonia divina pela primeira vez e penetrando em
experiências penosas, a fim de estabelecer o equilíbrio de sua existência”.
(Opus cit.).
Vejam que se trata do mesmo ensino contido em “O Livro dos
Espíritos”, porém, descrevendo, claramente, e não veladamente, a questão da
Queda Espiritual do Ser por sua desobediência e insurreição.
O que nos leva a repetir, de Kardec mesmo, que:
“O Livro dos Espíritos não é um tratado completo de Espiritismo; apenas
apresenta as bases e os pontos fundamentais, que se devem desenvolver
sucessivamente pelo estudo e pela observação”. (Vide: “Revista Espírita” –
Allan Kardec - Julho de 1866).
O que se observa, sobejamente, pelo estudo das mais modernas obras
do Século 20, com Pietro Ubaldi e Francisco Cândido Xavier, nas instruções de
toda uma plêiade de Espíritos Esclarecidos e Sábios sob o Comando Magnânimo de
Cristo-Jesus, o Redentor.
Parte 4
EVIDÊNCIA DA QUEDA ESPIRITUAL
Já a questão e resposta do Item 122 de “O Livro dos Espíritos” (AK
– Ide) são, ainda, mais explícitas no tocante ao tema ora tratado: da Queda
Espiritual. Apenas não vêem aqueles que não querem ver, ou, não entende de
gramática, ou, ainda, querem combater por interesses escusos, apesar de fatos
tão claros, tão evidentes e tão notórios.
Assim, pois, vejam, mais uma vez, que a questão e resposta a
seguir, estão tratando dos Espíritos em sua origem, e, pois, em seu estado
nascente no Mundo Espiritual; e o que lhes ocorrera.
-Pergunta 122: “Como podem os Espíritos, em sua origem, quando não
tem Consciência de Si mesmos, desfrutar da liberdade de escolha entre o bem e o
mal? Existe neles um princípio, uma tendência qualquer que os incline mais para
um caminho que para outro?”.
-Resposta 122: “O livre arbítrio se desenvolve à medida que o
Espírito adquire a Consciência de Si mesmo. Ele não teria mais liberdade se a
escolha fosse determinada por uma causa independente de sua vontade. A causa
não está nele, está fora dele, nas influências a que cede em virtude de sua
vontade livre. É a grande figura da queda do homem e do pecado original;
alguns cederam a tentação, outros resistiram.”. (Opus Cit.).
Noutros termos, o Espírito nascente antes de descer à matéria, (por
sucumbir ou quedar-se), desenvolve sua Consciência em seu Mundo de origem, ou,
no Mundo Espiritual mesmo. (Vide, logo abaixo, Parte Especial denominada:
“Palavras do Evangelho Confirmam Nossa Tese”).
E assim, como Espírito já Consciente de Si, e, por vontade livre,
poderá, pelos seus atos: ceder à tentação, caindo, ou resistir
à mesma, prosseguindo sua evolução em Linha Reta em seu Mundo de origem.
E notem, que dita situação é comparada com “a grande figura
da queda do homem e do pecado original”. Noutros termos, para um bom
entendedor, inclusive de gramática, (repito), o texto compara tal ‘figura’
(representação alegórica, não real da queda do homem e do pecado original, no
caso bíblico de Adão e Eva), com o que realmente ocorrera com o Espírito em seu Mundo de origem; e
atesta com todas as letras: “alguns cederam à tentação, outros resistiram”.
O que significa, noutros termos, que, de fato, os Espíritos que cederam
à tentação: se quedaram para a vivência expiatória nos Mundos materiais; e,
os que lhe resistiram: permaneceram incólumes à mesma.
Assim, pois, a representação alegórica (figura) da queda do homem e
do pecado original de Adão e Eva, não são mais que reminiscências ou lembranças
do que, de fato, ocorrera nos primórdios da ontogênese, ou seja, de nossa
criação espiritual e de nossa decadência nos planos da matéria universal.
Ora, quem, ou que são os autores das páginas
bíblicas? Eles não são senão médiuns que captaram de seus superiores do espaço
não-físico, suas instruções e seus mais diversos saberes espirituais. E quando
tais médiuns fizeram a captação de tais saberes, eles, em sua condição
psicológica mais ou menos maturada, transferiram para seus papiros, (precursor
do papel), a realidade do pecado original, e da respectiva queda dos Espíritos,
na forma das pessoas imaginárias de Adão e Eva; o que constitui, tais pessoas, pois,
uma figuração ou representação da realidade, pois tais elementos não existiram,
mas sim: o Espírito livre e sua tentação, verificando-se que alguns cederam,
outros resistiram.
O que se confirma, como já dito, na ‘Parte
Parte 5
OS OBJETIVOS DA REENCARNAÇÃO
Assim, pois, quais seriam os objetivos fundamentais da
reencarnação? O referido “O Livro dos Espíritos” (1857 – AK) é taxativo no
concernente a tal com a seguinte pergunta e respectiva resposta:
Pergunta 167:
-Qual é o objetivo da reencarnação?
E, sua resposta é curta, e, mais ainda, resume tudo de nossa
situação humana de Seres culpados e, pois, decaídos de inconcebíveis planos
espirituais, uma vez constatar-se a taxativa resposta dos Espíritos Sábios no
tocante ao objetivo das vidas sucessivas nos Mundos materiais: trata-se, pois,
a reencarnação, de:
-Expiação, aprimoramento progressivo da Humanidade,
sem o que, onde estaria a justiça?
E, vemos, pois, assim, que a resposta se refere a uma expiação de
todos, ou seja: da Humanidade inteira, e, se aprofundarmos um tanto mais ainda,
veremos que se trata da expiação de tudo, do átomo ao arcanjo, pois que ele
mesmo começou por ser átomo.
Devendo-se entender, como já visto anteriormente, que o referido
arcanjo vem a ser um Espírito Puro e Consciente (EPC), que, dotado de livre
arbítrio, incorrera no erro, e, pois, se rebaixara às condições diversas das
coisas materiais conforme o grau de responsabilidade que detinha no ‘Sistema’,
no Mundo Originário, para, então, aprimorar-se por expiação de suas faltas de
antanho e progredir para o retorno à pátria espiritual que fora desprezara por
orgulho, por egoísmo, bases da insurreição, que, afinal, o Mestre Nazareno insistira
em apregoar como falta máxima de nossa condição terrena e cosmológica.
Apenas para corroborar, notemos que “O Evangelho Segundo o
Espiritismo” (1864 – AK) repete o mesmo no Capítulo 5, Instruções dos
Espíritos, Item 27:
“Resumamos assim: estais todos na Terra para expiar; mas,
todos, sem exceção, deveis empregar todos os vossos esforços para abrandar a
expiação de vossos irmãos, segundo a Lei de Amor e de Caridade”. (Opus
Citado).
Logo, estamos aqui, no ‘Anti-Sistema’ dos Mundos materiais, para expiar,
remir ou resgatar nossos pecados pela dor, pelas decepções, amarguras e outros
meios educacionais da Lei, ou seja, de Deus: Pai Amoroso e Sábio que não quer a
morte do filho transgressor, mas sim que ele quite seu débito, se arrependa e
se salve.
Parte 6
LEI DO TRABALHO COMO EXPIAÇÃO (*)
Assim, certas expressões
contidas em “O Livro dos Espíritos” (AK - 1857 – “edição definitiva de 1860” – Ide), em sua síntese,
parecerão estranhas ao leitor mais atento, e, portanto, só serão compreensíveis
mais adiante, quando de sua mais completa e mais ampla visão doutrinária.
Por exemplo, a resposta à
questão 676, sobre a Lei do Trabalho, às quais transcrevemos:
Pergunta:
-“Por que o trabalho é
imposto ao homem?”.
Resposta:
-“É uma conseqüência de
sua natureza corporal...”.
E explicitam, (tal como
visto na Parte anterior: Item 167), de forma taxativa:
-“É uma expiação e, ao mesmo tempo, um meio de
aperfeiçoar sua inteligência!”.
O que significa expressar
que: se o trabalho é imposto a todos, então, a expiação não exclui a nenhum dos homens - Espíritos reencarnados - o
que expressa, pois, que se trata de uma expiação de todos os Espíritos, não
excluindo a nenhum de seus integrantes humanos.
Dita resposta,
inegavelmente, (tal como já visto no Item 167, da parte anterior), explicita
nossa condição de Espíritos decaídos de Planos Mentais da Mais Relevante
Espiritualidade, onde, e quando, fomos, de fato, criados na condição de
Espíritos Puros e Conscientes (EPC), e que, por perda de sintonia para com a
Ordem da Lei, nos fragilizamos em nosso psiquismo mesmo, que, com tal estado de
coisas, sobretudo de rebeldia e insurreição, a Lei reagira e colocara as coisas
no seu justo lugar, onde, e quando, os obedientes permaneceram no ‘Sistema’; e,
os desobedientes, por expiação, decaíram na condição de Espíritos Simples e
Ignorantes (ESI) dos Mundos materiais, ou seja, do que se conhece como ‘Anti-Sistema’.
E mais: referida resposta
alega ainda que além de expiação, o trabalho é: “um meio de aperfeiçoar sua inteligência”, ou seja, a inteligência do Espírito decaído que, por ela mesma,
se fragilizara na insurreição.
Logo, a síntese de “O Livro
dos Espíritos”, publicado no Século 19, teria e tem mesmo de ser desmembrada, o
que já se fizera, como dito, no Século 20, para o desgosto dos mais ortodoxos,
com Francisco Cândido Xavier e Pietro Ubaldi nas vozes altaneiras de ‘Sua-Voz’,
‘Emmanuel’, ‘André Luiz’ e muitos outros luminares da Espiritualidade.
(#)
Deve-se esclarecer que a Lei do Trabalho é universal, ou seja, fora
estabelecida para a dinâmica de todos os Espíritos; e, mesmo Deus, como se
sabe: trabalha. A diferença é que no ‘Sistema’ constata-se o trabalho dos
Espíritos na felicidade e no prazer dos que observam a Divina Lei; e, no ‘Anti-Sistema’,
dos Mundos materiais, o trabalho verifica-se como expiação, ou seja, como algo
forçado e imposto por inobservância da mesma Lei.
Parte 7
CONSCIÊNCIA DA ESPIRITUALIDADE
Assim, a questão de nossas origens metafísicas é constante de
muitos ditados de “O Livro dos Espíritos” (AK) no Século 19; porém, nalguns
casos, ela vem de forma um tanto velada, cuja compreensão do fato em si ir-se-á
nos revelando aos poucos como mais recentemente se fizera no Século 20 por dois
dos maiores discípulos do Cristo, já citados.
Mas, se rebuscarmos, ainda, a
questão 621 do citado “Livro” veremos que, de fato, nossa gênese se dera em
planos altíssimos da Espiritualidade, ou seja, no referido ‘Sistema’, que é
plano mui distinto da materialidade física e biológica dos Mundos astronômicos,
a que denominamos: ‘Anti-Sistema’:
Pergunta 621:
“Onde está escrita a Lei de Deus?”.
Resposta:
“Na Consciência”.
Pergunta 621-a:
“Posto que o homem carrega na sua
Consciência a Lei de Deus, que necessidade haveria de a revelar?”.
Resposta:
“Ele a esquecera e menosprezara: Deus
quis que ela lhe fosse lembrada”.
Com isto, pois, vemos que os homens,
dos mais distintos níveis evolutivos, encerram em Si mesmos, ou seja, em suas
Consciências, e, portanto, em seus Espíritos imortais, a ideia de Deus e de
suas Leis Soberanas, posto que tal (Consciência) fora obtida nos processos de
sua criação, onde, e, quando, os Espíritos recém criados foram devidamente
instruídos, pelos seus mestres, acerca de Si mesmos, de seus deveres, labores e
missões, e, portanto, de sua origem como filhos de um Deus que é Pai, Justo e
Amoroso Criador.
Entretanto, nem todos os Espíritos
criados foram, ou, são, obedientes, e muitos, pois, se insurgiram, e, em seu
orgulho, e prepotência, se rebelaram contra as coisas divinas arruinando sua espiritualidade
e decaindo nos Mundos do ‘Anti-Sistema’, quando, então, encarnando, e
reencarnando, o Ser se educa e se reeduca, se transforma e muda de forma,
refazendo sua Consciência da Lei Soberana que:
“Ele a esquecera e menosprezara” (OLE
supra);
Mas o Pai não se esquece do filho,
e, portanto:
“Deus quis que ela lhe fosse
lembrada” (OLE supra)...
Ou seja: lembrada, e recordada,
pois, em sua nova morada dos Mundos materiais; e, onde tal recordação, da
Eterna e Soberana Lei, tratará de ressurgir no homem por meio, sobretudo, da
Religião que, como se sabe, consolida a Re-Ligação do Ser rebelde que
pretendera isolar-se do Pai que, todavia, não quer a perdição do ímpio, mas
quer que ele viva e se salve nos termos mesmos de tão Imenso Amor.
Parte 8
ENSINO SUPERIOR DE LAMMENAIS
“Pobres ovelhas desgarradas, sabei pressentir, junto a vós, o Bom
Pastor que, longe de vos querer banir para sempre de Sua Presença, vem Ele
mesmo ao vosso encontro para vos reconduzir ao aprisco. Filhos pródigos,
abandonai vosso exílio voluntário; voltai vossos passos para a morada paterna:
o Pai vos estende os braços e mantém-se sempre pronto para festejar vosso retorno
à família”. (Vide: “O Livro dos Espíritos” – Item 1009 - AK – 1857)
Assim, pois, é lamentável ver que grande parte dos escritores que,
por sinal, se autodenominam intelectuais espíritas, recusam o fato provado e
comprovado da Queda Espiritual na Obra do Espiritismo, ou seja, como Doutrina
dos Espíritos Superiores, implantada no Século 19 da Era Cristã.
Nesta parte, pois, trataremos de comentar, com brevidade, as
‘Palavras atribuídas ao Espírito do notável filósofo Lammenais’ (questão 1009
de ‘OLE’) acima expostas e que, sem dúvida, tratam daquele nosso afastamento do
‘Sistema’, ou seja, da ‘Morada Divina’ de que gozávamos no início dos tempos,
ou seja, de nossa gênese espiritual ao Seio do Justo e Amoroso Pai:
“Pobres ovelhas desgarradas, sabei pressentir, junto a vós, o Bom
Pastor que, longe de vos querer banir para sempre de Sua Presença, vem Ele
mesmo ao vosso encontro para vos reconduzir ao aprisco”. (Opus Cit.).
Nesta primeira parte de seu excelente ensino, vemos que o sábio se
refere à nossa situação de ‘ovelhas desgarradas’, e que o Nosso Senhor, em Sua Bondade , não nos
quer banir de Sua Presença, pois vem ao nosso encontro para nos reconduzir ao
aprisco, ao Lar Espiritual que outrora desprezamos.
E confirma o sábio Lammenais, na segunda parte do texto, em se
referindo ao nosso abandono voluntário do Lar Espiritual da eterna Divindade:
“Filhos pródigos, abandonai vosso exílio voluntário; voltai vossos
passos para a morada paterna: o Pai vos estende os braços e mantém-se sempre
pronto para festejar vosso retorno à família”. (Opus Cit.).
E notemos mais: que o grande filósofo se baseia nos próprios textos
do Mestre Nazareno para ministrar seus confiáveis ensinos, provando, pois, ser
um mensageiro do próprio Cristo que, ao seu tempo, nos falara de quase tudo, e,
inclusive, da Queda Espiritual nos tempos primordiais da criação, que,
presentemente, estamos aptos a uma mais dilatada compreensão de todas as
coisas, bem como de nós mesmos e do nosso retorno ao Aprisco do Justo e Amoroso
Pai.
Já finalizando esta parte, ao referir-se Lammenais ao nosso
‘retorno à família’, isto nos faz recordar, no Século 20, o nosso querido e
sábio Espírito André Luiz que assim se reportara a tal:
“A evolução é a nossa lenta caminhada de retorno para Deus”. (Vide:
“E a Vida Continua” – Feb)*.
(*) Para complementação da temática em foco que se leia nosso 24º.
e.Book: “André Luiz e Sua-Voz”).
Parte 9
EVANGELHO DE KARDEC CONFIRMA
Se “O Livro dos Espíritos” (AK) parecer algo lacônico no tocante à
Queda Espiritual, deve-se compreender que se tratava do início do Espiritismo:
da Doutrina dos Espíritos Superiores na face terrena. Todavia, tal concisão e
curteza de seus discursos nesta primeira obra, vieram a ser compensadas pela
terceira: “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (AK), que, com todas as letras
define a real posição do Espírito humano no contexto universal: somos Seres
decaídos como este terceiro livro francamente nos revela:
“Já vos
falaram desses Mundos (espirituais) onde a Alma nascente é
colocada, quando, ignorante ainda do bem e do mal, pode caminhar para Deus, senhora
de Si mesma, na posse do seu livre arbítrio; já foi dito de que
imensas faculdades a Alma está dotada para fazer o bem; mas, ah! Existem as
que sucumbem, e Deus, não querendo seu aniquilamento, lhes permite ir para
esses Mundos (materiais) onde, de encarnação em encarnação, elas se
depuram, se regeneram, e se tornarão dignas da glória que lhes estava reservada”.
(Vide:
“OESE” – Allan Kardec – 1864 - Capítulo 3 – ‘Há Muitas Moradas na Casa de Meu
Pai’ – Instruções dos Espíritos: Item 16).
E,
comentando dita Instrução dos Espíritos, note-se que a mesma alberga a narração
de que nós, Espíritos humanos, estávamos lá: no Mundo Espiritual, pois preconiza
claramente e com todas as letras:
“Já vos
falaram desses Mundos (espirituais) onde Alma nascente é colocada,
quando, ignorante ainda do bem e do mal,”. (Opus Citado).
Ou seja: os
Espíritos, ainda Simples e Ignorantes, em estado nascente, ou, noutros
termos, quando nascem das mãos de Deus, tais Espíritos, ou Alma
nascente:
“... pode
caminhar para Deus, senhora de Si mesma, na posse do seu livre arbítrio”.
(Opus Citado).
Mas dentre
tais Espíritos livres (e Conscientes, pois, são senhores de Si mesmos), dentre
tais Espíritos, ou, Almas:
”Existem
as que sucumbem, e Deus, não querendo seu aniquilamento, lhes permite ir
para esses Mundos (materiais) onde, de encarnação em encarnação, elas se
depuram, se regeneram, e se tornarão dignas da glória que lhes estava
reservada”. (Opus Citado).
Ou seja, os
Espíritos ou Almas que sucumbem, ou, que se quedam ou fraquejam na luta,
tais são, a partir daí, exiladas nos Mundos materiais para mais pronta
depuração, se regenerando para o retorno ao Mundo Espiritual de origem; do que
se deduz:
a) Que os
Espíritos Superiores, nesta sua breve lição, não precisariam ser mais claros e
mais evidentes; e, mais:
b) Tais
Espíritos, em antevendo o futuro, estiveram a corroborar a instrução 248 de
Emmanuel em “O Consolador” (1940 – Feb), como já visto na Parte 3 do presente
e.Book, em que este Espírito instrutor da lavra xavieriana confirma:
“Colocada por Deus no caminho da vida, como discípulo que
termina os estudos básicos, a Alma nem sempre sabe agir em correlação com os
bens recebidos do Criador, caindo pelo orgulho ou pela vaidade, pela ambição ou
pelo egoísmo, quebrando a harmonia divina pela primeira vez e penetrando em
experiências penosas, a fim de estabelecer o equilíbrio de sua existência”.
(Opus cit.).
E, mais ainda:
c) Não devemos esquecer que Emmanuel, no Século 19 de Kardec,
estivera a colaborar com a plêiade de Espíritos iluminados que trataram da
organização de sua magnificente obra: o Espiritismo: Doutrina dos Espíritos
Superiores.
Parte 10
AS REMINICÊNCIAS DO PARAISO
Como encarar posturas
codificadas pelos Espíritos Superiores em “O Livro dos Espíritos” (AK – 1857)
da não retrogradação do Espírito com o ‘Complexo Fenomênico
Involutivo-Evolutivo’, complexo este que, por sua vez, dão margem ao que se
denomina: ‘Queda Consciencial’, ou, ainda, como ‘Queda da Criatura’ que, mais
vulgarmente, se designa: ‘Queda Espiritual’?
Ora, se o referido e
próprio “Livro” (AK – 1857) admite, com já visto em nossos diversos textos e
e.Books a já referida ‘Queda Espiritual’ como é que o mesmo, em flagrante
contradição, não permite a retrogradação do Ser, de sua Involução?
Todavia, o neófito, como estudioso
espiritista, deve estar sempre alerta ao fato de que o Espiritismo é ‘Ciência
do Infinito’, sendo, pois, uma Ciência de caráter progressivo, o que, pois, com
evidente razão, não seriam apenas, e, tão-só, os pouco mais de 1000
questionamentos de “O Livro dos Espíritos” (AK - 1857), e respectivas
respostas, que haveriam de resolver os tantos enigmas do Universo que, aliás,
não é só composto de fluidos, de energia e de matéria, mas, além de tais, de
Consciência, ou seja, das infinitas dimensões do Espírito, do átomo ao arcanjo
iluminado, dos mais altaneiros cumes espirituais.
Tanto é que, neste início
do Século 21, a
obra espírita codificada em meados do Século 19, está hoje - com os mais
importantes missionários, e, sobretudo pela confiável equipe espiritual de
Ubaldi e Xavier - revista, corrigida e atualizada ao extremo de sorte a
acompanhar o progresso célere de todas as coisas, e, sobretudo, da Ciência
acadêmica, que, no campo da Física, de apenas Clássica do Século 19, seus
quadros, hoje, se ampliaram vastíssimo se distendendo para a Relativística, a
Quântica, prenunciando-se, ainda, muito mais de tais disciplinas científicas e
culturais.
Lógico que o Espiritismo,
como ‘Ciência do Infinito’ não se paralisaria, e não se paralisou, apesar da
paralisação e engessamento de muitos de seus “eruditos” adeptos espiritistas
que acham que sabem de tudo, e olvidando, pois, o magistral ensino socrático de
que:
“Prudente serás não
imaginando saber o que não sabes”. (Vide: “OESE” – AK).
E o fato é que o tema da
‘Queda’, da possível ou não-possível ‘Involução Espiritual’, consta de muitas
obras codificadas e a “Revista Espírita” (AK – Outubro de 1858), por exemplo,
registra algo a respeito da ‘Retrogradação do Ser’, sendo, no caso em estudo,
do Espírito de um criminoso que, em face de seus horrendos delitos, poderia, de
fato, ser destinado a “um lugar onde o homem se encontra no nível dos animais”.
(Opus Cit.).
E, notemos que dita
referência, conforme escrito do próprio punho de Kardec, alega que o Ser
comunicante de tal instrução sempre se mostrara como um ‘Espírito Superior’, o
que é muito relevante; pois, como se sabe, os Espíritos elevados trazem o caráter
da seriedade de suas instruções, da verdade pura e cristalina, pois, como é
óbvio, são pertencentes à ‘Equipe Espiritual do Mestre’, à ‘Plêiade de Jesus’.
E, dito Instrutor, ou
seja, dito Espírito Superior, com todas as letras, preconiza, além de um possível
retrocesso - durante a evolução progressiva de todos nós - ele alude, ainda, à
nossa queda primordial, ou seja, do Espírito que falira em sua gênese, e que
tal, se compararia à punição de Lúcifer, a figura emblemática de nós mesmos:
Espíritos terrenos falidos desde tempos primordiais. Mas vejamos, com todas as
letras, a possível queda daquele Espírito criminoso, bem como a referência
explícita de nossa queda primeira, em nossa gênese espiritual:
“Sua punição é justamente
retrogradar; é o próprio inferno. Eis a punição de Lúcifer, do homem espiritual
descido à matéria, isto é, o véu que daí por diante lhe oculta os dons de Deus.
Esforçai-vos, pois, na reconquista desses dons perdidos: tereis reconquistado o
paraíso que o Cristo veio abrir para vós. É a presunção, é o orgulho do homem,
que queria conquistar aquilo que só Deus podia ter”. (Opus Cit.).
Mas pergunta-se com
razão:
-O que ocorreria com tal
Espírito criminoso?
-Ele perderia o que
conquistara no Plano Hominal?
-É isto o que se dá com a
Queda Espiritual?
Ora, primeiro
questionemos: o que é o Espírito?
Divulga-se que o mesmo,
dos mais diversos planos da vida: mineral, vegetal, animal e hominal, e, dos
planos da erraticidade que nos envolve a todos, que o Espírito é o existir
dinâmico de Si mesmo, de sua centelha anímica, tal como luz que, de menos
intensa: no plano atômico e mineral, dita luz, por gradações psíquicas mais
altas, e, alcançadas por evolução, vai se tornando mais intensa e vibrátil
noutros planos existenciais, atingindo, no plano antropológico, ou seja, das
humanidades, o “cume” de seus progressos, que, sabemos, não se encerra por aí,
mas se distende, ainda, aos mais diversos planos da humanidade e da
espiritualidade sideral.
E, pois, se o Espírito é
vibração de suas potências, tal vibração, entretanto, e, sobretudo nos planos
físicos da natureza universal, se sujeita, como tal, a reduzir-se e a
distender-se vibratoriamente, ou seja: dinamicamente, e, sobretudo, nos
fenômenos palingenésicos em que o Eu reduz suas potências para reencarnar, e,
pós-parto, trata de ampliá-las, modo vagaroso, durante o crescimento biológico
e psíquico de tais potencialidades que, frisamos, foram reduzidas muitíssimo
pela reencarnação/expiação.
E isto se dá, pois, com
todas as forças psíquicas do Mundo, do mineral ao homem, pois que o mineral
nada mais é que uma concentração de energias que, destruída a forma, retorna à
sua condição anterior (radioatividade); o mesmo se dando, pois, com todas as
espécies do Orbe, e, pois, com o Espírito humano que restringe e reduz suas
potências para reencarnar e se distende à posteriori para crescer, evoluir e,
ao fim de tudo, de tão longa jornada, transcender-se a Si mesmo como Espírito
imortal se tornando Uno com Deus, Uno com o Pai-Nosso Criador.
Logo, somos potências
palingenésicas que vem e vão, que se reduzem e se distendem, que ‘encolhem’ e
se esticam’ o tempo todo, e, sobretudo, nos períodos de sono em que o Espírito
humano, todas as noites, ‘decola’ do corpo para ‘voar’ na erraticidade, e, por
isto, não podemos ter uma recordação plena do que se passa na vida espiritual,
pois o nosso cérebro não suportaria tamanha carga de trabalho, de operosidade espiritual.
E, pois, nosso cérebro precisa descansar das rotinas do dia recuperando as
forças para os novos dias que, certamente, virão.
Por outro lado, ainda, as
vibrações do Espírito, livre na erraticidade, são bem mais intensas e, pois,
não suportaríamos como homem, e, como cérebro biológico, tamanha intensidade
vibracional de nossa Consciência livre nos espaços espirituais.
Mais ainda, devemos
recordar que nosso Eu, ou, nosso Espírito, como Personalidade Integral que nos
caracteriza a súmula palingenésica, tal, ainda assim, não se acomoda, e, em
renascendo, dita Personalidade também se refaz pela nova base genética cedida
pelos pais, bem como pela nova educação recebida, pela nova estruturação social
a que fora novamente chamada a viver, em suma, por um ambiente que, se velho,
também é novo, pois a mudança evolutiva não para e, pois, o Espírito igualmente
não para, mas prossegue lutando para renovar-se, crescer e distender-se,
sempre, tanto ao plano cognitivo como também ético e comportamental.
Ou, noutros
termos, somos ainda o que fizemos por nós mesmos no passado, ou, nas mais
diversas vidas do pretérito palingenésico, porém, estamos um tanto mudados,
pois o Ser não para, e, consonante instrução 118 de “O Livro dos Espíritos” (AK
– 1857), ele:
“Pode permanecer
estacionário, mas não retrograda”. (Opus Citado).
E, pois, se
o Espírito não retrograda como explicar a ‘Queda Espiritual’, ou, a ‘Involução’
e outras sinonímias de tais fenômenos, onde, e quando, tais termos se inserem
no ‘Complexo Fenomênico Involutivo-Evolutivo’?
É o que veremos neste
finalmente.
Em verdade,
o fenômeno do que se conhece como ‘Queda Espiritual’ está a explicitar não exatamente:
uma retrogradação do Ser, mas sim, uma sua restrição psíquica em corpos
condizentes com a centelha anímica para a sua corrigenda, sua educação. Aquele
caso da “RE” (AK – Outubro de 1858) que citamos nos fornece o exemplo de tal
condição espiritual. Ou seja, o Espírito pode até sujeitar-se à condição de um
corpo animal distinto do corpo humano, mas Ele, como Espírito, não perdeu tais
conquistas do plano das humanidades, pois que tais se registram n’Ele mesmo,
conquanto estejam restringidas e limitadas por expiação.
Noutros
termos, o Espírito não retrocede e não perde o que conquistara, mas pode, e
deve, por ‘Medida Corretiva da Lei’, sujeitar-se a ela pelo bem de Si próprio,
e, pois, de sua felicidade presente e futura.
Logo, tudo quanto
conquistamos não se perde jamais!
E, pois,
tudo o que conquistamos dantes de nossa derrocada (Queda Espiritual) nos primórdios
da criação não se perdeu, mas registra-se em nosso cérebro espiritual;
conquanto nem sempre seja positivamente salutar a lembrança de tais fatos,
pois, se temos ali algo de positivo, revela-se, igualmente, algo de negativo,
de nossa revolta, nosso orgulho, nosso egoísmo primordial.
O Espírito de Emmanuel, um dos mais confiáveis e mais lúcidos discípulos do Cristo, em seu excelente tratado “Há Dois Mil Anos” (Feb), fala algo a respeito de tais registros espirituais em nós mesmos grafados.
Na página 349, em se
referindo aos Espíritos humanos ainda há pouco desencarnados de modo
sanguinário e violento – nos primeiros tempos do cristianismo - que, naquele
instante ouviam às “harmoniosas vibrações das Melodias do Invisível”, ele,
Emmanuel, refere que “aquele cântico de glória, ao menos palidamente, deve ser
lembrado por nós outros como Suave Reminiscência do Paraíso”. (Opus Citado); ou
seja: do paraíso de outrora, dos tempos primordiais dos nossos Espíritos
falidos, hoje se recuperando nas lutas travadas com a matéria, com a dor salvífica
e redentora.
Logo, o
Espírito não perde o que adquirira no passado e tampouco em suas mais distantes
origens espirituais.
O que
significa dizer que temos grafado na tessitura indelével do nosso cérebro
transfísico tudo o que nos caracteriza como Ser Divino, filho de um Deus que É
Espírito, e, como tal, nos criara como Espírito, porém, dotado de liberdade, e
que, por ela mesma se deixara trair caindo, como filho pródigo, nas expiações
dolorosas da matéria.
Finalmente,
numa frase incompleta:
“O Espírito
não retrocede...”!
Todavia:
“Pode o
Espírito restringir-se por Expiação, ou seja, como Norma Corretiva da Lei”!
Logo, se o
Espírito não retrocede, dir-se-ia, porém, que sempre existe um ‘mas’; sempre
existe algo de excepcional, em suma: de uma espécie de desvio das coisas que
não mais seria, e não mais que é: um desvio do Ser que, conscientemente,
errara, se confundira, e cuja ‘pisada-de-bola’ é algo suscetível de se dar num
complexo universal que é infinito, e que, portanto, não se isentaria de uma
‘doença’ passageira que, afinal, se representa por nós mesmos: Seres decaídos
nas coisas materiais, mas sujeitos a salvar-se pela inevitável cura de medidas
educativas e evolucionais.
Para finalizar tal estudo, que já vai longe, citemos, de relance,
das muitas exemplificações do Espírito André Luiz, (prefaciado por Emmanuel),
um caso de queda espiritual constante no excelente “Ação e Reação” (1957 -
Feb), capítulo 13, ‘Débito Estacionário’, em que um nosso irmão, de débitos
enormes para com a Lei, se restringira, no fenômeno de sua reencarnação, a um
corpo disforme, de aparência macacóide, tal como se o seu perispírito, durante
a recapitulação embrionária e fetal, não lograsse atingir as nuanças da forma
humana e paralisasse na forma antropóide: primata de transição entre o animal
irracional e o homem.
Miserável anão paralítico, de uma idiotia completa:
“Era ele – dito Espírito devedor - dolorosa máscara de anormalidade
e aberração. Mirrado, nada medindo além de noventa centímetros e apresentando
grande cabeça, aquele corpo disforme, tresandando odores fétidos, inspirava
compaixão e repugnância. A fisionomia denotava configuração macacóide,
exibindo, porém, no sorriso inconsciente e nos olhos semi-lúcidos, a expressão
de um palhaço triste”. (Opus Citado).
Assim, tal
paralisação do Espírito na forma macacóide, não impede, ou, no caso em questão,
não impedira que tal Ser devedor, em nítida queda involutiva, pudesse, de
alguma forma, ser investigado pela equipe espiritual de André Luiz, que, de
qualquer modo, lhe visualizaram os delitos gravíssimos do campo íntimo: “de
crimes ocultos, a culminarem sempre na flagelação do povo”. (Opus Cit.).
O que, por
sinal, e, como dito supra: o Espírito não retrocede, mas pode, e deve, por
Medida Corretiva da Lei: restringir-se, estreitar-se e limitar-se a corpos
inferiores do Mundo, ou, dos Mundos materiais, Mundos também de Deus, porém,
confinados num ‘Anti-Sistema’, ou seja, de “expiação”, tal como fora muito bem
definido pela síntese filosófica dos Itens 167 e 676 de “O Livro dos Espíritos”
(AK – 1857), como já citados aqui, no presente estudo.
Aos que
discordarem de tais ideias – da queda primordial e de outras quedas do Espírito
- diremos, inspirados pela confiável enciclopédia cultural e espiritual de
Francisco Cândido Xavier que:
“Para muitos de todos nós, inclusive espiritistas:
a verdade tem de ser adiada para depois!” (frp).
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UM GRANDE ABRAÇO A TODOS
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Fernando Rosemberg
Patrocinio:
Fundador de Núcleo Espírita Cristão; Coordenador de Estudos
Doutrinários; Palestrante; Articulista e Escritor de dezenas de e.Books
gratuitos em seu blog abaixo descrito:
E-mail: f.rosemberg.p@gmail.com
Blog: Filosofia do
Infinito, ou:
https://fernandorosembergpatrocinio.blogspot.com.br
BIBLIOGRAFIA
-“Coleção Completa de
Allan Kardec” – Edit. Diversas;
-“Coleção Completa de
Pietro Ubaldi” – Fundapu;
-“Coleção Completa de
Chico Xavier” – Edit. Diversas; Internet; sendo de destaque no presente e.Book:
-“O Consolador” – F.C.
Xavier - Emmanuel – Feb;
-“E a Vida Continua” –
F.C. Xavier – A. Luiz – Feb;
-“Há Dois Mil Anos” –
F.C. Xavier – Emmanuel – Feb;
-“Ação e Reação” – F.C.
Xavier – A. Luiz – Feb; e:
-“Bíblia Sagrada” –
Versões Católica e Pentecostal.
LISTAGEM DOS e.BOOKS DE:
Fernando Rosemberg Patrocinio
01-Ciência Espírita: Tese
Informal;
02-Espiritismo e
Progressividade;
03-Espiritismo e
Matemática;
04-Mecanismo
Ontogenético;
05-Espaço-Tempo: Física
Transcendental;
06-Corrente Mental;
07-Pietro Ubaldi e Chico
Xavier;
08-Filosofia da Verdade;
09-Axiologia do
Evangelho;
10-Espiritismo e
Evolucionismo;
11-Fatos e Objeções;
12-O Médium de Deus;
13-A Grande Síntese e
Mecanismo;
14-Evangelho da Ciência;
15-Codificação Espírita:
Reformulação;
16-Kardecismo e
Espiritismo;
17-Geometria e Álgebra
Palingenésicas (web artigos);
18-Maiêutica do Século
XXI;
19-Espiritismo:
Fundamentações;
20-Ciência de Tudo:
Big-Bang;
21-Evolução: Jornadas do
Espírito;
22-O Homem Integral
(Reflexões);
23-Espiritismo e
Filosofia;
24-André Luiz e Sua-Voz;
25-O Livro dos Espíritos:
Queda Espiritual;
26-Evidências do
Espírito;
27-Construção
Bio-Transmutável;
28-Mediunidade
Genial (web-artigos);
29-Conhecimento
e Espiritismo;
30-O
Paradigma Absoluto;
31-O Fenômeno Existencial;
32-Chico-Kardec: Franca Teorização;
33-O Maior dos Brasileiros;
34-Espiritismo: Síntese Filosófica;
35-O Livro dos Espíritos: Simples e Complexo;
36-O Livro dos Espíritos: Níveis Filosóficos;
37-Temas da Verdade Espírita;
38-Geometria Cósmica do Espiritismo;
39-Matemática da Reencarnação;
40-Kardec,
Roustaing e Pietro Ubaldi; e:
41-Espiritismo
e Livre Pensamento;
42-Síntese Embriológica
do Homem;
43-Jean-Baptiste
Roustaing: Réplica Primeira;
44-Jean-Baptiste
Roustaing: Réplica Segunda;
45-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Terceira;
46-Consenso Universal: Tríplice Aspecto;
47-Método
Pedagógico dos Evangelhos;
48-Cristo:
de Roustaing a Pietro Ubaldi;
49-Estratégias
da Revelação Espírita;
50-Trilogia
Codificada e Rustenismo;
51-Cosmogênese
do Terceiro Milênio;
52-Tertúlias
Multidimensionais;
53-Cristianismo: Teologia
Cíclica;
54-Análise de Temas Codificados;
55-Deus: Espírito e Matéria;
56-Razões e Funções da Dor;
57-Emmanuel: Insigne Revelador;
58-A Queda dos Anjos;
59-Homem: Vença-te a Ti Mesmo;
60-Evangelho: Evolução Salvífica;
61-O Espírito da Verdade;
62-Balizas do Terceiro Milênio;
63-Sentimento: Molde Vibrátil de Ideias;
64-Ciência do Século XX;
65-A Revolução Ética.
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Blog: Filosofia do Infinito
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