Emmanuel e Pólux (*)
Por: Vladimir Alexei R. Rocha
E.mail:
vla.alexei@gmail.com
Sempre tive pelo Espírito Emmanuel, um misto de admiração e
contrariedade. Admiração pela vasta produção literária, vertida por intermédio
de Chico Xavier. Emmanuel conseguiu, com demonstração de síntese, abordar a
maioria dos assuntos que sempre fizeram pauta na sociedade dos encarnados, como
sendo de grande utilidade para o esclarecimento de todos. É um erudito, sem
dúvida alguma e um Espírito Superior, por tudo que fez.
Isso é inegável.
A contrariedade passa por dois aspectos. O primeiro é sua
forma séria de abordar os temas. Tão sério que interpretei como arrogante, por
muito tempo. Tenho dificuldades em aceitar “voz de comando”. Fragilidade do meu
espírito, evidentemente. A relação de submissão de Chico Xavier - ante
orientações de Emmanuel - levaram-me também, por muito tempo, a essa análise
superficial de suas interações.
O outro aspecto: é a forma carola com que a maioria dos Emmanuelistas, que conheci, tratava a obra do
Emmanuel. Lembrando do saudoso Arnaldo Rocha, e parafraseando-o, cheirava a
sacristia a maneira com que os espíritas interpretavam o pensamento do
Emmanuel. É um tal de “Nosso Senhor Jesus Cristo”, que soa, lá no fundo, a
repetições de uma convenção praticada em outras vidas, nas fieiras católicas,
quando, para expressar os sentimentos verdadeiros, era preciso sacrifício
exterior.
Se observarmos um pouco mais detidamente, veremos nas obras
de Emmanuel, particularmente os romances históricos, a saga renovadora do
espírito. Não apenas o seu, que vivera lutas intestinas para renovar-se e
progredir, mas a representação de momentos relevantes na luta do progresso
espiritual de todos os Espíritos. Com uma produção, desse quilate, encontramos
espíritas que replicam, sem conhecimento de causa, que Emmanuel é autor ou
defensor da tese da “alma gêmea”. Se analisarem, não precisa nem aprofundar, se
analisarem o que está escrito no livro ”O Consolador” (Feb), entenderão melhor
o contexto. Mas isso é outra história...
Existem lacunas importantes de tempo, entre as reencarnações
reveladas pelo próprio Emmanuel. Alguns pensadores preenchem-nas, por
imaginação, fruto das deduções de estudos e ilações que podem ou não, ser
coerente com sua trajetória. Independente de quais foram, e de quantas foram,
as reencarnações já estão agrupadas por revelações de amigos que conheceram
amigos. E, o fato é que Emmanuel enfrentou duras realidades por aqui, até alcançar
uma maturidade Espiritual digna de nota:
-“Como Padre Nóbrega, conheci, de perto, as angústias dos
simples e as aflições dos degredados. Intentava o sacrifício pessoal para esquecer o fastígio
mundano e o desencanto de mim mesmo, todavia, quis
o Senhor que, desde então, o serviço americano e, muito particularmente, o
serviço do Brasil, não me saísse do coração.” (PERALVA, 2009).
Seu momento com Jesus, em narrativa emocionante, descrito em “Há
Dois Mil Anos” (Feb), talvez tenha sido sua “Estrada de Damasco”. E por
acumular conhecimentos, desde então, esforçar-se por praticar os ensinamentos
de Jesus, passou por lutas árduas e transformadoras, sem perder a sensibilidade
com o que é do bem.
E sua sabedoria não para de surpreender. Encontramos em
Renúncia, a profícua missão desempenhada, aos olhos do Espírito, por Alcíone.
Espírito de evolução angelical - reencarnou por amor - amor de ser útil ao
Cristo, amor por se fazer presente ante os que carregam no coração: amor por
servir. Logo nas primeiras páginas, Emmanuel narra um grupo de espíritos
confabulando a respeito de suas experiências não tão felizes, organizando-se
para novos desafios. Trouxe a figura de Pólux, que poderia ser mais um nome,
ou um nome comum de um personagem secundário. Trata-se de uma figura
mitológica, filho de Júpiter e que tinha o privilégio da divina imortalidade.
René Ménard, em sua “Mitologia Greco-Romana”, descreve Pólux
como um dos heróis que se destacou na grande expedição dos Argonautas. Matou o
terrível Amico, filho de Netuno e rei dos bebrícios. Após diversas investidas
em várias lutas, Pólux foi considerado patrono dos atletas e do pugilato.
Queria representar – Emmanuel - as lutas descomunais que passam os espíritos
para progredir?
Dá o que pensar...
Mitologia, todos sabem, é a língua poética de que se serviam
os povos antigos para explicar os fenômenos naturais. Considerado imortal,
Pólux, guerreiro, apaixona-se por Febe, filha de Leucipo, já noiva de Linceu,
herói messênio. Esparta e Messena representados. No combate, Pólux socorre
Castor, seu gêmeo, porém, mortal, por terem mães diferentes, mas, num brado,
clama a Saturno que interceda por ele. Perder seu irmão gêmeo era dor
irreparável. Eis que Júpiter se apresenta a ele e diz:
“Tu és meu filho, diz-me (...). Dou-te a escolher dois
partidos: consente em partilhar da morada dos deuses com Minerva e Marte, livre
da morte ou dos aborrecimentos da velhice, ou então, por Amor a teu irmão,
consente em ligar-te ao seu mortal destino, passando alternadamente, como ele,
a metade da vida na noite do túmulo e a outra metade no palácio resplendente do
Olimpo. Assim fala Júpiter, e Pólux não hesita. Imediatamente, Castor torna a
abrir os olhos à luz, e a sua voz começa a fazer-se ouvir.”
Castor e Pólux, vivem e morrem alternadamente, daí ter
surgido, no céu, a representação da constelação dos gêmeos – conforme o citado
Ménard.
Simbolicamente, Pólux representa a figura do Espírito
reencarnado, cujas lutas parecem intermináveis. Lutas que colocam seus valores
à prova o tempo todo, a ponto de, mesmo com conhecimentos e habilidades,
sentir-se exaurido. Mas mostra:
“Que há força ‘espartana’ dentro de cada um de nós, não mais
para brigar e sim para arregimentar recursos e vencer o homem velho que insiste
e persiste em sobreviver – muitas vezes, alimentados por nós mesmos, sem que o
percebamos...”.(VARR).
Não dá para atribuirmos à figura de Febe, ser a Alcíone,
porque ela só teve duas reencarnações reveladas na Terra: Célia - de “50 Anos Depois”
(Feb) - (ou Santa Marina para os Católicos) e Alcíone. Mas, sem dúvida,
personagens daquela época desfilaram em Renúncia e outras obras de Emmanuel,
criando conexões com a evolução de cada um.
Assim, pois, caminhemos com alegria e ante as lutas, não
resistamos ao mal, oferecendo valores diferentes que demonstram controle do
próprio Ser, ao invés de cedermos às tentações do Mundo terreno.
Obrigado, Emmanuel! Tenho ainda muito que aprender com suas
obras!
(*) Considerações de Rosemberg:
Apesar de, com grande humildade, dizer-se um aprendiz, Vladimir Alexei é um dos nossos mais perspicazes e mais queridos amigos da contemporaneidade.
Relação
dos e.Books de:
Fernando
Rosemberg Patrocínio
01-Ciência Espírita: Tese Informal;
02-Espiritismo Em Evolução;
03-Espiritismo e Matemática;
04-Mecanismo Ontogenético;
05-Espaço-Tempo: Física Transcendental;
06-Corrente Mental;
07-Pietro Ubaldi e Chico Xavier;
08-Filosofia da Verdade;
09-Axiologia do Evangelho;
10-Espiritismo e Evolucionismo;
11-Fatos e Objeções;
12-O Médium de Deus;
13-A Grande Síntese e Mecanismo;
14-Evangelho da Ciência;
15-Codificação Espírita: Reformulação;
16-Kardecismo e Espiritismo;
17-Geometria e Álgebra Palingenésicas (web
artigos);
18-Maiêutica do Século XXI;
19-Espiritismo: Fundamentações;
20-Ciência de Tudo: Big-Bang;
21-Evolução: Jornadas do Espírito;
22-O Homem Integral (Reflexões);
23-Espiritismo e Filosofia;
24-André Luiz e Sua-Voz;
25-O Livro dos Espíritos: Queda Espiritual;
26-Evidências do Espírito;
27-Construção Bio-Transmutável;
28-Mediunidade Genial (web artigos);
29-Conhecimento e Espiritismo;
30-O Paradigma Absoluto;
31-O Fenômeno Existencial;
32-Chico-Kardec: Franca Teorização;
33-O Maior dos Brasileiros;
34-Espiritismo: Síntese Filosófica;
35-O Livro dos Espíritos: Simples e Complexo;
36-O Livro dos Espíritos: Níveis Filosóficos;
37-Espiritismo: Queda e Salvação;
38-Geometria Cósmica do Espiritismo;
39-Matemática da Reencarnação;
40-Kardec,
Roustaing e Pietro Ubaldi;
41-Espiritismo
e Livre Pensamento;
42-Síntese Embriológica
do Homem;
43-Jean-Baptiste
Roustaing: Réplica Primeira;
44-Jean-Baptiste
Roustaing: Réplica Segunda;
45-Jean-Baptiste
Roustaing: Réplica Terceira;
46-Consenso Universal:
Tríplice Aspecto;
47-Método Pedagógico dos
Evangelhos;
48-Cristo: de Roustaing a
Pietro Ubaldi;
49-Estratégias da
Revelação Espírita;
50-Trilogia Codificada e
Rustenismo;
51-Cosmogênese do Terceiro Milênio;
52-Tertúlias Multidimensionais;
53-Cristianismo: Teologia Cíclica;
http::/fernandorosembergpatrocinio.blogspot.com.br
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53-Cristianismo: Teologia Cíclica;
54-Análise de Temas Codificados;
55-Deus: Espírito e Matéria;
56-Razões e Funções da Dor;
57-Emmanuel: Notável Revelador;
58-A Queda dos Anjos;
59-Homem: Vença-te a Ti Mesmo;
60-Evangelho: Evolução Salvífica;
61-O Espírito da Verdade;
62-Balizas do Terceiro Milênio;
63-Sentimento: Molde Vibrátil de Ideias;
64-Ciência do Século XX;
65-A Revolução Ética.
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.BLOG: FILOSOFIA DO INFINITO:http::/fernandorosembergpatrocinio.blogspot.com.br
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Que texto ridículo...
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