segunda-feira, 20 de maio de 2019

CORRENTE MENTAL (6o. e.Book)


Fernando Rosemberg Patrocínio

(6º. e.book)

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CORRENTE MENTAL

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Introdução

Parte 1: COMPLEXIDADES DO PERISPÍRITO

Parte 2: ESPÍRITO NO CÉREBRO HUMANO

Parte 3: POTÊNCIAS INTEGRADAS DO SER

Parte 4: ESTUDOS DA CORRENTE MENTAL

Bibliografia

Relação Nossos e.Books

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INTRODUÇÃO

O presente e.Book tratará de fazer uma sondagem do Espírito, este Elemento principal de nós mesmos, que, entretanto, parece fugir às nossas mais íntimas indagações em face de nossa incapacidade psíquica, espiritual e moral; o que indica faltar-nos sentidos outros para uma melhor análise do referido que, afinal, para complicar ainda mais, se distingue como:

-Espírito;

-Corpo Mental; e,

-Corpo Espiritual, ou Perispírito, da obra codificada.

Em que tudo, além do mais, encontra-se encerrado a uma máquina de também mui complexa organização: física, material e biológica. Neste contexto, pois, devo dizer que o presente e.Book se inicia no Século 19 com Kardec que, na “RE” bem como em “A Gênese” trata do tema que, ao demais, também se encontra em páginas de “Obras Póstumas” como se podem conferir.

Nesta última, no capítulo “Fotografia e Telegrafia do Pensamento”, Kardec pondera que:

“Sendo os fluidos o veículo do pensamento, este (o pensamento) atua sobre aqueles como o som atua sobre o ar; eles nos trazem o pensamento como o ar nos traz o som. Pode-se, pois, dizer, com verdade, que há ondas nos fluidos e radiações de pensamento, que se cruzam sem se confundirem, como há, no ar, ondas e radiações sonoras”. (Vide: “Obras Póstumas” – AK – Feb).

O que se prova, pois, pela própria Ciência Espírita, pela Metapsíquica que lhe sucedera, pela moderna Parapsicologia: com a transmissão e recepção do pensamento, (telepatia), dentre os homens, a irradiação mental que, assim, prossegue além, se espraia e se difunde quem sabe ao infinito, haja vista não se ter e não se conhecer os limites da corrente mental que, certamente, inicia-se no Espírito e prossegue além, à sua revelia, pelos espaços universais.

E a pergunta que se faz é:

-Donde retira o Espírito do homem tanta energia para irradiar e propagar seus pensamentos durante todo o curso de sua vida, aliás, de toda a sua imortalidade?

Ora, quando o corpo refaz suas forças pelo sono, sabemos, mais ainda, que o Espírito se desprende do mesmo e prossegue além mantendo suas relações habituais com os desencarnados, quando, da mesma forma, tais elementos irradiam seus pensamentos, sua energia mental, continuamente, e, pelo visto, sem exaurir-se ou fatigar-se.

E se reitera a pergunta:

-Quais seriam os fundamentos da Corrente Mental que dimana de mim, de você, de todos nós?

É que veremos, modestamente, no presente e.Book.

O autor:
Um aprendiz como você: Leitor.

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Parte 1

COMPLEXIDADES DO PERISPÍRITO

Assim, se tão pouco sabemos do Espírito que há em nós, diga-se que, no tocante ao Corpo Espiritual já sabemos um tanto mais. E note-se que: se caminhamos da Matéria ao Espírito, também o nosso conhecimento se faz da Matéria ao Espírito, sublimando a ambos, ou seja: ao vasto campo da espiritualidade.

Entretanto, da Matéria ao Espírito de nossa composição humana, e biológica, sabemos que se patenteia algo mais, e, por sinal, não detectável pela vista humana: o Perispírito consoante estudos de Allan Kardec e muitos outros pesquisadores do tema.

E o fato é que, do ponto de vista bíblico, dir-se-ia que tudo se iniciara com o apóstolo Paulo em uma de suas formidáveis epístolas. Mas, contrariamente a tal, temos informações de que os primeiros humanos já o conheciam e o chamavam de Corpo Sombra e, de lá pra cá, o vimos ser taxado de Corpo Etérico, de Kha, de Ochema, de Corpo Astral, Carro Sutil da Alma e que, mais recentemente ainda, recebera o moderno epíteto de Corpo Energético ou Bioplasmático.

Assim, já vimos que Kardec, em suas lições, ministrava que o Homem é composto por:

-Espírito: centelha anímica imortal;

-Perispírito: corpo invisível que, na reencarnação, se enraíza na célula zigoto e a ela se une molécula por molécula, dirigindo a formação embrionária e fetal; e o,

-Corpo Bio-Material humano, resultado daquela direção e organização perispirítica.

Sendo que a informação do referido do Corpo Mental viera depois, sobretudo com o espírito André Luiz. Entretanto, o que mais nos chama a atenção no Espiritismo é justamente esta sua mobilidade incessante e saudável, fazendo e refazendo, ampliando e aprofundando nossos saberes que avançam mais e mais, e que, segundo preceitos doutrinários, seus limites estão no infinito que não tem fim.

Assim, avançando um tanto mais que Kardec (1804-1869), se nos depara a figura ímpar de Gabriel Delanne (1857-1926), o missionário responsável pelos aspectos científicos do Espiritismo. Para ele, o perispírito:

“ ... é a sede dos estados conscienciais pretéritos, o armazém das lembranças, a retorta em que se processa a memória de fixação, e é nele que o Espírito se abastece quando necessita de cabedais intelectuais para raciocinar, imaginar, comparar, deduzir, etc. Também receptáculo de imagens mentais, é nele que reside, finalmente, a memória orgânica e inconsciente”. (Vide: “A Evolução Anímica” – Gabriel Delanne – Feb).

E confirma, mais ainda, noutra de suas obras, que:

“A memória não reside no cérebro, está contida no perispírito”. (Vide: “A Reencarnação” – Gabriel Delanne – Feb).

Sem dúvida que, com Emmanuel, sábio Espírito diretor da lavra mediúnica xavieriana, pode-se apurar algo mais ainda. No opúsculo que estampa o seu próprio nome: “Emmanuel” (Feb – 1937), Capítulo 24: “O Corpo Espiritual”, o caro leitor vai se deparar com uma das mais intrigantes páginas do Espiritismo moderno, conquanto sua síntese de tão poucas páginas. Mas vamos devagar, pois que o tema, como tudo no Espiritismo, é de uma complexidade inimaginável; e o perispírito não escaparia de tal propriedade.

Reiniciemos, pois, com uma indagação:

Poderia ser o perispírito a sede da memória e de tantas outras potencialidades como o quer o notável Gabriel Delanne?

E, para Emmanuel, mais que tudo isso, pergunta-se:

Poderia ser o perispírito, além de santuário da memória, ser a sede das faculdades, dos sentimentos e da inteligência?

Parece que não, que não pode ser assim. Pois que tais potencialidades pertencem ao Espírito e não ao perispírito. Mas haveria alguma forma de se compreender tais potencialidades do Espírito, extensíveis ao perispírito?

De tal ponto de vista, penso que sim; é bem possível que sim!

Logo, é possível, pois, compreender as assertivas de Delanne e de Emmanuel, tal como uma espécie de reflexo, de faculdades notoriamente espirituais, porém, extensíveis ao campo perispirítico, e que, ao se analisá-lo em si mesmo, especifica e exclusivamente, pode-se cair na ambigüidade – não tão grave assim, é claro – de se tomar o efeito pela causa, porém, sem prejudicar-se o sistema completo integralizado por Espírito, perispírito e corpo físico animado por eflúvios vitais.

Neste caso, então, dir-se-ia que o perispírito é a sede das faculdades, da inteligência, da memória e dos sentimentos.

E isto porque sua análise está se fazendo ao seu campo exclusivo e, portanto, e, especificamente, dele mesmo, conquanto saibamos que tais potências dependem da Vida, da Inteligência, da Memória e dos Sentimentos que lhe fora insuflada pelo Ser principal, ou seja, pelo seu agente tonificador que é o Espírito imortal.

Mas, por sua complexidade, o assunto requer novos entendimentos. Não queiramos tudo saber do Espiritismo, de sua extrema profundidade, numa só existência planetária.

Ora, se temos toda uma vasta imortalidade pela frente, que tenhamos um pouco de paciência, pois que estamos, apenas, e tão só, adentrando as iluminadas páginas de nossa imortalidade que, careceria de sentido se não fosse para o aprendizado de todo o sempre, e, que, portanto, se não for para hoje, será para o amanhã, e, depois do amanhã, no futuro de proporções imorredouras e imensuráveis.

Mas de retorno ao tema ora proposto, já disse e torno a frisar que:

A vida, em sua multidão de fenômenos involuntários, e que se verifica no soma físico de todas as criaturas reencarnadas, demonstra, positivamente, que o perispírito é, de fato, detentor de potencialidades e automatismos que escapam à nossa frágil compreensão por sua inteligência, sua capacidade de reter informações pretéritas na forma de registros informacionais bastante precisos de nossa grande aventura palingenésica.

Ora, há algo de inteligentíssimo em mim mesmo, em meu corpo de tão complexas funções, e, do qual, Eu, pessoalmente, e, portanto, de forma consciente, não participo, não tomo conhecimento de forma alguma. Funções tais como: funcionamento ritmado e perfeito da dinâmica cardíaca; das diversas glândulas; das filtragens renais; dos trabalhos gastro-intestinais; da aspiração oxigenada, permuta dos gases nos alvéolos pulmonares e respectiva expiração do gás carbônico, e tantas outras funções que se nos passam despercebidas no transcurso de toda uma existência terrena.

Dizem que as funções orgânicas (fisiológicas) chegam às raias do inimaginável; que o diga, pois, os estudiosos de biologia, de medicina; e agora, nós, os estudiosos do Espiritismo.

E, com razão, se indaga:

A quem cabe, pois, o exercício de tais funções orgânicas e biológicas em mim mesmo?

Se eu não as exerço, quem as faz por mim?

Diz-se que é o perispírito e seus automatismos fisiológicos instalados e aderentes à máquina física dotada de vida biológica e material. Mesmo sendo tudo executado de forma mecânica e automática, é algo, ainda assim, bastante inteligente e porque não dizer, de uma notória capacidade para algo que nos parece ser não-inteligente, mecanizado, automatizado. E, portanto, o que eu vejo ali não parece ser apenas alguma forma de inteligência primitiva, instintiva e maquinal. Parece ser algo superior ao básico, ao primitivo e maquinal, ou seja, acima do estritamente mecânico do automatismo perispiritual.

Mas há mais! Muito mais!

Para que eu estivesse hoje fisicamente corporificado neste Mundo terreno, algo fora acionado nos registros imponderáveis de mim mesmo, e, sem que eu soubesse ou saiba – pois que de tal não tomei conhecimento e não se toma conhecimento – para dirigir, recapitular a filogênese e magnificamente orquestrar aquela pequenina célula zigoto durante os nove meses de minha gestação.

Gestação que acabara por culminar neste complexo fisiológico do corpo humano, do qual sou um dirigente meio inconsciente do referido complexo, pois que, de tal, ou seja, de muitas coisas dele mesmo, de suas enigmáticas funções, eu não tomo conhecimento, pois que vem a tratar-se, para mim, de um mistério, de tantas e tantas funções, das quais, Eu, pessoalmente, muito pouco entendo, e que são, repito, de uma inteligência bem interessante, para não dizer, bastante expressiva, pois que, de tudo isso, repito, Eu não participo conscientemente e nem imagino saber de tais.

Há, portanto, mais que a minha inteligência de Consciência desperta, outra forma de inteligência em mim mesmo, e, também, um tanto sofisticada, pois que não só plasmara, dirigira e organizara este corpo biológico, como também sabe governá-lo sabiamente em suas tantas funções orgânicas, e, que, de fato, pudera memorizar todas as fases filogenéticas do Ser na forma de informações pretéritas, para que pudesse, pois, criar, recapitular e recriar a vida, concedendo novas oportunidades reencarnatórias ao Ser componente de sua integração principal, ou seja, do Espírito que ainda cresce, quer crescer e evoluir sempre, pois que tal é meta da determinística Lei.

Então, é possível sim, é inevitável sim, falar-se de uma inteligência e de uma memória perispiríticas, não é mesmo?

Tais fatos, pois, fazem-nos refletir seriamente acerca do imponderável de nós mesmos, e que, por sinal, tanto desconhecemos. Fazem-nos pensar que exista, de fato, uma inteligência e uma memória profunda nos escaninhos do Ser principal, pois que registrada está no organismo perispirítico, bioplasmático, ou, bioenergético, dentre a matéria e a energia espiritual.

E, mais ainda, é possível que tais registros estejam gravados no que o instrutor André Luiz descreve como Corpo Mental, que, por sua vez, reflete-se e imprime-se no perispírito, o que poderia, certamente, nos conduzir a uma síntese da complexidade humana, onde:

No consciente ou cérebro atual e presentemente consolidado, temos:

-Inteligência e memória superficiais: de nossa vida de relação e que se representam por uma faixa insignificante da integralidade espiritual;

No subconsciente ou cérebro remoto e preteritamente consolidado, temos:

-Inteligência e memória ancestrais: da vastidão de nossas experiências transpostas e tecnicamente comprovadas por diversos pesquisadores do tema em todo o Mundo.

A tal ponto, pois, poderíamos encerrar a esta parte com os dois expoentes da lavra mediúnica xavieriana, André Luiz e Emmanuel, refletindo que:

Se o Perispírito é a Alma Fisiológica do corpo físico, poder-se-ia dizer, complementando, que o Corpo Mental é a Alma Fisiológica do Perispírito, onde tudo se confunde numa trama conectiva (<#>) de admirável complexidade, em que não se sabe onde começa o Espírito e onde termina a matéria, sendo difícil falar-se de uma coisa sem confundi-la com a outra, jungidas que estão por suas qualidades similares, pois, do contrário, não se acoplariam ajustando-se de forma tão equilibrada, tão bela e tão perfeita nos precisos entrosamentos (<#>) de:

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       [(Corpo-Físico)] <#> (Perispírito) <#> (Mental-Soma) <#>(Espírito)]

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Assim, é bem possível que, no infinito extremo de nossa trajetória evolucional, desprovidos dos envoltórios que nos serviram de escadas redentoras, restará ao Espírito apenas a Consciência plena de sua existencialidade, sintetizando amor e vasta sabedoria nos altíssimos planos da Eterna Divindade.

Parte 2

ESPÍRITO NO CÉREBRO HUMANO

Mas enquanto o “tempo” de altíssimos planos espirituais não chega para os Espíritos humanos, continuemos nossos estudos da complexa temática de que estamos tratando, sendo que, por agora, estaremos observando de modo positivo, analítico e racional, alguns aspectos do Espírito no cérebro: este incrível receptor e transmissor de tudo quanto somos em termos biológicos, psíquicos, sensitivos e emocionais; iniciemos, pois, com a seguinte questão:

O cérebro pensa?

Não; cientificamente, ninguém até hoje provou que o cérebro pensa! O que se provara, de modo positivo, fora o fato de que o Homem, em sua expressão mental, é um Ser independente do cérebro, conquanto a ele jungido, entrosado, de cuja junção, me parecendo a mais adequada nesta hora, se denominaria: Espirítico-Cerebral, que se consolidara desde o berço, ou, bem antes ainda, desde a fecundação intra-uterina onde as energias criativas da vida orquestraram campos genéticos da vida para o resultado maravilhoso do complexo somático de sua atuação no Mundo das formas.

E tem gente que não dá crédito ao Espírito, e tampouco a Deus, mas tão só ao “mecânico” movimento da gestação, quando resumem sua incredulidade tão-só à genética das formas e nada mais.

Que genética assombrosamente inteligente, sendo capaz do miraculoso fenômeno da vida! E digo tão assombrosamente inteligente que é capaz, por exemplo, de projetar um dos mais belos, mais complicados e maravilhosos órgãos biológicos do Ser: seu Sistema Óptico, ou, o Olho humano: que são Fotossensíveis Complexos que atingem os mais altos graus de sua evolução no homem, possibilitando uma análise minuciosa quanto à forma dos objetos, sua cor e intensidade de luz refletida.

Noutros termos: eles são capazes de perceber e detectar a luz transformando essa percepção em impulsos elétricos.

Mas seria possível fazer-se uma distinção do Espírito no Homem, ou seja, de sua atuação independente da Matéria, ou, então, de sua Operosidade Cognitiva não subordinável à Função Cerebral?

Penso que sim; e, este será, pois, o objetivo precípuo desta parte relatando o que pude experienciar e constatar em mim mesmo, o que, aliás, seria e, é, pois, suscetível de o ser repetido, experienciado, e, portanto, confirmado por todo indivíduo que, com humildade, gostaria e quer aprender mais: de Si mesmo e da natureza essencial de todas as coisas.

Ora, nem tudo o que se passa no mundo cerebral é coisa estritamente fisiológica: o Abstrato, o Cogitar e Consciencial de nós mesmos, bem como deste mundo de coisas de nossa Emotividade, de seus aspectos axiológicos, afetivos e morais, tais, por si sós, já constituem provas inequívocas de tal espiritualidade no Homem, dotada que está de conceitos éticos, de vetores psicológicos e parapsicológicos que provaram e provam sua capacidade de transcender o espaço, de superar o tempo, demonstrando-se assim, sua grandeza de tipo não-físico, e, por conseguinte, imortal, sobrepujando a tudo e resistindo aos despojos da corporalidade.

E, portanto, de nós mesmos, e, independente de pesquisas científicas que confirmaram e confirmam tal condição psíquica imorredoura, é possível sim constatarmos nossa condição de transcendência, se bastante inteligentes, honestos e corajosos o formos para tal.

Ora, vultosa soma de tudo quanto realizamos em nossa esfera psicofísica consta do conúbio Espírito-Matéria.

Ou seja: do Ser pensante e do órgão cerebral que, juntos comandam as mais diversas regiões do complexo orgânico. Isto porque aqui estamos para o desempenho de um mapa de serviços que nos escapa de momento, mas que, em suma, se resumem nas necessárias provas e expiações contidas nas engrenagens da vida, e que são, por assim dizer: exigíveis por este incognoscível campo palingenésico de nós mesmos.

E daí nossa conexão e tão-pronta identificação psíquica com o instrumental biofisiológico de nossa existência no Mundo visando conquistarem-se novos patamares conscienciais e morais.

Por tal palingenesia, portanto, estamos tão bem familiarizados com a vida no Mundo, regendo-a ao nosso bel prazer: estudando, correndo, trabalhando, nos divertindo, nos aprazerando, e, ao mesmo tempo, nos emocionando, sofrendo, chorando, e, tudo isto, em função deste perfeito entrosamento do Espírito e da Matéria, consórcio do Transcendente com o Transitório, do Imortal com o Passageiro, do Espiritual com o Material. E tão pouco tempo dispomos para as coisas da Alma, do Espírito imortal, displicentes e relaxados tão imenso o somos.

Meses atrás, já no findar do dia de trabalho, em trajeto corriqueiro da cidade para o bairro de minha moradia, deliberei passar por uma pista dupla da rodovia que corta a região; e fazia o trajeto algo tranqüilo em meu veículo de duas rodas na pista em que se verificava pouco trânsito, quando então admirava a paisagem dos campos e das árvores espalhadas pelos enormes espaços físicos laterais. De súbito ocorrera-me num jato, tal qual relâmpago conceitual verificado em minha mente calejada, uma visualização clara e precisa de tudo quanto ainda restava por fazer naquele dia que se findava morosamente.

Ou seja: alcançar minha casa com o referido veículo; protegê-lo devidamente na garagem; sair a pé para visitar um cliente próximo a minha moradia; retornar para as atividades corriqueiras do lar e, mais adequadamente, me preparar para os trabalhos que desempenho na coordenação sistemática de estudos doutrinários.

Mas tudo, como já dito, se verificara tal como um relâmpago conceitual, e, portanto, como síntese, como norma do pensamento puro, algo que nos transcende, que é notadamente espiritual.

Tanto é que, logo após referido fenômeno, a que se pode designar: (1) Estado Conceitual Extra-Tempo (ECE-T), isto é: exterior a mim mesmo - fisicamente falando - é que pude, então, retornar ao  Nível Cerebral, no que entendo como: (2) Estado Conceitual do Tempo-Cotidiano (ECT-C).

Neste segundo estágio, pois, do Tempo-Cotidiano e habitual (2), é que pude trabalhar, detalhadamente, o que eu iria fazer quando chegasse em casa, me utilizando, pois, nesta segunda etapa, dos conceitos operacionais relativos ao instrumental de minha disposição física, ou seja: Espirítico-Cerebral: do pensamento aplicado às estruturas físicas de tais, onde se encontram os mecanismos secundários da racionalidade, da memória, das sensações, em suma, do meu contato com o mundo cerebral, biológico ou biofisiológico. Noutros termos, tudo poderia assim resumir-se:

Paradigma Fenomênico do Cognoscivel Humano:

-1: (ECE-T): Plano Notadamente Espiritual: que se pode denominar: Plano Mental Super-Consciente;

-2: (ECT-C): Plano Resultante da Conexão Espírito-Matéria: Plano Mental Consciente.

Que, numa forma gráfica se explicitaria:

                1 = [(PENSAMENTO PURO)]
                                \                /
                                  \            /
                                    \        /          
                                        / \
                                       /   \
          2 = [(PENSAMENTO NO CÉREBRO)]
                                       \   /
                                        \ /

Havendo, pois, uma radical e tremenda diferença entre tais; ou seja, entre:

-O Pensamento Puro do Espírito (1): que, operando nas esferas amplas da espiritualidade, entretanto, se nos revela como síntese conceitual; e,

-O Pensamento do Espírito no Cérebro (2): que operando nas esferas restringidas do cérebro se torna análise.

E, mais ainda: temos uma radical e tremenda diferença entre o:

-Cognoscível do Espírito: extremamente rápido, tal qual relâmpago e síntese conceitual (1); e o:

-Cognoscível Humano: este que, por sua vez, é moroso e fatigante em função do cérebro físico, e conquanto seu psiquismo resulte do Ser principal, sua junção com a massa encefálica e demais órgãos somáticos, lhe obstam o essencial transcendente de Si mesmo (2).

Recordando, ainda, que tal “Paradigma Fenomênico” inclui ainda o Sub-Consciente, que se relaciona com o tempo passado (3), e que poderia denominar-se Estágio Conceitual do Tempo Transcorrido (ECT-T):

-3: (ECT-T): Arquivo de Experiências Pretéritas: Sub-Consciente.

Que, como se sabe, tais Estágios Conceituais não atuam na forma de compartimentos estanques, isolados um do outro; há, ali, intercomunicação, tanto no lado material, ou fisiológico, como no lado espiritual, abrangendo o psiquismo de profundidade que, “oculto” no Sub-Consciente, é suscetível de aflorar-se no Consciente por meio de impulsos, emoções e sentimentos outros, enobrecidos ou não.

Mas retornemos ao tema inicial, da distinção do Espírito no Cérebro.

Doutra feita, numa tarde de descontração em minha humilde moradia, e, contemplando minha biblioteca, tive o impulso natural de tocar com os dedos da minha mão direita, o importante tratado de “Espiritismo Experimental”, também denominado “O Livro dos Médiuns” (AK – 1861). Ao meu brevíssimo toque, num fenômeno psíquico de cognição espiritual instantânea, estive a visualizar, de relance - página por página, capítulo por capítulo - a referida obra em sua inteireza científica, metódica e pedagógica.

Fora uma releitura – (reVisão) - da obra aos meus olhos psíquicos e espirituais. Mas tudo, mais uma vez, se verificara muito rápido, não sendo possível uma melhor análise do fenômeno que se patenteava, nitidamente, do exterior (1) para o interior (2), do Abstrato para o Físico, ou melhor: do Espírito para a Matéria constituinte dos diversos departamentos cerebrais.

Do que depreendo, com certeza absoluta, que o Ser Humano se compõe, tal qual fora proposto pelo Espiritismo, de: Espírito, Perispírito e Corpo físico dotado de transitório cérebro animal.

Onde o Espírito, pois, pensa e age por Si mesmo; e, pensa e age, também, e, concomitantemente, com o seu respectivo instrumento físico-corporal dotado de Cérebro, cerebelo e bulbo; de medula espinhal e nervos periféricos constituintes do complexo sistema de controle e processamento integrado de informações, atuações e sensações no campo de nossa transitória, mas tão necessária existencialidade no Mundo, visando, certamente, alguma forma de espiritualização em nós mesmos, na cíclica trajetória palingenésica da evolução.

Daí o velho e sábio adágio:

“HOMEM: CONHECE-TE A TI MESMO”.

Pressupondo que: Além do conhecimento que se faz ao exterior das coisas, urge a necessidade de que o façamos ao interior de nós mesmos, do nosso Mundo Pessoal, dotado que está, pois, de capacidades cognitivas, éticas, espirituais, não produzíveis, mas sim, e, tão-só: reproduzíveis pelo Cérebro, este que não passa, pois, de instrumento secundário, conquanto imprescindível, de nossa existencialidade no Mundo.

Ora, cogitar-se que o Cérebro pensa é tomar o efeito pela causa; é pensar pela Matéria que não pensa, atributo este do Espírito Imortal.

Parte 3

POTÊNCIAS INTEGRADAS DO SER

Para o Espiritismo, como Doutrina dos Espíritos Superiores: o Espírito se definiria como um foco de inteligência que, em planos espirituais mais elevados, suas faculdades comporiam um Todo Anímico, um Atributo da Alma, cujas potências e faculdades outras do Ser, atuariam tal como Unidade Integrada, não sujeita a órgãos específicos tal como se verifica na fisicalidade biológica do corpo humano.

O que, para nós, Seres reencarnados em corpos biológicos específicos da espécie, tornam-se coisas de não fácil compreensão, pois o Espírito em nós, por exemplo, tem os olhos como condutos próprios para enxergar, os ouvidos para ouvir, e etc., etc., enquanto que o Espírito livre da matéria tem a faculdade de perceber as coisas, de entender, ver e ouvir, por todo o seu Ser, e, ao mesmo tempo, pensar, raciocinar, sentir e agir, de modo igual, ou seja: como Atributo Anímico Unificado na Sua Pessoa, sua Total Integralidade, onde e quando suas tantas potências parecem estar em todo o seu Ser de modo Uno, conquanto Plural em suas faculdades.

Pietro Ubaldi faz alusão a algo muito interessante.

Em uma de suas grandes mensagens, o Espírito a que denominava “Sua Voz” o adverte no sentido de que não deverias procurar individuá-lo, porque não poderia; ninguém o poderia; e pedia, pois, para que ele (Ubaldi) não tentasse uma “inútil hipótese”, alegando, apenas, referido Espírito, aliás, muito elevado: Ser “sempre o Mesmo”; aquele Mesmo, portanto, de sua divina peregrinação. Aludem, alguns, que seria, pois, o próprio Cristo, ou, uma Entidade de elevação espiritual muito próxima de Jesus.

“Sua Voz”, portanto, em sua celeste condição de Espírito Puro, passava-lhe a impressão de constituir um Foco de Inteligência não identificável por nossa tacanha evolução psíquica, tamanha sua progressão na Espiritualidade Maior, sendo ela, pois, em síntese: espiritual e moral. Sendo que, em tal caso, pois, importaria, sim, Sua Magnânima Presença de Luz e não sua presença física, ou perispirítica, que talvez criasse, ou densificasse, para comunicar-se, mentalmente, com o referido intuitivo Pietro Ubaldi: um dos mais potentes médiuns do Século 20 que se findara.

Óbvio que tal condição nos parece ser atributos de Espíritos muito além do que possamos imaginar em termos de elevação espiritual, o que não se verifica, pois, com Seres vulgares, Homens desencarnados de craveira comum: nem santos, nem sábios, mas simplesmente Homens que, no Mundo Espiritual, ainda se utilizam de órgãos perispiríticos muito densos e que pouco se diferenciam da organização biológica que abandonaram por desencarnação.

O que significa dizer que o Espírito de baixos planos, em evoluindo, vai também sublimando sua roupagem exterior (perispirítica) e ganhando potências em Si, ou seja, no seu Estrutural Psíquico Individualizado.

Assim, a impressão que se tem é de que somos um Enigma Pensante de problemática definição, por nos situarmos aos antípodas do Espírito e, mais ainda, corporificados por densa túnica material. Se Somos o que Somos, ou, se Sou o que Sou, e, se me apercebo como Existente e sem possível fuga de minha Realidade Anímica, entretanto, não sei o que Sou, ou, do que Sou feito e constituído, conquanto me aperceba intimamente com todos os meus atributos, virtudes e defeitos, estes últimos, os quais, devo me livrar ganhando em qualidade, potência, evolução.

Em meu íntimo, portanto, e, entretanto, manifesta-se a ideia concreta de que somos, de fato, uma Potência Vibrátil e Dinâmica que, numa comparação imprecisa, se definiria tal como uma lanterna (luz) alimentada por algum dispositivo químico (uma bateria), quando então emite, por referida condição: foco de irradiante e mui bem definida luz.

Com a diferença de que nossa Inteligência e Moralidade, na forma de Luz, de pensamento contínuo e demais potências de sua condição anímica, arroja-se de nós mesmos alimentados que estamos, permanentemente, por algum “dispositivo” universal, do qual dependemos, conquanto livres em nossas ações, entretanto, responsáveis diretos pelas mesmas.

Assim, pois, se buscarmos a gênese do Espírito, como Ser Pensante e Individualizado, ver-se-á que o mesmo fora originado de uma Substância Inteligente a que se designa Espírito, ou então, se o quisermos: Princípio Inteligente do Universo. Mas como tal Substância, ou Espírito, não é fácil de ser analisado e interpretado pela pobreza dos nossos conceitos, bem como pela insuficiência de nossa linguagem, pode-se dizer que o mesmo (Espírito) guarda alguma sinonímia com um “plasma inteligente” que, por sua vez, se origina da Inteligência Universal.

Encerrando esta parte por aqui, quero acreditar que a próxima nos conduzirá a novas e mais abrangentes ideias deste Ser denominado Espírito, sobretudo, em seu aspecto dinâmico, quero dizer, das correntes contínuas de sua estrutura imortal.

Parte 4

ESTUDOS DA CORRENTE MENTAL

Assim, já encerrando:

1-Qual seria, afinal, a mecânica do Espírito no tocante ao ato do pensar, do arrojar-se de Si mesmo, continuamente, referida energia mental?

2-De que modo se dá referida faculdade no Homem e, portanto, de tal mecânica funcional nos demais Seres e demais espécies da natureza terrena que é tão somente parte ínfima da natureza universal?

Ora, se o Espírito humano despende de Si mesmo, incessantemente, tal energia do pensamento:

3-Donde ele retira tanta força e tanta energia para um trabalho contínuo de sua Mente que, incansavelmente pensa, opera, reflete, ordena, compreende, estuda, numa dinâmica que, sem dúvida, deixa-nos atônitos perante tal problemática psíquica?

Ou seja:

4-Donde o Espírito humano retira tamanha força e tão inesgotável energia para o tão desgastante trabalho de sua Mente que, afinal parece não desgastar-se, apesar dos desgastes da máquina cerebral?

5-Seria então a nossa Mente, de fato, consubstanciada por algo que nos escapa ao entendimento, e que, portanto, seria ela não de feitura exclusivamente cerebral, mas sim, Espiritual?

Todavia,

6-Mesmo sendo de ordem Espiritual, não seria um contra-senso cogitar de algo que: incessantemente trabalha em nós mesmos de forma tão intensa, tão brilhante, despendendo, a todo instante, todo segundo, minuto, hora, dia, noite, enfim, em toda a nossa vida, sua energia mental, intelectual e moral para o desempenho dessa dinâmica operacional?

São assuntos que demandam tempo, estudos aprofundados da temática, mas também boa dose de intuição, de inspiração de amigos da Espiritualidade, haja vista não se ter no Mundo terreno, algo que explicite de forma clara e precisa o modo funcional do pensamento contínuo do Homem e, já por aí, pois, nossas dificuldades.

O que expressa, igualmente, a problemática contida em planos mais baixos da Natureza, dos nossos irmãos ditos “irracionais”, pois que sua estrutura psíquica, do inconsciencial ao consciencial, parece transbordar de si toda a sua emotividade, infinitamente maior que sua inteligência, apenas e tão só fragmentária, como raios descontínuos de sua cogniscidade, onde a emoção se sobrepõe à razão, sendo esta, pois, iniciante no processo gigantesco de sua progressividade psíquica e moral.  

Entretanto, sabemos que tudo vem de Deus, está em Deus e n’Ele permanece sob Seu influxo, ou seja, sob Sua Incessante Influência, Sua Ideia, Sua Atuação.

Na Jurisdição Divina mesma, portanto: em Deus existimos e em Deus nos movemos: já dizia um grande pensador aos tempos do cristianismo nascente. O que significa dizer noutros termos, e, quiçá, de modo resumido, que: como criaturas pensantes, axiológicas e morais - e, conquanto não saibamos quando e por que fomos criados, e o que realmente somos em nossa íntima composição psíquica – que, simplesmente:

Somos o que Somos!

Criaturas de pensamento ágil, leve e solto, incansável em sua mecânica mesma, pois somos o que somos: Espíritos derivados de uma substância divina desconhecida de nós todos, e que, por falta de termos mais adequados, dizemos que somos substância individualizada de outra substância amorfa, composta, estranhamente, de algum caráter cognitivo, e, por isto, somos Espíritos de pensamento dinâmico, que não se desgasta, não se cansa, em sua forma natural de Ser e de viver, de pensar e de trabalhar, com vistas a um futuro que se desconhece, mas que se crê, seja melhor que o presente de tão inglórias lutas, dores, fadigas, decepções.

Mas, acima de tudo, somos Criaturas pensantes, conquanto ignoremos, por agora, a mecânica do nosso Eu, do nosso pensar, que, nada obstante, deriva de Sua Existência, do Seu Pensar, de Sua Transcendência, que, ainda assim, permanecera Imanente no Espírito-filho, razão de ser de Sua Existência que, Amorosamente nos guia, e cuja influência há que se dar por toda a nossa vida, nossa perene imortalidade.

Assim, pois, se existimos como “eu sou menor”, só o “somos” em função do “Eu Sou Maior”, que É a razão do nosso Ser, do nosso existir, nosso incessante cogitar.

Entretanto, diga-se que as idéias presentemente elaboradas não são apenas e tão só do presente autor, mas decorrem de textos e afirmativas de um Espírito abalizado, de nome: André Luiz, e por que não de: Emmanuel que no-lo apresenta como esclarecido irmão, repórter, intérprete e médium de altas esferas espirituais.

Segundo André Luiz, nos aspectos genéticos de tudo:

“O fluido cósmico é o plasma divino, hausto do Criador ou força nervosa do Todo-Sábio. Nesse elemento primordial, vibram e vivem constelações e sóis, mundos e Seres, como peixes no oceano”. (Vide: “Evolução Em Dois Mundos” - André Luiz – 1958 - Feb).

E continua o sábio instrutor:

“Nessa substância original, ao influxo do próprio Senhor Supremo...”. (Opus Cit.).

Mas paremos, já por aí, para algumas reflexões, e notemos que, em dita “Substância Original”, que é também tratada pelo referido instrutor como “Hálito Espiritual”, já se constata que tudo está ao “Influxo” d’Ele, do Senhor Supremo, Pai e Criador.

Ou seja: tudo está ao Seu controle, à Sua divina influenciação, estímulo, conquanto nossa liberdade de filhos, Seres espirituais; tudo, pois, se encontra ou se acha submetido a tal “Influxo”, sem o qual, presume-se, nada poderia existir ou funcionar, e, por conseqüência, se pode dizer, pelo menos em tese:

“Que o Espírito, ou seja, todos nós Seres pensantes, só funcionamos, mentalmente, em função de algo que nos precede, que funciona d’antes que nós, quiçá, eternamente, fundamentalmente”. (frp).

Ou seja, em função do que André Luiz preconiza como:

“Hálito Espiritual, ou Energia Cognitiva Primordial, onde vibramos e vivemos como peixes no oceano imensurável de tal Substância, que dimanaria do próprio Criador”.

Quero crer, pois, que só por ela somos o que somos; só por ela agimos, operamos e trabalhamos de modo natural e espontâneo, e, mais especificamente, ainda, com a naturalíssima mecânica do pensamento contínuo e dinâmico de nós mesmos: Seres espirituais.

Entretanto, definamos melhor tal linha de raciocínio e entendimento:

-“Hálito Espiritual”, ou “Energia Mental”,

Que dimana de Deus na forma de:

-“Pensamento Concreto do Criador”,

Este último, pois, seria aquele mesmo “Hálito Espiritual” transformado em: ‘Algo Concreto’, tal como muito bem define o citado “Evolução Em Dois Mundos”, assim como passagens outras de um seu complemento monumental do mesmo autor: “Mecanismos da Mediunidade” (André Luiz – 1959 - Feb).

Portanto, as considerações de André Luiz fazem supor que a coisa seja, realmente, algo parecido ao que já se está vislumbrando por agora. Todavia, há mais, há que haver muito mais, pois o Espiritismo é ‘Ciência do Infinito’ e o Infinito já se pronuncia e se visualiza, mentalmente, de nossos Espíritos, de nossa sede de sabedoria, sintetizando conhecimento e virtude, cérebro e coração, onde, e quando, o Amor não se ausenta do Saber, pois que juntos compõem e dão base à complexa constelação de nossas Almas, nossa Centelha espiritual.

Assim, vejamos algo mais ainda do nosso funcionamento mental, onde arrojamos dita energia continuamente de nós mesmos, constituindo o que André Luiz denomina ‘corrente mental’, que, por sua vez, constitui a matéria mental. Naquele outro seu importante trabalho, o esclarecido autor alega que:

“... toda partícula da corrente mental, nascida das emoções e desejos recônditos do Espírito, através dos fenômenos íntimos e profundos da Consciência, cuja estrutura ainda não se consegue abordar, se desloca, produzindo irradiações eletromagnéticas, cuja freqüência varia conforme os estados mentais do emissor, qual acontece na chama, cujos fótons arremessados em todas as direções são constituídos por grânulos de força cujo poder se revela mais, ou menos intenso, segundo a freqüência da onda em que se expressam”. (“Mecanismos da Mediunidade” - Feb);

Daqui se podem extrair conclusões interessantíssimas, como por exemplo, de que:

A mecânica do pensamento contínuo no Homem, ou, fundamentalmente, no Espírito, tão só se arroja de Si pela existência de alguma fonte, algo inesgotável da criação, e aqui, suponho, em tese, que tal se qualifique como sendo o referido: “Hálito Espiritual Divino”.

Sobre tal “Hálito”, atua o Espírito (bem como nós: Espíritos humanos) como um Modulador de tal “Energia”, modulando e gerenciando referido campo espiritual ao seu bel prazer, mas respondendo, todavia, pelo que resulte de sua co-criação, pois Criador só há um, reservando ao Espírito-filho o papel secundário de co-Criador, pois que este viera d’Aquele, o Pai e Soberano Criador.

Ora, já refletimos a possibilidade de que:

Só funcionamos mentalmente - e, portanto, nos fazemos funcionar, agir e trabalhar com a mecânica do pensamento contínuo de nós mesmos - em razão da existência de algo que nos precede basicamente: o “Hálito Espiritual” ou Energia Cognitiva Primordial onde vibramos e vivemos na Imensurabilidade de tal substância, emanada do próprio Criador.

E sua comparação está em André Luiz mesmo quando alude, logo acima:

“Qual acontece na chama”;

Ora, a chama depende de uma fonte, e, para tanto, imaginemos a chama que decorre de um punhado de madeira (fonte), e, por extensão, e comparação com o Espírito, imaginemo-lo, com o seu pensamento irradiando continuamente de Si mesmo, onde tal, pois, depende de um elemento primordial (fonte), sendo que, no caso em questão, tal elemento e tal fonte seria o “Hálito Espiritual Divino”, fonte básica do pensamento de nós mesmos que se arroja pelos espaços celestes da criação, ou do “Pensamento Concreto do Criador”.

Mas vejamos, da própria obra inspiradora do presente e.Book, como André Luiz trata do assunto; segundo ele, o fluxo energético do pensamento contínuo:

“Nasce das profundezas da mente, em circunstâncias por agora inacessíveis ao nosso conhecimento, porque, em verdade, a criatura, pensando, cria sobre a Criação ou Pensamento Concreto do Criador”. (“Mecanismos”).

Ora, nada “nasce” do nada, pois que o nada, nada pode produzir. Algo, ou, alguma coisa, para o nascer, só irá concretizar-se secundariamente, ou seja, em função de algo, primeiramente, existente. Com efeito: donde nasce o cafeeiro senão da semente do café; donde nasce a mangueira senão da semente da manga; donde nasce o Espírito senão de uma substância espiritual primeira; e donde nasce tal substância senão de Deus: o Criador.

Mas reflitamos um tanto mais e imaginemos o brotar ou o nascimento das águas doces minando de alguma fonte terrena; tais águas só nascem de um manancial pré-existente situado ao fundo das superfícies e rochas terrenas.

E, portanto, se o pensamento do Espírito nasce das profundezas da mente - do seu coração - ele não nasce do nada, mas de algo existente e real, o que se pode tipificar como “Hálito Mental Divino”, de que o Espírito se utiliza para reproduzir, gerenciar e administrar tal “Hálito” com suas expressões mesmas, qual o conhecemos na forma de pensamento contínuo que se arroja do Ser e se expande para além de sua finita condição.

E, então, temos o que se pode consignar como:

Gráfico da Produção Mental do Espírito

Aqui representado ao centro do mesmo como: (-esp-, ou seja: Espírito) que atua como modulador ou gerenciador do referido “Hálito Mental”, passando-lhe ou transmitindo-lhe o caráter mesmo de sua maneira de Ser e de viver: culta ou inculta, criminosa ou enobrecida, assombreada ou espiritualizada, esteja ele reencarnado ou livre nos imensos espaços siderais:

                                          ^ ^
                                           |  |
                             pensamento contínuo
                                           //\\
                                         //     \\
             hálito mental    // esp. \\   hálito mental
                            ---- >    \\        //    < ----
                              ---- >   \\-----//   < ----
                                    hálito mental
                                           ^ ^
                                            |  |

Onde o pensamento contínuo, pois, não nasce do nada, mas sim, de uma imensurável energia cognitiva, ou, hálito primordial que dimana da fonte inesgotável do próprio Criador.

Alguns perquirirão:

-Como se dá o funcionamento mais íntimo de tal questão em nós mesmos?

-Como trabalhamos tão bem essa questão do refletir, do cogitar e do pensar continuamente, sendo que tais se nos parecem tão familiar, tão natural e tão óbvio de nossa intimidade espiritual mesma?

-Aliás, tão natural e tão óbvio como se nem atinássemos ou percebêssemos sua atuação em nós, que, inobstante, se dá, o que indica, pois, nossa ignorância de coisas tão próximas e tão inerentes a nós mesmos, pois se verifica em nossa intimidade anímica e não sabemos como tal se verifica tamanha sua espontaneidade, tal como se a Potência Divina nos “constrangesse”, de modo naturalíssimo, “ser assim e não assado”, e que, afinal, somos os seus autores sem sê-lo por tratar-se de algo independente de mim, de você, e onde, afinal, parecemos cegos e ignorantes do trabalho cognitivo de nós mesmos, do seu “modus operandis”, sua atuação.

Isto nos dá a medida exata dos nossos conhecimentos, que nem a nós próprios conhecemos. Ou seja: não sabemos o que somos e tampouco como funcionamos continuamente, e tem gente por aí achando que sabe tudo quando nem de Si próprios sabem, pois que tudo ignora: de Si, de Outrem e de Tudo o mais.

Noutros termos, humildemente, declaramos:

Eu sei, mas não sei!

Ou, então, diríamos, que:

Sei, ignorando o que sei?

Por isto quero crer que: quando retornarmos à nossa simplicidade e interioridade espiritual: saberemos; mas enquanto permanecermos na arrogância e na enganosa exterioridade das coisas: não saberemos.

Ora, compreendamos:

Ser é mais que ter!

Ou, doutro modo, ainda:

O interior é mais importante que o exterior!

Mas um outro detalhe ainda não nos deve passar despercebido. Notem naquela sua lição que o autor André Luiz nos fala de uma espécie de corrente mental e a cita diversas vezes em seu valoroso opúsculo, sendo que o Espírito pode ser imaginado:

“Como sendo um dínamo gerador, indutor, transformador e coletor, ao mesmo tempo, com capacidade de assimilar correntes contínuas de forças e exteriorizá-las simultaneamente”. (“Mecanismos”).

E vejam mais esta:

“Imaginemos a Mente humana no lugar da chama em atividade. Assim como a intensidade de influência da chama diminui com a distância do núcleo de energias em combustão, demonstrando fração cada vez menor, sem nunca atingir a zero, a corrente mental se espraia, segundo o mesmo princípio, não obstante a diferença de condições”. (“Mecanismos” - Feb).

Ora, se considerar-se o Espírito como sendo um dínamo gerador da corrente mental, pergunta-se:

-‘De onde’ ou ‘do que’, substancialmente, o Espírito produz dita corrente mental?

-E mais: ‘corrente’ subentendem-se elos da mesma, de suas ligações recíprocas, e, questiona-se, por isto, onde se inicia tais elos?

Ora, se o Espírito se assemelha a um dínamo gerador, ele não gera do nada, mas sim, de alguma coisa que lhe preceda na ordem natural das coisas, e, portanto, ainda aqui, creio que ele gera do referido “Hálito Espiritual” divino: local onde se inicia os elos primeiros da referida corrente mental que se espraia universalmente.

Mas, por outro lado: ‘corrente’ é algo que está em curso, fazendo um determinado movimento e, no caso em questão, um mover-se de um lugar para outro, ou seja, do Espírito para fora, para além de Si mesmo, irradiando e arrojando de uma fonte primária, e, não sendo o Espírito tal fonte primária, ele não passaria de um Ponto deveras importante da cadeia, mas não o próprio Manancial, ou seja: o referido “Hálito Divino”.

Tal Ponto secundário, pois, trata-se do Espírito, de seus mecanismos imponderáveis, sua natureza mesma, e que parecem funcionar de modo discreto, silente e incansável em sua vigência mesma, e que, por ora, principiamos cogitar e mais, fundamentalmente, conhecer.

Por outro lado, não estou sozinho em minhas ideias e perspectivas quando André Luiz informa que o Espírito está dotado do que ele mesmo preconiza como:

“Capacidade de assimilar correntes contínuas de forças e de exteriorizá-las simultaneamente”.
(André Luiz).

Significando dizer, portanto, que a mecânica do pensar e do cogitar incessante do Espírito reencarnado, ou livre pelos espaços metafísicos, se dê, pelo menos em tese, nos moldes das idéias aqui propostas e do gráfico simplificado supra, razões de ser do presente escrito em e.Book.

Escrito que por ora encerro para um dia prosseguir, quando de maior e mais ampla perspectiva conceitual; e, sobretudo, espiritual.

Ora, recordemos ainda esse “cara” que é, para nós, um dos maiores e mais notáveis sábios da lavra xavieriana, prefaciado por Emmanuel, inferindo que:

“... O pensamento, força viva e atuante, cuja velocidade supera a (velocidade) da luz”. (Vide: “Ação e Reação” – André Luiz – Feb)...

O que, pois, nos obriga, um dia, a prosseguir os estudos aqui disponibilizados, pois que, sem dúvida, são falhos e incompletos em face dos tantos enigmas e complexidades do Espírito que, por ora, principiamos conhecer.

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Autor: Fernando Rosemberg Patrocinio
Fundador de Núcleo Espírita Cristão; Articulista; Coordenador de Estudos Doutrinários; Palestrante e Escritor com dezenas de e.Books gratuitos instalados em seu blog abaixo transcrito.

BIBLIOGRAFIA

-“Obra Completa de Allan Kardec”: Diversas Editoras;
-“Obra Completa de Pietro Ubaldi”: Fundapu;
-“Obra Completa de Chico Xavier”: Diversas Editoras; Internet, sendo de destaque no presente e.Book:
-“Evolução Em Dois Mundos”: André Luiz - Feb;
-“Mecanismos da Mediunidade”: André Luiz – Feb;
-“Ação e Reação”: André Luiz – Feb;
-“Emmanuel”: Emmanuel – Feb;
-“A Evolução Anímica” – Gabriel Delanne – Feb;
-“A Reencarnação” – Gabriel Delanne – Feb;
-“Bíblia Sagrada”: Versões Católica e Pentecostal.

Relação dos e.Books de:
Fernando Rosemberg Patrocínio

01-Ciência Espírita: Tese Informal;
02-Espiritismo e Progressividade;
03-Espiritismo e Matemática;
04-Mecanismo Ontogenético;
05-Espaço-Tempo: Física Transcendental;
06-Corrente Mental;
07-Pietro Ubaldi e Chico Xavier;
08-Filosofia da Verdade;
09-Axiologia do Evangelho;
10-Espiritismo e Evolucionismo;
11-Fatos e Objeções;
12-O Médium de Deus;
13-A Grande Síntese e Mecanismo;
14-Evangelho da Ciência;
15-Codificação Espírita: Reformulação;
16-Kardecismo e Espiritismo;
17-Geometria e Álgebra Palingenésicas (web artigos);
18-Maiêutica do Século XXI;
19-Espiritismo: Fundamentações;
20-Ciência de Tudo: Big-Bang;
21-Evolução: Jornadas do Espírito;
22-O Homem Integral (Reflexões);
23-Espiritismo e Filosofia;
24-André Luiz e Sua-Voz;
25-O Livro dos Espíritos: Queda Espiritual;
26-Evidências do Espírito;
27-Construção Bio-Transmutável;
28-Mediunidade Genial (web-artigos);
29-Conhecimento e Espiritismo;
30-O Paradigma Absoluto; 
31-O Fenômeno Existencial;
32-Chico-Kardec: Franca Teorização;
33-O Maior dos Brasileiros;
34-Espiritismo: Síntese Filosófica;
35-O Livro dos Espíritos: Simples e Complexo;
36-O Livro dos Espíritos: Níveis Filosóficos;
37-Temas da Verdade Espírita;
38-Geometria Cósmica do Espiritismo;
39-Matemática da Reencarnação;
40-Kardec, Roustaing e Pietro Ubaldi; e:
41-Espiritismo e Livre Pensamento;
42-Síntese Embriológica do Homem;
43-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Primeira;
44-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Segunda;
45-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Terceira;
46-Consenso Universal: Tríplice Aspecto;
47-Método Pedagógico dos Evangelhos;
48-Cristo: de Roustaing a Pietro Ubaldi;
49-Estratégias da Revelação Espírita;
50-Trilogia Codificada e Rustenismo;
51-Cosmogênese do Terceiro Milênio;
52-Tertúlias Multidimensionais;
53-Cristianismo: Teologia Cíclica;
54-Análise de Temas Codificados;
55-Deus: Espírito e Matéria;
56-Razões e Funções da Dor;
57-Emmanuel: Insigne Revelador;
58-A Queda dos Anjos;
59-Homem: Vença-te a Ti Mesmo;
60-Evangelho: Evolução Salvífica;
61-O Espírito da Verdade;
62-Balizas do Terceiro Milênio;
63-Sentimento: Molde Vibrátil de Ideias;
64-Ciência do Século XX;
65-A Revolução Ética.
(Tais e.Books foram produzidos de 2010 a 2018).
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