domingo, 19 de maio de 2019

ESPIRITISMO E PROGRESSIVIDADE (2o. e.Book)


Fernando Rosemberg Patrocinio

(2º. e.Book)

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ESPIRITISMO
e
PROGRESSIVIDADE

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Introdução

Capítulo 1: ASPECTOS SUTIS DA MEDIUNIDADE

Capítulo 2: ATENTANDO MAIS AOS CONCEITOS

Capítulo 3: SÉCULO 20 APRIMORA SÉCULO 19

Capítulo 4: UBALDISMO EXPANDE ESPIRITISMO

Capítulo 5: PANTEISMO, ESPIRITISMO, MONISMO

Capítulo 6: AMPLIANDO FACETAS FILOSÓFICAS

Capítulo 7: A UNIVERSALIDADE DO MONISMO

Capítulo 8: O MONISMO NA OBRA XAVIERIANA

Bibliografia

Relação Nossos e.Books

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Introdução

Este autor - um aprendiz como você: leitor - estará buscando a Unidade, conquanto a Multiplicidade de pensamentos aqui contidos, que, em sua complexidade são, para alguns, não conciliáveis, envolvendo as Doutrinas do Espiritismo de Allan Kardec, do Monismo de Pietro Ubaldi e do Humanismo da obra de Francisco Cândido Xavier.

Óbvio que o misoneísmo de alguns, olhando-se por ângulos ortodoxos, e, em nome de uma pretensa pureza doutrinária, dirá que tais se destoam em termos filosóficos e doutrinários; o que é respeitável, mas pouco compreensível, pois que, afinal, se olharmos melhor, e, portanto, com olhos da maturidade, veremos que não há qualquer distância dentre tais, pois que se completam mutuamente em seus saberes que avançam e explicitam mais.

Ora, o Espiritismo, com Kardec, conseguira a proeza impar de conciliar três aspectos culturais um tanto distintos como Ciência, Filosofia e Religião e criar, nesta triplicidade, a unidade do mesmo que, ao demais, também se autodenomina: Doutrina Espírita. Sendo que dita Doutrina, ao demais, alberga multiplicidade, pois, o Espiritismo e a Ciência (oficial) se completam de modo mútuo explicitando unidade cultural sem precedentes, desfazendo dúvidas e contradições da historicidade humana.

Todavia, seu aspecto prioritário é o Altruísmo.

Ora, sua obra central, e centralizadora das virtudes cristãs, ministra, primeiramente, o “AMAI-VOS”; e, só depois, ou seja – secundariamente - aparece-nos o “instruí-vos”. (Vide: “O Evangelho Segundo o Espiritismo” – Allan Kardec – 1864); logo temos:

“Espíritas: AMAI-VOS, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo”. (Opus Cit.)

E, assim, nos amando e nos instruindo mutuamente, venho até ti, meu caro leitor, apresentar-lhe as bases daquilo que Allan Kardec desejava explicitamente: ‘O Espiritismo Completo’. Que, pelo menos em tese, esta hoje plenamente consolidado pela obra Codificada em conexão (=c=) com o Monismo da obra ubaldiana, cuja fórmula se equacionaria de modo bastante simples:

[(Espiritismo)=c=(Monismo)(=)(Espiritismo Completo)]

Que, doutro modo, também poderíamos classificar como ‘Espiritismo Integral’, que se nos mostra, em termos doutrinários, filosóficos e matemáticos, pela junção das obras de Kardec, do Século 19, com as de Ubaldi, somando-se, ainda, as de Francisco Cândido Xavier, estas últimas do Século 20.

Assim, para finalizar dita introdução, devemos lembrar que o Espiritismo, como Doutrina dos Espíritos Superiores, estivera acatando a evolução palingenésica a partir do átomo até ao arcanjo, e, muito seguramente, algo mais ainda, ou seja, em tempo anterior ao átomo, quando Kardec, algo discordante de tal, preferira acatar o Espírito desconsiderando - e, não procurando, pois, suas origens - tomando-o, definitivamente, a partir de sua entrada ao plano das Humanidades. (Vide: e.Book deste autor: “KARDECISMO E ESPIRITISMO”).

Logo, o Espiritismo, como Doutrina dos Espíritos Superiores é bem mais vasto, mais profundo que a opinião, por vezes equivocada, de Allan Kardec, conquanto tenha ele seus méritos, e, sobretudo, de ter sido chamado para ser um dos grandes organizadores da Doutrina sob a inspiração do Mestre Jesus representado pela equipe espiritual do ‘Espírito da Verdade’ que, com certeza, pois, lhe inspirava, bem como lhe corrigia e, pois, retificava algumas de suas ideias destoantes do Espiritismo, ou seja, da Doutrina dos Espíritos Superiores.

O Autor-aprendiz, como você mesmo: Caro Leitor.

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Capítulo 1

ASPECTOS SUTIS DA MEDIUNIDADE

Ora, sabemos bem, desde a publicação do nosso “Tratado de Espiritismo Experimental”, mais conhecido como “O Livro dos Médiuns” (Allan Kardec – 1861), que uma mensagem ditada por um Espírito comunicante poderá ser mais ou menos afetada pela aparelhagem receptiva do médium durante o processo em que a mesma é transmitida, pois que tal fenômeno tem estrita relação com suas capacidades, seus conhecimentos atuais e os arquivados em seu perispírito.

Com efeito, verifica-se que, por uma espécie de fusão entre seus corpos etéreos (perispiríticos) é que se inicia o intercâmbio entre o Espírito livre (emissor) e o Espírito do médium (receptor) reencarnado no Mundo terreno. Havendo a concordância do médium a tal comando, verifica-se o circuito mediúnico por onde vai percorrer-se a corrente mental, isto é, o pensamento que se queira transmitir, sendo que a vestidura do mesmo pela palavra vem a seguir, quando então, o primeiro retira do cérebro do segundo os componentes que possam dar forma ao que queira transmitir.

Existem, porém, algumas dificuldades a se transpor desde o início do intercâmbio.

-Primeiro: terá de se fazer uma espécie de associação entre duas mentes que, por mais se afinem, intelectualmente e moralmente, são diferentes entre si.

-Segundo: verificando-se a associação mental e a permissão do médium para tal expediente, este deverá, conquanto o domínio e o comando mental do comunicante, assimilar e compreender o seu pensamento, pois que, embora parcialmente fundidos um no outro, são Seres de identidades próprias e distintas;

-Terceiro: o médium deverá exprimir o pensamento estranho o mais exato possível, pois existem conceitos que estão muito acima do seu entendimento, inexistindo, pois, palavras e códigos gramaticais que possa torná-los inteligíveis ao seu entendimento.

Isto quer dizer que os ditados que o médium obtém estão a reproduzir, quanto à forma e ao colorido, o cunho mesmo de sua personalidade, do que lhe é estritamente pessoal; do que se conclui que: se ao Espírito pertencem a informação e o conceito, ao médium pertencem a interpretação e a forma que, certamente, serão influenciadas pelas qualidades inerentes à sua personalidade, seu particular e exclusivo campo psíquico-emocional.

Com efeito, se o pensamento do Espírito comunicante pode ser, de alguma forma, influenciado pela instrumentação mediúnica, pode ele, então, ressentir-se da imperfeição dos meios à sua disposição e não reproduzir exatamente aquilo que se cogitava e se gostaria de transmitir.

Mais ainda: por qualquer desarranjo psíquico ou emocional do médium poderá ocorrer que a mensagem recebida não seja o mais fiel retrato do pensamento comunicante, sendo tal irregularidade possível de suceder mesmo com os melhores, mais perfeitos e moralizados médiuns existentes. Recordemos, para tanto, a Nota da Editora constante no livro psicografado por Xavier: “O Consolador” (Emmanuel – 1940 – Feb), em que referido Espírito corrigiu o texto da questão 378 do livro, devido, em suas palavras mesmas, a perturbações na filtragem mediúnica, onde o seu pensamento fora prejudicado.

Obviamente que com médiuns de tamanha envergadura (Xavier e Ubaldi), tais ocorrências constituem raríssimas exceções face aos refinamentos de sua avançada instrumentação mediúnica e inegável condicionamento ético e disciplinar. Mas serviram para mostrar que também eles estiveram sujeitos a tais contingências, e isto em razão de uma existência física, biológica e material como a de todos nós, repleta de dores, árduas provações, rotinas comuns, estafantes trabalhos profissionais e demais preocupações de todo e qualquer Ser humano que, mesmo exercendo rigorosa disciplina sobre Si, poderá, ainda assim, afetar a recepção mediúnica.

E mais: em estando eles dotados de uma sofisticada aparelhagem receptora, aparelhagem que, por sinal, são eles próprios (Espírito e Perispírito) jungidos às disposições orgânicas de seus veículos somáticos, que, por sua vez, sujeitam-se a interferências e oscilações de todo e qualquer Espírito reencarnado, óbvio se demande tempo para que o conjunto todo se harmonize por completo.

Mas, ainda aí, há outro problema, pois o campo em que labora o Espírito livre é inteiramente diverso do nosso. Exceto pelos Espíritos de condições medianas, dir-se-ia que estamos no relativo de nossas grosseiras concepções, e os Espíritos, no infinito de sutilezas mentais inconcebíveis.

E, por isto, ‘Sua-Voz’, de altíssima espiritualidade, adverte no Capítulo 6 de “A Grande Síntese” (PU – 1937 - Fundapu) acerca do problema de transformar-se a força do pensamento cósmico em elementos do nosso cotidiano, nos dizeres:

“Atentai mais aos conceitos do que às palavras”. (Opus Cit.).

Lembrando, pois, que a transformação da força contida no pensamento cósmico, em elementos do nosso cotidiano, pode acarretar distorções no seu pensamento prejudicando e alterando a essência conceptual originária, de sua ideação.

Capítulo 2

ATENTANDO MAIS AOS CONCEITOS

Assim, vimos que ‘Sua-Voz’ faz séria advertência, alertando-nos no capítulo 6 de “A Grande Síntese” (PU - 1937 – Fundapu), no tocante ao converter-se a força do pensamento cósmico em elementos do nosso cotidiano. Logo: se a letra mata, o espírito vivifica; e quem, dentre nós, nunca ouvira tal sentença, tão antiga e tão adequada para o nosso tempo. E ‘Sua-Voz’ lamentava, mais adiante, no capítulo 11:

“Torna-se difícil reduzir à forma linear do vosso pensamento e de vossas palavras, a unidade global do Todo que sinto como uma esfera instantaneamente completa, sem sucessividade. Levai em conta, pois, a forma na qual me deva exprimir, que restringe e diminui o conceito; somente aquela faculdade da Alma (intuição), de que vos falei, poderia traduzi-lo para vós sem distorções”. (Opus Cit).

Observemos que a forma global do seu pensamento, nas preparações do labor, da expectativa, pois, de se passar suas qualidades mentais ao médium em que adapta sua altíssima estrutura psíquica a uma forma restringida e linear - como a nossa - ele, pois, se contrai, se distorce, perdendo suas qualidades mesmas. Quando, então, ao distorcer-se, adquire vícios interpretativos que, passando a uma forma inferior, se reduz, se transmuda, alterando a estrutura conceptual do Espírito comunicante.

Recordemos que Kardec – algumas décadas antes de Ubaldi – confessara ter sido forçado a corrigir diversas páginas de cunho mediúnico em face dos mesmos problemas hoje encontrados em nossos médiuns, e, por sinal, dos melhores médiuns. Mas o fato é que Ubaldi não se importava muito com a possibilidade de que algum equívoco pudesse verificar-se em suas páginas, consideradas, mundialmente, como sendo as da mais alta intuitividade já recepcionada por um instrumental humano, que, por sinal, tais páginas (de ”A Grande Síntese”, sobretudo) caminhavam por si sós e iam sendo divulgadas pela imprensa mundial provocando a admiração dos leitores que aguardavam, ansiosamente, por sua publicação em livro.

E que trabalho de fôlego, extraído do conúbio físico-metafísico, humano-espiritual superior, de um homem, pois, que nos transcende em tudo por suas qualidades conscienciais e sub-conscienciais repletas de sabedoria, de múltiplas experienciações, e, de um Espírito que recebera o codinome de ‘Sua-Voz’ por identificar-se às plêiades do próprio Cristo, quando, na ordem mediúnica, estivera forçado a contrair suas expressões, se reduzindo e se modulando à compreensível forma humana, conquanto a força de sua linguagem incomparável, sua concepção estrutural e doutrinária de ultramoderna expressividade.

Na obra “Comentários” (PU – 1955 – Fundapu), está inserido um prefácio à segunda edição italiana, elaborado em 1939, com inúmeras considerações acerca d”A Síntese”. Naquele prefácio, Ubaldi não se eximia de declarar com humildade que:

“Poder-se-á (d”A Síntese”) discutir algum termo, algum pormenor, poder-se-á levantar a acusação de alguma inexatidão, mas já não se pode mais duvidar do conjunto, da profundidade da visão universal, de sua organicidade que corresponde à realidade do fenômeno, da sinceridade das intuições, da força da paixão, da bondade dos fins”. (Opus Cit.)

Realmente, há nela toda, do primeiro ao último capítulo, algo que, de tão elevado e puro, nos comove a Alma, nos induz a refletir seriamente sobre o seu conteúdo, sua essência e sua autenticidade, obra verdadeiramente supra-racional.

E é nisto que está o seu real valor: no fundo e não na forma, no espírito que lhe permeia e lhe fundamenta e não em supostas falhas ou erros (insignificantes) decorrentes da filtragem mediúnica, pois que a ideia, nela concebida, por sua superioridade, transcende a letra, transcende tudo.

Ora, como não adotar os novos princípios fundamentados na obra se eles se repetem e se confirmam por toda parte nas demais obras do autor, refletindo unidade de conceitos do início ao fim, que não se destoam, não se desmentem em tempo algum? Muito pelo contrário, já vimos que o seu princípio fundamental (Involução e Evolução, ou, simplesmente, Queda e Salvação) encontra guarida nos trabalhos de outros médiuns, outros Espíritos que se pronunciaram favoravelmente à sua verdade, advinda, pois, de altas esferas espirituais.

Com efeito, não se deve permitir confusões entre o pensamento cristalino, estilo e didática de um Kardec, por exemplo, com obras de caráter duvidoso, que apregoam a mentira em meio a verdade, o joio em meio ao bom grão. Mas com relação a Ubaldi, entrementes, creio que um julgamento muito apressado antes de conhecê-lo melhor, poderá nos colocar na incômoda posição de criaturas ingênuas perante as autoridades mais esclarecidas do nosso meio, e perante àquele que se pretende julgar.

E, portanto, cuidado meus irmãos de contenda, se acautelem meus queridos polemistas que, em seu personalismo, e, ao invés do estudo sério e metódico querem aparecer e se fazer valer pela presunção, se impondo pela arrogância, pressupondo saber o que não sabes.

Ora: nenhum grau de talento, por maior que o seja, autoriza ao seu portador falar daquilo que ele próprio desconhece; refiro-me, pois, a quem tenha algum grau de talento e não a neófitos apressados, e, que pouco, ou quase nada tem, a não ser sua pretensão de saber, quando nada sabe.

Ora, Ubaldi é um Espírito de escol!

Não se esqueçam de que Sócrates, outro grande Espírito, lá no seu tempo, já alertava:

“Prudente serás não admitindo saber o que não sabes”.

A Humildade, portanto, nunca fez mal a ninguém, pelo contrário, ela nos abre as portas do conhecimento, do amor e da sabedoria nos conduzindo ao céu das bem aventuranças, consoante promessa de Jesus.

Capítulo 3

SÉCULO 20 APRIMORA SÉCULO 19

De forma iniludível, para mim, tenho a convicção de que Pietro Ubaldi desenvolve ao âmbito Teológico e, conseqüentemente, Ontológico, o trabalho organizado por Allan Kardec, ou seja: o Espiritismo; ou seja: o Monismo de Ubaldi desenvolve e amplia o Espiritismo de Kardec. Referida tese estive a defender em muitos de meus escritos postados no espaço cibernético, nos seus mais diversos sites informativos.

O Espiritismo, pois, não se limita a si próprio, à Codificação, de modo sistemático, engessável e cristalizante, mas avança e muito avançara neste sesquicentenário de sua presença no Mundo.

E está suscetível, ainda, como é evidente, de novos e mais dilatados planos cognitivos, pois se evidencia haver uma imensidade de valores e virtudes por trabalhar, adquirir-se e fazer-se na ordem do saber e do amor universais.

Assim, o “Modelo Evolutivo”, em que se associam as propostas de Kardec e do Neodarwinismo - pois o Espiritismo e a Ciência se completam mutuamente - seria, em tese, completado pelo “Modelo Involutivo-Evolutivo” de Pietro Ubaldi. E são de um bom montante as instruções retiradas dos próprios textos de Kardec e dos Espíritos codificadores, que sinalizam, de forma positiva para tal conclusão.

E isto porque o Espiritismo é detentor de características ímpares, uma delas: Evolutiva, não paralisante, e que, em seu dinamismo intrínseco, se desenvolve e vai acompanhando os progressos da humanidade, permanecendo sempre atual. Sem dúvida, pois, o Espiritismo avança, vai além dos passos científicos laborados, tal qual processo de avanço e de constante vitalização, que não cessa, não para jamais.

Mas é triste ver insultos, impropérios, e termos chulos em nosso movimento, sobretudo de espiritistas ortodoxos, de uma ortodoxia, pois, que Kardec não criou; ora, tudo quanto exsurge do mesmo, num resumo fundamental, está no fato de que:

“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas más inclinações”. (“O Evangelho Segundo o Espiritismo” – AK – 1864).

Entretanto, tal conduta aética seria de se esperar de um baixo plano evolutivo como o nosso, de mentalidade pré-Lógica e Concreta dominantes. Plano este que se encontra, agora, lidando com mais nova, mais complexa e mais ampla forma de aquisição de saberes advindo, não mais, e, apenas, e, tão só dos homens, mas também dos Espíritos elevados sob o comando do Mestre Nazareno. Complicou-se, e muito, como já o disse, o problema gnosiológico e epistemológico do Mundo com o advento do Consolador, do Espiritismo na face terrena.

Ora, o Espiritismo não fora revelado por completo; e o próprio Kardec assim pensava; e, portanto, paralisá-lo é sinônimo de estagná-lo, e, por extensão, de nossas Consciências, quando “a única coisa constante no Mundo – já dizia sábio evolucionista - é a inconstância de tudo”.

Mas vejamos como o saber do Século 20 de Pietro Ubaldi aprimora, aprofunda e distende o saber do Século 19 de Allan Kardec. O caro leitor, em “O Livro dos Espíritos” (AK – 1857), no Item 85, e, também na sua Introdução, irá se deparar com o questionamento e seguinte posicionamento do Codificador:

-Pergunta: “Qual dos dois, o Mundo Espírita ou o Mundo Corpóreo, é o principal na ordem das coisas?”.

-Resposta: “O Mundo Espírita, que pré-existe e sobrevive a tudo”.

E Kardec tratará de resumir os principais pontos do Espiritismo na Introdução daquela obra observando, em dado instante, que:

“O Mundo Espírita é o Mundo normal, primitivo, eterno, pré-existente e sobrevivente a tudo. O Mundo Corporal é secundário; poderia deixar de existir ou não ter jamais existido, sem que por isso se alterasse a essência do Mundo Espírita”. (Opus Cit.).

Ora, sabemos bem que o Mundo Espírita é o que também se denomina Mundo Espiritual. E o Mundo Corporal, daquela expressão, vai comportar o Universo Físico como um todo, o Universo de Matéria espalhado pelos espaços siderais.

E, temos, pelas instruções referidas, que o Mundo Espiritual é o pré-existente, que já existia em tempo anterior, ou seja, antes mesmo que surgissem os grandes astros de Matéria do saber e do conhecimento astronômico. E, se o Mundo Espiritual existia antes que o nosso Universo Físico, então deveriam existir, forçosamente, Seres inteligentes da criação para habitá-lo: os Espíritos, pois do contrário não se justificaria um Mundo Espiritual, um Mundo sem os seus habitantes primordiais, quais sejam: os Espíritos.

Ora, se tal Mundo Espiritual existia desde antes, se tal Mundo pré-existe a tudo, é possível deduzir, por lógica consistente, que tal Mundo só irá justificar-se a si mesmo pela presença de algo que nele resida, que seja existente e real. Ou seja: os Espíritos, habitantes do Mundo Espiritual, que existiam antes, ao que se vê, da constituição atômica, antes do nosso Universo de Matéria que é um organismo secundário, pois que, na ordem das coisas, veio depois da criação do organismo principal: o Mundo Espírita ou Mundo Espiritual.

O mesmo declara a obra de Ubaldi: o Mundo Espiritual, ou, o que ele denomina: ‘Sistema’, surge em primeiro lugar; e, só depois, por questões éticas e comportamentais de seus habitantes espirituais, é que surgem os Mundos materiais, ou seja: o ‘Anti-Sistema’ da concepção universalista de Pietro Ubaldi.

Mas questionemos ainda da obra de Kardec: se o Mundo Espiritual fora o primeiro na ordem da criação, seus integrantes eram Espíritos Simples e Ignorantes (ESI) ou eram Espíritos Puros e Conscientes (EPC), detentores de algum saber por sua plena vida consciencial e moral?

E creio que a resposta está no próximo Item do livro codificado e também com o próprio parecer de Kardec ao ministrar que o Universo composto pelo Mundo Corporal:

“... poderia deixar de existir ou não ter jamais existido, ...”

Ora, se o Mundo Corporal poderia não ter jamais existido, algo então ocorrera para que o mesmo passasse a existir, secundariamente, na ordem das coisas. E daí, pergunta-se: o que teria ocorrido no Mundo Espiritual para que tal fato pudesse concretizar-se?

Teria sido uma possível “Queda” ou Involução psíquica da criatura EPC que, não sendo tão perfeita quanto o é o Criador, seria suscetível de erro, de dissonâncias para com a Ordem da Lei, e, portanto, de desqualificar-se na desordem e na insurreição?

E, se assim o fora, nunca e jamais poderia ter sido a “Queda” de criaturas ESI, não suscetíveis, por sua Simplicidade e Ignorância, de obrar com conhecimento de causa e de, portanto, errar e sucumbir involutivamente com a sua derrocada consciencial. O que nos leva à dedução de que a suposta “Queda”, em havendo se dado, ela verificou-se com Seres EPC, e, portanto, com Seres conscientes e responsáveis pelos seus atos, fossem eles quais fossem: bons ou maus.

Por outro lado, se Deus houvera de criar, primeiramente, o Mundo Espiritual, ainda sem cogitações de se criar o Mundo Corporal, que, afinal, poderia não ter jamais existido, cogito, por aí, que, o que seria mais lógico e natural é que Ele, Deus:

Houvesse obrado em sua primeira criação os Espíritos Puros e Conscientes (EPC) e não os Simples e Ignorantes (ESI): se contrapondo à Misericórdia, à Bondade e Sabedoria Divinas. É uma questão deveras evidente, que nós próprios, espiritistas ou não, podemos pensar e com alguma dose de racionalidade cogitar.

Assim temos:

-Criação de infinitos Seres ou Espíritos Puros e Conscientes (EPC) habitantes do Mundo Espiritual.

Que, com a perda de sintonia para com a Ordem da Lei, uma parte dos habitantes de tal Mundo se desqualificara de sua condição espiritual reluzente, e, com isso, tais elementos EPC reaparecem como ESI de condições espirituais rebaixadas, involuidas, para tudo recomeçarem do átomo ao arcanjo, se corrigindo, agora, pelas duras normas evolucionais.

Assim, temos o equacionamento matemático explicitando que no Mundo Espiritual Transcendente verificara-se um processo de:
  
[(Rebeldia) = (Involução)]

Que tal como um câncer que corrompe e quer crescer, a Lei, para debelá-lo, reage e, como conseqüência surge o Universo Físico e Astronômico, se equacionando por:

[(Dor) = (Evolução)]

Curando a criatura do erro e da revolta, para a sua reabilitação e o conseqüente retorno à pátria espiritual, a que não dera, nos tempos primordiais, o seu justo e real valor. Sua Fórmula completa, pois, se traduz por uma conexão conversiva (=cc=), onde o Fenômeno Involutivo se converte no Evolutivo:

   [(Rebeldia) = (Involução)] (=cc=) [(Dor) = (Evolução)]

Mais uma vez, portanto, não imponho, mas ofereço, dita possibilidade, como mais uma Revelação do Altíssimo a nós todos; e mais ainda: como possibilidade de que Ubaldi esteja a desenvolver o Espiritismo de Kardec naquilo que não ficara bem detalhado e que o labor consistente da obra ubaldiana vem claramente explicitar, abrir os olhos dos que tem olhos para ver e raciocinar.

Logo, a obra de Kardec já está muitíssimo ampliada pela obra de Ubaldi, sobretudo em quatro magistrais e volumosos Tratados de sua autoria, sendo tais: “A Grande Síntese”, “Deus e Universo”, “O Sistema” e “Queda e Salvação”, publicados pela Fundapu; sendo que, para outras evidências, ainda, que se consulte nossa ‘Trilogia’ de e.Books:

-“O Livro dos Espíritos: Queda Espiritual”;
-“O Livro dos Espíritos: Simples e Complexo” e:
-“O Livro dos Espíritos: Níveis Filosóficos”.

Capítulo 4

UBALDISMO EXPANDE ESPIRITISMO

No Século 20, pois, dois grandes missionários do Cristo se notabilizaram dentre seus pares. Tratou-se de Pietro Ubaldi e de Francisco Cândido Xavier. Da admirável e surpreendente obra do primeiro, popularizou-se o termo Ubaldismo, donde pensar-se, equivocadamente, que Pietro Ubaldi tenha fundado, dentre tantas outras, uma nova escola filosófica ou coisa que o valha.

Mas, reitere-se que Ubaldi não fora o criador de tal neologismo e tampouco de qualquer nova escola, pois que não tinha tais aspirações. Todavia, os mais ferrenhos inimigos da obra ubaldiana, usam e abusam do vocábulo Ubaldismo, referindo-se a Pietro Ubaldi de forma pejorativa e, portanto, depreciativa do referido autor.

Ou seja, o superior (Pietro Ubaldi) compreende e ama seu inferior; mas o inferior nem sempre compreende e nem sempre ama seu superior. E tais elementos afoitos, e despreparados para uma tão grande empreitada, confundem tudo, e, pasmem, acabam misturando Roustaing e Ubaldi, produzindo uma mescla disforme de suas doutrinas, parecendo ignorar tanto a um como a outro, que são bastante distintos, entretanto.

Mas vamos por partes.

-Em primeiro lugar:
O vocábulo Ubaldismo (ismo = doutrina e ubaldi = suposto autor), de fato, não fora criado por Pietro Ubaldi. Referido termo, portanto, decorre de algo que “pegou” em nosso movimento, sem que, todavia, tenha sido idealizado como doutrina do sábio intuitivo da Úmbria. E hoje, portanto, se utiliza o neologismo dito Ubaldismo de forma natural e compreensível em nossas labutas filosóficas e doutrinárias, Mas que se distingam as coisas, pois que, se Ubaldi fundou alguma coisa, dir-se-ia, de forma um tanto inapropriada, que o mesmo fora o criador do Monismo.

O que não é, também, e, como fora dito, muito adequado, pois que o Monismo é uma concepção: filosófica para uns, científica para outros, disseminadas universalmente pelo Orbe terreno e, portanto, conhecida por sua longevidade que remonta, até mesmo, aos mais antigos sábios da humanidade.

No caso, pois, dir-se-ia, mais acertadamente:

Que Ubaldi é um reformador, e completador do Monismo como ideia universal, desenvolvendo a mesma tal como um seu degrau último, encontrando-se, tal ideia, inegavelmente disposta até mesmo no Espiritismo Codificado e nos trabalhos do renomado médium Francisco Cândido Xavier.

-E, em segundo lugar:
Não se pode confundir Roustaing com Pietro Ubaldi. O primeiro defende (“Os Quatro Evangelhos” – J.B. Roustaing - Feb) a tese de que Jesus teria envergado, ao invés de um corpo carnal, um corpo apenas e tão-só fluídico, porém, materializado; e, o segundo, em sua última obra, “Cristo” (PU - Fundapu), propõe, para Jesus, um corpo humanamente carnal.

Por outro lado, ainda, a obra de Roustaing, em sua metodologia, propõe claramente:

-Evolução:
-do átomo ao arcanjo;

E a obra de Ubaldi, por sua vez, e, desenvolvendo Roustaing, propõe, além de tal concepção, algo mais ainda, que, em fenômeno cíclico, traduziria:

-Involução/Evolução:
-do arcanjo ao átomo, por involução, e deste ao arcanjo, por evolução;

Sendo o arcanjo, de tal proposição, um Espírito Puro e Consciente (EPC), e, pois, suscetível de errar e decair; e o átomo, pois, traduziria aquela forma decaída do referido (EPC), porém, agora, como (ESI), ou seja, um Espírito Simples e Ignorante em evolução.

Ora, o Espiritismo é Ciência do Infinito e quem, dentre nós, em seu nível cognitivo e cultural, poderia alegar o mais pleno e completo conhecimento das coisas?

O que sabemos mais a fundo de nós mesmos, dessa estrutura somática formidável, bem como da energia bioplasmática ou perispirítica de sua constituição?

E, mais ainda, o que sabemos de nós mesmos como Consciência, como Ser existente, pensante, de estrutura mental não-física, sendo, inclusive, como se provara: de natureza indestrutível e imortal?

Ora, o fato é que eu penso, como tu, ele, nós, vós, eles também pensam, mas não sabemos como e porque pensamos, como e porque refletimos, agimos, atuamos num plano de inteligência e moralidade. E tampouco sabemos o que somos substancialmente: qual a natureza mais íntima de nós mesmos, de nossa essência constitucional.

E, portanto, por quantos degraus conscienciais teremos ainda de passar para gozarmos de uma mais plena concepção de tudo, do Espírito e da Matéria, inseridos que estão nas múltiplas dimensões da problemática estelar?

De fato, fomos evocados à existencialidade, que se deve, pois, a Deus, e dela, e com ela, certamente, muito temos de laborar. Se Seres humanos o somos, (rebeldes e transgressores da Lei), óbvio que o somos na condição de Espíritos decaídos, e que, agora, historicamente, mal saídos da Idade Média, das trevas e dos crimes bárbaros de nossa faceta mais negra e mais obscura. Ainda vivemos às sombras umbralinas dos mais intensos conflitos bélicos, de duas grandes guerras mundiais e de muitos outros confrontos menores, mas de delitos inomináveis.

Delitos estes, os quais, ainda somos capazes de cometer em razão dos abismos delirantes que nos atormentam a debilidade psíquica, explicitando nossa fragilidade moral. E quantos outros mais fragilizados ainda não estão se despencando ribanceiras abaixo? E, mesmo nós, os que aparentemente se mostram mais espiritualizados, ou, equilibrados, quantos de nós outros ainda não tem se resguardado de robustas fortalezas morais?

E, que, portanto, só não se despencam e não se quedam pelos despenhadeiros, graças a esta imponderável força invisível entrosada à nossa civilização, influindo, beneficamente, sobre a multidão dos pecados e dos pecadores e nos compelindo a rumos mais altos de ética e moralidade.

Mas não só de ética e moralidade, pois que tal força invisível, do Mundo Espiritual Superior, também nos compele intelectualmente, e, pois, o Ubaldismo, do Século 20, nada mais faz que expandir de modo sábio e muitíssimo razoável, ou seja, pela razão e pelo discernimento, o Espiritismo codificado no Século 19; quando, ao mesmo tempo, também está a desenvolver a doutrina contida na obra de Roustaing, sobretudo no tocante ao problema evolutivo, que, a um plano mais largo nos conduz às suas origens, ou seja, ao problema da queda consciencial do Ser na matéria, e, pois, à sua redenção salvífica por evolução.

Capítulo 5

PANTEISMO, ESPIRITISMO, MONISMO

Mas o que é o Monismo? E dir-se-ia que tal é a Doutrina da Unidade. Sem complicar muito por agora, avançaria dizendo que existem várias formas de Monismo, inclusive o materialista de Haeckel. E o Panteísmo, por sua vez, o que é? Derivado do grego, seus termos estão a expressar:

[(Pan) = (Tudo)]; [(Theos) = (Deus)], e [(Ismo) = (Doutrina)]

O Panteísmo, criado pelo filósofo Bento Spinoza (1632-1677), preceitua que tudo e todos constituem Deus: Ser Universal Abrangente e Imanente a tudo e a todos. Assim, o Universo todo, e tudo o mais que o contêm: sua natureza, seus seres e tudo o mais, bem como Deus, são a mesma coisa, inexistindo um Deus Transcendente e Pessoal. Para o Panteísmo, pois, Tudo é Deus, retratando uma forma de Monismo, levando-se a crer numa Divindade da Natureza e de tudo o que a constitui.

Tal escola filosófica, assim, traduz uma identidade completa de Deus com a Natureza, onde Tudo constitui Um só e mesmo organismo integralizado e indissolúvel da realidade, onde Deus é a criação, e, vice-versa, a criação é Deus.

Mas o que, mais exatamente, teria ou tem o Espiritismo a ver com o Panteísmo?

É que o Espiritismo, em sua unidade doutrinária de tríplice aspecto, acaba por abranger e entrosar-se a todos os campos do saber, ampliando e iluminando os mais diversos campos culturais. No que se refere ao tema, “O Livro dos Espíritos” (AK – 1857) dedica-lhe um parágrafo especial, no capítulo primeiro. Em seus dois principais itens sobre tal, temos o seguinte posicionamento espírita:

“15 - Que pensar da opinião segundo a qual todos os corpos da natureza, todos os seres, todos os globos do Universo seriam partes da Divindade e constituiriam, pelo seu conjunto, a própria Divindade: ou seja, da doutrina panteísta?”. (Opus cit.).

E, como resposta temos:

“R - O homem, não podendo se fazer Deus, quer ao menos ser uma parte d’Ele”. (Opus cit.).

“16 - Aqueles que professam esta doutrina pretendem nela encontrar a demonstração de alguns atributos de Deus. Os mundos sendo infinitos, Deus é, por isso mesmo, infinito; o vazio ou o nada não estando em parte alguma, Deus está por toda parte; Deus estando por toda parte, uma vez que tudo é parte integrante de Deus, ele dá a todos os fenômenos da natureza uma razão de ser inteligente. Que se pode opor a esse raciocínio?”. (Opus cit.).

“R - A razão. Refleti maduramente e não vos será difícil reconhecer-lhe o absurdo”. (Opus cit.).

Se as instruções sobre o Panteísmo, contidas no referido capítulo um (1) de “O Livro dos Espíritos”, tem alguma validade filosófica até nossos dias, é possível ver, por outro lado, que tal questão, onze anos depois de publicada tal obra basilar, ou seja, com a publicação de “A Gênese, os Milagres e as Predições” (Allan Kardec – 1868), o Espiritismo parecia ampliar sua concepção da realidade, melhorando nossa visão das coisas universais em Deus, e de Deus na Sua criação.

Pois que, em tal trabalho, o Espiritismo vai dar sinais de uma espécie de entrosamento e de uma solidariedade universal entre todas as coisas, porém, numa forma dicotomizada, ou seja: de Deus Transcendente (pessoal) e de Deus Imanente (impessoal) à Sua criação; que, paradoxalmente, veremos que Deus não se divide em duas partes, pois que é Uno; mas, em termos filosóficos, e, para a nossa compreensão, se pode considerá-lo: dúplice, ou seja: Deus no Universo e o Universo em Deus, compondo um organismo coeso e único, tal como unidade orgânica indissolúvel.

Mas, tal ideia não seria uma premonição do trabalho contido no Monismo ubaldiano que revela algo bem parecido no tocante a Deus e Sua criação? Não seria, referida instrução de “A Gênese”, prenúncios da vinda de tal missionário, o referido e grande intuitivo Pietro Ubaldi (1886-1972)?

Dita instrução, codificada na obra de Kardec, está inserida no referido livro (“A Gênese”) em epígrafe, no capítulo dois (2), itens 26 e 27.

Naquele primeiro item citado, refere o codificador:

“26 – Temos constantemente sob as vistas um exemplo que nos permite fazer idéia do modo por que talvez se exerça a ação de Deus (por meio de um fluido inteligente universal: inserção deste autor baseando-se em informe de tal obra de Kardec) sobre as partes mais íntimas de todos os seres e, conseguintemente, do modo por que lhe chegam as mais sutis impressões de nossa alma. Esse exemplo fora retirado de certa instrução que a tal respeito deu um Espírito.” (Opus cit.).

Tal instrução, dada pelo sábio Espírito de nome Quinemant, pondera que:

“27 – O homem é um pequeno mundo, que tem como diretor o Espírito e como dirigido o corpo. Nesse universo, o corpo representará uma criação cujo Deus seria o Espírito. (Compreendei bem que aqui há uma simples questão de analogia, e não de identidade)”. (Opus cit.).

E prossegue o valoroso instrutor Quinemant da referida obra codificada:

“Os membros desse corpo, os diferentes órgãos que o compõem, os músculos, os nervos, as articulações são outras tantas individualidades materiais, se assim se pode dizer, localizadas em pontos especiais do referido corpo”.

“Se bem seja considerável o número de suas partes constitutivas, de natureza tão variada e diferente, a ninguém é lícito supor que se possam produzir movimentos, ou uma impressão em qualquer lugar, sem que o Espírito tenha consciência do que ocorre”.

Há sensações diversas em muitos lugares simultaneamente? O Espírito as sente todas, distingue, analisa, assina a cada uma a causa determinante e o ponto em que se produziu, tudo por meio do fluido perispirítico. Análogo fenômeno ocorre entre Deus e a criação. Deus está em toda parte, na natureza, como o Espírito está em toda parte, no corpo. Todos os elementos da criação se acham em relação constante com ele, como todas as células do corpo humano se acham em contacto imediato com o ser espiritual. Não há, pois, razão para que fenômenos da mesma ordem não se produzam de maneira idêntica, num e outro caso”.

“Um membro se agita: o Espírito o sente; uma criatura pensa: Deus o sabe. Todos os membros estão em movimento, os diferentes órgãos estão a vibrar; o Espírito ressente todas as manifestações, as distingue e localiza. As diferentes criações, as diferentes criaturas se agitam, pensam, agem diversamente: Deus sabe o que se passa e assina a cada qual o que lhe diz respeito. Daí se pode igualmente deduzir a solidariedade da Matéria e da Inteligência, a solidariedade entre si de todos os seres de um Mundo, a de todos os Mundos e, por fim, de todas as criações com o Criador”. (Opus Cit.).

E o Codificador agrega ainda que:

“Nada obsta a que se admita, para o princípio da Soberana Inteligência, um centro de ação, um foco principal (Deus Transcendente de Pietro Ubaldi: inserção deste articulista) a irradiar incessantemente, inundando o universo (Deus Imanente do mesmo Ubaldi: inserção deste articulista) com seus eflúvios, como o Sol com a sua luz”. (Opus Cit.).

Referida ideia, pois, aproxima Deus e Sua criação, constituindo um sistema único, entrosados um no outro, porém, sem confundi-los, onde o Deus Absoluto se adaptaria, por tal, à compreensão dicotomizada de um Deus Transcendente (pessoal) e, ao mesmo tempo, Imanente (impessoal) à Sua criação, constituindo um organismo de bloco único, inseparável, e, ao mesmo tempo, inconfundíveis, segundo tal proposta filosófica.

Nesta novíssima conceituação, espírita e ubaldiana, sobretudo, temos, para Deus Absoluto, a seguinte dicotomia fazendo uma espécie de conexão (=c=) entre suas partes:

{[Deus Absoluto]=[Deus Transcendente(=c=)Deus Imanente]}

Que, sem confundi-los, os integra, paradoxalmente, numa unidade solidária permanente e indissolúvel. Dito capítulo, pois, surgira em minha mente com a clara intenção de mostrar como a ideia monista, disposta e desenvolvida pela obra de Pietro Ubaldi, está depositada em gérmen no Espiritismo, na chamada Codificação Kardequiana. O que poderá ser constatado, ainda, no seguinte tópico de “O Livro dos Espíritos” (AK – 1857), onde os sábios da Espiritualidade preconizam e, ao mesmo tempo, inquirem em seu item 607, a seguinte sentença:

“Já não dissemos que tudo se encadeia na natureza e tende à Unidade?”. (Opus Cit.).

Redundantemente, como estou a frisar: Unidade Monística, haja vista que o Monismo é, nada mais nada menos, que: a Doutrina da Unidade, como já referido; mas no caso da obra de Kardec, e, da obra de Ubaldi, diga-se que tais não são panteístas no sentido específico do pensamento de Spinoza, como já visto.

Assim, se o Espiritismo de Kardec não é panteísta, friso que, indiscutivelmente, o Monismo de Ubaldi também não o é, conquanto as inegáveis contribuições do Panteísmo a tais formas mais modernas e atualizadas do pensar filosófico resgatando as verdades desta visão sintética da fenomenologia universal. No campo do espiritualismo moderno, donde se inclui alguns adeptos do Espiritismo, propaga-se a visão distorcida de que o Monismo de Ubaldi é panteísta.

O que estarei a desmentir taxativamente, mostrando que o grande intuitivo apenas desenvolve o Panteísmo tal como o faz com o Espiritismo, dilatando-lhes as perspectivas filosóficas de até então.

Capítulo 6

AMPLIANDO FACETAS FILOSÓFICAS

O que vem a ser, objetivamente, o Monismo ubaldiano? O Espiritismo pode ser visto como Doutrina Monista, mais especificamente do ponto de vista ubaldiano? No capítulo anterior vimos que sim, que o Espiritismo agrega situações e evidentes fundamentos para tal.

Mas estou de retorno ainda para tal confirmação resumindo o tema ao mínimo possível, mas deixando-o o mais claro quanto o puder fazê-lo.

Todos nós sabemos que o processo evolutivo se dá do menor para o maior, do mais simples para o mais complexo, das idéias mais rasteiras para as mais elevadas, num crescendo incessante que parece não ter fim. Exemplos:

Três grandes e sucessivas revelações divinas no Tempo-Evolução:

-Moisés: primeira revelação;
-Jesus Cristo: segunda revelação, e, por fim:
-Espiritismo: terceira revelação da Lei de Deus.

Três grandes ideias sucessivas em Física e, evidentemente, no Tempo-Evolução:

-Clássica, primeiramente;
-Relativística, surgindo simultaneamente com:
-Quântica que, por sua vez, prossegue ainda.

E, assim, passo a passo, de modo progressivo, engrandecendo vastamente nossas idéias de uma e de outra coisa, num processo seqüencial incessante, tendente ao infinito. E o Espiritismo, em sendo essencialmente progressivo, ele também dilata incessantemente seus preceitos. De Kardec a André Luis, do notável medianeiro Chico Xavier, quantos aprofundamentos, quantas novas e tão imensas revelações?

Hoje, como a educação avançou muito, e, com a universalização das idéias, o mundo está a exigir novos padrões e novos entendimentos das coisas: da Vida e do Universo, e, porque não: de Deus?

Passaram-se, torno a frisar, cento e cinqüenta anos, ou mais, desde o Espiritismo codificado. No capítulo anterior vimos a relação devida de tais doutrinas, a que se podem juntar mais alguns outros trechos contidos em “O Livro dos Espíritos” (AK – 1857), que preconiza em seu item 604:

Tudo se Encadeia na Natureza por laços que não podeis ainda compreender, e as coisas, as mais díspares na aparência, têm pontos de contato que o homem não chegará jamais a compreender no seu estado atual”. (Opus cit.).

E completam tal encadeamento monista logo mais adiante:

“... tudo, na natureza, se Harmoniza por Leis Gerais que não se afastam jamais da sublime Sabedoria do Criador”. (Opus cit.).

E, refletindo a unidade de todas as coisas, numa forma de Monismo espírita, ministra o item 607:

“Não dissemos que Tudo se Encadeia na Natureza e tende à Unidade?”. (Opus cit.).

Eis, pois, naqueles tópicos do Capítulo anterior, e, em tais outros de “O Livro dos Espíritos”, uma ligeira introdução à Doutrina da Unidade, ou seja, ao Monismo ubaldiano onde tudo no Universo se junta e se estrutura tal como um só organismo: Unitário e harmônico em suas distintas partes.

E onde o Complexo Universal se torna um todo coeso e único, estando Deus como Fonte Transcendente e Exclusiva (pessoal) de todas as coisas, porém, estando nelas inserido numa Sua outra forma, ou seja: Imanente (impessoal), presente em tudo, em todos e em cada um.

A principal alegação, e muito equivocada, de que o Monismo ubaldiano é panteísta, parte, em princípio, penso eu, da maledicência humana, bem como, secundariamente, da leitura apressada de seus textos pinçando frases constantes de “A Grande Síntese” (PU - 1937 –Fundapu), sem levar em conta a magnífica obra em sua globalidade gigantesca, que muitos não compreendem, mas pensam compreender. Assim, tal maledicência acaba por deter-se em idéias e conceitos incompletos do autor que, em face da grandiosidade do seu trabalho, vagarosamente os expunha e os completava seguidamente para a composição elevada de tão sábia obra.

Mas tal maledicência, e falso saber de alguns pares, não se aplicam apenas e tão-só ao conteúdo da “Síntese”, haja vista que se estende ao conjunto dos vinte e quatro (24) volumosos tratados, não lidos, não estudados, e, portanto, não tão bem digeridos pelos seus contestadores, que, só por aí, se colocam em terreno movediço, fazendo-os cair por sua displicência, sua incúria e falta de lealdade, sendo, tais elementos, de discutível sabedoria e erudição.

Ora, é preciso ler, conhecer, estudar, para então, com boa margem de segurança, opinar, descrever, criticar, favoravelmente ou não, pondo-se a favor ou contra, consoante seu nível de percepção, de entendimento ou de despertamento espiritual. Mas este é, como todos sabemos, o Espírito humano, em sua caminhada para mais altas esferas de sabedoria e de valores ético-comportamentais.

De “A Grande Síntese”, capítulo seis (6): “Monismo”, retiro:

“A isto podeis chamar de Monismo. Atentai mais aos conceitos que às palavras. Por vezes a Ciência acreditou ter descoberto e criado um conceito novo, só porque inventou uma palavra. E o conceito é este: como do Politeísmo passastes ao Monoteísmo, isto é, à fé num só Deus (mas sempre antromórfico, pois realiza uma criação fora de si), agora passais ao Monismo, isto é, ao conceito de um Deus que É a criação. Lede mais antes de julgar. Farei que lampeje em vossas mentes um Deus ainda maior que tudo o que pudestes conceber”. (Opus cit.).

Ao afirmar que: “Deus É a criação”, Ubaldi, ou, “Sua Voz”, não se identifica com o Panteísmo de Spinoza, pois, em tal caso, “Deus É a criação” no sentido Monista da concepção ubaldiana, ou seja, de Deus Imanente, Presente, Inserido nela, porém, distinto da mesma por Sua Transcendência, o que não se verifica com a filosofia panteísta do sábio citado.

“Deus É a criação”, reforço ainda, por realizar uma criação dentro de Si,  e não fora de Si, distante da criação. Ora, se Deus é Infinito, Sua criação se dá dentro de Si mesmo, e não fora de Si.

Mas isto, ou seja, dita explicação, ainda assim, a vejo um tanto sucinta, e, portanto, incompleta, em vista de mais ampla e mais dilatada explicação do Monismo ubaldiano, cujos pilares, mais adiante, haverão de se completar por definições ainda mais abrangentes de sua magnífica obra.

Porém, não deixa de ser bastante interessante o fato de, por aí mesmo, constatarmos como “Sua Voz”, conhecendo antecipadamente a malícia e as diabruras da mentalidade humana, ter advertido:

“Atentais mais aos conceitos que às palavras”. (Opus cit.);

Bem como:

“Lede mais antes de julgar”. (Opus cit.).

E tal malícia, tal diabrura da insensatez humana, desencadeara a falsíssima ideia de que o Monismo ubaldiano se equivale ao Panteísmo; não faltassem as advertências de “Sua Voz” que, antecipadamente às críticas maldosas dos seus futuros opositores, firmemente admoestara: “Atentai mais aos conceitos”; “Lede mais antes de julgar”; e, realmente, logo mais adiante, no capítulo oito (8): intitulado “A Lei”, viria a preconizar “Sua Voz”, dilatando mais amplamente seus conceitos:

“A Lei. Eis a Ideia Central do Universo, o sopro divino que o anima, governa e movimenta, tal como vossa alma, pequena centelha dessa Grande Luz, governa vosso corpo”. (Opus Cit.).

E, então, temos:

-Ideia Central (Deus Transcendente=DT);

-Universo (Deus Imanente=DI);

-Sopro Divino (DT);

-Governa e Movimenta (DI);

-Vossa Alma (Transcendente);

-Vosso Corpo (Imanente).

E, em seguida, acentua:

“O Universo de matéria estelar que vedes, é como a casca, a manifestação externa (DI), o corpo daquele princípio (DT) que reside no âmago, no centro”. (Opus cit.).

E mais adiante ainda, neste mesmo capítulo, a confirmação de tudo quanto exponho e tenho defendido:

“A Lei é Deus (DT). Ele é a Grande Alma (DT) que está no centro do Universo (DI). Não centro espacial, mas centro de irradiação e de atração. Desse centro, Ele irradia e atrai, pois Ele é tudo: o princípio (DT) e suas manifestações (DI)”. (Opus Cit.).

Mas, para o incremento de tais ideias, corretoras do Panteísmo de Spinoza, conquanto muito lhe fomente, haverá de bastar ao leitor amigo tomar conhecimento de outro brilhante tratado ubaldiano: “Deus e Universo” (PU – 1951 - Fundapu). Nele, o estudioso leitor terá em suas mãos, para a honesta confirmação do que estou a interceder e justificar, um capítulo completo (de número 18) dedicado ao tema: ‘Imanência e Transcendência’, que, por sua vez, e, mais uma vez, ministrará idéias que colocam o seu Monismo como uma conceituação nova e originalíssima da complexa fenomenologia universal, conquanto abranger as posições doutrinárias do Panteísmo e do Espiritismo, desenvolvendo a ambos vastamente.

Ora, Kardec deixou claro e evidente em muitas passagens de seus escritos, que o Espiritismo não é uma Doutrina completa. E Ubaldi, com ‘Sua-Voz’, desenvolve e completa o referido Espiritismo ao ministrar que tudo provém de uma mesma substância original, a substância da própria Divindade, que se diferencia em seu íntimo funcionamento motor e em sua forma exteriorizada, e nada mais. Mas o Monismo ubaldiano, mais ainda, adota o explícito e tríplice entendimento de que:

-O Universo é dirigido por um Princípio Único: a Lei;

-Todo o Universo fora construído por meio do transformismo de uma Substância Única, Substância de Deus, potência criadora indefinível em sua mais íntima essência, mas suscetível de transmudar-se assumindo as mais diversas formas concebíveis e inconcebíveis do Universo, seja ele físico ou espiritual;

-Deus e Universo, pois, constitui uma estrutura monista, ou seja: um só organismo completo por Deus Transcendente e Deus Imanente em tudo e em todos de Sua imorredoura criação, tal qual espécie de Fórmula do Monismo Ubaldiano, que assim estabeleço:

{[Deus Absoluto]=[Deus Transcendente(=c=)Deus Imanente]}

Portanto, quero crer que o Monismo de Pietro Ubaldi desenvolve e amplia vastamente os aparatos da geometria cósmica anteriores: de Spinoza e de Kardec, representando um avanço como é próprio dos grandes missionários de Jesus que não vem ao Mundo a passeio, ou, então, para confundir, e sim para iluminar, desenvolver e ampliar os motivos filosóficos de até então, levantando-os às alturas de uma nova e mais ampla conceituação universal.

Capítulo 7

A UNIVERSALIDADE DO MONISMO

Deve-se dizer que as ideias monistas vêm de longa data. E parecem adquirir o cunho de uma verdade universal, que se implantara e se implanta no Mundo, proveniente, pois, de outras dimensões, ou, planos espirituais superiores.

Ora, de onde poderia nascer tantos enfoques parecidos, tão semelhantes em seus princípios básicos, senão na verdade primeira e última, no alfa e no ômega incógnitos da criação? Assim, pois, o Monismo parece fundamentar-se no Mundo Inteligível (Platão/428-347/a.C) de todos os tempos, e, portanto, na verdade da Natureza, do Universo, em suma, de Deus.

Antigas culturas orientais já externavam tais ideias; o mesmo verificando-se com as idéias gregas de muitos de seus pensadores, dentre os quais:

Anaxágoras (500/428/a.C) e sua noús, espécie de “energia cósmica única”, geradora de tudo e de todos;

Demócrito (460/370/a.C) e o que chamava de atomismo, preconizando que tudo, e, inclusive a alma, seria formado por “unidades simples” espalhadas pelo espaço universal; e etc., etc.

E até mesmo o mestre Jesus, em seus ensinos, algo ministrava acerca da “unidade” e, no caso em questão, da unidade espiritual dos filhos em Deus:

“Eu Lhe peço por eles para que todos sejam “um”, como Tu Pai, estás em mim e eu em Ti; eu neles e Tu em mim, para que sejamos perfeitos na unidade”. (João, cap.17, v.v 20 a 23);

Compondo, com tais ensinos, pois, a “união” universal das almas no Pai, que é Deus. Do que se conjectura: com Anaxágoras e com Demócrito: o alfa, o gênesis de tudo na “unidade”; e com Jesus: o ômega, o telefinalismo de tudo com o Magnânimo Pai na mesma “unidade” de tudo, que não se desfez e não se desfaz.

Mas o tempo passou célere!

Dois mil anos se passaram desde Jesus, e novas ideias do Monismo, da unidade de todas as coisas, apareceram aqui e ali. Mais atualmente, vemos o discurso do “monismo quântico” de Wilhelm Ostvald (1853 – 1932); e vemos uma porção considerável de físicos buscando uma “teoria unificada” do Universo. Bastante expressivo que tal ideia permaneça, se desenvolva, se implante no seio do próprio conhecimento ortodoxo: que pesquisa, intui, reflete, quer protagonizar-se como o principal agente da verdade.

No entanto, a verdade é de todos os tempos, e, portanto, dos mais remotos tempos, fatos históricos da cultura e da inteligência humana em seus progressos irrefreáveis. Assim, nos presentes tempos, pronuncia-se, como não poderia deixar de ser, até mesmo um “monismo materialista”, o do cético Ernst Haeckel (1834 – 1919), estudioso darwiniano que desenvolvera extensas idéias de um “processo evolutivo unitário”, e, portanto, monista: dos animais unicelulares até o homem. Mesmo cético e ateu, não se pode dizer que o seu trabalho, ao âmbito da Evolução e do Monismo, não tenha o seu crédito e real valor.

Prova mais do que evidente de que o Monismo presentemente enfocado, resgatado e renascido pela obra monumental de Pietro Ubaldi, nos capacita uma visão-síntese de tudo, desenvolvendo, sobretudo, o Panteísmo de Spinoza e o Espiritismo de Allan Kardec.

Capítulo 8

O MONISMO NA OBRA XAVIERIANA

Óbvio está que não relatamos, com tais capítulos, todos os aspectos positivos da equidade, do entrosamento e da perfeita sintonização filosófica da obra de Kardec com a de Pietro Ubaldi, mas, pelo menos, tentamos fazê-lo e vou continuar tentando.

E isto por que Ubaldi, a meu ver, não tinha de repetir Kardec, mas sim de complementá-lo, desenvolvê-lo em suas tantas perspectivas que convergem à divina plataforma do Cristianismo, em sua essência mais pura e mais sublime.

E tudo isto, é claro, visando o esclarecimento de alguns elementos - ou melhor - companheiros distantes de mais profundas e mais certeiras conceituações filosóficas, e distantes, ainda, das obras ubaldianas. Tal procedimento, muito mais próximo do sensível que do inteligível da proposição platônica, fazem crer que tais não só não conhecem a fundo a obra de Kardec, bem como desconhecem a de Ubaldi e, mais ainda, a de Xavier. Isto é bem compreensível em face das complexidades doutrinárias do Espiritismo em sua unidade de tríplice aspecto, e muito mais.

Seus preceitos, por integrar-se aos da Ciência oficial, tendem a dilatar-se progressivamente na linha do tempo-evolução se estendendo imenso ao infinito estelar. E, indubitavelmente, a obra de Xavier autoriza e dá validade doutrinária ao conteúdo monístico e filosófico do trabalho ubaldiano. Na obra: “Emmanuel” (1937 – Chico Xavier – Feb), deste mesmo Espírito, o preclaro autor reforça o Monismo da obra de Xavier nas sábias respostas do seguinte questionamento:

P – “Será lícito considerar-se Espírito e Matéria como dois estados alotrópicos de um só elemento primordial, de maneira a obter-se a conciliação das duas escolas perpetuamente em luta, dualista e monista, chegando-se a uma concepção unitária do Universo?”.

R – “É lícito considerar-se Espírito e Matéria como estados diversos de uma mesma essência, chegando-se dessa forma a estabelecer a unidade substancial do universo”.

E prossegue Emmanuel:

“Dentro, porém, desse monismo físico-químico, perfeitamente conciliável com a doutrina dualista (Espírito e Matéria), faz-se preciso considerar a Matéria como o estado negativo e o Espírito como o estado positivo dessa substância. O ponto de integração dos dois elementos estreitamente unidos em todos os planos do nosso relativo conhecimento, ainda não o encontramos”.

E lança mão do seu prognóstico, o ilustre mentor espiritual nas alegações de que:

“A Ciência terrena, no estudo das vibrações, chegará a conceber a unidade de todas as forças físicas e psíquicas do universo”. (Opus cit.).

Tudo muito claro e pacífico no que se refere ao aspecto monista da questão, no estabelecimento da unidade substancial do universo. O que implica dizer que a obra xavieriana tem caráter fundamentalmente monista, afiançada pelos seus dois principais articuladores: o médium missionário Chico Xavier, cordato com o pensamento contido na recepção da obra, e Emmanuel, responsável máximo por tal pensamento e, portanto, pela sintonização com o referido canal mediúnico que lhe acolhera, e, mais ainda, por sua divulgação no Mundo planetário.

Obra, ao que consta de minhas apurações, que tem cunho monista e confirmante do Monismo da obra de Kardec, estendendo-o, obviamente, à obra de Pietro Ubaldi que lhe complementa.

Parece, pois, não haver dúvida de se encontrar uma perfeita concordância de tais obras no Mundo, onde uma está conectada (=c=) à outra, estando Xavier ao seu centro, unindo, completando e desenvolvendo o Cristianismo do Nazareno tal como Ampla Conexão Monística:

[(Kardec) =c= (Xavier) =c= (Ubaldi)]

Ora, e teria de ser assim, haja vista que o Espiritismo Codificado se inclinava para tal Monismo, e a obra de Xavier, em desenvolvendo muitos aspectos da Codificação, não fugiria à regra insinuada em “O Livro dos Espíritos” mesmo como já visto e citado.

Finalizando, reforço que:

Se o Espiritismo de Kardec não é panteísta, o Monismo de Ubaldi também não o é, conquanto as inegáveis contribuições do Panteísmo àquelas formas mais modernas e atualizadas do pensar filosófico resgatando as verdades desta visão sintética da fenomenologia universal.

Tudo resumindo:

“O Espiritismo de Kardec é o gérmen do Monismo de Pietro Ubaldi, sendo seguidos, inequivocamente, pela Obra Monista de Chico Xavier, o maior médium psicógrafo de todos os tempos, sob o auspício reluzente de Emmanuel”. (frp).

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UM GRANDE ABRAÇO A TODOS:
Fernando Rosemberg Patrocinio
Fundador de Núcleo Espírita Cristão; Coordenador de Estudos Doutrinários; Palestrante; Articulista e Escritor de dezenas de e.Books gratuitos em seu blog abaixo descrito:

BIBLIOGRAFIA

-“Obra Completa de Allan Kardec”: Divs. Editoras;
-“Obra Completa de Pietro Ubaldi”: Fundapu;
-“Os Quatro Evangelhos”: Roustaing, J.-B. - Feb;
-“Obra Completa de Chico Xavier”: sendo de destaque no presente e.Book:
-“Emmanuel”: Emmanuel – Feb;
-“Kardecismo e Espiritismo”: e.Book deste autor: FRP;
-“O Livro dos Espíritos: Queda Espiritual”: e.Book deste autor: FRP;
-“O Livro dos Espíritos: Níveis Filosóficos”: e.Book deste autor: FRP;
-“O Livro dos Espíritos: Simples e Complexo”: e.Book deste autor: FRP; e:
-“Bíblia Sagrada”: Edições Católica e Pentecostal.

LISTAGEM DOS e.BOOKS DE:
Fernando Rosemberg Patrocinio

01-Ciência Espírita: Tese Informal;
02-Espiritismo e Progressividade;
03-Espiritismo e Matemática;
04-Mecanismo Ontogenético;
05-Espaço-Tempo: Física Transcendental;
06-Corrente Mental;
07-Pietro Ubaldi e Chico Xavier;
08-Filosofia da Verdade;
09-Axiologia do Evangelho;
10-Espiritismo e Evolucionismo;
11-Fatos e Objeções;
12-O Médium de Deus;
13-A Grande Síntese e Mecanismo;
14-Evangelho da Ciência;
15-Codificação Espírita: Reformulação;
16-Kardecismo e Espiritismo;
17-Geometria e Álgebra Palingenésicas (web artigos);
18-Maiêutica do Século XXI;
19-Espiritismo: Fundamentações;
20-Ciência de Tudo: Big-Bang;
21-Evolução: Jornadas do Espírito;
22-O Homem Integral (Reflexões);
23-Espiritismo e Filosofia;
24-André Luiz e Sua-Voz;
25-O Livro dos Espíritos: Queda Espiritual;
26-Evidências do Espírito;
27-Construção Bio-Transmutável;
28-Mediunidade Genial (web-artigos);
29-Conhecimento e Espiritismo;
30-O Paradigma Absoluto; 
31-O Fenômeno Existencial;
32-Chico-Kardec: Franca Teorização;
33-O Maior dos Brasileiros;
34-Espiritismo: Síntese Filosófica;
35-O Livro dos Espíritos: Simples e Complexo;
36-O Livro dos Espíritos: Níveis Filosóficos;
37-Temas da Verdade Espírita;
38-Geometria Cósmica do Espiritismo;
39-Matemática da Reencarnação;
40-Kardec, Roustaing e Pietro Ubaldi; e:
41-Espiritismo e Livre Pensamento;
42-Síntese Embriológica do Homem;
43-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Primeira;
44-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Segunda;
45-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Terceira;
46-Consenso Universal: Tríplice Aspecto;
47-Método Pedagógico dos Evangelhos;
48-Cristo: de Roustaing a Pietro Ubaldi;
49-Estratégias da Revelação Espírita;
50-Trilogia Codificada e Rustenismo;
51-Cosmogênese do Terceiro Milênio;
52-Tertúlias Multidimensionais;
53-Cristianismo: Teologia Cíclica;
54-Análise de Temas Codificados;
55-Deus: Espírito e Matéria;
56-Razões e Funções da Dor;
57-Emmanuel: Insigne Revelador;
58-A Queda dos Anjos;
59-Homem: Vença-te a Ti Mesmo;
60-Evangelho: Evolução Salvífica;
61-O Espírito da Verdade;
62-Balizas do Terceiro Milênio;
63-Sentimento: Molde Vibrátil de Ideias;
64-Ciência do Século XX;
65-A Revolução Ética.
(Tais e.Books foram produzidos de 2010 a 2018).
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Blog: Filosofia do Infinito
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