sábado, 25 de maio de 2019

FATOS E OBJEÇÕES (11o. e.Book)


Fernando Rosemberg Patrocínio

(11º. e.Book)

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FATOS e OBJEÇÕES

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Introdução

Capítulo 1: Uma Ciência do Infinito

Capítulo 2: Resumo do Espiritismo

Capítulo 3: Detalhes Perturbadores

Capítulo 4: Permanecem Desacertos

Capítulo 5: As Luas de Marte, e Mais

Capítulo 6: Somos Espíritos Decaídos

Capítulo 7: Idiossincrasias de Kardec

Bibliografia

Relação Nossos e.Books

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Introdução

Penso que o presente e.Book, de minha modesta coleção, possa constituir, de todos, o mais discutível, porém, de verdades incontestáveis, como os demais já divulgados via Internet, de que hoje desfrutamos. É que alguns espiritistas, menos sábios e, por sua vez, mais deselegantes, insistem em perseguir a obra de Pietro Ubaldi, bem como a de Xavier, se esquecendo, ou, de propósito, fazendo vista grossa para os equívocos cometidos pela obra de Kardec, como se tais não existissem.

Ora, equívocos e distorções, toda grande obra os apresenta, e a de Kardec não se eximiria de tais.

Referido e.Book, pois, evidenciará, mais uma vez, minha condição de ser um espírita consciente e atuante, progressista e universalista - conquanto realista também - me alçando, pois, como um pensador maduro, o que me tornara um crítico sincero da obra de Kardec, sem endeusá-lo ou mitificá-lo, coisa que lhe imputaria qualidades, quando a um só tempo, lhe ocultaria indubitáveis equívocos e contradições.

Como crítico, pois, o presente autor não mitifica, não articula idolatria e tampouco o endeusamento de Kardec ou de quem quer seja; o considera como Homem, tal como se dá com todos, e, por isto, vejo-o, acima de tudo, com suas idiossincrasias, virtudes e defeitos que explicitaram, claramente, sua condição não muito além de nós mesmos, ou seja: em processo de constante aprendizado e evolução; conquanto, no caso dele, não ser desprezível, em tempo algum, sua digníssima atribuição missionária.

Ora, é óbvio que sim, do contrário não teria sido indicado, como o fora, para organizar uma Doutrina tão complexa que, ainda hoje, é a grande novidade do Mundo terreno, indubitavelmente.

Mas Kardec, todos sabem, não era insubstituível, como, aliás, ninguém o é. Ora, se ele renegasse sua missão, óbvio que a Espiritualidade já contava com um seu (ou seus) substituto, como lhe fora advertido; mas tal não se dera, pois Kardec cumprira com o que lhe fora destinado por missão, inobstante haver, pois, diversos auxiliares e pensadores de grande ou de similar capacidade para tal.

Neste opúsculo, pois, tratarei, em seu núcleo mesmo, do Espiritismo em seus quinze anos de elaboração doutrinária, tecendo-lhe uma comparação rápida com o que lhe caracterizara, à época, (e, para sempre), como: Ciência do Infinito.

Quando, simultaneamente, venho escancarar aos mais arraigados à Codificação, como o Espiritismo é síntese e, por isto mesmo, suscetível de desenvolvimentos ulteriores, o que, de certo modo, muitos dos quais já se implantaram ao seu bojo mesmo, exceto se quisermos ficar encarcerados aos seus quinze anos com Kardec, engessando-se ao seu restrito campo doutrinário de um tempo que se fora, no Século 19.

Ora, a Ciência mesma não se conforma aos seus princípios: ela se modifica e amplia seus saberes acerca da matéria e da vida, estudando seus contornos vários e já se aproxima dos campos modeladores de tais, da Consciência e de suas propriedades perenes, imortais.

Para tanto, recordemos o famigerado sistema geocêntrico hoje substituído pelo heliocêntrico; lembremos do fixismo das espécies, sendo, presentemente, e, lentamente, permutado pelo evolucionismo: do homem, das espécies e de tudo o mais; lembremos que hoje se patenteia pelo menos três modelos de física: a newtoniana, a relativística e a quântica, se já não houver outras mais.

Ora, se a Ciência muda e melhora sua percepção da realidade, o Espiritismo, como um Todo Doutrinário, ele igualmente amplia seus princípios codificados, os corrige, ou deveria corrigir, os seus possíveis desacertos e segue avante se adiantando no tempo evolutivo com novas perspectivas mentais, espirituais e morais.

Vamos, pois, a mais um enfoque da doutrina do Espiritismo, tão complexa e tão ampla que, numa só vida, não poderíamos, e não podemos, dela tudo abarcar de sua estrutura filosófica gigantesca, sua fenomenologia que se estende ao infinito, tal como ela mesma se autoriza denominar.

O autor: um simples aprendiz, também com seus defeitos e contradições, como você mesmo: Leitor.

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Capítulo 1

UMA CIÊNCIA DO INFINITO

Primeiramente, que não se pense que o Espiritismo, como ‘Doutrina dos Espíritos Superiores’, esteja a incorporar uma doutrina estática, imóvel e paralítica em seus princípios vários; isto não! O Espiritismo, como tudo do Mundo terreno, e, como tudo do Universo sideral, é uma doutrina em movimento, essencialmente dinâmica e progressiva.

Como Ciência e como Filosofia, pois, o Espiritismo não se assenta na imobilidade, mas sim em dinâmica constante, tendo como não movível, pois, apenas o seu aspecto ético, de práticas moralizantes, pois derivante de obra imorredoura: o ‘Evangelho de Jesus’.

Assim, pois, “O Livro dos Espíritos”, que lhe contêm os princípios filosóficos primeiros, e, pois, fundamentais, se desenvolvera e mudara muitíssimo e, para melhor, quando, na primeira edição, de 1857, contava com 501 perguntas e respostas, e, na segunda, “definitiva”, de 1860, dobrara sua estrutura maiêutica para 1018 abrilhantadas questões.

E por que “definitiva” entre aspas?

Pelo simples fato de que:

“O Livro dos Espíritos não é um tratado completo do Espiritismo; apenas apresenta as bases e os pontos fundamentais, que se devem desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação”. (Vide: “Revista Espírita” – AK - Julho de 1866 – Edicel).

E fora desenvolvido não só pelo ‘Pentateuco Kardequiano’ como pelos demais volumes que lhe integram, como também pelos clássicos, pelas sociedades de pesquisa, pelos metapsíquicos, bem como, ainda, pelos mais notáveis médiuns do Século 20, sobretudo por Pietro Ubaldi e Francisco Cândido Xavier nas pessoas espirituais de ‘Sua Voz’, ‘Emmanuel’ e ‘André Luiz’, dentre outras.

Mas de onde surgira a ideia de que o Espiritismo é Ciência do Infinito? Surgira como proposta dos Espíritos mesmo e acatada por Kardec. Em “O Livro dos Espíritos” (AK – edição definitiva - Ide), item 466, eles argüiram que:

“Tu, sendo Espírito, deves progredir na Ciência do Infinito...”. (Opus Cit.).

Assim, pois, como Ciência do Infinito, infere-se que o Espiritismo, por si só, integrando Ciência, Filosofia e Religião, e, ao demais, compreendendo a verdade das Ciências do Mundo terreno, e nelas, pois, se completando, e vice-versa, óbvio que o Espiritismo é não só síntese do conhecimento que, em seu desenvolvimento e progressivo, se adianta no continuum formalizado pelo ‘tempo-evolução’ tendo por meta a infinitude que não tem fim, pois que Deus é Infinito, não se podendo, pois, atingir Sua Infinitude Cósmica, de Transcendente Espiritualidade.

Ora, podemos até nos tornar Uno com o Criador consoante ensinos do Mestre ao proferir a sentença (e nossa meta) de que:

“Eu e o Pai somos Um”.
(Jesus).

O Espiritismo, pois, como Ciência do Infinito, não está, por isto mesmo, completo, e nem devidamente pronto e acabado, pois vai se completando no tempo-evolução como o provam todos os seus desenvolvimentos, e inclusive, do primeiro “O Livro dos Espíritos” (AK – 1857) para a sua versão mais definitiva (AK - 1860), bem como todos os seus avanços com as figuras missionárias de Cristo Jesus, por aqui aportadas vias reencarnação.

E a obra de Pietro Ubaldi, pois, veio completar o Fenômeno Evolutivo da Obra Codificada com o Fenômeno que lhe amplia vastamente, ou seja: Involutivo-Evolutivo, pois que o Espiritismo “assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, de qualquer ordem que sejam, chegadas ao estado de verdades práticas, e saídas do domínio da utopia”. (Vide: “A Gênese” – AK – 1868).

Ora, a obra monista de Pietro Ubaldi não só amplia o modelo contido na obra do Espiritismo Codificado, como nos mostra um Deus Justo, Amoroso e Sábio, que, por sua vez, não criaria Espíritos Simples e Ignorantes (ESI), quando, então, além de não pedirem para serem criados, mais ainda, Ele não os remeteria aos abismos da matéria, da adversidade e da dor para forçá-los ao progresso de suas potências anímicas por milhões e milhões de anos de evolução.

Um Deus, pois, incompatível com Sua Bondade, e não comparável, nem ao menos, com nossas figuras paternas, que tudo fizeram e tudo fazem, se sacrificaram e tudo sacrificam pelo nosso bem estar e pela nossa felicidade, como filhos amados que somos por toda vida, de nossos amados pais; exemplos que seguimos de forma igual para com nossos filhos queridos, consangüíneos ou não.

Ora, meus senhores, comparem os modelos e vejam o melhor, mais coerente e mais compatível com a Sabedoria, a Justiça e Bondade do Criador?

E mais: vejam como a obra de Ubaldi chegara ao estado de verdade prática, saída do domínio da utopia para a compreensão de um Deus-Pai, Sábio e Amoroso Criador, que nos criara Puros e Conscientes (EPC), tal como nos mostrara Jesus falando da Queda Espiritual dos que se insurgiram, e, ao mesmo tempo, ratificando os profetas bíblicos, o que hoje se consolida não só com Pietro Ubaldi (‘Sua Voz’), mas também com Francisco Cândido Xavier (‘Emmanuel’, ‘André Luiz’, ‘Augusto dos Anjos’, ‘Irmão X’, dentre outros), bem como por médiuns europeus de razoável expressão e confiabilidade.

A bem da verdade, conformando-se a Obra Codificada por Kardec como um ‘Modelo Evolutivo’, deve-se informar, ainda assim, que a mesma não deixara de citar o ‘Modelo’ mais amplo: ‘Involutivo-Evolutivo’, o que se pode constatar em vários e.Books de nossa autoria, e, inclusive, em nossa ‘Trilogia’ de:

-O Livro dos Espíritos: Queda Espiritual’;
-O Livro dos Espíritos: Simples e Complexo; e:
-O Livro dos Espíritos: Níveis Filosóficos.

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Capítulo 2

RESUMO DO ESPIRITISMO

Vejamos, de Herculano Pires, um resumo do primeiro e importante ‘Tratado’ dos Maiores da Espiritualidade: “O Livro dos Espíritos” (AK - 1857):

“Com este livro surgiu no mundo o Espiritismo. Sua primeira edição foi lançada a 18 de abril de 1857, em Paris, pelo editor E. Dentu, estabelecido no Falais Royal, Galérie d’0rléans, 13. Três novidades, à maneira das tríades druídicas, apareciam com este livro: a Doutrina Espírita, a palavra Espiritismo, que a designava; e o nome Allan Kardec, que provinha do passado celta das Gálias”.

“A primeira novidade era apresentada como antiga, em virtude de representar a eterna realidade espiritual, servindo de fundamento a todas as religiões de todos os tempos: a Doutrina Espírita. Era, entretanto, a primeira vez que aparecia na sua inteireza, graças à revelação do Espírito de Verdade prometida pelo Cristo. A segunda, a palavra Espiritismo, era um neologismo criado por Kardec e desde aquele momento integrado na língua francesa e nos demais idiomas do mundo. A terceira representava a ressurreição do nome de um sacerdote druida desconhecido”.

“A maneira por que o livro fora escrito era também inteiramente nova. O Prof. Denizard Hippolyte Léon Rivail fizera as perguntas que eram respondidas pelos Espíritos, sob a direção do Espírito de Verdade, através das cestinhas-de-bico. Psicografia indireta. Os médiuns, duas meninas, Caroline Baudin, de 16 anos, e Julie Baudin, de 14, colocavam as mãos nas bordas da cesta e o lápis (o bico) escrevia numa lousa. Pelo mesmo processo, o livro foi revisado pelo Espírito de Verdade, através de outra menina, a Srtª Japhet. Outros médiuns foram posteriormente consultados e Kardec informa, em Obras Póstumas: “Foi dessa maneira que mais de dez médiuns prestaram concurso a esse trabalho”.

“Este livro é, portanto, o resultado de um trabalho coletivo e conjugado entre o Céu e a Terra. O Prof. Denizard não o publicou com o seu nome ilustre de pedagogo e cientista, mas com o nome obscuro de Allan Kardec, que havia tido entre os druidas, na encarnação em que se preparava ativamente para a missão espírita. O nome obscuro suplantou o nome ilustre, pois representava, na Terra, a Falange do Consolador. Esta falange se constituía dos Espíritos Reveladores, sob a orientação do Espírito de Verdade e dos pioneiros encarnados, com Allan Kardec à frente”.

“A 16 de março de 1860, foi publicada a segunda edição deste livro, inteiramente revisto, reestruturado e aumentado por Kardec, sob orientação do Espírito de Verdade, que, desde a elaboração da primeira edição, já o avisara de que nem tudo podia ser feito naquela. Assim, a primeira edição foi o primeiro impacto da Doutrina Espírita no mundo, preparando ambiente para a segunda que a completaria. Toda a Doutrina está contida neste livro, de forma sintética, e foi posteriormente desenvolvida nos demais volumes da Codificação”.

“Escrito na forma dialogada da Filosofia Clássica, em linguagem clara e simples, para divulgação popular, este livro é um verdadeiro tratado filosófico que começa pela Metafísica, desenvolvendo com novas perspectivas a Ontologia, a Sociologia, a Psicologia, a Ética, e estabelecendo as ligações históricas de todas as fases da evolução humana em seus aspectos biológico, psíquico, social e espiritual. Um livro para ser estudado e meditado, com o auxílio dos demais volumes da Codificação”.

(Texto de Jose Herculano Pires).

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Capítulo 3

DETALHES PERTURBADORES

Assim, pois, torna-se evidente que o Espiritismo é uma obra em construção, haja vista, desde seu início, as diferenças entre “O Livro dos Espíritos” de 1857 com sua versão definitiva de 1860, observando-se, no primeiro deles, como se sabe, pelo menos três grandes equívocos que passo a citar:

Item 1 - De que a evolução do Espírito humano se daria apenas e tão só ao âmbito de sua espécie mesma;

Item 2 - De que o feto humano não tem Alma, pois que o Espírito só se ligaria ao corpo no nascimento da criança; e de que:

Item 3 - Certas tendências humanas para o crime poderiam se dar em função de algumas características físicas.

Sendo que todas elas, Graças a Deus, foram corrigidas na versão de 1860, mostrando-nos, pois,

Primeiramente:

-Que o Espiritismo codificado comporta correções de tempos em tempos;

E, em segundo lugar:

-Que tais correções - como as citadas, de 1860 corrigindo as de 1857 – não o fossem feitas, e ter-se-ia, como conseqüência, e, sobretudo, das duas últimas, as mais tristes e mais funestas conseqüências sociais e morais.

Mas vamos analisá-las devagar, item por item, lhes extraindo de suas fontes mesmas para nossas análises e conclusões.

Item 1:

Preconiza a versão primeira de “O Livro dos Espíritos” (AK – 1857 – Vide Internet: ‘o primeiro livro dos espíritos’), em sua:

-Questão 127: “A Alma do homem não teria sido primitivamente o Princípio Vital de ínfimos Seres vivos da Biocriação, que chegou ex-vi (por força) da lei progressiva, até o Ser humano, percorrendo os diversos graus da escala orgânica?”

-Resposta: “Não! Não! Os Espíritos – homens, somos desde natos. Cada Ser vivo só progride na sua espécie e em sua essência. O homem não foi jamais outro Ser, senão homo”.

No que Kardec comenta:

-“Seja qual for a diversidade das existências por que passe o nosso Espírito ou nossa Alma, elas pertencem todas à espécie humana; seria um erro supor que, ex-vi duma lei progressiva, o Homem haja passado pelos diferentes graus da escala orgânica para chegar ao seu estado atual. Assim, sua Alma não foi inicialmente o Princípio Vital de ínfimos Seres vivos da Biocriação que chegou sucessivamente ao grau superior: ao Homem”.

O que fora corrigido na edição mais ampla de “O Livro dos Espíritos” de 1860, considerada “definitiva”, informando que o Espírito humano (questão 607) passa por uma:

“ ... série de existências que precedem o período a que chamais humanidade”. (Opus Cit. – A.K. - Ide).

No que Kardec, mais adiante, e, talvez não arredando o pé de sua crença e do que havia dito na edição de 1857, se sai com a ponderação de que:

“... O Homem possui sua própria Alma ou Espírito, centelha divina que lhe dá o senso moral e um valor intelectual que falta aos animais, e é nele o Ser principal, preexistente e sobrevivente ao corpo e que conserva a sua individualidade. Qual é a origem do Espírito? Onde está o seu ponto de partida? Ele se forma de um princípio inteligente individualizado? É isso um mistério que seria inútil procurar penetrar e sobre o qual, como dissemos, não se pode senão construir sistemas”. (Opus Cit.).

Entretanto, os ensinos dos Espíritos constantes da edição de 1860, estão hoje confirmados por uma plêiade de Espíritos os mais confiáveis tais como ‘Emmanuel’, ‘André Luiz’, ‘Joana de Ângelis’, e etc., bem como por ‘Sua Voz’ que não só confirma dita questão, como eles vão além com sua exposição do ‘Fenômeno Involutivo-Evolutivo’, contido, em gérmen, na obra codificada.

Item 2:

Prosseguindo, ministra a versão primeira de “O Livro dos Espíritos” (AK – 1857 – Vide Internet: ‘o primeiro livro dos espíritos’), em sua:

-Questão 86: “Em que momento a Alma se une ao corpo?”.

-Resposta: “Ao nascimento”.

-“Antes do nascimento a criança tem uma Alma?”.

-Resposta: “Não”.

-“Como vive então?”.

-Resposta: ”Como as plantas”.

Quando, na ocasião, comentara Kardec que:

“A Alma ou Espírito se une ao corpo no momento em que a criança vê a luz e respira. Antes do nascimento a criança só tem vida orgânica sem Alma. Ela vive como as plantas, tendo apenas o instinto cego de conservação, comum em todos os Seres vivos”.

Observemos que as conseqüências de tal ensino seriam desastrosas se estivessem com a verdade; seria a própria liberação do aborto, pois que, afinal, não se tira a vida de um Ser dotado de Corpo e Alma, mas sim, de massa orgânica apenas, e dotada, pois, tão-só de vida vegetativa, como uma planta qualquer.

Mas as obras sucessivas de Kardec vieram corrigir tão triste distorção informando melhor, como o próprio “O Livro dos Espíritos” de 1860 que, detalhando, explicara em sua questão 136 que:

“... Antes do nascimento, não há ainda união definitiva entre a Alma e o corpo; ... “.

O que é bem distinto do preconizado anteriormente.

Em sua nova versão, pois, explicitam os sábios Espíritos a Kardec que ainda “não há”, antes do nascimento, “união definitiva entre a Alma e o corpo”, o que é bem diferente; ou seja: não há união definitiva, mas o Espírito está lá desde o início, no embrião que ganha força e se desenvolve, vagarosamente, para um feto, e que tal Espírito, (funções mecânicas do perispírito), pois, é quem vai lhe orquestrando a vida que se organiza, o que está confirmado pela vasta literatura espírita atual, e, inclusive, com o Espírito ‘André Luiz’ que, no livro: “Missionários da Luz” (Francisco C. Xavier – 1945 - Feb), traça detalhes da reencarnação de um Espírito em pelo menos vinte e cinco páginas elucidativas da referida questão; bem como por Pietro Ubaldi que, em “Problemas Atuais” (Fundapu), também o faz em meia centena de páginas éticas e filosóficas das vidas sucessivas por meio da reencarnação.

Item 3:

E, finalmente, ensina o primeiro “Livro dos Espíritos”, aqui e ali, e contrariando o que já havia sido ministrado noutras partes, o seguinte:

-Questão 433 – “O Homem traz consigo ao nascer, por sua organização física, a predisposição para tais ou quais atos?”.

-Resposta: “Sim”.

Esta resposta exige, pelo menos, duas explicações:

Em primeiro lugar: ela contradiz uma série de respostas outras já codificadas anteriormente onde os Espíritos foram taxativos em afirmar que:

-Pergunta 85 - É seu próprio Espírito que dá ao Homem as qualidades morais e as da inteligência?

Resposta: “Sim”.

Do que se deduz, pois, que aquela resposta 433 (que já fora, bem como as demais, corrigidas na segunda edição): de que o Homem traz consigo ao nascer, e por sua organização física, a predisposição para tais ou quais atos, levariam a crer, injustamente, que certos caracteres físicos do corpo humano poderiam, por exemplo, conduzir o indivíduo à prática de certos crimes e/ou tendê-lo a determinados comportamentos ilícitos, cruéis, e etc., o que é inadmissível.

Ora, Eu sou o que sou pelo meu Espírito, bom ou mau, e não pelo meu corpo, por seus caracteres físicos, corpo este instrumento do Espírito e não o contrário.

Assim, dir-se-ia que o primeiro “Livro dos Espíritos” (AK – 1857) sofrera, indubitavelmente, influência de Espíritos menos avançados, ou, inferiorizados, e isto não é novidade uma vez que o próprio Kardec dissera, na sua Introdução, o seguinte:

“As respostas, em certos casos, têm um cunho de tanta sabedoria, profundeza e propriedade; revelam pensamentos tão elevados, tão sublimes, que não podem emanar senão de uma Inteligência superior, toda impregnada da moral mais pura; são de outras vezes tão levianas, tão frívolas, tão triviais mesmo, que o bom senso se recusa a admitir que possam elas haver brotado da mesma fonte. Esta diversidade de linguagem só se poderia explicar pela diversidade das Inteligências que se manifestam”.

Assim, pois, se a edição de 1860 corrige e amplia a de 1857, isto não quer dizer que esta última desmereça correções e aprofundamentos, pois que, para Kardec mesmo, como dito em 1866:

“’O Livro dos Espíritos’ não é um tratado completo do Espiritismo; apenas apresenta as bases e os pontos fundamentais, que se devem desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação. (Vide: Revista Espírita – A.K. - Julho de 1866 – Edicel)”.

Ora, estamos tratando do Espiritismo básico, mais especificamente, como Ciência do Infinito, e, portanto, suscetível de desenvolvimentos e de correção daquilo não condizente com os fatos, sobretudo filosóficos e científicos.

É o que se verá no próximo Capítulo onde abordarei que “O Livro dos Espíritos” já corrigido por Kardec em 1860, também já está carente de uma “reformazinha”, (Vide nosso modesto e.Book: “Codificação Espírita: Reformulação”), se não for muita pretensão de nossa parte.

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Capítulo 4

PERMANECEM DESACERTOS

a) Um de tais desacertos constantes de “OLE” (AK – 1860) “definitivo” está em algumas contradições como, por exemplo: de se haver citações da Queda Espiritual, (o que é fato), bem como informações de que o Espírito poderia apenas estacionar, (não é fato), e de que, portanto, a Queda do Espírito não se daria e não se dá, (o que é inverdade).

b) Além do mais, algumas de suas respostas carecem ser remodeladas, refeitas ou consertadas, pois se descaracterizaram por si mesmas perdendo sua validade, se indispondo, não necessariamente comigo, mas, no caso em questão, com o já conceituado, resolvido e filosoficamente codificado.

Ora, o Espiritismo preconiza em seu item primeiro (1) de “O Livro dos Espíritos” (Edição atualizada em 1860 – AK) que:

-“Deus é a Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas”.

Mas confiramos, logo adiante, seu questionamento vinte e um (21) e respectiva resposta:

-P: “A matéria existe desde o princípio, como Deus, ou foi criada por Ele em determinado momento?”.

-R: “Só Deus o sabe. Entretanto, há uma coisa que a vossa razão deve indicar: Deus, Modelo de Amor e de Caridade, jamais esteve inativo. Por mais distante que se consiga imaginar o início de sua ação, poder-se-á compreendê-lo um segundo sequer na ociosidade?”.

Para quem lê rapidamente, a resposta está perfeita, e o leitor algo desatento segue avante no sentido de saciar-se das sábias fontes dos nossos Superiores espirituais; e deve ser assim mesmo, pois “O Livro dos Espíritos” incorpora síntese da mais excelsa sabedoria e constitui, por isso mesmo, os pilares da nova humanidade do terceiro milênio, nele mostrando - tal qual resposta mesma, referindo-se ao Amor e à Caridade Divina – resumo, o qual, devemos nos espelhar para a nossa felicidade presente e futura.

Mas, atentemos para os possíveis equívocos da pergunta e da resposta codificada.

Com relação à pergunta:

Não seria inconveniente e fora de propósito perquirir se “a matéria existe desde o princípio como Deus”, se já fora ministrado que “Deus é a causa primeira de todas as coisas”, e, portanto, a matéria não poderia existir desde o princípio, pois que o princípio de tudo está em Deus, sendo a matéria, pois, Sua criação, efeito de uma Causa Sua, ou seja: Causa do Criador?

Óbvio não ser condenável a multiplicação de perguntas no sentido de se obter respostas cada vez mais precisas e mais satisfatórias...

Mas a resposta, neste caso específico, também deixa a desejar por sua incompatibilidade com o nível e com a sabedoria de um Espírito superior; ora, vejamos a primeira parte da aludida resposta.

-“Só Deus o sabe”.

Ora, se Deus é o Supremo Criador, como já ministrado anteriormente, argumentar-se: “Só Deus o sabe”, me parece resposta pouco condizente por sua fuga e desvio do já ministrado anteriormente, em que se argumentara ser Deus o Criador de todas as coisas, e, portanto, me parece que a resposta mais condizente deveria ser simplesmente:

-“Já fora dito que Deus é a Causa primeira de todas as coisas; e atentai para o fato de que: por mais distante seja o início de Sua obra, Ele jamais esteve inativo ou na ociosidade”.

Onde se nota que: além de confirmar-se o já ensinado, a resposta nos mostra uma outra condição Sua: a de Deus ativo e dinâmico como já o fora ministrado muito tempo antes pelo Magnânimo Mestre Nazareno: Jesus.

Assim, pois, o presente e sucinto Capítulo têm dois objetivos:

a) evidenciar alguns desacertos de “OLE” já corrigido em 1860; e:

b) levar-vos à reflexão, a ver outros ângulos da questão, que, pelo estudo: analisa, perquire, enxerga objeções, outras possibilidades e faz as devidas críticas, não se paralisando no óbvio, ou, no que deixa de ser óbvio, mas segue avante como forma dinâmica do Ser, do Pensar e, de Si mesmo: externar.

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Capítulo 5

AS LUAS DE MARTE, E MAIS

Eis um dos temas mais intrigantes do Espiritismo codificado: as Luas de Marte: que rendera pano pra mangas e ainda vai render muito mais. Referido escrito consta do livro “A Gênese” (A.K. – 1868), Capítulo 6, ‘Uranografia Geral’ que, em princípio, trata-se de um tema filosófico-científico interessante, sintético e mui belo, reconheço. Em seu pé de página nos deparamos com o escrito de que:

“Este capítulo foi extraído, textualmente, de uma série de comunicações ditadas à Sociedade Espírita de Paris, em 1862 e 1863, sob o título de Estudos Uranográficos, e assinados por Galileu, médium Sr. C. F.”: que são as iniciais de Camille Flammarion, notável astrônomo e espiritista francês.

Em seu item 26, informa o referido Espírito:

“O número e o estado dos satélites de cada planeta variaram segundo as condições especiais nas quais se formaram. Uns não deram nascimento a nenhum astro secundário, tais como Mercúrio, Vênus e Marte, ao passo que outros formaram um ou vários deles, como a Terra, Júpiter, Saturno, etc.”.

Pelo texto, trocando em miúdos: Marte não tem Lua.

Mas façam uma pesquisa na Internet meus caros, e constatarão que Marte abriga duas Luas: Fobos e Deimos, descobertas em 1877 pelo astrônomo americano Asaph Hall. Na verdade, as especulações e suspeitas de sua existência reportam-se Kepler que, no século dezesseis, até mesmo previu sua quantidade.

Entretanto, se a Espiritualidade vem para nos ensinar, porque o Espírito Galileu, já muito mais ciente de tudo, por estar desencarnado e prosseguindo seus estudos astronômicos, e outros mais, não nos fizera menção das tais Luas, através do médium Flammarion em 1862 e 1863? Ou será que ele fez, e, entretanto, Kardec o corrigira (?) uma vez que tal fato, de modo científico, só se nos mostrara em 1877 com o já citado astrônomo americano?

Por outro lado, Flammarion vivera até 1925, ou seja, em tempo de constatar a descoberta de Asaph Hall, e por que Flammarion, bem como outros estudiosos do Espiritismo, não trataram de corrigir o referido ‘Uranografia Geral’ que ainda hoje consta: Marte desprovido de Luas?

Um livro interessante sobre o tema: “De Amigos Para Chico Xavier”, de Divaldinho Mattos, editora Didier, capítulo ‘Entrevistando o Prof. Henrique Rodrigues’, dá conta de que, para Francisco Cândido Xavier: “Flammarion Foi Galileu Reencarnado”, e que durante o transe (anímico, embaralhado, ao medianímico?) de Flammarion - afiança Henrique Rodrigues logo adiante - que ele regredia na memória de quando fora Galileu, época em que não se sabia dos satélites da Lua.

Mas isto não esclarece tudo Sr. Henrique!

Ora, assim como Flammarion pudera regredir, ele também poderia, em seu transe (?), transcender-se a Si próprio e recordar os conhecimentos feitos na Espiritualidade quando desencarnado, e, portanto, transmitir os ensinos corretos e não os equivocados. Ora, se aqui mesmo, na Terra, podemos fazer tais estudos, quanto mais não o faríamos na Espiritualidade, e de forma mais precisa e correta, memorizando-os e ajustando-os a nós mesmos e preterindo os demais, ou seja, os incorretos.

Por outro lado, nós somos assessorados pelos nossos superiores espirituais, e por que eles não se manifestaram num ponto tão relevante da Doutrina – de sua filosofia científica - permitindo que a coisa toda desandasse para a gafe universal que já conta, hoje, com cento e cinqüenta anos de idade, e, pasmem, salvo engano meu: sem a devida correção das muitas editoras que contam com sua licença de divulgação!?

São tais coisas que, ao invés de contribuir com a boa imagem da Doutrina que professamos, lhe denigrem e servem de chacota até mesmo para alunos dos primeiros ensinos escolares que constatam a presença de Luas em Marte, quando o Espiritismo codificado, em sua eminência e polpuda seriedade doutrinária, diz, erroneamente, o contrário.

Entretanto, Kardec sabia da possibilidade de erros na constituição doutrinária do Espiritismo.

Ora, se as Ciências, de um modo geral, se permitem retificar alguns de seus ensinos, por que a Ciência Espírita, lidando com inteligências extracorpóreas, não poderia também errar, provando, com isso, estar dando seus primeiros passos na observação científica do fenômeno mediúnico? Passos, portanto, que também vacilam, erram, se equivocam, o que levou Kardec a declarar que:

“O Espiritismo, caminhando com o progresso, não será jamais ultrapassado, porque se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro sobre um ponto, modificar-se-á sobre esse ponto; se uma nova verdade se revelar, ele a aceitará”. (Vide: “A Gênese” – A.K. - 1868).

Então, pois, o Espiritismo, como Ciência Espírita, acata o pronunciamento científico do Mundo não só nesta como em outras questões como, por exemplo:

-De que a Lua terrestre se comporta como um ‘João-teimoso’ aos mostrar, perpetuamente, uma só de suas faces ao Mundo terreno, pois que sua parte superior seria formada de fluidos e a parte inferior de elementos sólidos, o que está provado, presentemente, pelos estudos da Nasa, ser outra inverdade constante de “A Gênese” (AK), fato que, de forma igual, invalida outra das propostas pouco científicas do Espiritismo, ou, da Ciência Espírita, mais especificamente.

Mais uma vez, portanto, destaco que o Espiritismo, ou, a Ciência Espírita de Kardec: contêm equívocos e desajustes, provando aos mais arraigados à Codificação e que, por sua vez, insistem em mostrar os erros doutrinários de Pietro Ubaldi, de Xavier, e etc., se desculpando dos seus mesmos (de Kardec), quando tudo, deste Mundo Provacional, é imperfeito, conquanto se encaminhe para a Perfeição.

Portanto, tratemos de corrigir nossos erros primeiramente, antes de ficar citando e condenando os erros de outrem; proposta válida não só no campo doutrinário como também no campo pessoal, ou seja, de nossa intimidade espiritual.

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Capítulo 6

SOMOS ESPÍRITOS DECAÍDOS

Assim, se tratei de temas controversos, vou tratar, no presente Capítulo, o que considero como um dos mais expressivos textos da cultura espírita organizada, que fora intitulado ‘O Espiritismo Filosófico’, texto que, por sinal, Kardec não via com bons olhos, e que, no próximo Capítulo, veremos a razão de tal antipatia:

“Meus amigos, falamos do Espiritismo do ponto de vista religioso; agora que está bem estabelecido que ele não é uma religião nova, mas a consagração dessa religião universal cujas bases lançou o Cristo, e que hoje vem estabelecer o coroamento, vamos encarar o Espiritismo do ponto de vista moral e filosófico”.

“Para começar expliquemos-nos quanto ao exato sentido do vocábulo filosofia. A Filosofia não é a negação das Leis estabelecidas pela Divindade, da religião. Longe disto: a filosofia é a busca do que é sábio, do que é o mais exatamente razoável. E o que pode ser mais sábio, mais razoável que o amor e o reconhecimento que se deve ao seu Criador, e, consequentemente, o culto, seja qual for, que pode servir para lhe provar esse reconhecimento e esse amor? A religião e tudo quanto a ela vos pode levar, é, pois, uma filosofia, porque é uma sabedoria do homem que a ela se submete com alegria e docilidade. Isto posto, vejamos o que podeis tirar do Espiritismo, posto em prática seriamente”.

“Qual o fim para onde tendem os homens em qualquer posição que se achem? O melhoramento de sua posição presente. Ora, para consegui-lo correm para todos os lados, extraviam-se na maior parte porque, enceguecidos pelo orgulho, arrastados pela ambição, não vêem a rota única que pode conduzir a esse melhoramento: a buscam na satisfação de seu orgulho, de seus instintos brutais, de sua ambição, ao passo que não podem achá-la senão no amor e na submissão devidos ao Criador”.

“O Espiritismo vem, pois, dizer aos homens: Deixai esses caminhos tenebrosos cheios de precipícios, cercados de espinhos e urzes e entrai no caminho que leva à felicidade que sonhais. Sede prudentes, para serdes felizes; compreendei, meus amigos, que para os homens os bens da Terra não passam de emboscadas que devem evitar; são os escolhos de que devem afastar-se. Eis porque o Senhor, enfim, permitiu que se vos deixasse ver a luz desse farol que vos conduzirá ao porto. As dores e os males que sofreis com impaciência e revolta são o ferro em brasa que o cirurgião aplica sobre a ferida aberta, para que a gangrena não perca todo o corpo. Vosso corpo, meus amigos, que é para o Espírito? Que deve ele salvar? Que deve preservar do contágio? Que deve cicatrizar por todos os meios possíveis, senão a chaga que rói o Espírito? A enfermidade que o entrava e o impede de lançar-se radioso para o seu Criador?”.

“Voltai sempre os olhos para este pensamento filosófico, isto é, cheio de sabedoria”:

“Somos uma essência criada pura, mas decaída; pertencemos a uma pátria onde tudo é pureza; culpados, fomos exilados por algum tempo, mas só por algum tempo; empreguemos, pois, todas as forças, todas as nossas energias em diminuir o tempo do exílio; esforcemos-nos por todos os meios que o Senhor pôs à nossa disposição, para reconquistar essa pátria perdida e abreviar o tempo de ausência”.

“Compreendei que vossa sorte futura está em vossas mãos; que a duração das provas depende inteiramente de vós; que o mártir tem sempre direito à palma; e que, para ser mártir, não se trata de ir, como os primeiros cristãos, ser pasto das feras. Sêde mártires de vós mesmos; quebrai, destruí em vós próprios todos os instintos carnais, que se revoltam contra o Espírito; estudai com cuidado as vossas inclinações, os vossos gostos, as vossas ideias; desconfiai de tudo quanto a vossa consciência reprova. Por mais baixo que ela vos fale, porque pôde às vezes ser repelida, por mais baixo que ela vos fale, essa voz do vosso protetor vos dirá que eviteis aquilo que vos pode prejudicar”.

“ ... “.

“Eis, meus amigos, o que vos tenho a dizer por hoje. Em breve continuaremos as nossas conversas íntimas”. (Vide: “Revista Espírita” – Allan Kardec – Junho de 1862 – Edicel).

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Capítulo 7

IDIOSSINCRASIAS DE KARDEC

Assim, estudando, e pesquisando sempre..., podemos fazer nossos recuos no tempo, bem como avançarmos com nossas perspectivas, nossos sonhos de uma nova Ciência que, aliada à Filosofia, à mais Pura Religião, construirá um Mundo melhor, de harmonias sociais, econômicas, comportamentais e morais.

De retorno aos tempos da Codificação, ao Século 19, veremos que Kardec, pessoalmente, tinha certa simpatia pela expressão: “Espíritos Rebeldes”, desprezando a de “Espíritos Decaídos” em alegando que: “a ideia da Queda dos Espíritos presume degradação”. (Vide: o primeiro “Livro dos Espíritos”, item 61 - Internet).

Entretanto, diga-se que uma coisa não exclui a outra, pelo contrário, elas se ligam, sendo uma, a ‘Queda’, não mais que conseqüência da outra, da ‘Rebeldia’.

Noutros termos: a Queda deriva, em termos filosóficos e morais, bem como matemáticos, da Rebeldia. (Vide: nosso 3º. e.Book: “Espiritismo e Matemática”).

O que Kardec, infelizmente, não percebera, não pudera com tal fato atinar. Ora, o Espírito, na sua Queda Involucional – qualquer que seja - não se degrada, mas apenas e tão só se despotencializa, ou seja, restringe suas potências e faculdades. Dito fenômeno verifica-se o tempo todo ao nosso derredor mesmo, com todos os Seres e com todas as espécies do Mundo terreno, e, por conseguinte, com todos nós: Espíritos humanos sujeitos a reencarnação.

Vejamos como “O Livro dos Espíritos” (A.K. – segunda edição de 1860) entende referido fenômeno:

Pergunta 344 - “Em que momento a Alma se une ao corpo?”

Resposta: “A união começa na concepção, mas não se completa senão no momento do nascimento. Desde o momento da concepção, o Espírito designado para habitar tal corpo, a ele se liga por um laço fluídico que vai se apertando cada vez mais, até que a criança nasça; o grito que escapa, então, da criança, anuncia que ela se conta entre os vivos e servidores de Deus”.

E, com relação ao esquecimento do passado, por meio do fato reencarnatório em si, sabe-se que o Espírito obscurece suas faculdades e demais potências suas numa espécie perturbação psíquica (esquecimento) que o restringe e o “anula” paulatinamente. Kardec, a tal fato se referindo, ministra que:

“ ... Da mesma forma que a morte do corpo é uma espécie de renascimento para o Espírito, a reencarnação é uma espécie de morte, ou antes, uma espécie de exílio e de clausura”. (Opus Cit.).

E, mais adiante, confirma relativamente ao fenômeno da reencarnação:

“... Então, nesse momento supremo, a perturbação se apodera dele, qual no homem em agonia, e essa perturbação persiste até que a nova existência esteja francamente formada. Os prelúdios da reencarnação são uma espécie de agonia para o Espírito”. (Opus Cit.).

Vemos com Kardec, pois, que a reencarnação representa para o Espírito uma espécie de morte, ou então, de exílio e de clausura, pois suas faculdades involuem, ou seja: se restringem e se “apagam” durante a vida intra-uterina, para se ampliar e se “acender” paulatinamente durante a vida corpórea do Homem, quando se vai despertando o Espírito pelos processos maturativos e bio-psíquicos seus.

Portanto, se Kardec entendia a Queda Espiritual como degradação, ou seja, como: abjeção, baixeza, opróbio e outras indignidades mais, diga-se que tal fato não se dá absolutamente assim, pois que tal só se verifica como culpa da criatura (Espírito Puro e Consciente) que errara no início dos tempos, como até hoje, por sinal, somos capazes de errar e de, por conseqüência, cair ou quedar-se.

Portanto, se tal fato se dá, tal só se verifica por culpa da criatura e não por culpa de Deus-Pai que não degrada e tampouco humilha suas amadas criaturas.

O que significa expressar, pois, que Deus não exclui e não rebaixa com vileza a nenhum de seus filhos, mas os corrige, pois que neles acredita, bem como está Ciente de Seus Métodos para a correção e salvação daquele que errara. Deus, portanto, estabeleceu Leis que se fossem, e, se forem seguidas, são condutoras do bem e da felicidade ao ponto de nos tornarmos “Uno” com o Justo e Amoroso Criador.

Ora, o próprio “O Livro dos Espíritos”, o definitivo, se refere a tal problemática, e, no caso, os Espíritos Superiores discordam de Kardec; veja-se a resposta ao item 262, onde o Homem que se extraviara, tomando o mau caminho, a conseqüência de tal fora explicitada nos termos:

“... é o que podemos chamar a Queda do Homem”. (Opus Citado).

Ora, a Queda do Homem é a Queda do Espírito, seu Comandante, o Ser, de tudo: principal. E, ao quedar-se, é o próprio Espírito que se humilha em sua correção, pois que sua Consciência, sendo responsável pelos seus atos, assim o exige e assim o quer, mostrando que a semeadura é livre, mas a colheita: obrigatória.

De tudo, pois, resume-se que:

Allan Kardec, como defensor tão-só do ‘Fenômeno Evolutivo’, adotara, em sua psicologia, a Criação dos Espíritos na condição de Indivíduos Simples e Ignorantes (ESI); mas reconhecia que o sofrimento deles, na condição animal, “é constante”, e não tinha como explicar tal fato diante de um Deus-Pai que é Justo e Bom; no que Erasto – como se sabe - lhe advertira ao final de uma sua comunicação a respeito:

“Compreendei, se o puderdes, ou esperai a hora de uma explicação mais inteligível, isto é, mais ao alcance do vosso entendimento”. (Vide: “Revista Espírita” – A.K. - Março de 1864 – Edicel).

O que significa expressar, segundo Erasto mesmo, a condição humana de Kardec: do seu entendimento limitado e dos seus conhecimentos não aprofundados, que, por sua vez, entram em contradição consigo mesmo, pois admite a Criação dos Espíritos Simples e Ignorantes (ESI), mas não compreende tanto sofrimento semeado em seus passos, o que só o ‘Fenômeno Involutivo-Evolutivo’, da Queda e da Salvação, pode conceber e de forma racionalmente lógica explicar.

A inteligência de Kardec, portanto, não podia compreender a Queda Espiritual, não podia, no dizer de Erasto, fazer o ‘entendimento’ da questão por suas limitações intelectivas, bem como filosóficas, sendo tais problemas, não só de Kardec do Século 19 como de ortodoxos seus deste início do Século 21, onde tal fato só se verifica, e só se deve, pois, ao problema evolutivo, onde uns estão prontos para encetar novas jornadas progressivas, e outros, necessitam, ainda, de maiores maturações psíquicas oportunizadas pelo tempo-evolução.

Ora, o fato contraditório de se supor um Deus que é todo Amor e Misericórdia, e que, em contrapartida, cria Espíritos Simples e Ignorantes (ESI) que não pediram para serem criados e, mais ainda, lhes coloca nas dores e adversidades dos Mundos materiais para evoluir e se aperfeiçoar por milênios e milênios sem conta, tal fato implica num Deus Imperfeito que, ao criar, autoriza atrocidades, dores e truculências ao filho inocente, que, ao invés de realçá-lo como Deus Perfeito, Justo e Sábio, o rebaixa como Soberano Injusto e Cruel.

Ora, se tenho por minha filha um amor de pai capaz de sangrar e de se sacrificar pela sua felicidade, quanto mais Deus não seria capaz de sangrar e de se sacrificar pelo Amor que o Mesmo teria e tem pelos seus filhos tão amados?

Não, meus senhores, Deus não criou Simples e Ignorantes (ESI), mas sim, Espíritos Puros e Conscientes (EPC) regidos pela Lei do Amor que, afinal, integra o Sistema Transcendente de Sua Espiritualidade; e, mais, deu-lhes ampla liberdade de escolha pelo bem ou pelo mau, e, se tais elementos falharam fora por culpa sua e não de Deus que não falha, não tem culpa e deseja o melhor aos seus filhos amados, mesmo rebeldes, pois que os busca e os salva pela redenção espiritual.

Os que discordam de tal situação, não são bons filósofos e tampouco bons matemáticos, pois não vêem que o Mundo e o Universo astronômico, como um todo, vem a ser uma conseqüência, cuja causa longínqua está na criatura (Espírito Puro e Consciente) que errara, e que, mesmo hoje, ainda se rebela, persistindo na insurreição de outrora, dos tempos primordiais.

Ora, vejam o Mundo!

Mas não vamos longe não: vejam o nosso País, sua conturbação política, econômica, social, sendo tudo resultado da rebeldia, do orgulho e do egoísmo, do pensar em si e não no próximo: nosso irmão!

Cientificamente, pois:

Não há efeito sem causa; e a dor contida na engrenagem evolutiva, em sendo um efeito, ela resulta de uma causa, da rebeldia dos planos primordiais.

De retorno a Kardec, chego a pensar que o Codificador não tivera tempo de refletir melhor, de pensar e repensar aprofundando o tema da Criação Espiritual, pois cuidava de outros temas também relevantes; e mais: por suas idiossincrasias, peculiaridades, temperamento, e por que não dizer, por sua teimosia mesma, cometera o seu maior descuido filosófico desconsiderando a Involução, ou, o que se compreende mais facilmente como Queda Espiritual.

Ora:

-Kardec, como qualquer um de nós, não é, e não pode ser: infalível.

-Kardec - ele mesmo - evoluíra e crescera durante os trabalhos de sua Codificação e como, pois, considerá-lo um deus infalível e não sujeito a qualquer equívoco ou desacerto de suas instruções?

O que expressa, indubitavelmente, que o Kardec do Século 19 não é infalível, e tampouco um deus, ou semi-deus como querem alguns espiritistas entender, e, aos quatro ventos, proclamar. A doutrina que Kardec codificara, e que não compreendera em sua profundidade, é apenas o ‘abc’ do Espiritismo que precisa não só ser estudado, revisto, como também complementado, como o fora, vastamente, no Século 20, sobretudo por Pietro Ubaldi e por Francisco Cândido Xavier, nas vozes universais de ‘Sua Voz’, ‘Emmanuel’, ‘André Luiz’, dentre outros mais.

Espiritistas mais ortodoxos a Kardec, insistem em perseguir e difamar a Doutrina Monista de Pietro Ubaldi, bem como sua Teologia Científica e Matemática, insistindo em mostrar suas possíveis falhas doutrinais e medianímicas; e alguns outros perseguem, também, a confiável e astronômica obra de Francisco Cândido Xavier.

Mas tais contestadores são incapazes de conceber notáveis sínteses universais, justas e sábias, como as defendidas por ‘Sua Voz’ e apoiadas por ‘Emmanuel’, ‘André Luiz’ e outros Espíritos da lavra xavieriana que, escancaradamente, e, em pelo menos dez (10) opúsculos seus, citaram e ministraram o fenômeno da Queda Espiritual.

Kardec, e repiso com veemência, era incapaz de aceitar, até mesmo, pasme, a questão evolutiva do ‘átomo ao arcanjo’, tal como descrito pelo Espiritismo: Doutrina dos Espíritos Superiores. (Vide nosso e.Book: “Kardecismo e Espiritismo”. Ele, como valoroso missionário, tinha e tem, como todos nós, suas limitações, idiossincrasias caracterizando suas qualidades e seus defeitos, que, num Mundo provacional, e atrasado como o nosso, não se deve condenar.

Mas também não se pode passar-lhe a mão na cabeça e tudo acatar-lhe incondicionalmente; e isto eu não faço porque trabalho, estudo, analiso friamente as mais diversas questões e delas extraio minhas conclusões que, por sinal, não podem agradar a todos, mas refletem uma análise fria e imparcial, pois que fundamentada nos fatos citados e ministrados.

Portanto, repiso que: se sou um estudioso apreciador de Kardec, também lhe sou, em minha consciência, um seu observador e crítico sincero, apesar de ser, eu mesmo, um amaldiçoado por aqueles que detestam minha pena analítica, inspirada pelos imortais da Espiritualidade.

Concluo assim que: Kardec, como pensador, e, dos grandes missionários do Mundo terreno, é o único ponto dissonante da referida questão, ou seja: da Queda Espiritual, pois tal fato se mostrara com lógica consistente e insofismável por uma verdadeira Consensualidade Universal ao plano das grandes revelações conforme já citado: ou seja: pelos Profetas Bíblicos, pelo Cristo, pelo Espiritismo (como Doutrina dos Espíritos Superiores), e, pós Kardec, por Ubaldi e Xavier com suas vozes altaneiras da espiritualidade.

E posso garantir, com toda sinceridade, que Kardec não compreendera, mais a fundo, o próprio “O Livro dos Espíritos” (1857 - AK) que codificara, pois que o mesmo encerra, por toda parte, questões atinentes da referida Queda Espiritual; e o fato é que o problema conceitual do homem Kardec se estende ao Século 21, e, pasme, com grande maioria dos que se dizem: “intelectuais espíritas”, que, por sua vez, recusam a referida questão da origem do Espírito (Queda e Salvação), fato que revela sua ignorância do nosso principal e mais relevante ‘Tratado Filosófico’.

E, pois, repetindo: Vide nossa ‘Trilogia’ de e.Books:

-“O Livro dos Espíritos: Queda Espiritual”;
-“O Livro dos Espíritos: Simples e Complexo”, e:
-“O Livro dos Espíritos: Níveis Filosóficos”.

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FINALIZO COM UM GRANDE ABRAÇO A TODOS:

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Fernando Rosemberg Patrocinio
Fundador de Núcleo Espírita Cristão; Articulista; Coordenador de Estudos Doutrinários; Palestrante e Escritor com dezenas de e.Books gratuitos instalados em seu blog abaixo transcrito.

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Bibliografia

-“Obra Completa de Allan Kardec”: Diversas Editoras;
-“Obra Completa de Pietro Ubaldi”: Fundapu;
-“Obra Completa de Chico Xavier”: Diversas Editoras e Diversos Sites da Internet;
-“De Amigos Para Chico Xavier”: Divaldinho Mattos - Casa Editora Didier;
-“Diversos e.Books de Nossa Autoria”: vide abaixo; e:
-“Bíblia Sagrada”: Versões Católica e Pentecostal.

Relação dos e.Books de:
Fernando Rosemberg Patrocínio

01-Ciência Espírita: Tese Informal;
02-Espiritismo e Progressividade;
03-Espiritismo e Matemática;
04-Mecanismo Ontogenético;
05-Espaço-Tempo: Física Transcendental;
06-Corrente Mental;
07-Pietro Ubaldi e Chico Xavier;
08-Filosofia da Verdade;
09-Axiologia do Evangelho;
10-Espiritismo e Evolucionismo;
11-Fatos e Objeções;
12-O Médium de Deus;
13-A Grande Síntese e Mecanismo;
14-Evangelho da Ciência;
15-Codificação Espírita: Reformulação;
16-Kardecismo e Espiritismo;
17-Geometria e Álgebra Palingenésicas (web artigos);
18-Maiêutica do Século XXI;
19-Espiritismo: Fundamentações;
20-Ciência de Tudo: Big-Bang;
21-Evolução: Jornadas do Espírito;
22-O Homem Integral (Reflexões);
23-Espiritismo e Filosofia;
24-André Luiz e Sua-Voz;
25-O Livro dos Espíritos: Queda Espiritual;
26-Evidências do Espírito;
27-Construção Bio-Transmutável;
28-Mediunidade Genial (web-artigos);
29-Conhecimento e Espiritismo;
30-O Paradigma Absoluto; 
31-O Fenômeno Existencial;
32-Chico-Kardec: Franca Teorização;
33-O Maior dos Brasileiros;
34-Espiritismo: Síntese Filosófica;
35-O Livro dos Espíritos: Simples e Complexo;
36-O Livro dos Espíritos: Níveis Filosóficos;
37-Temas da Verdade Espírita;
38-Geometria Cósmica do Espiritismo;
39-Matemática da Reencarnação;
40-Kardec, Roustaing e Pietro Ubaldi; e:
41-Espiritismo e Livre Pensamento;
42-Síntese Embriológica do Homem;
43-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Primeira;
44-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Segunda;
45-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Terceira;
46-Consenso Universal: Tríplice Aspecto;
47-Método Pedagógico dos Evangelhos;
48-Cristo: de Roustaing a Pietro Ubaldi;
49-Estratégias da Revelação Espírita;
50-Trilogia Codificada e Rustenismo;
51-Cosmogênese do Terceiro Milênio;
52-Tertúlias Multidimensionais;
53-Cristianismo: Teologia Cíclica;
54-Análise de Temas Codificados;
55-Deus: Espírito e Matéria;
56-Razões e Funções da Dor;
57-Emmanuel: Insigne Revelador;
58-A Queda dos Anjos;
59-Homem: Vença-te a Ti Mesmo;
60-Evangelho: Evolução Salvífica;
61-O Espírito da Verdade;
62-Balizas do Terceiro Milênio;
63-Sentimento: Molde Vibrátil de Ideias;
64-Ciência do Século XX;
65-A Revolução Ética.
(Tais e.Books foram produzidos de 2010 a 2018).
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Blog: Filosofia do Infinito
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