quarta-feira, 12 de junho de 2019

ESPIRITISMO E FILOSOFIA (23o. e.Book)


Fernando Rosemberg Patrocínio

(23º. e.Book)

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ESPIRITISMO
e
FILOSOFIA

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Introdução

Capítulo 1: A RAZÃO E SUAS VARIANTES

Capítulo 2: O ESSENCIAL AO SER HUMANO

Capítulo 3: DESAPROVAÇÕES DA RAZÃO

Capítulo 4: OPINIÃO DO EXPERIMENTADOR

Capítulo 5: OUTRO EQUÍVOCO FILOSÓFICO

Capítulo 6: ESPIRITISMO COMO FILOSOFIA

Capítulo 7: A IDENTIDADE E A MEMÓRIA

Capítulo 8: RAZÃO: SÍNTESE CONCEITUAL

Capítulo 9: A SENSAÇÃO E A PERCEPÇÃO

Capítulo 10: FUNÇÃO EXTRA-SENSORIAL
           
Bibliografia

Relação Nossos e.Books

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Introdução

Tal como prometido no último e.Book, já publicado em meu blog e na web-artigos, estaremos com o presente: 23º. Livro Digital, esboçando alguns Conceitos de Filosofia Acadêmica, ou, mundana, em paralelo, e complementação, com a Filosofia Espírita, ou, kardeciana. Devo dizer, mais ainda, que o referido e.Book, tem suas raízes plantadas na solicitação de um amigo internauta (desnecessário citar o nome) que nos solicitara algumas reflexões do Espiritismo com a Filosofia de um modo geral.

Mais ainda, informo que estaremos a ver e a rever as diversas Potências do Ser humano, ou seja: do Espírito, que inclui, certamente, aspectos afetivos e morais dispostos e operantes na Integralidade de um Ser único, finito, de imortalidade constatada e firmada pelos mais importantes sábios do Mundo terreno.

Aliás, Ser único, que, em seu futuro estelar, albergará, mais ainda, o dom da ubiqüidade, ou seja, de estar em distintos pontos simultaneamente. Já, por aí, notamos as dificuldades de tal empreitada; afinal, como Ser finito, e, de tantas Potências por desenvolver, se poderá compreendê-lo, mais adiante ainda, na condição de Ser Uno com o Criador, se “assemelhando”, pois, o Espírito criado, como Ser finito, ao próprio Deus: Infinito na Sua Grandeza: na Ordem Universal.

Mas como tais condições são, de fato, futurísticas, cuidemos de nossas Potências por agora, empreitada que já não é de tão fácil apreciação e descrição.

Um Abraço do Aprendiz: Rosemberg;
Tal como Você: Caro Leitor.       

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Capítulo 1

A RAZÃO E SUAS VARIANTES

Penso que todos nós, forjados pela cultura moderna, já leram ou ouviram a famosa sentença de Pascal, notável filósofo francês (1623 – 1662):

“O coração tem razões que a própria Razão desconhece”.

Entretanto, não se deve confundir uma coisa com a outra, pois o coração, como é óbvio, trata-se de importantíssimo músculo de nossa esfera orgânica que, por sua vez, caíra no gosto popular como sendo o órgão representativo do sentimento, das emoções e das paixões. Óbvio que, neste caso, as ‘razões’ do coração se distinguem da ‘Razão’, definida esta, como Consciência Intelectual e Moral, se assim puder-se defini-la e compreende-la.

Mas, afinal de contas, o que é a Razão?

Como dito supra, afirmam alguns que a Razão é a Consciência Intelectual e Moral que existe em nós.

Outros, entretanto, dizem que a Razão é a Vontade.

E, outros, ainda, afirmam que a Razão é a Inteligência.

Mas, sobretudo com o Evolucionismo, pensadores modernos afirmam que a Razão é um Processo, pois que, em sua dinâmica, a Razão evoluciona e revoluciona, progride e avança, tanto é que, numa ponta, temos a Razão do Santo, e, noutra ponta, a Razão do bárbaro, do selvagem, do homem cruel e sanguinário; o primeiro, parece-nos um partidário do Cristo, e o segundo, do Anti-Cristo.

Neste sentido, pois, dir-se-ia que a Razão se desdobra e se realiza ao longo do tempo-evolução; daí dizer-se que a Razão não é a medida das coisas, pois, com sua evolução no tempo, ela se modifica e se transcende, tal como vemos na Razão pré-Lógica (X) que, crescendo, se modifica para a Concreta (Y) que, de modo igual, não se paralisa, pois que avança para a Razão Formal (Z), e, assim por diante, em seu despertar psíquico, seu progresso intelectivo e moral.

Logo, nos Itens:

-X: Ou seja, na pré-Lógica, seria como entender-se ou proceder-se uma solução matemática simples: (3 + 3 = 6), onde o Ser, com sua mente acanhada, representaria, por assim dizer, uma espécie de Linha Geométrica: AB; e no próximo Item:

-Y: O Ser de mentalidade Concreta, que se ampliara um tanto mais, vemo-lo mais experiente, operando, por exemplo: (3 x 3 = 9), onde e quando a anterior Linha AB, se estendendo mais, ou seja, até ao ponto C, implicaria agora não mais numa Linha e sim numa Área Geométrica Quadrada ABC, bem mais adequada à sua cognição interpretativa das coisas; e, logo mais:

-Z: Verificamos que a evolução não para, pois com a interpretação Formal, mais dilatada concepção de sua Mente, o Ser haverá de proceder a operações ainda mais complexas tais como: (3 ao cubo, ou seja: elevado à 3ª. potência = 27), cujo campo interpretativo das coisas estende a Área ABC uma outra dimensão, ou linha CD, de sua perpendicular, lhe permitindo uma visão global, mais íntegra e mais completa das coisas.

Tais operações, bastante singelas, nos permitem compreender como o Espírito humano vai progredindo paulatinamente e se desembaraçando de sua couraça animal, penetrando os domínios metafísicos do Ser, dos Espíritos evolvidos e sábios, de cumeada expressão intelecto-moral.

Assim, pois, fundados nos exemplos:

-X: Vemos com clareza meridiana que elementos fideistas (pré-Lógicos – ‘Modelo Fixista’) crêem numa única existência no Mundo, e depois, para tais, sua Alma é julgada e se vai para o Céu, o Inferno ou o Purgatório, ou coisa que o valha, dentre outras ideias ou esquemas mentais de sua modesta compreensão; e, no próximo exemplo:

-Y: Avançando-se um tanto mais, passam-se, os novos elementos, a crer, de modo mais positivo, nas muitas vidas, na Evolução Palingenésica (‘Modelo Evolutivo’), onde tais elementos, de mentalidade Concreta, e mais racional, extrapolam aqueles outros por mais avançados progressos psíquicos compreendendo aspectos filosóficos mais amplos e mais adequados à sua nova mentalidade;

-Z: Nota-se que a Mente humana se amplia mais, avança mais e quer mais; e daí mesmo surge elementos mais avançados ainda, cuja mentalidade (das Operações Intelectuais Formais) compreende uma Ordem Cíclica de Maior Amplitude (‘Modelo Involutivo-Evolutivo’), mais coerente e mais conforme à Justiça do Pai, nosso Misericordioso Criador.

-No primeiro caso, temos a Mente pré-Lógica, acanhada e indecisa em suas deduções científicas, filosóficas e morais;

-No segundo caso, a Mente se amplia e se abastece de mais convincentes deduções intelecto-morais e sua postura filosófica, mais racional, se ilumina por dados científicos mais condizentes com a dinâmica das coisas, de sua notória evolução; e:

-No terceiro caso, a Mente encontra o seu ápice de progressos humanos e espirituais e percebe um novo e mais dilatado fenômeno, o que se preconiza e se conhece como ‘Mecanismo Involutivo-Evolutivo’, ou, então como: ‘Complexo Fenomênico Involutivo-Evolutivo’, que é o máximo de nossa compreensão fenomênica do Mundo, do Universo, de Deus, enfim.

Sendo desnecessário acrescentar que, dentre os três degraus citados existem infinitos Pontos Mentais mais ou menos elevados, sendo os de nossa descrição, apenas e tão-só, um modo de se vê-los e de se interpreta-los sinteticamente.

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Capítulo 2

O ESSENCIAL AO SER HUMANO

Em termos etimológicos, o termo Razão deriva do latim: ratio, que expressa cálculo, conta, medida, regra; que, estendendo, expressaria, cá pra nós, a faculdade do julgar, do raciocinar, do compreender, do ponderar, e etc., etc.

Assim, pois, a Razão se relaciona com o pensar e, logo após, obviamente, com o relacionar-se com o próximo falando de modo claro, ordenado, de sorte a sermos compreendidos pelos outros.

Extrapolado um tanto mais, alguns filósofos admitem que Razão é também uma característica das próprias coisas da Natureza, e, portanto, da nossa própria realidade; e afirmam, categoricamente, que a realidade é racional em si mesma. No que concordamos plenamente, e até propalamos que:

“O Universo, o nosso Mundo, é feito de Inteligência diversificada na forma”. (frp).

Nossa Terra, e seus diversos reinos, que o diga, pois!

Mas, ao nosso Interior, ao âmbito do Campo Mental propriamente falando, a Razão se define como nossa capacidade de operar conceitos em abstração, de resolver problemas, de achar sua coerência ou contradição, e de chegar a certas conclusões a partir de suposições, ou, de certas premissas obrigatórias. Por exemplo, a Razão está nitidamente associada à nossa capacidade de definir e de entender a Lei de Causa e Efeito.

Ou seja: o Universo, na sua Ordem Matematicamente Precisa e Exata, existe, e, sendo um efeito, o mesmo há que ter uma causa; e, portanto: não há efeito sem causa; e, se o homem não dera causa ao Universo, o mesmo há ter sido causado por outrem, no caso, pela Inteligência Suprema, por Deus. O Universo, pois, na sua Inteligência, na Lógica Matemática de seus princípios fundantes, e fundamentais, é o aspecto de Deus mais acessível à nossa compreensão e mais suscetível de verificação pelo Espírito humano.

Aos que não crêem, não tem problema, pois que:

“Deus não tem pressa, pois opera em silêncio: dentro de nós”. (frp).

Logo, o essencial, o fundamental ao homem moderno, é o sabermos que o Universo: por sua Ordem, e Lógica Matematicidade, é o aspecto de Deus mais acessível à nossa compreensão e mais suscetível de verificação pelas nossas Mentes mortais, (cérebro), e imortais, (espírito: o Ser principal residente no homem).

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Capítulo 3

DESAPROVAÇÕES DA RAZÃO

Para muitos pensadores e filósofos do Mundo, a Razão se opõe a diversa forma de atitudes e procedimentos mentais, dentre os quais resumimos alguns deles para a nossa apreciação e filosófica conclusão:

-Para tais a Razão rejeita a ilusão, a aparência das coisas, ou, a simples opinião; no que estamos de pleno acordo, pois: como há opiniáticos desta ou daquela questão. Outro dia, passando por um grupo de fideistas, estive a auscultar de uma dama mui religiosa a “magna” expressão de que: “Eu vi Deus”. Ora, como nossa Razão haveria de apreciar referida declaração? Creio que apenas, e tão-só, por ilusão, ou pretensão da referida senhora que, de fato, pode até ter visto alguma coisa: um anjo da guarda, uma figura de sua imaginação, mas dizer que tal coisa seja Deus vai uma distância enorme!

Ora, nossas Mentes finitas não estão aptas, ainda, a ver, observar e compreender o Infinito da Mente Divina, tanto é que, todos nós, racionalmente falando, somos cientes e sabedores de que:

“Deus existe, não o podeis duvidar, é o essencial. Crede-me, não vades além. Não vos percais num labirinto de onde não podereis sair. Isso não vos tornaria melhores, mas talvez um pouco mais orgulhosos, porque acreditaríeis saber o que na realidade nada saberíeis. Deixai, pois, de lado, todos esses sistemas; tendes muitas coisas que vos tocam mais diretamente, a começar por vós mesmos. Estudai as vossas próprias imperfeições, a fim de vos desembaraçar delas; isto vos será mais útil do que querer penetrar o impenetrável”. (Vide: “OLE” – AK – 1857).

Deus, portanto, existe; e isto é o essencial, pois que Deus, mais a fundo, É Impenetrável por nossas Mentes pretensiosas, infantis. Isto quer dizer, de modo igual, que não ousemos, ou, não queiramos, em tempo algum, e, com os restritos olhos da visão material, ver Deus, coisa que, nem com os olhos espirituais, estamos, no momento, aptos a fazê-Lo.

Estamos perfazendo, ainda, um curso inicial das coisas espirituais, e temos, por conseguinte, de fazer avançar nossos Espíritos por Mundos mais adiantados que o nosso, ou seja: pelos Mundos Regeneradores, Felizes, Excelsos, e etc., etc., para então, com nossa liberação dos Mundos materiais, penetrar o Sistema Espiritual Divino, coisa que demandará, ainda, alguns milênios e milênios adiante, e, portanto: não vos iludais com tais pretensões de Espíritos pigmeus, como esta tola e inútil pretensão de ver Deus.

Por enquanto, basta-nos a expressão filosófica e muitíssimo racional de que:

“Deus se revela por Suas obras”.
(“AG” – AK).

-Dir-se-ia, também, os pensadores e filósofos, que a Razão se opõe à emoção, pois os sentimentos, as paixões, muitas das vezes são elementos caóticos do Ser humano e, por vezes: dizem sim, e, de outras, dizem não, se contrapondo mutuamente. Dir-se-ia, pois, tais pensadores ainda, que a Razão se opõe ao coração. No que discordamos de tais assertivas, pois que a Razão também pode desequilibrar-se, e o maior exemplo disto trata-se do filósofo F. Nietzche (1844 - 1900), um dos mais loucos pensadores dos tempos modernos.

Ele tentara, como se fosse possível, desacreditar e destruir o Modelo Mor da Humanidade: Nosso Mestre Jesus; e, com tal medida ele pretendia, portanto, destruir o Cristianismo. E o fato é que Nietzche passou o resto da vida na extrema loucura, obsedado por trevosas forças espirituais.

Logo, não pode ser pacífico que a Razão se oponha à emoção, pois que ambas andam juntas no equilíbrio de suas forças: intelectuais, espirituais e morais. Ora, sabe-se que o Cristianismo Redivivo, ou seja: o Espiritismo, tem como lema fundamental:

“Amai-vos e Instruí-vos”.
(“OESE” – AK).

Sendo o Amor, e a Caridade, pois, tão importantes ou até mais importantes que o Saber, o Conhecimento, a Sabedoria, a Instrução. Mais ainda, devemos recordar que nosso acesso às coisas não se dá tão só pela Razão, mas também pela sensação e pela percepção, com as quais captamos, sentimos, percebemos as coisas exteriores. Logo, perceber, sentir, captar faz parte de um mesmo processo cognitivo do Espírito que, em resumo, e, como já visto noutros textos, se determina pela conexão (=c=) equacionária do:

[( Pensar )] (=c=) [( Sentir )]

Ou, então, pela conexão dentre tais componentes:

[( Razão )] (=c=) [( Coração )]

Sendo tais, atributos inseparáveis do Ser que, por evolução, realiza, paulatinamente, sua interpretação esquemática da realidade; ou, noutros termos, o princípio inteligente (ESI) encerra em si os germes da Razão que a experiência sensorial - ou seja, do Sentir - tudo nele desabrocha e o faz crescer. Razão e Sentimento, pois, conquanto se distingam, tais, paradoxalmente, se completam e se juntam desde os primeiros tempos seus: de sua gênese espiritual.

Vejamos ainda uma outra questão relativa a tal.

Kardec, em perquirindo os Espíritos superiores, indaga-lhes:

Pergunta 6: O sentimento íntimo que temos em nós mesmos da existência de Deus, não seria o fato da educação e o produto de ideias adquiridas?

Resposta: Se assim fosse, porque os vossos selvagens teriam esse sentimento?

E, notemos, curiosamente, como Kardec coloca a questão. Ou seja: ele questiona sobre “o sentimento íntimo”, tal como se, nos primórdios de nossa evolução, o sentir pudesse sobrepujar o pensar, ou, o cognitivo, o intelectual, em suma, o que hoje chamamos de Razão; e, notemos mais: que os Espíritos superiores, em respondendo, não excluem o sentir, o emocional de sua retórica, mas o confirma tal como se este integrasse com o pensamento, com o  racional de nós todos, um permanente estado de forças do Espírito palingenésico, estando tudo em Si mesmo, evolutindo permanentemente.
                                                                 
 -Outros pensadores, ainda, preconizam que a Razão se opõe à Crença pura e simplesmente, pois que esta é concedida pela Fé, pela Crença numa Revelação de ordem divina; e querem, pois, que a Razão se oponha à Revelação. E afirmam que a Razão, como luz natural, se distingue da Revelação, como luz sobrenatural.

O que não expressa, no todo, uma verdade, pois que, se há revelação apócrifa e mentirosa, também há Revelação séria e verdadeira. Ora, o que seria do homem sem a Revelação? O que seria do homem, sem os profetas (1ª. Revelação), sem Jesus (2ª. Revelação), e, por conseguinte, sem o Espiritismo (3ª. Revelação), consagrado como Cristianismo Redivivo.

E, por outro lado, Deus, como já dito, se revela permanentemente por Suas próprias obras: o que configura, indubitavelmente: Revelação. E os Espíritos, Mensageiros Seus, são uma constante em nossas vidas, nos guiando, nos protegendo, nos amando, exceto se os afastarmos por nossa rebeldia e falta de cuidados para com a vida verdadeira, a vida espiritual.

Em nosso caso, de espiritistas que o somos, definimos a Revelação, pois, como uma bênção do Altíssimo ao homem que, por sua rebeldia, não prescinde do re-ligare (ligar de novo, e daí o termo: religião) a Deus-Pai, do qual se ausentara, temporariamente.

Logo, temos o Espiritismo, tal como codificado, como a Terceira Revelação da Lei de Deus. E sua Fé, não se distancia da Razão, pois preconiza que:

“Não há Fé inabalável senão aquela que pode encarar a Razão face a face, em todas as épocas da humanidade”. (“OESE” - AK).

Por outro lado, se os pensadores e filósofos mais ortodoxos anseiam tão só pela Razão: como luz natural, se opondo à revelação: como luz sobrenatural, que se informe, ainda, que o Espiritismo é Lei da Natureza, e, como Lei Natural, dispensa o sobrenatural.

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Capítulo 4

OPINIÃO DO EXPERIMENTADOR

Para o notável missionário e experimentador: Allan Kardec:

“Todos os fenômenos espíritas têm por princípio a existência da Alma, sua sobrevivência ao corpo e suas manifestações”.

“Estando esses fenômenos fundados sobre uma Lei da Natureza, nada tem de maravilhoso nem de sobrenatural, no sentido vulgar dessas palavras”.

“Muito fatos não são reputados sobrenaturais senão porque não se lhes conhece a causa; indicando-lhe o Espiritismo uma causa, os faz entrar no domínio dos fenômenos naturais”.

“Entre os fatos qualificados de sobrenaturais, há muitos que o Espiritismo demonstra a impossibilidade, e classifica entre as crenças supersticiosas”.

“Conquanto o Espiritismo reconheça em muitas crenças populares um fundo de verdade, não aceita, de nenhum modo, a solidariedade de todas as histórias fantásticas criadas pela imaginação”.

“Julgar o Espiritismo pelos fatos que ele não admite, é provar ignorância e tirar todo valor à sua opinião”.

“A explicação dos fatos admitidos pelo Espiritismo, suas causas e suas conseqüências morais, constituem toda uma Ciência e toda uma filosofia, que requerem um estudo sério, perseverante e aprofundado”.

E, finalmente:

“O Espiritismo não pode considerar como crítico sério senão aquele que tiver visto tudo, estudado tudo, aprofundado tudo, com a paciência e a perseverança de um observador consciencioso; que soubesse sobre o assunto quanto o adepto mais esclarecido; que tivesse, por conseguinte, haurido seus conhecimentos em outro lugar do que nos romances da ciência; a quem não se pudesse opor nenhum fato do qual não tivesse conhecimento, nenhum argumento que não tivesse meditado; que refutasse, não por negação, mas por outros argumentos mais peremptórios; que pudesse, enfim, assinalar uma causa mais lógica para os fatos averiguados. Esse crítico está ainda por se encontrar”. (Vide: “OLM” – Espiritismo Experimental – AK – 1860).

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Capítulo 5

OUTRO EQUÍVOCO FILOSÓFICO

A nosso ver, um outro equívoco cometido por certos filósofos acadêmicos é o de condenar os fenômenos tidos como Êxtase, alegando que os referidos não têm qualquer intervenção do intelecto ou da vontade do sujet, ou seja, do extático que vivencia tais fenômenos.

Mais uma vez, o Espiritismo, com Allan Kardec, renomado pesquisador do fenômeno espírita, tem opinião bastante diversa de tais filósofos, tanto é que produzira em “OLE” (AK) importante tese à qual dera o epíteto de: -‘Resumo Teórico do Sonambulismo, do Êxtase e da Segunda Vista’;...

Que, por sua vez, deveria ser do conhecimento de todos nós, sobretudo dos espiritistas. Mas para não alongar muito com referida tese, vejamos apenas e tão-só as perguntas do Codificador e as respostas dos Espíritos Superiores para a questão do desprendimento espiritual pelo Sonambulismo, mas, sobretudo, pelo Êxtase:

“P: 439: Que diferença existe entre o êxtase e o sonambulismo?”

“Resposta: É um sonambulismo mais apurado; a Alma do extático é ainda mais independente.”

“P: 440: O Espírito do extático penetra, realmente, nos Mundos superiores?”

“Resposta: Sim, ele os vê e compreende a felicidade dos que ali habitam; por isso gostaria de ficar lá. Mas existem Mundos inacessíveis aos Espíritos que não são bastante depurados.”

“P: 441: Quando o extático exprime o desejo de deixar a Terra, fala sinceramente? O instinto de conservação não o retém?”

“Resposta: Isso depende do grau de evolução do Espírito; se ele vê sua posição futura melhor do que sua vida presente, se esforça por romper os laços que o prendem à Terra.”

“P: 442: Se se abandonasse o extático a si mesmo, sua Alma poderia deixar definitivamente seu corpo?”

“Resposta: Sim, ele pode morrer e, por isso, é necessário fazê-lo voltar por tudo que o pode prender neste Mundo, sobretudo, fazendo-o entrever que se romper a cadeia que o retém, esse será o verdadeiro meio de não permanecer onde ele vê que seria feliz.”

“P: 443: Existem coisas que o extático pretende ver e que são, evidentemente, o produto de uma imaginação impressionada pelas crenças e preconceitos terrestres. Tudo o que ele vê não é, então, real?”

“Resposta: Tudo o que ele vê é real para ele; mas como seu Espírito está sempre sob a influência das ideias terrenas, ele o pode ver à sua maneira, ou melhor dizendo, o exprimir em uma linguagem apropriada aos seus preconceitos e às ideias de onde foi nascido, ou aos vossos, a fim de melhor se fazer compreender. É nesse sentido, sobretudo, que ele pode errar.”

“P: 444: Em que grau de confiança se pode valorizar as revelações dos extáticos?”

“Resposta: O extático pode, muito frequentemente, se enganar, sobretudo quando quer penetrar naquilo que deve permanecer um mistério para o homem, porque então ele se abandona às suas próprias ideias ou se torna joguete de Espíritos enganadores que se aproveitam do seu entusiasmo para fascina-lo.”

“P: 445: Que conseqüências se podem tirar dos fenômenos do sonambulismo e do êxtase? Não seria uma espécie de iniciação à vida futura?”

“Resposta: Ou, por melhor dizer, é a vida passada e a vida futura que o homem entrevê. Que ele estude esses fenômenos e aí encontrará a solução de mais de um mistério que sua Razão procura inutilmente penetrar.”

“P: 446: Os fenômenos do sonambulismo e do êxtase podem se conciliar com o materialismo?”

“Resposta: Aquele que os estude de boa fé, e sem prevenção, não pode ser nem materialista, nem ateu.” (Opus Cit.).

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Capítulo 6

ESPIRITISMO COMO FILOSOFIA

Pelo visto até o presente, notamos que o Espiritismo se destoa um tanto de certos conceitos da filosofia mundana. E Kardec, por sua vez, não fora um filósofo propriamente falando; fora sim, um pesquisador do fenômeno mediúnico que, com as armas do critério e da observação, ou seja, da Ciência mesma, provara a imortalidade do Espírito humano.

Logo, pelos dados de sua pesquisa, Kardec fundara a Ciência Espírita; e, da interpretação dos referidos fenômenos, originara-se a Filosofia Espírita; e, como conclusão de tais, chegou-se às suas conseqüências morais: à Religião Espírita, ou seja: a Religião em Espírito e Verdade.

Ao contrário de Kardec, os filósofos acadêmicos, salvo raras exceções, estão alheios à pesquisa científica, conquanto tome de tais conquistas para, com o pensamento que se debruça sobre Si mesmo, produzir formas atualizadas da cultura no Mundo terreno.

Diga-se, mais ainda, que se compararmos a Filosofia acadêmica com a Filosofia Espírita, esta, com seus dados de notória racionalidade, e lógica formal, está muito além daquela outra, pois se firma e se estabelece por pensadores já desprovidos da indumentária carnal, e, portanto, já isentos da ignorância e dos preconceitos terrenos que muito limitam seus pensadores no tocante à verdadeira Filosofia: a Cristã.

Assim, pois, nota-se que o Espiritismo, de tal ponto de vista, ou seja: Filosófico, se distancia dos pensadores céticos, tais como Nietsche no Século 19, Sartre no Século 20 e outros mais; tais filósofos, munidos de argumentos duvidosos, substituem a Verdade pela fantasia, como se tal fosse possível.

Logo, a moderna Filosofia Espírita (FEsp), como Instrumento da Verdade, se prende (=c=) à Doutrina de Sócrates e de Platão, observando-se, de entremeio, sua estreita ligação (=c=) com o Cristianismo, mas não o dos homens, e sim: da Doutrina Universal do Cristo Nazareno, num fenômeno crescente de sua interpretação, que não para, não cessa jamais:

[( Sócrates/Platão (=c=) Cristianismo (=c=) FEsp )]

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Capítulo 7

A IDENTIDADE E A MEMÓRIA

As definições de Memória, para a Filosofia mundana, são as mais variadas e, concordamos, bem razoáveis.

Em princípio, dir-se-ia que Memória é sinônimo de Identidade do Sujeito, a prova viva do Eu, do Ser que transcorrera o passado, se estabelece no presente e tem vistas voltadas para o futuro. Retendo tudo quanto já se fora, ou seja, do pretérito, a Memória, neste sentido, enquadrar-se-ia como uma espécie de evocação do passado, pois que nela está registrado tudo quanto “já era” e que, de fato, não mais retornará, a não ser como algo vivido e experimentado.

Neste aspecto, pois, dir-se-ia que a Memória é a garantia da Identidade pessoal do Espírito humano, do seu Eu, pois reúne tudo quanto realizamos, marcando, de modo indelével a integridade do Ser, suas evidentes mudanças no tempo-evolutivo que, afinal, fora o tempo de nós mesmos ao bojo da humanidade.

Assim, pois, dir-se-ia que a Memória é não só a presentificação do passado, bem como o registro atual de tudo quanto experimentamos, o qual, passando, também permanece como lembrança em nosso futuro que, amanhã, será presente ao nosso Eu, nossa presencialidade no Mundo.

Por outro lado, ainda, a Memória é mais que fato puramente biológico, de células cerebrais que registram e gravam absolutamente tudo: percepções e ideias, gestos e palavras, momentos tristes e felizes, pois, se assim o fosse, ou seja: mero registro cerebral, como é que se explicaria o fenômeno do Lembrar-se, do selecionar e escolher o que se Lembra, quando tal fato encerra e detém, ainda, percepções e aspectos cognitivos, sentimentais, afetivos e morais tais como remorso, arrependimento, saudade, e etc., que o cérebro, como máquina biológica por si só insensível como é, não lembraria e não sentiria, o que demonstra, e prova, verificar-se na Memória, mais que tão somente cérebro, mas também, e sobretudo, coisas do Eu mesmo, do Espírito, ou, da Alma que há em mim, em você, em todos nós.
                                    
E o fato é que o cérebro não produz o Eu; mas o Eu não só pode, como o é, o construtor do cérebro como o sugerira relevantes sábios tais como: Sócrates, Jesus, Allan Kardec e os Espíritos superiores de todos os tempos da Humanidade.

Ora, notemos que, na ontogênese, dos gametas ao nascituro, e deste ao homem adulto, tudo se iniciara com tais gametas que, aliás, foram cedidos pelos pais, e constituídos, basicamente, de proteínas diversas que, em si, não produziria e, com tanta maestria, o Homem em sua integralidade física, orgânica e cerebral, dotando-o, mais ainda, de uma Consciência, de um Eu antípoda da matéria, pois que lhe transcende em espiritualidade, abstração, inteligência e moralidade.

Com efeito, nem tudo o que se passa no mundo cerebral é coisa dele como entidade fisiológica e material: o Abstrato, o Cogitar e Consciencial de nós mesmos, bem como deste mundo de coisas de nossa Emotividade, de seus aspectos Axiológicos, Afetivos e Morais; tais, por si sós, já constituem provas inequívocas de alguma espiritualidade no Homem, dotada que está de Conceitos Éticos, de Vetores Psicológicos e Parapsicológicos que provam sua capacidade de transcender o espaço, de superar o tempo, provando-se, assim, sua grandeza de tipo não-físico, e, por conseguinte, Imortal, sobrepujando a tudo e resistindo aos despojos da morte corporal.
                                                                         
De retorno à Memória, pois, até se admite possa haver zonas cerebrais que, de certa forma são, por assim dizer, responsáveis por tal; mas isto não explica tudo, pois que há, no Eu, coisas dotadas de um sentido e de um significado tão especial para nós, que um simples mecanismo cerebral não pode explicar.

Por outro lado, há a considerar-se, ainda, a Regressão de Memória, quando, e, onde, o Eu rememora o passado vivido e experimentado em outras vidas, o que nos faz resgatar o Mestre Nazareno quando sentenciara:

“Não verás o Reino dos Céus se não nascer de novo”. (Jesus).

Assim finalizando, poderíamos resumir tal Capítulo com alguns tipos mais específicos de Memória segundo filósofos antigos e mais modernos:

-Memória Perceptiva, ou, de Reconhecimento: que nos faz conhecer e reconhecer as coisas, pessoas, lugares, e etc.; o que é fundamental e importantíssimo em nosso cotidiano;

-Habitual: é um tipo de Memória adquirida por atenção deliberada, ou seja: pela repetição de um determinado estudo, ou, de gestos e de palavras até registrá-los em nós mesmos e, com isso, se poder externá-los sem que precisemos nos lembrar dos mesmos, pois que se tornaram hábitos;

-Temporal: de registro das coisas pretéritas ou de tudo quanto realizamos durante nossa permanência no Mundo terreno; e, por fim:

Segundo psicólogos e parapsicólogos mais modernos, no que o Espiritismo está de pleno acordo:

-Memória Remota ou Atávica: que volta a reaparecer na presente reencarnação em crianças de tenra idade que se recordam de existência, ou, existências anteriores, ou seja: de fatos comprováveis de vidas passadas; sendo que, no homem adulto, também pode reaparecer na vida presente por Regressão de Memória.

Em suma, e finalizando, o Espiritismo corre paralelo não só com a Filosofia, tema mais específico do presente estudo, como corre em paralelo com a Ciência e com a Religião, porém, não dogmática, e sim, como Religião Pura, em Espírito e Verdade.

E longe de desmenti-las, ele lhes reforça em amplo aspecto, pois que, como moderna revelação, diga-se, além do mais, que o Espiritismo não nos dispensa do estudo, da pesquisa e de sua racionalização ao ponto em que a mesma alcançara, seguindo avante nos Séculos vindouros deste novo milênio de nossa espiritualidade.

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Capítulo 8

RAZÃO: SÍNTESE CONCEITUAL

Seria a Razão um produto, ou melhor, uma síntese do Pensar, do Cogitar abundante de nós mesmos como Indivíduo de Pensamento Contínuo e Incessante?

Ou, noutros termos: seria o Pensamento, o seu Cogitar Incessante, o formulador, ou, aquilo que sintetiza, que produz a Razão?

Neste caso, a boa Razão resultaria do bom Pensamento, do fluxo bem administrado do Pensar, do nosso Cogitar. Mas trata-se de uma hipótese tão somente e não de uma imposição formal de nossa parte, presunçosos que não o somos; ou, que não o sou, não o quero ser; mas me desculpe: se sou.

Já vimos por aqui mesmo que, genesicamente, somos uma síntese do sentir acoplado ao nascente cogitar, ao nascente raciocinar.

Mas poder-se-ia, com o renomado instrutor André Luiz, da pena xavieriana, avançar mais e presumir que o Espírito nascente seria portador, sim, de três potências ou faculdades espirituais: do Pensamento, do Sentimento e da Vontade, que vão se aliando a outras continuamente no curso do tempo, da evolução. E tais, portanto, se interagem na complexa rede dos processos cognitivos, sendo aquelas, por conseguinte, as bases do Espírito, constituindo-lhe uma Tríade de Potências Mentais.

Segundo o renomado instrutor, a energia ou porção (partícula) minimizada do Pensamento:

“..., embora viva e poderosa na composição em que se derrama do Espírito que a produz, é igualmente passiva perante o Sentimento que lhe dá forma e natureza para o bem ou para o mal, convertendo-se, por acumulação, em fluido gravitante ou libertador, ácido ou balsâmico, doce ou amargo, alimentício ou esgotante, vivificador ou mortífero, segundo a força do Sentimento que o tipifica e configura, nomeável, à falta de terminologia equivalente, como ‘raio da emoção’ ou ‘raio do desejo’, força essa que lhe opera a diferenciação de massa e trajeto, impacto e estrutura”. (Vide: “Evolução em Dois Mundos” – André Luiz – 1958 – Feb).
  
Sendo o Pensamento, pois, como Força Mental, uma energia passiva a derramar-se continuamente do Espírito que lhe produz; dando-lhe, o Sentimento, tonalidade diversa, tipificando-lhe para o bem ou para o mal, operando-lhe notável diferenciação consoante os Desejos e os Anseios de quem lhe produz.

Assim, pois, o Pensamento é a Linguagem do Espírito; e tal linguagem, como energias contínuas resultantes de nossas idéias se revestem do nosso bom ou nefasto Sentimento. Já propalava o Mestre: “é do coração que partem os maus pensamentos”. (Mateus, 15, 1-20).

É preciso, pois, que se corrija o nosso Sentir, nosso Emocional, que, ao íntimo de nós mesmos se expressa e se arroja juntamente com as energias mentais do nosso Pensamento, retratando nossa espiritualidade por meio de palavras e atitudes diversas do nosso comportamento quotidiano. E é justamente aí que entra a Potência Volitiva, ou seja: da Vontade: como elemento de controle, de direção, produzindo, quiçá, a Razão, onde e quando o Livre-Arbítrio, ou Livre-Pensar, dará o respectivo colorido ao nosso proceder mental.

Resumindo, dir-se-ia que nós, como Espíritos imortais, dotados de Inteligência, de Sentimento e de Vontade, auxiliados pela boa Razão e pela Liberdade, temos a Capacidade de dominar, e de abolir de vez, nossos vícios e defeitos diversos, pois que somos Potências superiores a tais; bastando, pois, de nós mesmos, a Vontade firme, o Querer, o termos Fé em nossos atos e, porque não, Fé em Deus, que depositara tantas Potências em mim, em você, no ato da Criação.

Bastando a nós, por conseguinte: desenvolvê-las e colocá-las a nosso favor com o Ato do Querer: Ato Soberano da Soberana Vontade.

Assim, pois, enquanto a Filosofia acadêmica ainda retém muitas dúvidas dos complexos produtos mentais, nós, os espiritistas, graças às luzes da Espiritualidade, albergamos, desde já, uma boa resolução dos mesmos, fruto, pois, de mais ampla percepção das coisas que, no caso, sobrepuja as de ordem tão-só material pelo acréscimo do mediúnico-espiritual: objeto de nossos próximos Capítulos.

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Capítulo 9

A SENSAÇÃO E A PERCEPÇÃO

Dir-se-ia que a Sensação é o que nos permite ter, ou sentir, a variedade das coisas exteriores, onde, e quando, o sentir seria, ou é, o efeito interior provocado pelas coisas do exterior. Parece-nos algo bastante complicado escrever ou descrever - como o fazemos agora - a Sensação do sentir, conquanto o façamos desde que nascemos neste Mundo, que o vivemos e o sentimos hodiernamente, cotidianamente.

Na Sensação, pois, que é um conjunto de diversas potências de nós mesmos: enxergamos as pessoas, as cores, os objetos, coisas diversas do nosso exterior (pelos órgãos visuais); nós os tocamos e lhes percebemos a textura, a temperatura, o peso (sentidos táteis); ouvimos os mais diversos sons (audição); sentimos os sabores amargo, doce ou azedo (paladar); e, por fim, temos o sentido que nos distingue (olfato) o aroma ou o cheiro das coisas, se é bom ou ruim e demais coisas do tipo.

Assim, pois, o sentir é uma reação corporal, associada quase sempre e, na maioria das vezes, a uma reação intelectiva ou moral, que se verifica imediatamente a um estímulo exterior, que nos excita espiritualmente.

Entrementes, alguns pensadores tratam da Sensação como sinônimo de Percepção. Já outros falam que Sensação seria uma espécie de qualidade pontual das coisas, e, portanto, seriam qualidades dispersas, elementares e coisas que tais; e a Percepção, por sua vez, seria o “saber” da Sensação do objeto ou da coisa que, em si, desperta nossa Sensação “intelectual” de tais.

Pura questão de palavras que não definem muito bem o sentir que, em suma, poderia, ou, deveria, enquadrar-se como algo abstrato e espiritual, como característica de cada Ser em especial, pois, cada um detém um modo especial de Ser e de Viver.

De tal modo que, se pudéssemos resumir a Sensação incluindo e realçando, mais especificamente, nossa Percepção das coisas por meio do Sistema Visual humano, poderíamos dizer que: sentimos e percebemos formas ou totalidades do mundo exterior que expressam, de si mesmas, um significado, um sentido à nossa interioridade, nossa percepção sensorial, espiritual e moral.

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Capítulo 10

FUNÇÃO EXTRA-SENSORIAL

A Função ou Percepção Extra-Sensorial (PES) é a capacidade humana, ou, mais especificamente, para-psicológica, de detectar fenômenos, objetos e coisas sem a participação dos órgãos sensoriais físicos de nossa constituição biológica (do Capítulo anterior).

E, portanto, os fenômenos bem comprovados da:

-Clarividência (conhecimento do que se passa nalgum lugar além de Si mesmo, ou, na mente de outrem);

-da Telepatia (comunicação mente-a-mente entre dois elementos separados um do outro, e, às vezes, por quilômetros de distância);

-da Precognição (conhecimento de ocorrências ou fatos a se verificarem no futuro); e:

-da Retrocognição (conhecimento de fatos passados),

Levaram importantes estudiosos em todo o Mundo a reconhecer um Componente não-físico, ou extra-físico, na Mente humana que, sendo capaz de transcender o espaço e o tempo, comprovou-se, por lógica insofismável, sua continuidade pós-morten, ou seja: para além dos despojos carnais.

Assim temos a simples formulação:

[(PES)] =c= [(Componente Extra-Físico)] (=) [(Espírito)]

Explicando temos:

A Percepção Extra-Sensorial (PES), provando haver algo (em conexão com: =c=) de notável transcendência (Componente Extra-Físico) na Mente humana, viabiliza o parecer de que tal é equivalente (=) ao que se conhece milenarmente como Espírito, ou Alma, sobrevivente à morte corporal.

E, por outro lado, se tais componentes, de ordem Não-Física, podem se comunicar mentalmente enquanto atuantes na matéria densa do cérebro físico, porque tais não poderiam comunicar-se além de tal situação?

Ou seja: se o homem, antes que fisicamente humano, é espiritual, pois que encerra em Si mesmo um componente mental extra-físico imorredouro, porque, pós-vida humana terrena, não poderia, como dantes, comunicar-se com os humanos ainda corporificados?

Os sábios do Espiritismo e da Metapsíquica provaram que sim, que tais podem se comunicar; e a Parapsicologia de Rhine - conquanto sua restrição - não desprezara de forma definitiva tal possibilidade; o que, no Espiritismo, mais exatamente, dá-se o nome de: Mediunidade. Entretanto, esclareça-se que tal possibilidade, ou comunicabilidade mediúnica, é de todos os tempos da humanidade; a Bíblia Sagrada, por exemplo, é o mais antigo e, quiçá, o maior repositório de fatos mediúnicos que se conhece no Mundo.

Todavia, modernamente falando, é na fenomenologia espírita que a mediunidade se avulta nos moldes científicos, tendo sido estudada e pesquisada pelos mais eminentes sábios da humanidade; e, se Kardec foi o missionário indicado, juntamente com outros, para organizar a nova Doutrina, ele não foi o seu mentor intelectual porque o Espiritismo é Doutrina dos Espíritos Superiores, cuja codificação se dera por sua ordem e expressa determinação; sendo por isso mesmo uma obra coletiva e impessoal. E mais: tal Revelação fora predita pelo Cristo em muitas passagens suas.

Por aí se vê que a Doutrina Espírita, ou, Espiritismo é de Origem Divina, detendo, pois, iniciativa metafísica, ou seja: dos Espíritos sábios, muitos dos quais viveram na Terra em épocas diversas pregando o amor, a virtude e o bem; mas a sua elaboração resulta do trabalho do homem que não fora dispensado de estudar e de analisar os fatos inexplicados pelas leis até então conhecidas.

Remontando dos efeitos à causa, pesquisando, questionando e comparando, foi que se chegou às novas leis que os regem.

Que não se confunda, pois, o Espiritismo, com as demais religiões e práticas do sincretismo afro-religioso (umbanda, quimbanda e outras) que se apartam da pesquisa científica e da disciplina moral. Logo, o sustentáculo do Espiritismo está na fé raciocinada, harmonizando inteligência e moralidade, e, portanto, Religiosidade Interior, sem as exterioridades da forma que tantos fideistas aparentam, mas não convencem, pois que sendo de aparência, duvidosa é!

A mediunidade genuinamente espírita, pois, é aquela praticada com Jesus, exemplificada, pois, pelo amor, pela disciplina e pelos esforços da educação moral, procurando escoimar-se de interesses secundários que não os da auto-sublimação e o de levar esclarecimento e conforto espiritual ao plano da existencialidade humana, iluminando as rotas do mundo.

Assim, pois, provando-se a existência da Alma, sua sobrevivência noutras dimensões da realidade, o Espiritismo firma os mais sólidos pilares da fé naqueles que não a tinham ou simplesmente duvidavam; ele dá significado lógico para as dores do Mundo equacionando corretamente suas causas e oferecendo soluções plausíveis para se corrigir tais distorções.

O Espiritismo, pois, sustenta novas esperanças e concebe, inteligentemente, múltiplas razões para o nosso viver, sinalizando os meios de se obter a felicidade almejada.

Suas conseqüências na estruturação social, na vida econômica e política dos povos são inestimáveis. É uma revolução sem precedentes que ora se opera em todas as classes, nacionalidades, cultos, destruindo os horrores da morte e solapando os pilares do materialismo inconseqüente e irracional. Uma revolução, portanto, que contribui enormemente para o progresso da Humanidade, e inicia na Terra, a Era do Espírito, restaurando a legitimidade, pureza e simplicidade dos ensinos de Jesus.

Assim, quando as populações do Orbe terreno vão dando novos passos evolutivos, do seu lado mesmo, por bênção do Eterno, está o Espiritismo Codificado, seus desenvolvimentos e atualizações, norteando aqueles mesmos passos que, sem ele, muito entravaria nosso saber, nossa ética, valores que se plenificam na Perfeição almejada, meta e alvo de todos nós.

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UM GRANDE ABRAÇO A TODOS:

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Fernando Rosemberg Patrocinio
Fundador de Núcleo Espírita Cristão; Articulista; Coordenador de Estudos Doutrinários; Palestrante e Escritor com dezenas de e.Books gratuitos instalados em seu blog abaixo transcrito.

Bibliografia

-“Obra Completa de Allan Kardec” – Diversas Editoras;
-“Obra Completa de Pietro Ubaldi” – Fundapu;
-“Obra Completa de Chico Xavier” – Diversas Editoras; Internet; sendo destacável no presente e.Book:
-“Evolução em Dois Mundos” – A. Luiz – Feb;
-“Introdução à Filosofia Espírita” – J.H. Pires – Paidéia;
-“Convite à Filosofia” – Marilena Chauí – Editora Ática;
-“Diversos Livros de Filosofia” – em e.Book: livros digitais consultados na Internet; e:
-“Bíblia Sagrada” – Versões Católica e Pentecostal.

Relação dos e.Books de:
Fernando Rosemberg Patrocínio

01-Ciência Espírita: Tese Informal;
02-Espiritismo e Progressividade;
03-Espiritismo e Matemática;
04-Mecanismo Ontogenético;
05-Espaço-Tempo: Física Transcendental;
06-Corrente Mental;
07-Pietro Ubaldi e Chico Xavier;
08-Filosofia da Verdade;
09-Axiologia do Evangelho;
10-Espiritismo e Evolucionismo;
11-Fatos e Objeções;
12-O Médium de Deus;
13-A Grande Síntese e Mecanismo;
14-Evangelho da Ciência;
15-Codificação Espírita: Reformulação;
16-Kardecismo e Espiritismo;
17-Geometria e Álgebra Palingenésicas (web artigos);
18-Maiêutica do Século XXI;
19-Espiritismo: Fundamentações;
20-Ciência de Tudo: Big-Bang;
21-Evolução: Jornadas do Espírito;
22-O Homem Integral (Reflexões);
23-Espiritismo e Filosofia;
24-André Luiz e Sua-Voz;
25-O Livro dos Espíritos: Queda Espiritual;
26-Evidências do Espírito;
27-Construção Bio-Transmutável;
28-Mediunidade Genial (web artigos);
29-Conhecimento e Espiritismo;
30-O Paradigma Absoluto;
31-O Fenômeno Existencial;
32-Chico-Kardec: Franca Teorização;
33-O Maior dos Brasileiros;
34-Espiritismo: Síntese Filosófica;
35-O Livro dos Espíritos: Simples e Complexo;
36-O Livro dos Espíritos: Níveis Filosóficos;
37-Temas da Verdade Espírita;
38-Geometria Cósmica do Espiritismo;
39-Matemática da Reencarnação;
40-Kardec, Roustaing e Pietro Ubaldi;
41-Espiritismo e Livre Pensamento;
42-Síntese Embriológica do Homem;
43-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Primeira;
44-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Segunda;
45-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Terceira;
46-Consenso Universal: Tríplice Aspecto;
47-Método Pedagógico dos Evangelhos;
48-Cristo: de Roustaing a Pietro Ubaldi;
49-Estratégias da Revelação Espírita;
50-Trilogia Codificada e Rustenismo;
51-Cosmogênese do Terceiro Milênio;
52-Tertúlias Multidimensionais;
53-Cristianismo: Teologia Cíclica;
54-Análise de Temas Codificados;
55-Deus: Espírito e Matéria;
56-Razões e Funções da Dor;
57-Emmanuel: Insigne Revelador;
58-A Queda dos Anjos;
59-Homem: Vença-te a Ti Mesmo;
60-Evangelho: Evolução Salvífica;
61-O Espírito da Verdade;
62-Balizas do Terceiro Milênio;
63-Sentimento: Molde Vibrátil de Ideias;
64-Ciência do Século XX;
65-A Revolução Ética.
(Tais e.Books foram produzidos de 2010 a 2018).
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Blog: Filosofia do Infinito
http://fernandorosembergpatrocinio.blogspot.com.br
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