terça-feira, 4 de junho de 2019

ESPIRITISMO: FUNDAMENTAÇÕES (19o. e.Book)


Fernando Rosemberg Patrocínio

(19º. e.Book)

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ESPIRITISMO:
 FUNDAMENTAÇÕES

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Introdução

Capítulo I: VÉRTICE DO AMOR INCONDICIONAL

Capítulo II: TRÍPLICE CARÁCTER DOUTRINÁRIO

Capítulo III: ASPECTO DÚPLICE E MULTÍPLICE

Capítulo IV: UMA CONCORDÂNCIA UNIVERSAL

Capítulo V: SUA HISTORICIDADE EVOLUTIVA

Capítulo VI: DOUTRINA DE INFINITA GRANDEZA

Capítulo VII: A HUMILDADE E O DESINTERESSE

Capítulo VIII: OBRA SÉRIA OU MISTIFICAÇÃO?

Capítulo IX: SEPARAR A VERDADE DO FALSO

Capítulo X: O NOSSO BENEFÍCIO DA DÚVIDA

Bibliografia

Relação Nossos e.Books

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Introdução

No presente e.Book, agora disposto gratuitamente na Internet, estaremos a ver fundamentos e propriedades que definem o caráter mesmo do Espiritismo que, sendo simples, é também extremamente complexo. Seus caracteres, mui diversos, proporcionando belos paradoxos que, afinal, se entrosam magnificamente, descrevem que o mesmo detém:

-Tríplice Aspecto, bem como:
-Dúplice e Multíplice, em sua:
-Unidade Contextual ou Monista.

Mas não é só, pois inclui, ainda, caracteres outros que envolvem sua:

-Aplicabilidade;
-Singularidade;
-Racionalidade;
-Consensualidade;
-Impessoalidade;
-Neutralidade;
-Dentre outros que veremos.

Assim, pois, vamos a mais um breve estudo desta que é, para nós, a mais importante Doutrina da face terrena; uma Escola da qual nos orgulhamos imenso: a que lhe confere ser, simplesmente: a Universidade do Espírito.

O Autor-aprendiz; tal como você: amigo Leitor.

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CAPÍTULO I

VÉRTICE DO AMOR INCONDICIONAL

Donde surge o Materialismo, o Ceticismo, o Niilismo, o Ateísmo e outras tantas facetas do cognitivo humano? Particularmente, penso que surge de sua rebeldia, e, porque não dizer: de sua insatisfação espiritual!

Ora, óbvio está que, nas atuais circunstâncias, somos pequenos demais comparativamente à Grandeza de Deus. E digo: atuais circunstâncias, pois que estamos destinados a participar de tal Grandeza, de sermos Unos com Ele, bastando nossa observância de Sua Lei, ao invés do nosso desprezo a ela. Quero crer, assim, que tais atitudes do pensamento humano (Ateísmo, Materialismo, e etc.) surgem de nossa rebeldia, insatisfação, pequenez de espírito que, por sua vez, traduz nossa limitada sabedoria que, nada obstante, vai se dilatando com a nossa evolução: intelectual, axiológica e moral.

Assim, pois, estamos aprendendo e constatando que ‘não há efeito sem causa’, e, portanto, ao contrário do que apregoam os céticos, de que o Universo dispensa a ideia de Deus, nós, os espiritistas, entendemos que:

“O Universo exige a ideia de Deus”

Exceto se não nos importarmos com nossas contradições que, vendo, não queremos ver, e, raciocinando não queremos raciocinar que, para a existência de Leis eternas e imutáveis, como as regentes do nosso Mundo, do nosso Universo, se faz necessário, à nossa razoável compreensão, que tais Leis não existem por acaso, mas sim pela Existência de um Legislador. Ora:

“Não existem Leis sem o Seu Legislador!”

E, portanto, não há efeito sem causa! Ou, mais ainda, dir-se-ia que a grandeza do efeito corresponde à grandeza da causa, e, no caso em questão: à Grandeza de Deus!

Assim, estive aprendendo com a “ingenuidade” de minha mãezinha que Deus é Pai, que Deus é Grande, pois que, de fato, Deus é Um Infinito de Grandeza. Conquanto não se possa, em nosso estágio evolutivo, compreender-se melhor a Infinitude de Deus, sendo Ele, mais ainda: Onisciente (detentor da Ciência de tudo), Onipotente (Poder Supremo), Onipresente (Imanente e Presente em todas as coisas).

E, se o Mestre se dizia ser: Uno com o Pai, e se não existem privilégios no Universo, isto está a inferir, como já citado, que, de futuro, também haveremos de ser Unos com Deus e participantes de Sua Ciência, de Seu Poder, Sua Imanência no pequeno e no grande de todas as coisas, nos tornando, por aí, verdadeiramente: deuses, pois que participantes dos Atributos de Deus.

Mas, enquanto não chegamos lá, tratemos de nos melhorar, tratemos de ser mais fraternos e mais altruístas, pois a mim não parece haver algo mais importante por fazer que vivenciarmos, em nós mesmos, o mais importante preceito do Universo, o do Amor, sendo que, os demais, surgem naturalmente em nossas vidas que, afinal, se rege não por nós mesmos, mas sim pelos nossos Maiores que sabem como obrar por nós: ora nos direcionando, ora nos corrigindo, nos aconselhando.

Tudo está a dizer, pois: que estamos caminhando!

Mas, para onde?

E digo que, indubitavelmente: para Deus!

Ora, para compreendermos o Infinito da Mente de Deus, óbvio está que teremos, necessariamente, de enfrentar este Infinito, e, por isto:

-Lidamos com o Espiritismo que, como se sabe, intitula-se justamente como ‘Ciência do Infinito’, ou ainda, para mim: como ‘Ciência de Tudo’, do Espírito e da Matéria e de suas infindáveis gradações, o que me faz crer, pois assim, que estamos a caminho de Deus, à compreensão mais perfeita de ‘Tudo’, e que, no presente e no futuro, permaneceremos caminhando, e, como já dito, para sermos Unos com a Mente de Deus, Unos com o Criador.

E, mais ainda:

-Lidamos com o Espiritismo justamente por este paradoxo que deriva dele mesmo: de ser simples, porém, muito complexo, de difícil trato, representando, particularmente a mim, a escola das escolas, a universidade das universidades, e assim por diante, até o infinito que não tem fim.

Ora, estamos lidando com o Invisível Espiritual, ou seja: com um Complexo de Coisas infinitamente mais difícil de trabalhar, quando este mesmo Complexo, tal como verificável com as coisas do nosso trivial, do nosso cotidiano, também se mobiliza, se move o tempo todo nas mudanças de seus elementos que, em suma, quando não se estacionam, ou sucumbem, eles, pelo contrário, e, em sua maioria, progridem, avançam constante pelas engrenagens palingenésicas ou reencarnatórias.

E ouso dizer que:

O Espiritismo vai ser sim da alçada da Ciência oficial, da Ciência mundana! Sim; vai ser estudado e confirmado, (como já o fora dantes), pelos nossos mais modernos pesquisadores; o que lhes falta, no momento, é maturidade, bem como humildade, que não lhes permitem avançar pelas complexas veredas desta ‘Ciência de Tudo’, do Espírito e Matéria, que se consubstanciam, geneticamente, num tipo único, porém suscetível de transmudar-se pelo infinito da Obra de Deus: Vértice do Amor Incondicional.

Capítulo II

TRÍPLICE CARÁTER DOUTRINÁRIO

Sabe-se que o Espiritismo assume o Tríplice Caráter de ser Ciência, Filosofia e Religião, sendo esta, Religião Pura, em Espírito e Verdade, escoimada, pois, dos espúrios humanos.

Já vimos em meu 16º. e.Book, “Kardecismo e Espiritismo” - formalizando tese espiritualista - que o Kardecismo, compreendido como Ciência Espírita, resultara de um pesquisador honorável, que, para não deixar-se iludir, preferira não embrenhar-se pelas profundezas da filosofia espírita, ou seja, por caminhos que, para a cientificidade do seu tempo, era desimportante, porquanto, para certos mistérios da vida, o homem só pode construir sistemas mais ou menos justos, mais ou menos corretos, assim se expressando Kardec em sua obra derradeira:

“Sem, pois, procurar a origem da Alma, e as fieiras pelas quais pôde passar, nós a tomamos em sua entrada na humanidade, no ponto em que, dotada do senso moral e do livre-arbítrio, ela começa a incorrer na responsabilidade de seus atos”.
(Vide: “A Gênese” – AK – 1869).

Aí, pois, paralisara o Kardecismo! Ou seja: Kardec, e sua Ciência Espírita, estivera a considerar o Espírito, princípio inteligente, apenas ao âmbito da humanidade, ao âmbito, pois, dos Seres humanos, não o compreendendo ao plano dos animais e planos mais baixos ainda. Assim, pois, a Ciência de Kardec, em sua restrição, se resumira nos fatos da:

-Existência de Deus; da:

-Existência do Espírito e, portanto, da Existência do Mundo Espiritual; e mais ainda, da:

-Evolução progressiva do referido Espírito, tanto no seu Mundo de origem, como nos Mundos materiais por meio da Reencarnação.

Entretanto, nestes cento e cinqüenta anos do Espiritismo do Mundo, sendo tal compreendido não com as restrições da ‘Ciência Espírita de Kardec’, supra citada, mas sim, com toda a abrangência e grandeza da Doutrina dos Espíritos Superiores, (Espiritismo), que alberga um conjunto amplo de princípios filosóficos e morais, constatou-se e constata-se que a mesma nunca fora desmentida pelos seus promotores espirituais, (Espíritos), que, por toda parte, ministraram os mesmos ensinos concordantes de que:

“Tudo se encadeia na natureza, desde o átomo (ESI) primitivo ao arcanjo (EPC), pois que ele mesmo começou por ser átomo. Admirável Lei de Harmonia da qual vosso acanhado Espírito não pode apreender em todo o seu conjunto”.
(Vide: “O Livro dos Espíritos” – AK - 1857).

Que pode ser visto de variada forma. Ou seja:

-Modelo Evolutivo do Espírito:

Por tal Modelo o Espírito progride e avança (--->), paulatinamente, nos mais diversos reinos da natureza, que, afinal, é parte integrante do Universo físico e astronômico, e que se dá, pois: do Átomo (ESI = Espírito Simples e Ignorante) ao Arcanjo (EPC = Espírito Puro e Consciente):

[(ESI (---> ev) (EPC)]

Que, em forma gráfica mais clara e mais evidente ainda, se representaria:

              (EPC)
                 /
               / (--- >ev)
            /
        (ESI)

Entretanto, fora dito acima, em “OLE”, que o nosso acanhado saber não poderia apreender dito fenômeno em todo o seu conjunto. Note-se, todavia, que tal preceito fora válido para o Século 19, pois que, no Século 20, com Ubaldi e Xavier, se implantara o que se pode conceber como: “todo o seu conjunto”, pelo:

-Modelo Involutivo-Evolutivo do Espírito:

                2                4
            (EPC)        (EPC)
           /         \          /
  (ev) /      (in) \       / (--- >ev)
       /                 \  /
   (ESI)            (ESI)
      1                   3

Por tal Modelo, bem mais complexo, o Espírito, então criado, progride e avança (--->), paulatinamente, em seu próprio Mundo de Origem: Mundo Espiritual, que vai do ponto um (1) ao ponto dois (2); e o grande Emmanuel, um dos mais confiáveis instrutores espirituais dos últimos tempos, assim se refere a tal trajetória:

Conquistada a Consciência e os Valores Racionais, todos os Espíritos são investidos de uma responsabilidade, dentro das suas possibilidades de ação; porém, são raros os que praticam seus legítimos deveres morais, aumentando os seus direitos divinos no patrimônio universal”.

E, do ponto dois (2) ao ponto três (3) que explica a Queda Espiritual, e, mais ainda, explica sua destinação evolutiva até ao ponto quatro (4), assim se refere o nosso venerável instrutor Emmanuel:

“Colocada por Deus no caminho da vida, como discípulo que termina os estudos básicos, a Alma nem sempre sabe agir em correlação com os bens recebidos do Criador, caindo pelo orgulho e pela vaidade, pela ambição ou pelo egoísmo, quebrando a harmonia divina pela primeira vez e penetrando em experiências penosas, a fim de restabelecer o equilíbrio de sua existência”. (Vide: “O Consolador” – Questão 248 – FCX – Emmanuel – 1940 – Feb).

Vemos, assim, pois, que o fenômeno ontogenético é bem mais complexo do que se imagina: inicia-se no Mundo de Origem, ou seja: no Mundo Espiritual, e, respeitando-se o Livre Arbítrio do Ser, que, então, conquistara a Consciência e os Valores racionais, referido Elemento, seja por orgulho, vaidade, ambição, egoísmo, e, coisas que tais, pode se desfalecer da condição de Espírito Puro e Consciente (EPC) e quedar-se na situação de Espírito Simples e Ignorante (ESI), para, então, novamente, adquirir, ou, readquirir os bens anteriormente conquistados, porém, agora, nas adversidades corretivas por ele mesmo pretendidas, nos Mundos materiais. (Vide, também, nosso 21º. e.Book: “Evolução: Jornadas do Espírito”).      

Assim, pois, tudo quanto aqui relatado já é do nosso conhecimento, já consta, pois, do e.Book acima citado bem como de meus diversos textos e demais livros digitalizados.

Mas o fizemos constar novamente para lembrarmos que o Espiritismo, como Doutrina dos Espíritos Superiores: não se engessa no tempo, e tampouco Jesus, Seu Coordenador, que, no Século 20 findado, revelou-nos mais acerca do problema ontogenético de todos nós: Espíritos imortais, que, nos Orbes do Universo físico e astronômico, faz e refaz vias palingenésicas o seu retorno ao Pai-Nosso Magnânimo Criador.

O que, aliás, já proclamava Lammenais:

“Pobres ovelhas desgarradas, sabei pressentir, junto a vós, o Bom Pastor que, longe de vos querer banir para sempre de Sua Presença, vem Ele mesmo ao vosso encontro para vos reconduzir ao aprisco. Filhos pródigos, abandonai vosso exílio voluntário; voltai vossos passos para a morada paterna: o Pai vos estende os braços e mantém-se sempre pronto para festejar vosso retorno à família”. (Vide: “O Livro dos Espíritos” – Item 1009 - AK - 1857).

Aliás, “O Evangelho Segundo o Espiritismo" (AK - 1864) também faz claras referências a tal fenomenologia, mas de modo restrito e sem os desenvolvimentos que a questão exige. Assim, pois, sem mais delongas, prossigamos nossas análises das propriedades e características do Espiritismo em suas bases doutrinais mesmas.

Capítulo III

ASPECTO DÚPLICE E MULTÍPLICE

Um outro modo de se encarar o Espiritismo está no seu Caráter Dúplice, ou seja, apenas com a Ciência Espírita de Kardec e a sua Filosofia-Moral instituída pelo Espiritismo, pois que sua Ética ou Moralidade, como Religião Pura, decorre, naturalmente, de sua ampla e vasta Filosofia.

E, por tal, teríamos a conexão (=c=):

[(Ciência Espírita) (=c=) (Religião Pura)]

Entretanto, ressalte-se que, doutro modo, mais amplo e bem mais abrangente, conceber-se-ia tal Caráter Dúplice, ou Tríplice, (de Ciência, Filosofia e Religião), com um seu Aspecto Multíplice, tendo em vista que Kardec, em sua obra derradeira, chegara a postular que:

“O Espiritismo e a Ciência se completam mutuamente”. (Vide: “A Gênese” – AK – 1868).

Ora, se tais se completam mutuamente, isto quer dizer, noutros termos, que o Espiritismo, (como Ciência, Filosofia e Religião), encontra-se, sem dúvida possível, na Ciência mundana mesma, sendo que tal integração acaba por formalizar uma só e uma mesma coisa, constituindo, paradoxalmente, um Caráter Multíplice do Espiritismo que também se nos revela Uno, pelos fatos incontestáveis de que:

-A Psicologia, quando estuda a psique, ela estuda, fundamentalmente, o Espírito e suas manifestações cognitivas: seu ego, seu superego, que compreendem, em seu todo, manifestações de um subterrâneo psíquico, o denominado id, ou, subconsciente, repleto de emoções, de instintos, de saberes, de aquisições muitas do processo palingenésico.

-A Medicina, quando estuda o Complexo Biológico Humano, suas doenças e demais mazelas, ela também estuda, em seus efeitos, e, sem o querer, o Perispírito e o Espírito de sua constituição, pois que tais elementos são seus mais relevantes componentes que, afinal, se corporificam no Mundo terreno lhe expressando as necessidades evolutivas, de crescimento intelectual e moral ao bojo das sociedades humanas.

-A Antropologia, quando estuda o Homem e a Humanidade em sua totalidade, ela também estuda o Espírito sem o querer, e estuda, pois, seus movimentos, sua evolução, mas não na unicidade existencial, e sim, palingenésica.

-A Química, quando pesquisa os elementos, ela também pesquisa modalidades outras de uma mesma substância, a substância espiritual que, numa curva cinética (onda?), se reduz à partícula (matéria?) que, se aglomerando, constitui corpo sólido que, por sua vez, não se paralisa, pois que se transforma ainda, e agora, pelas tramas da radioatividade, da evolução.

-E assim por diante com, praticamente, todas as ciências e todos os saberes do nosso cotidiano, pois quando o homem pensa e trabalha em seu plano mental (matemática, por ex.), quem o faz, fundamentalmente, é o Ser principal, é o Espírito e não o cérebro propriamente falando, que, como se sabe, não passa de instrumento secundário, conquanto sua importância no mecanismo da vida, da reencarnação.

Logo, o Espiritismo, em seu caráter Multíplice, que também é Uno, entrosa-se com Tudo, com todas as ciências hoje formalizadas, quer queiram, quer não queiram, pois quem pensa e cria (as ciências) é o homem que, como dito, é Espírito: o Ser consciencial.

Assim, Espírito e Matéria, e suas infinitas gradações, parecem decorrer de um mesmo elemento primordial constituindo uma concepção unitária do Universo físico e metafísico; ou seja: do Monismo.

Capítulo IV

UMA CONCORDÂNCIA UNIVERSAL

Um outro aspecto do Espiritismo codificado é o firmado pelo preceito da Concordância Universal. Note-se que foram cotejadas instruções dos Espíritos em cerca de mil centros espíritas sérios, dos mais diversos pontos da Terra, e isto, digo, ao tempo da Codificação Espírita. Tal medida, sem dúvida, fora capaz de uniformizar relativamente bem os ensinos básicos doutrinários conformando-os ao progresso científico de sua época, no Século 19.

Sua sentença doutrinária assim se expressa:

“A garantia única, séria, do ensinamento dos Espíritos está na concordância que existe entre as revelações feitas espontaneamente, por intermédio de um grande número de médiuns, estranhos uns aos outros, e em diversos lugares”. (AK).

Diga-se que tal Concordância, conquanto assistamos a toda uma sua inaplicabilidade nos tempos atuais, dir-se-ia, paradoxalmente, que, no caso da imensa obra de Francisco Cândido Xavier, admite-se haver nela toda uma Concordância dos adeptos espiritistas mais sábios que acataram ou acatam a sua obra no Mundo terreno, e toda uma Concordância dos Espíritos que a consolidaram, sendo que, no tópico ‘espiritistas’ se faz a seguinte ressalva: são apenas alguns poucos que, por motivos banais, ou, por ignorância, a desaprovaram ou a desaprovam, sendo, pois, de um caráter pouco relevante em face de sua ampla e total aprovação.

Sendo que, na obra de Pietro Ubaldi, depara-se com algo parecido, ou seja, vemos nela toda uma Concordância dos espiritistas mais sábios que acataram ou acatam a sua obra no Mundo e toda uma Concordância dos Espíritos que se pronunciaram, e a aprovaram, nos mais diversos paises por meio de numerosos médiuns distantes uns dos outros; sendo que no tópico ‘espiritistas’ se faz a mesma ressalva do já dito para Francisco Cândido Xavier.

Aliás, como já relatado em meus diversos textos e e.Books, e, inclusive no décimo oitavo (18º.): “Maiêutica do Século XXI”, referidos missionários do Cristo, (Chico e Ubaldi), incrementaram vastamente o ‘Modelo Involutivo-Evolutivo’, tido, para mim, como o mais importante fato e revelação do Século 20 nos mostrando, em bases científica e filosófica, matemática e psicológica, ontológica e teológica, nossas origens espirituais e a Grandeza do nosso Criador que É Pai Justo e Misericordioso, e não um ditador injusto e cruel como esboçado pelo ‘Modelo’ anterior, apenas e tão só ‘Evolutivo’, do Espírito imortal.

Capítulo V

SUA HISTORICIDADE EVOLUTIVA

O Espiritismo, em sua complexidade doutrinária, tem como um de seus fundamentos, a realidade do Mundo Espiritual; seu objeto de pesquisa se dá pela faculdade mediúnica, sendo tal fenômeno um fato de ordem universal; ora, sua presença no Mundo é de todo o sempre, pois fora notada (a mediunidade) por toda parte, desde tempos os mais remotos. O que ressalta, por aí, a efetiva liderança dos Espíritos nas atividades humanas, (são eles que nos dirigem).

Sua prova mais autêntica é a Bíblia Sagrada mesma, cujo conteúdo é todo vazado no relacionamento constante dentre os Seres dos dois planos, humano e extra-humano, material e espiritual, conquanto, em tal obra, (Bíblia Sagrada), sobretudo no Velho Testamento, constatemos sua simplicidade, sua notória incultura, tradição dos povos mais antigos, e, pois, suas mágicas anotações como a de Jonas e do peixe que o engolira, mas depois de três dias, o vomitara em terra firme.

O que não se dá com o Novo Testamento, com a Verdade Altaneira do ‘Evangelho’ de Jesus.

Mas façamos algumas digressões necessárias.

Dias atrás estive a assistir na TV uma palestra de importante, e muito extrovertido orador pentecostal, defendendo o fixismo das coisas terrenas, argumentando, pois assim, sobre os equívocos dos evolucionistas e sua moderna Teoria da Evolução. E chegava até mesmo aos gritos, ferindo-nos os tímpanos com sua fala vibrante, mas pouco verossímil, por querer se sobrepor à verdade, contrariando princípios filosóficos e científicos extraídos da própria natureza, por determinismo da Lei.

Fora interessante notar, naquele seu discurso, como o referido pastor - apesar de seus protestos - como, ao mesmo tempo, lhe faltava inspiração, competência, raciocínio lógico e coerente, se comparado a um discurso equilibrado, fluente e convincente, emanado, por conseguinte, de seus superiores hierárquicos estabelecidos no plano que lhe transcende, pois que o mesmo (pastor) é médium, sendo, portanto, inspirado e dirigido pelos seus maiores com os quais se afina em concordância, ou, desafina por discordância, seja ela afetiva ou moral, cognitiva ou intelectual, como fora o caso em questão.

Ficando muito claro, pois, naquela sua fala, que seu instrutor espiritual, mais esclarecido que seu pastor-médium, parecia discordar do mesmo, abandonando-o a própria sorte, pois dito pastor, apesar de inteligente, gaguejava, faltava com a verdade que, a meu ver, seu instrutor espiritual conhecia e conhece, sabendo, pois, que nada se paralisa neste Universo de dinâmica incessante, de tudo e de todos nós. No caso, pois, o referido pastor deixava escapar grande oportunidade de retificar conceitos de sua instituição, de mudar perspectivas mentais do seu povo com a verdade cristalina da Ciência que, por sua vez, retifica as concepções bíblicas pelas provas e evidências constatadas, tão claras e tão objetivas, até mesmo fáceis de entender.
  
Por outro lado, a Bíblia Sagrada confirma a evolução com o movimento contínuo das idéias, haja vista que a mesma divide-se em livros do Velho, e, do Novo Testamento, provando, só por aí, a progressão da mentalidade humana, estando, no Velho, numa fase, e, no Novo, noutra fase, e, ostentando, pois, um dinamismo inegável, onde, no Velho, se depara com um Deus Contraditório, que alude ao Não Matarás, mas procede como Deus Tirano, Vingativo e Cruel.

E, no Novo, surge o Deus Amoroso e Sábio, o Deus Providencial, onde a Lei do: olho por olho e dente por dente, é substituída pela Lei do Amor, do Perdoai para que sejais Perdoados, e coisas que tais.

Assim, no Velho, temos, pois, um povo de mentalidade bárbara (M1): brutalizada e hostil; e, no Novo, um povo de mentalidade mais branda (M2): aptos à recepção de idéias novas e, portanto, mais avançadas que aquelas outras, onde se nos mostra que:

[(M1) ---> (M2)] = [(M1) avança e evolui(--->) para (M2)]

Mas tem mais! Jesus, que Sabia, e Sabe, da mais adiantada mentalidade (M2), ainda assim, enxergara nela potencialidades para evoluir mais, e, com palavras proféticas anunciara de viva voz:

“Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas que não seriam capazes de compreender por agora”. (João – Cap. 16, v. 12).

E, se a mentalidade (M2) tornara-se mais avançada que (M1), entretanto, (M2) teria de evoluir ainda mais, ou seja, para (M3); quando então, progressivamente, se obtêm:

[(M1) --- > (M2) --- > (M3)]

Onde a mentalidade (M1) evoluiu para (M2), e esta vai evoluindo para a mentalidade (M3), objetivando-se mais ampla compreensão do Evangelho que, na fase (M2), não compreenderia sua mais dilatada e Mais Alta Filosofia, do Homem e do Cosmos, do Amor e do Perdão incondicionais.

E, se o Mestre assim procedera terá sido por reconhecer, naquele momento, o despreparo dos homens do tempo (M2) para uma compreensão mais dilatada de sua Excelsa Doutrina; que precisariam, noutras palavras, de uma maior maturidade do senso moral e da inteligência, para então, após dezoito séculos que separam o Cristianismo do Espiritismo, estarem enfim preparados para a compreensão, o plantio e a colheita resultante da prática viva de Sua Doutrina, agora vista e desenvolvida em bases científicas, método do Espiritismo, e, portanto, de uma Fé que raciocina, que pensa e age pela Razão esclarecida e não mais fideísta, desprovida de Razão.

E, para que não paire dúvidas sobre tal assertiva, no prosseguimento daquele Cap. 16, bem como no 14, v.v. 15 a 26, daquele mesmo evangelista, Jesus revela que nos enviaria o Consolador, o Espírito de Verdade, com o fito de nos ensinar todas as coisas, fazendo-nos recordar tudo o que Ele mesmo havia dito e feito e que ficaria eternamente conosco.

O estudo metódico e a sóbria reflexão dos ensinos espiritistas, quando não realizados de forma leviana e com idéias preconcebidas, nos leva à conclusão irrefutável de que o Espiritismo, efetivamente, possui todas as características do Consolador que, por meio da Falange do Espírito de Verdade, esclarece, conforta e suaviza as penas de cada dia levando-nos a novos patamares de entendimento, de sabedoria e de amor.

Assim, por evolução, o Velho Testamento (M1) preconiza a vinda do Novo (M2), e este, por sua vez, anuncia a vinda do Consolador (M3), o Espírito de Verdade para a consolidação plena do Cristianismo nas vozes consoladoras do Espiritismo, onde tudo e todos evolucionam até à infinitude (oo) em Deus:

[(M1) ---> (M2) ---> (M3) ---> até o infinito (oo) = (Deus)]

Capítulo VI

DOUTRINA DE INFINITA GRANDEZA

Dentre outras propriedades e características do Espiritismo, em resumindo-as, podem-se mencionar as seguintes:

-Como Aplicabilidade, dir-se-ia que o Espiritismo aniquila a superstição, desfaz a ignorância, e se coloca a favor das conquistas científicas voltadas para o bem, para o progresso, para a sublimação do Espírito imortal; e, mais ainda, substitui e unicidade da existência dos Seres pela palingenesia agora vista não mais como simples crença, mas sim, pelo apoio da pesquisa, da prova evidente e cabal da experimentação científica. O Espiritismo, pois, com tais condições, leva o homem à aplicar-se e a conduzir-se como um Cristão Redivivo, Racional, tendo em vista seu progresso intelectivo, axiológico, espiritual e moral.

-Como Singularidade, constata-se que o Espiritismo não tem chefias humanas, pastores ou sacerdotes, onde cada um de seus adeptos, pois, tem por guia sua própria Consciência alicerçada por fé raciocinada. Noutros termos, nós, os espiritistas, acatamos as propostas doutrinárias e as colocamos à nossa maneira de ser e de viver, consoante, ainda, nosso grau de percepção e de entendimento das mesmas; e, mais ainda, nos propomos melhorar corrigindo nossas mazelas espirituais.

-No aspecto Racionalidade, vêmo-lo com um colorido diferente, estabelecendo-se no império da análise, do método, da lógica que exclui crendices e superstições. Ora, todos os nossos estudos da natureza terrena e universal, bem como os relativos ao Espírito, encarnado e desencarnado, devem submeter-se ao império da análise, do exame, para constatar-se sua veracidade; e tudo quanto contrarie o bom senso, a lógica, os dados da experiência já adquirida, deve ser desaprovado.  Como já dito: é melhor repelir dez verdades do que admitir uma só mentira, uma só teoria errônea.  

-Como Impessoalização, um outro aspecto seu, note-se que ninguém é autoridade incontestável do  Espiritismo que, como já dito, fora elaborado por uma plêiade de Espíritos Superiores, luminares do Saber e do Amor, sendo, pois, uma obra sua, e não há, para o mesmo, um seu criador e um seu chefe do ponto de vista humano. Nisto, da parte de muitos de seus adeptos, e até mesmo intelectuais espíritas, vige ainda muita incompreensão, pois confundem as propostas de Kardec, homem, com as propostas do Espiritismo: Doutrina dos Espíritos Superiores, quando tais, como já visto, são nitidamente distintos e separáveis.

-Como Neutralidade vê-se que o Espiritismo não tem nacionalidade e não provêm de nenhum culto religioso estabelecido no Mundo. Sua nacionalidade, digamos assim, é universal e provêm de um ensino igualmente universal: o Cristianismo Puro, seus ensinos e sua ética válidos para todo o sempre, pois que provêm da Inteligência Suprema, nosso Criador. O Espiritismo, pois, é para todos universalmente, e não tão-só para elites, certos grupos ou pessoas, em particular.

-Por ser Doutrina de Essência Evolutiva, o Espiritismo não se engessa no tempo, não se paralisa, e isto ficara bastante claro, e evidente, quando o vimos, de um ‘Modelo (apenas e tão-só) Evolutivo’, desenvolver-se e ampliar-se para o ‘Modelo Involutivo-Evolutivo’ que fora implantado neste seu sesquicentenário de sua presença no Mundo terreno.

-Mais ainda: o Espiritismo participa da Revelação Divina e da Revelação Humana, e nisto Kardec acertara com precisão ao ministrar:

“Por sua natureza, a revelação espírita tem duplo caráter: resulta, ao mesmo tempo, da revelação divina e da revelação científica. Resulta da primeira no sentido de que seu advento foi providencial, e não o resultado da iniciativa e de um desejo premeditado do homem; que os pontos fundamentais da Doutrina são o fato do ensinamento dado pelos Espíritos encarregados por Deus para esclarecerem os homens sobre as coisas que ignoravam, que não poderiam aprender por si mesmos, e que lhes convinha conhecer, hoje que estão amadurecidos para compreendê-las”.

“Resulta da segunda no sentido de que esse ensinamento não é privilégio de nenhum indivíduo, mas é dado a todo mundo pelo mesmo meio; que aqueles que os transmitem e os que os recebem não são Seres passivos, dispensados do trabalho de observação e de pesquisa; que não renunciam ao seu juízo e ao seu livre arbítrio; que o controle não lhes é proibido, mas, ao contrário, recomendado; enfim, que a Doutrina não fora ditada completa, nem imposta à crença cega; que é deduzida pelo trabalho do homem, da observação dos fatos que os Espíritos colocam aos seus olhos e das instruções que lhe dão, instruções que ele estuda, comenta, compara, e das quais ele mesmo tira as conseqüências e aplicações. Em uma palavra, o que caracteriza a revelação espírita é que sua fonte é divina, que a iniciativa pertence aos Espíritos, e que a elaboração resulta do trabalho do homem”. (Vide: “A Gênese” – AK – 1868 – Ide).

De página tão elucidativa retiramos dois pormenores:

1-De que a Doutrina não fora ditada completa e que, portanto, há que ser completada no tempo-evolutivo; o que escancara o equívoco dos mais conservadores que se prendem demasiadamente ao tão só ministrado pela obra de Kardec e dos Espíritos que a ditaram no Século 19. Logo, o Século 20, com os seus maiores missionários, sobretudo Pietro Ubaldi e Francisco Cândido Xavier, já desenvolveram, ampliaram e corrigiram a obra do Século anterior. E:

2-No tocante ao referido Mediunismo, penso que aí mesmo reside nossas maiores dificuldades, tropeços e incompreensões, geradas pela ignorância e pela promiscuidade dos homens, dos médiuns e dos Espíritos imperfeitos que usam tal via de comunicação. Infelizmente, em nosso meio, e, exceto pelos grandes missionários do Cristo, tais como Chico Xavier, Ubaldi, Divaldo Pereira Franco, e etc., o fato é que estamos longe de um mediunismo tão-só iluminado, brilhante e construtivo que, aliás, é mais um dos temas do presente e.Book.

Capítulo VII

A HUMILDADE E O DESINTERESSE

Em ‘Prolegômenos’ (noções preliminares de uma ciência) de “O Livro dos Espíritos” (AK - 1857) o Sr. Kardec preconiza que: “Este livro é a compilação dos seus ensinamentos. Foi escrito por ordem e sob o ditado dos Espíritos Superiores para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, livre dos preconceitos do espírito de sistema”. (Opus Cit.).

E, tais Espíritos, ao término de mui sábia e expressiva dissertação, alegam no referido texto:

“Lembra-te de que os bons Espíritos não assistem senão aqueles que servem a Deus com humildade e desinteresse, e repudiam a qualquer que procure, no caminho do céu, um degrau para as coisas da Terra. Eles se distanciam do orgulhoso e do ambicioso. O orgulho e a ambição serão sempre uma barreira entre o homem e Deus; é um véu atirado sobre as claridades celestes, e Deus não pode se servir do cego para fazer compreender a luz”. (Opus Cit.).

E tais Espíritos assinam:

São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luis, o Espírito de Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg, etc., etc.”

E, em toda a obra codificada, vamos encontrar as instruções de tais Espíritos organizando e elucidando os pontos mais difíceis, todas as questões atinentes a tão vasta e tão complexa Doutrina do Espiritismo – Terceira Revelação da Lei de Deus - consoante promessa de Jesus de nos enviar ‘O Consolador’: que nos ensinaria todas as coisas e ficaria eternamente conosco.

E o próprio Kardec, noutra de suas obras, recomenda que leiamos tudo quanto houver sobre a matéria, e, ao final, preceitua:

“Cabe ao leitor apartar o bom do mau, o verdadeiro do falso”. (Vide: “OLM” – AK – 1861).

O que não é tarefa fácil, pois que somos Espíritos em evolução; Espíritos reencarnados das mais diversas faixas mentais que, infelizmente, pela imaturidade de alguns pares, ainda os vemos estudando e acatando obras duvidosas que, não nos elevando, nos rebaixa, nos engana e nos envolve com suas mentiras filosóficas e doutrinárias.

Mas não percamos forças com o desânimo; pelo contrário, nos encorajemos, pois somos detentores de uma base doutrinária que fora amparada pelo Espírito de Verdade, enviado do Cristo, para nos orientar no tocante aos referidos temas: do verdadeiro e do falso.

Sigamos avante, pois!

CAPÍTULO VIII

OBRA SÉRIA OU MISTIFICAÇÃO?

Assim, pois, vamos a algumas ideias dos mais diversos livros hoje disseminados pelo movimento espírita. Num deles, por exemplo, (que não citaremos o título), um Espírito defende, com seu médium, que Chico Xavier é a reencarnação (reec>) de Allan Kardec e que este é a reencarnação (reec>) de Platão.

Por tal proposta temos:

Chico (ree>) Kardec (ree>) Platão

Entretanto, a obra codificada de Allan Kardec, como já visto no Capítulo anterior, contém instruções do Espírito de Platão! Mas Chico não seria a reencarnação de Kardec, e, pelas “instruções” encimadas, não teria sido, antes disso, o Espírito que animara Platão?

Questiono, então, quem seria o Espírito que, em sua obra principal, ou seja: “O Livro dos Espíritos”, se dizia ser Platão?

Ou seria um falso Platão!!!??? Ou, no caso, uma mistificação? Ou, ainda, não seria mistificação, pois o Espiritismo, conquanto simples em sua exposição de princípios, é obra bastante complexa, e, eu diria, extremamente complexa, pois referida questão, da identidade do Espírito, fora igualmente estudada por Kardec sobretudo em sua obra de “Espiritismo Experimental”, o denominado “O Livro dos Médiuns” (AK – 1861).

Todavia, o Espiritismo, constituindo síntese, óbvio que, por tal situação mesma, está a expressar do referido ‘Tratado Experimental’ um resumo suscetível de ilações outras, que também veremos.

E, mais ainda: em outro livro daquela mesma lavra mediúnica, (que não citamos), aquele mesmo Espírito alega, com todas as letras, que Chico Xavier foi o apóstolo João, ou seja, ele mesmo: João Evangelista!!! Ou, noutros termos, e, andando da frente para traz, ou seja, de hoje para ontem, cronologicamente, Chico teria sido a reencarnação de Allan Kardec, do apóstolo São João Evangelista e de Platão:

Chico (ree-->) Kardec (ree-->) João (ree-->) Platão.

Mas acredito que o sapiente leitor já notara outro detalhe de tal informação mediúnica: São João Evangelista também consta dos Espíritos Superiores que codificaram sua obra com o missionário Allan Kardec no Século 19.

Ou seja: se a obra de Kardec, como visto supra, contém instruções do Espírito de Platão, do Espírito de João Evangelista, como poderia Kardec ter animado tais homens no passado, se a sua obra codificada contém instruções dos mesmos? Ou seja: dos Espíritos de Platão e do Evangelista João? Ou, Platão e João, de sua obra, seriam mistificações, pois Kardec, no passado, é que teria sido Platão e, logo após, João - o São João Evangelista?

Ou, ainda, invertendo os pólos:

Não seria a obra de Kardec, em seu conjunto, uma expressão da verdade, e, portanto, merecedora dos nossos aplausos, do nosso respeito, pois que representa a promessa do Cristo de nos enviar o Consolador, que nos faria lembrar tudo o que mesmo realizara e que ficaria eternamente conosco?

Mas reflitamos mais ainda: da cronologia palingenésica já citada pelo Espírito em questão, temos que:

Chico (ree-->) Kardec (ree-->) João (ree-->) Platão.

E penso ser óbvio que, se uma só figura de tal ordem cronológica for falsa, ou seja, estiver equivocada, penso que, por dedução filosófica e também matemática, toda ela se desmorona falseada que está em seus princípios e deduções.

Vejamos que a “Revista Espírita” (AK – 1861 - Edicel) do Mês de Janeiro, no Boletim da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, registra em dado momento que:

“3º. – Fato pessoal ocorrido com o Sr. Allan Kardec, e que pode ser considerado uma prova de identidade do Espírito de antigo personagem. A Srta. J... recebeu várias comunicações de João Evangelista, sempre com uma caligrafia muito característica e completamente diversa de sua escrita habitual. Tendo o Sr. Allan Kardec, a seu pedido, evocado aquele Espírito (João Evangelista), por intermédio da Sra. Costel, verificou-se que a caligrafia tinha absolutamente o mesmo caráter da Srta. J..., embora a nova médium dela não tivesse conhecimento; ademais, o movimento da mão tinha uma delicadeza inabitual, o que constituía, ainda, uma similitude; enfim, as respostas concordavam em todos os pontos com as que tinham sido dadas através da Srta. J... e na linguagem nada havia que não estivesse à altura do Espírito evocado.” (Revista Cit.).

Ou, noutros termos, e, pelos dados da pesquisa científica de Kardec, notamos que o mesmo não poderia ter sido João Evangelista no passado, pois ele, o cientista Allan Kardec, confirmara a presença do referido Espírito em seu laboratório de pesquisas espiríticas, o que, por sua vez, derruba a tese de que Kardec fora João no passado, e, o que, mais ainda, derruba todo o contexto de sua pretensão contida na cadeia palingenésica já citada.

Cadeia palingenésica que nos parece, pois, falseada em um de seus elementos constituintes, lhe derrubando por terra todos os elos da questão.

Logo, pelo embaraço disseminado em nosso meio por tais obras duvidosas, óbvio está que eu, este modesto autor, priorizo estar com os importante trabalhos de Allan Kardec, até que se prove, por métodos incontestáveis, e definitivos, que seu trabalho, de intensa pesquisa, se equivocara e que tais livros mediúnicos da atualidade são justos, verdadeiros e, doutrinariamente: corretos.

Noutros termos, antes de condenar, transmito àqueles autores: médium e Espírito comunicante, o benefício da dúvida: provem-nos suas assertivas, justifiquem-nas, que com elas estaremos acordes e de braços abertos à sua aceitação e ampla divulgação.

Ora, se a obra de Kardec pode conter algum equívoco, é preciso prová-lo com fatos como eu mesmo já o fiz algumas vezes; mas não apenas com palavras soltas, algo desconexa e sem as devidas provas do que se propaga em nosso meio já tão complexo e tão difícil de trabalhar.

Mais ainda, alegarão alguns que: Espíritos muito evolvidos, pela identidade de princípios que os unem, pela conformidade de seus pensamentos e ações, poderiam se substituir em suas comunicações com os homens, adotando uns, o nome de outros, sem embargo de seu nome e de suas instruções.

Entretanto, Kardec não estivera, plenamente, de acordo com tal situação prescrevendo:

“Objetar-se-á, sem dúvida, que o Espírito que toma um nome suposto, mesmo para não falar senão do bem, não cometeria com isso menos fraude, e daí não pode ser um bom Espírito”. (Vide: “OLM” – AK – 1863 – Ide).

Logo, admitir-se que o Espírito de João Evangelista, citado pela pesquisa de Kardec não seja o referido, é admitir-se fraude; porém, como já visto supra, o tema é bem mais complexo, o que implica não julgar-se de modo precipitado o que desconhecemos, pois o desconhecido de hoje é o conhecido de amanhã, o que implica o trabalho de nossa humildade, cautela e, pois, muita prudência no trato com o invisível do Mundo Espiritual.

Capítulo IX

SEPARAR A VERDADE DO FALSO

Ora, estamos lidamos com o invisível do Mundo Espiritual, e, nossas dificuldades, confessamos, não são poucas.

Logo, tenho por princípio, não condenar, pois quem condena é o Pai, Nosso Soberano e Justo Criador; e, dentre nossos conselheiros temos as palavras de Paulo: leia de tudo, e retenha o que houver de melhor. E, consoante Kardec: deve-se apartar o bom do mau, o verdadeiro do falso.

Que, como já visto: não é fácil!

Ora, como separar o verdadeiro do falso, sobretudo numa Doutrina tão complexa e tão profunda como a que se nos apresenta como Espiritismo, como Doutrina dos Espíritos Superiores?

Em seu trabalho principal: “O Livro dos Espíritos” (AK – 1857), lemos em sua página inicial: “Filosofia Espiritualista”; albergando em 1.018 perguntas e respostas:

“Os princípios da Doutrina Espírita, - que trata, pois: - da imortalidade da Alma, da natureza dos Espíritos e de suas relações com os homens; as Leis Morais, a vida presente, a vida futura e o futuro da Humanidade segundo o ensino dado pelos Espíritos Superiores com a ajuda de diversos médiuns”. (Opus Cit.).

Ora, como separar o verdadeiro do falso se lidamos com o Invisível, com Espíritos os mais diversos e das mais distintas faixas evolutivas: intelectuais e morais? Óbvio que a obra codificada mesma representa um Norte, um Meio e um Método Doutrinário que, se não ensina tudo, muito nos auxilia em nossas dúvidas e perquirições.

Por outro lado, a própria Ciência oficial não tem certeza de tudo, e, por isto, Século a Século, ano a ano, ou melhor: dia a dia, vai retificando seus ensinos, e, portanto, melhorando nossa percepção da realidade que, ainda assim, não é tudo, mas tão somente uma parte da realidade, que é diversa: Mundo Espiritual entrosado ao Mundo material.

E se a própria Ciência mundana retifica sua verdade e amplia suas noções da realidade, o Espiritismo também prossegue, também amplia suas noções da Matéria e do Espírito; e isto já fora visto em muitos textos e e.Books de minha autoria, em que, exemplificando, sabe-se que o Espiritismo do Século 19 nos apresentara o seu ‘Modelo Evolutivo do Espírito’; e o Século 20, por sua vez, patenteara um paradigma mais completo, o ‘Modelo Involutivo-Evolutivo do Espírito’, que, por sua vez, desenvolve o modelo anterior retificando-o com mais amplas e mais corretas noções da realidade material e espiritual.

Assim é, pois: a Ciência e o Espiritismo, que, uma e outro, não se paralisam no tempo-evolução, mas prossegue avante, sendo o Espiritismo mais vasto ainda, pois preenche as lacunas faltantes na Ciência materialista que, aos poucos, e, passo a passo, avança para o metafísico, o transcendente de nossa espiritualidade.

Como já dito por um notável evolucionista:

“A única coisa constante no Mundo é a inconstância de tudo”.

Ou seja: tudo muda, tudo se transforma, tudo caminha para o melhoramento de nossa percepção da realidade; e, completando ainda, dir-se-ia que:

“Tudo muda, exceto a Imutabilidade de Deus: o Infinito, o Sábio, Justo e Amoroso Criador”.

CAPÍTULO X

O NOSSO BENEFÍCIO DA DÚVIDA

Retornemos, neste finalmente, ao tema anterior e abordemos algo ainda do ‘benefício da dúvida’ que deve ser concedido aos médiuns e aos Espíritos que produzem obras um tanto difíceis de darmos a elas o devido crédito pelas dúvidas levantadas.

Ora, como já dito, não condenamos, mas estudamos e retiramos nossas conclusões que, em face de nossas diferenças evolutivas, podem não ser as suas, as de outrem, ou, de quem quer que seja. Ora, tenho visto na Internet, sites que acatam tudo quanto dito daquelas obras questionadas; ou seja: sem maiores estudos e sem maiores reflexões, eles acatam: o verdadeiro como o falso sem pestanejar, numa crença desajuizada, sem razão, e, portanto, sem maiores reflexões relativamente ao tema cogitado.

Para se ter uma ideia da confusão que se estabelecera em torno de tal temática, não é difícil encontrar sites, blogs, ou coisa similar, que divulgam dezenas de reencarnações de Francisco Cândido Xavier; e embolam tudo numa salada mista, equivocada, fraudulenta, sem o mínimo de racionalidade, de coerência doutrinária. Mas, como dito, a tais também concedemos o benefício da dúvida: provem por lógica filosófica, e, portanto, por lógica científica - e não apenas por palavras vãs - suas assertivas, que acataremos de braços abertos.

Por outro lado, uma outra característica da Ciência Espírita é, sem sombra de dúvida, sua profundidade, ou, sua complexidade. Apesar disto, Kardec soubera expressa-la de forma muito simples dispondo-a ao alcance da inteligência mediana como o Codificador mesmo no-la define e no-la mostra em muitos de seus memoráveis escritos.

E, por tais, simples e ao mesmo tempo complexa, percebo por ai - num lampejo intuitivo - que Kardec, mais uma vez acertara ao nos outorgar posturas de livres pensadores. Ou seja, conquanto sigamos os princípios promulgados pela Doutrina, temos o direito de pensar como quisermos pensar, de julgar, ponderar, em suma, de ter idéias próprias independentemente das idéias alheias, estranhas ou contrárias às nossas, no exercício do arbítrio próprio, do livre pensar.

Já por aí, portanto, dá pra notar a complexidade do nosso movimento, suas mais diversas tendências, vetores direcionais distintos, níveis de aprofundamento de tal ou tal coisa, opiniões disto ou daquilo, havendo, obviamente, coisas muito sérias como também muito especulativas, sem lógica, exigindo, pois, dos espiritistas: equilíbrio, jogo de cintura, sensatez para o enfrentamento das mais diversas situações, sendo que, para complicar mais ainda, assistimos nos presentes tempos uma verdadeira profusão de novas obras, sérias umas e discutíveis outras, e que se denominam obras espíritas, mas que nem sempre o seu conteúdo está à altura de tal.

Algumas de tais, analisadas pelos mais eminentes e sérios intelectuais espiritistas, não tem como evadir-se: são simplesmente contrárias à verdade, e marcantes, pois, pelos seus equívocos, ardis e artimanhas mostrando-se anti-doutrinárias e não condizentes com a seriedade e a nobreza da Doutrina que a Espiritualidade Superior nos revelara.

Para tais, portanto, que tenhamos espírito crítico, fundamentados em trabalhos de notável seriedade, de confiáveis e seguras fontes, o que exigirá, de nossa parte, muitas das vezes, laboriosos estudos, pois que o Espiritismo, além de constituir toda uma nova Filosofia, entrosa-se praticamente com todos os ramos do saber, exigindo-nos ponderação, disciplina e muita humildade ante tanta complexidade cognitiva e cultural, pois o Mundo terreno acaba de inaugurar inéditas fontes e meios outros de conhecimento, não só dos homens, mas também dos Espíritos, ‘homens’ do lado de lá, do Mundo Espiritual.

Assim, pois, despeço-me com um:

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GRANDE ABRAÇO A TODOS

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Fernando Rosemberg Patrocinio
Fundador de Núcleo Espírita Cristão; Articulista; Coordenador de Estudos Doutrinários; Palestrante e Escritor com dezenas de e.Books gratuitos instalados em seu blog abaixo transcrito.

BIBLIOGRAFIA

-“Obra Completa de Allan Kardec”: Diversas Editoras;
-“Obra Completa de Pietro Ubaldi”: Fundapu;
-“Obra Completa de Chico Xavier”: Diversas Editoras e Internet;
-“Obras Diversas de Divaldo Franco”: Dvs. Editoras; e:
-“Bíblia Sagrada”: Versões Católica e Pentecostal.

Relação dos e.Books de:
Fernando Rosemberg Patrocínio

01-Ciência Espírita: Tese Informal;
02-Espiritismo e Progressividade;
03-Espiritismo e Matemática;
04-Mecanismo Ontogenético;
05-Espaço-Tempo: Física Transcendental;
06-Corrente Mental;
07-Pietro Ubaldi e Chico Xavier;
08-Filosofia da Verdade;
09-Axiologia do Evangelho;
10-Espiritismo e Evolucionismo;
11-Fatos e Objeções;
12-O Médium de Deus;
13-A Grande Síntese e Mecanismo;
14-Evangelho da Ciência;
15-Codificação Espírita: Reformulação;
16-Kardecismo e Espiritismo;
17-Geometria e Álgebra Palingenésicas (web artigos);
18-Maiêutica do Século XXI;
19-Espiritismo: Fundamentações;
20-Ciência de Tudo: Big-Bang;
21-Evolução: Jornadas do Espírito;
22-O Homem Integral (Reflexões);
23-Espiritismo e Filosofia;
24-André Luiz e Sua-Voz;
25-O Livro dos Espíritos: Queda Espiritual;
26-Evidências do Espírito;
27-Construção Bio-Transmutável;
28-Mediunidade Genial (web-artigos);
29-Conhecimento e Espiritismo;
30-O Paradigma Absoluto; 
31-O Fenômeno Existencial;
32-Chico-Kardec: Franca Teorização;
33-O Maior dos Brasileiros;
34-Espiritismo: Síntese Filosófica;
35-O Livro dos Espíritos: Simples e Complexo;
36-O Livro dos Espíritos: Níveis Filosóficos;
37-Temas da Verdade Espírita;
38-Geometria Cósmica do Espiritismo;
39-Matemática da Reencarnação;
40-Kardec, Roustaing e Pietro Ubaldi; e:
41-Espiritismo e Livre Pensamento;
42-Síntese Embriológica do Homem;
43-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Primeira;
44-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Segunda;
45-Jean-Baptiste Roustaing: Réplica Terceira;
46-Consenso Universal: Tríplice Aspecto;
47-Método Pedagógico dos Evangelhos;
48-Cristo: de Roustaing a Pietro Ubaldi;
49-Estratégias da Revelação Espírita;
50-Trilogia Codificada e Rustenismo;
51-Cosmogênese do Terceiro Milênio;
52-Tertúlias Multidimensionais;
53-Cristianismo: Teologia Cíclica;
54-Análise de Temas Codificados;
55-Deus: Espírito e Matéria;
56-Razões e Funções da Dor;
57-Emmanuel: Insigne Revelador;
58-A Queda dos Anjos;
59-Homem: Vença-te a Ti Mesmo;
60-Evangelho: Evolução Salvífica;
61-O Espírito da Verdade;
62-Balizas do Terceiro Milênio;
63-Sentimento: Molde Vibrátil de Ideias;
64-Ciência do Século XX;
65-A Revolução Ética.
(Tais e.Books foram produzidos de 2010 a 2018).
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Blog: Filosofia do Infinito
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